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estiagem prolongada

Rio mais piscoso de MS enfrenta pior março da história

Rio Miranda estava em apenas 1,44 metro na última quinta-feira na cidade com o mesmo nome, o que preocupa o setor de turismo da pesca

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Famoso por ser o melhor rio para a prática da pesca em Mato Grosso do Sul, o Rio Miranda nunca esteve tão baixo nesta época do ano como agora, conforme dados do Serviço Geológico do Brasil divulgados na última quinta-feira (13) em um boletim extraordinário mostrando a situação em toda a bacia do Rio Paraguai. 

Com precipitação abaixo da média histórica em seis dos sete meses da chamada temporada das chuvas, que começa em setembro, o nível do rio na régua instalada próximo à cidade de Miranda estava com apenas 1,44 metro na quinta-feira.

O normal para essa época do ano, mês em que tradicionalmente são registradas as cheias, seria de 3,97 metros, conforme os dados do Serviço Geológico do Brasil. No ano passado, que também foi um ano de poucas chuvas, o nível estava em 1,6 metro nesta época do ano. Em 2023, registrava 6,5 metros em meados de março. 

E por conta desta falta de água, empresários da região do Passo do Lontra, um povoado com uma série de hotéis e pesqueiros às margens do rio e da Estrada Parque, já estão sentido a escassez de peixes e temem que a situação fique bem pior a partir de abril, quando acaba o período chuvoso e as águas tendem a baixar ao longo de cinco meses. 

“Pela época do ano, tá fraco de peixe aqui. Esse ano está chovendo mais que no ano passado, mas o rio não enche. Tá feio, ninguém sabe o mistério desse rio e para onde está indo essa água. Chove em Miranda e a água não desce aqui. Não tem campo alagado e por isso a gente está achando esquisito esse ano”, declara Rogério Iehle, que administra um pesqueiro e um hotel no Passo do Lontra. 

Linha em azul escuro mostra que o nível atual está abaixo da linha laranja, que por sua vez aponta o nível mais baixo da história

Mas, apesar da impressão de que está chovendo bem este ano, os dados do Serviço Geológico do Brasil mostram que o volume de água em toda a bacia do Rio Miranda está muito abaixo da média história. 

Normalmente a região registra 880 milímetros de chuva entre o começo de setembro e o final de março. Na atual temporada, porém, foram apenas em torno de 530. Ou seja, o déficit hídrico é da ordem de 350 milímetros, embora ainda faltem duas semanas para acabar o mês.

Para o Rio Miranda transbordar e inundar a planície no seu entorno no Pantanal, o que é fundamental para o turismo contemplativo e da pesca, ele teria que passar dos sete metros na régua instalada próximo à cidade de Miranda. Em março de 2013, ano que em registrou a maior cheia em 55 anos de medição, chegou a 10,6 metros

Em 2025, porém, não atingiu três metros em nenhuma data e desde meados de janeiro tem ficado cerca de dois metros abaixo da média histórica para o período. E, como o período de chuvas está perto do final, a preocupação do setor do turismo é grande. 

“Na verdade, peixe não aparece com o rio baixo”, explica Rogério, já temendo um cenário parecido com 2024, quando até o tráfego de pequenos barcos ficou impossibilitado por conta da falta de água  na região do Distrito de Miranda, que é um povoado no município de Bonito e que também depende do turismo da pesca. 

BACIA DO PARAGUAI

E não é só a bacia do Miranda que recebeu chuvas abaixo da média mais uma vez neste ano. A bacia do Rio Paraguai como um todo estava com déficit hídrico de 135 milímetros até o fim de fevereiro, segundo o boletim divulgado na quinta-feira. 

A média histórica anual de chuvas no Pantanal nos últimos 125 anos é de 1.100 milímetros. Porém, de setembro a fevereiro, período em que são registrados os maiores volumes, foram apenas 647 milímetros. O volume é parecido como o ano hidrológico de 2024, que fechou com apenas 729 milímetros. 

A diferença com relação ao ano passado é que as chuvas na região sul de Mato Grosso estão mais intensas. Por conta disso, o nível do Rio Paraguai na régua de Ladário amanheceu com 1,68 metro neste sábado (15). São 21 centímetros acima do máximo que alcançou no ano passado, quando o pico foi de apenas 1,47 metro.

