Cidades

Líder do Narcosul

Responsável por condenar Cabeça Branca, juiz aguarda transferência do preso para MS

Em 2014, barão do tráfico internacional de drogas foi condenado a 34 anos de prisão pelo Juiz Federal Odilon de Oliveira

RENAN NUCCI

02/07/2017 - 12h06
Continue lendo...

Preso no sábado durante Operação Spectrum, Luiz Carlos da Rocha, o Cabeça Branca, um dos traficantes mais procurados pela Polícia Federal e a Interpol na América do Sul, pode ser transferido para Mato Grosso do Sul. De acordo com a Polícia Federal, a tendência é de que ele fique no presídio federal do município de Catanduvas (PR), porém não está descartada a possibilidade dele ser transferido para a unidade de Campo Grande.

O entendimento do juiz Odilon de Oliveira, titular da 3ª Vara da Justiça Federal em Campo Grande e responsável por condená-lo a 34 anos de prisão por tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro, é de que ele virá. Odilon disse hoje, ao Portal do Correio do Estado, que aguarda decisão do Ministério Público Federal (MPF) quanto à transferência de Rocha, considerando que ele tem outras duas condenações - as três juntas ultrapassam os 50 anos. 

"Seria o correto, no meu entendimento, para darmos andamento aos processos, mas não posso antecipar decisão judicial", explicou o juiz. Até o fechamento desta edição, a Polícia Federal não havia informado sobre o paradeiro de Rocha, capturado em Sorriso (MT). Apesar da expectativa do juiz, não é descartada hipótese de que ele vá para Brasília (DF).

Em 2014, Rocha foi condenado por Odilon, juntamente com outros sete traficantes, entre eles o sócio Jorge Rafaat Toumani, executado em operação de guerra no dia 15 de junho do ano passado, em Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Na sentença, a justiça sequestrou sete aeronaves e seis fazendas em cifras milionárias ligadas à organização.

Em maio deste ano, a 3ª Vara da Justiça Federal leiloou uma das fazendas que pertencia a Rocha, situada na zona rural da cidade de Primeiro de Maio, no interior do Paraná - não houve arremate. Conforme o juiz, a propriedade era usada como entreposto estratégico da quadrilha que, com aporte de Rafaat, agia na linha internacional com Ponta Porã. "As fazendas eram compradas para lavagem de dinheiro", explicou.

Ameaças ao Juiz

Com mais de 30 anos de dedicação ao tráfico, Rocha foi responsável pela criação do Narcosul, esquema de distribuição de entorpecentes entre os países da América do Sul. Por meio de acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), facções criminosas brasileiras como Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV), bem como com o crime organizado na Bolívia, Paraguai e Venezuela, fez de Mato Grosso do Sul um dos maiores corredores de drogas do planeta, embora também operasse pelo Mato Grosso e Paraná.

Desde o final da década de 90 era procurado por meio de mandados de prisão expedidos por Odilon que, no início da década seguinte, passou a atuar em Ponta Porã, na fronteira com Pedro Juan Caballero, onde Rocha costumava transitar junto com Rafaat. Em razão da busca incessante, o narcotraficante fundou um consórcio, juntamente com mais comparsas, para caçar e matar Odilon, assim como Robert Acevedo, à época diretor [governador] do departamento paraguaio de Amambay e que colaborava com a Justiça."Era muito difícil prendê-lo, porque ela não ficava no Brasil e tinha grande influência política e trânsito livre na América Latina".

Por causa das ameaças, o juiz precisou de reforço na segurança particular. "Ele dizia que iria me matar, fazer picadinho e depois alimentar os porcos e jacarés da fazenda. Eram graves ameaças descobertas por meio da inteligência policial. Em 2015 cheguei a ser alvo de atentado em hotel de trânsito do Exército na Fronteira. Por isso precisei de mais seguranças".

Operação Spectrum

 A Polícia Federal deflagrou no sábado a Operação Spectrum para desarticular organização criminosa transnacional especializada em tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro, comandada por Rocha, considerado como um dos “barões das drogas” do Brasil ainda em liberdade.