Mesmo assim, o Serviço Geológico do Brasil já descarta a possibilidade de o rio ultrapassar os quatro metros em Ladário, o que seria o nível para que pudesse começar a alagar as partes mais baixas da bacia pantaneira e assim ajudar a reduzir as áreas susceptíveis às queimadas nos meses de estiagem.

O boletim prevê, inclusive, que em agosto ou setembro o rio volte a ficar abaixo de zero na régua de Ladário, assim como ocorreu em 2020, 21 e 24.  No ano passado, atingiu 69 centímetros abaixo de zero, o menor nível desde quando começaram as medições, em 1.900. 

"Mão leve"

Funcionário é preso por furtar mais de 200 litros de combustível em Campo Grande

O trabalhador confessou à polícia que surrupiou o combustível e o vendeu por R$ 1 mil

16/03/2025 08h17

Divulgação PCMS

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Um homem de 51 anos, que trabalha como motorista em uma empresa de pavimentação, terminou preso por furtar aproximadamente 260 litros de óleo diesel em Campo Grande.

O proprietário do local acionou a polícia e contou que chegou a conversar com o motorista, que subtraiu o combustível.

No local, agentes da Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras) foram até a empresa e conversaram com o proprietário e o funcionário.

O motorista relatou que vendeu o combustível por R$ 1 mil para um terceiro, de 58 anos. O autor levou a polícia até o local onde o comprador, que adquiriu 13 galões de 20 litros cada, confirmou a compra, mas afirmou que não sabia que o combustível havia sido furtado.

Segundo informações da Polícia Civil, o funcionário foi preso em flagrante e encaminhado a uma unidade do Garras para passar pelos procedimentos legais referentes à detenção.

A equipe apreendeu o combustível e o devolveu ao proprietário da empresa. Diante do ocorrido, o motorista vai responder por furto qualificado pelo abuso de confiança.

Já o homem que adquiriu o produto também foi “enquadrado” e vai responder por receptação culposa.

Valor na bomba

Cabe ressaltar que, até fevereiro deste ano, o preço do diesel apresentava variação, a depender do tipo - comum ou aditivado.

Em alguns postos de gasolina, o litro podia custar entre R$ 6,19 e R$ 6,49. Em uma simulação em que o combustível fosse cobrado a R$ 6,49 por litro, o total sairia por R$ 1.687,40.

Ou seja, o receptador adquiriu os 260 litros com um "descontão" digno da Semana do Consumidor.

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Educação

Falta de acesso a creches e escolas impacta mulheres de favelas

Pesquisa realizada no Grande Rio conta história de desigualdade

15/03/2025 23h00

Foto: WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL

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Dados do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), levantados entre 2022 e 2023, apontam que 61,8% das mulheres de Jardim Gramacho, bairro da periferia de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, dizem que a localidade não conta com creches e escolas públicas em que elas possam deixar seus filhos enquanto trabalham.

A mesma dificuldade é percebida por moradoras de favelas da Grande Tijuca, como Borel (17,7%), Indiana (20,7%) e Chácara do Céu (28,7%). No Complexo do Alemão, zona norte do Rio, o cenário não é diferente. O Ibase percorreu 11 favelas e levantou que 32% das moradoras não encontram abrigo para seus filhos em creches ou escolas públicas no território.

Municípios e regiões diferentes, mas os mesmos problemas. A pesquisa identificou que a falta de vagas causa dificuldade no desenvolvimento das crianças, prejudica os direitos das mães ao trabalho, e exige que recursos já escassos como os obtidos como programas sociais custeiem cuidadores ou escolas particulares. Foram entrevistadas, ao todo, 12.414 pessoas.

Moradora de Jardim Gramacho, a dona de casa Gisely de Aguiar, de 24 anos, é mãe de três filhos: um menino, de 2 anos; uma menina, de 4 anos; e o mais velho, de 6 anos. Sem conseguir vaga em creche para o menor nem escola para a filha de 4 anos, ela teve que matriculá-la em uma instituição particular. Gisely conta que essa é a realidade de muitas mães perto dela.

“O mais novo não está em creche porque é bem difícil de conseguir por causa de sorteio. Nunca é chamado. A menina também não conseguiu colégio público, então, eu tiro do meu Bolsa Família para pagar colégio, para, ano que vem, tentar colocá-la num público. O mais velho, consegui [matricular] este ano na escola pública. Eu não trabalho fora porque não tenho uma rede de apoio para me ajudar. Eu gostaria de trabalhar fora”.

Procurada para dar posicionamento sobre a pesquisa, a Prefeitura de Duque de Caxias não retornou o contato até a publicação da matéria.

Defasagem escolar

Gisely estudou até o sexto ano do Ensino Fundamental e também gostaria de voltar aos estudos, mas não consegue encontrar uma pessoa para ficar com os filhos à noite. Essa é uma situação comum constatada pela pesquisa, que mostra ainda que 38,3% das mulheres que vivem no Borel, Indiana, Chácara do Céu e Casa Branca, na Grande Tijuca, não completaram o ensino fundamental. Em Jardim Gramacho e no Complexo do Alemão os índices também são altos: 33% e 34%, respectivamente.

Quando o estudo aborda o acesso à educação superior, ele aponta que nos territórios da Tijuca que participaram do levantamento apenas 2% das mulheres concluíram a graduação, percentual próximo do levantado em Jardim Gramacho (1,7%). O local com melhor desempenho é o Complexo do Alemão, com 6% das mulheres na universidade. Mesmo assim, o índice é bem abaixo do nacional, apresentado pelo último Censo da Educação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em que 20,7% das mulheres do país tinham nível superior completo em 2022.

A diretora executiva do Ibase, Rita Corrêa Brandão, lembra que a educação infantil é um direito básico garantido na Constituição Federal, na Lei de Diretrizes Básicas da Educação, no Estatuto da Criança e do Adolescente, e é um dever do Estado.

“O que a gente percebe é que as mulheres pesquisadas têm uma inserção mais precarizada no mercado de trabalho, ou seja, recebem salários mínimos. Não tendo creche pública, as que trabalham precisam dispor de um dinheiro para pagar as creches particulares. A gente não só não garante um direito que a criança tem quando essas mulheres precisam deixá-las com parentes, que na maioria das vezes são crianças e jovens que tomam conta dos filhos menores. Tem um índice grande de mulheres que não trabalham e também têm o direito ao trabalho violado. É uma dupla violação de direitos”, disse Rita.

Problema pode ser ainda maior

A coordenadora geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe), Samantha Guedes, destaca que os números de déficit de vagas nas creches e na educação infantil são subnotificados.

“Em nível nacional, muitos responsáveis sequer ficam na lista de espera porque já sabem que não vão conseguir. Os números de déficit são muito maiores do que a gente sequer possa imaginar”, diz.

Segundo ela, a educação infantil que vai de 0 a 5 anos e 11 meses é responsável pelo pleno desenvolvimento da criança. Na educação infantil é que os profissionais de educação observam se a criança tem algum tipo de transtorno, e, quanto mais cedo for feito um tratamento, menos defasagem a criança vai ter. A coordenadora do Sepe acrescenta que os municípios não atendem à mulher trabalhadora.

“As creches deveriam ter horário de funcionamento das 7h às 17h. No Rio, a maioria das creches vai das 8h às 15h30. A mãe vai ter que pegar uma parte do dinheiro do trabalho para pagar alguém para buscar o filho na escola e ficar com ele até chegar do trabalho. Ou, então, o irmão mais velho ou a avó tomam conta da criança”, afirma Samantha.

Em 2024, a prefeitura do Rio de Janeiro foi condenada a pagar multa de mais de R$2 bilhões por não ter conseguido zerar a fila de espera em creches e pré-escolas do município. De acordo com dados da prefeitura, no final do ano letivo de 2023, ainda havia 12.394 crianças de até 6 anos esperando vaga no turno integral, e 2.911 no turno parcial.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria Municipal de Educação do Rio para saber sobre o pagamento da multa e atualizar o déficit de vagas, mas não recebeu resposta até o fechamento da matéria.

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