 A organização dele possuía perfil de extrema periculosidade e violência, sendo desvendada durante as investigações a utilização de escoltas armadas, ações evasivas, carros blindados, ações de contra vigilância a fim de impedir a proximidade policial, porte de armas de grosso calibre, bem como o emprego de ações violentas e atos de intimidação para se manter em atividade por aproximadamente 30 anos no tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro

. O grupo criminoso capitaneado por Cabeça Branca operava como uma estrutura empresarial, controlando e agindo desde a área de produção em regiões inóspitas e de selva em países como a Bolívia, Peru e Colômbia, até a logística de transporte, distribuição e manutenção de entrepostos no Paraguai e no Brasil, fixando-se também em áreas estratégicas próximas aos principais portos brasileiros e grandes centros de consumo, dedicando-se à exportação de cocaína para Europa e Estados Unidos. 

 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

Continue Lendo...

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

Assine o Correio do Estado

MATO GROSSO DO SUL

'Cabeça' do tráfico no interior, "Grego" é preso por policiais do Denar

Mandado de prisão foi cumprido contra homem apontado como líder da organização criminosa, há aproximadamente um ano sob a mira de investigações

20/12/2025 13h01

"Grego" foi preso longe aproximadamente 237 quilômetros da Capital, em Três Lagoas Reprodução/PCMS

Continue Lendo...

Durante cumprimento de mandado de prisão nesta última sexta-feira (19), policiais da Delegacia Especializada de Repressão ao Narcotráfico (Denar) prenderam um indivíduo popularmente conhecido como "Grego", identificado como o "cabeça" em um esquema de tráfico de drogas no interior de Mato Grosso do Sul, longe aproximadamente 237 quilômetros da Capital. 

Em Três Lagoas, conforme divulgado pela Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, o mandado de prisão foi cumprido contra o homem apontado como líder da organização criminosa, que está sob a mira de investigações há aproximadamente um ano. 

Essas apurações, ainda segundo a PCMS, identificaram uma verdadeira "teia" criminosa que atuava por diversos municípios sul-mato-grossenses, agindo desde o transporte até a distribuição das substâncias entorpecentes. 

Esquema no interior

Informações repassadas pela Denar detalham os levantamentos da Delegacia, que indentificou um transporte do tráfico que começava na região do fronteira da Bolívia, na "Cidade Branca" de Corumbá. 

A partir do "coração do Pantanal", as substâncias eram distribuídas e abasteciam desde Ribas Rio Pardo, Inocência e Três Lagoas, chegando até mesmo à "Cidade Morena" Capital do MS, tudo através de "rotas previamente definidas e com divisão de tarefas entre os integrantes do grupo", explica a PCMS em nota. 

Além disso, segundo apurado nas investigações, até mesmo casas de prostituições serviriam como pontos usados pelo grupo, servindo especialmente como espaços para a comercialização dos entorpecentes, mas também para movimentar os valores ilícitos e dificultar o restreamento do dinheiro movimentado pela quadrilha. 

Com as investigações a autoridade policial pÔde representar pela prisão preventiva de "Grego", o que foi deferido pelo Poder Judiciário, para posterior monitoramento prévio realizado pelos agentes policiais em Três Lagoas. 

Como esse investigado cumpria uma pena em regime aberto, os policiais identificaram que ele não estaria residindo nos endereços cadastrados e, após a confirmação da sua localização o homem pôde ser preso preventivamente. 

"Cabeças caindo"

Essa, vale lembrar, não é a primeira vez neste ano que forças de segurança pública sul-mato-grossenses "derrubam" indivíduos identificados como "cabeças" em esquemas criminosos. 

Ainda em agosto as polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal (PC, PM e PRF), junto da  Coordenadoria de Perícias e Grupo Aéreo, prenderam Melquisedeque da Silva no município de Sonora, a 360 quilômetros de Campo Grande. 

Investigações identificaram esse homem como o então atual líder do PCC (Primeiro Comando da Capital) no município, envolvido em um caso recente de homicídio na cidade de Coxim.

Já no começo desse mês, agentes da Polícia Federal prenderam em Três Lagoas um portugês foragido do País lusitano, incluído inclusive na difusão vermelha da Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol), "condenado por estar envolvido em uma rede transnacional de distribuição de entorpecentes", segundo a PF. 

Além disso, há cerca de dez dias a Operação "Casa Bomba II" também prendeu chefes de organização criminosa, em uma ação que envolveu helicóptero, o batalhão de choque e o Canil.

Foram cumpridos dois mandados de prisão para os chefes da organização, e outras quatro pessoas foram conduzidas à Delegacia de Maracaju por estarem com porções fracionadas da ‘mercadoria’.

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).