A revitalização da Rua 14 de julho levou 18 meses para ser concluída, e custou R$ 60 milhões. A transformação na principal via comercial de Campo Grande é visível, e boa parte dela vem do rebaixamento da fiação. O emaranhado de 11 quilômetros de fios e 139 postes deu lugar uma complexa e moderna rede subterrânea, e deixou a paisagem mais limpa, realçando as calçadas - que estão maiores - e as flores e árvores que, pasmem, não existiam na via.
Primeira etapa do programa Reviva Centro, a revitalização da Rua 14 de Julho deixa a estrutura pronta para as etapas que virão. “Todo a rede subterrânea servirá como matriz e está pronta para ampliações futuras e para conectar-se com outras vias”, explicou a chefe do escritório de projetos da Prefeitura de Campo Grande, Catiana Sabadin.
O projeto de revitalização Rua 14 de Julho teve como modelo intervenções similares, também financiadas pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em outros países, e baseia-se em três eixos centrais: o embutimento da rede, priorização ao pedestre e projetos de habitação para reocupar a região. Destes, somente o último ainda não teve início.
EMBUTIMENTO
O embutimento da rede elétrica, telefônica e de fibra ótica é a graande matriz do projeto de revitalização da Rua 14 de Julho, e custou em torno de R$ 19,6 milhões, valor que corresponde a 40% do custo inicial da obra (anterior ao aditivo) de R$ 49 milhões.
Basicamente, os 11 mil metros de cabos que existiam pendurados nos 139 postes distribuídos ao longo de 1,4 quilômetros de via, foram substituídos por uma rede moderna, instalada no subsolo. Esta nova rede também tem 11 mil metros de cabos, porém, com dutos e equipamentos mais modernos.
Os novos transformadores da Rua 14 de Julho, por exemplo, dsão capazes de atender ruas transversais, e estão prontos para futuras expansões.
PAISAGISMO
Parte da obra mais cara e mais complexa, o embutimento integra o principal objetivo da nova 14 de Julho: mudar a paisagem da região. Com o céu livre e as fachadas realçadas, também há espaço para o cidadão descansar nas 36 ilhas de descanso instaladas ao longo da via revitalizada. Os bancos, as novas árvores e as flores, reforçam o conceito de rua calma projetado para o local.
Vale lembrar que antes da obra de revitalização, não havia árvore alguma na extensão da Rua 14 de Julho, nem tampouco flores. Agora, as plantas são todas típicas do cerrado. Quem caminhar pela Rua 14 de Julho poderá apreciar árvores como os ipês branco, amarelo e rosa, pau-mulato, jaracarandá-mimoso e até mesmo a famosa erva-mate. As pequenas flores, visíveis em alguns canteiros, como a beira do relógio no cruzamento da Avenida Afonso Pena, também são típicas do cerrado.
“Elas começaram a ser cultivadas há 1 ano e meio, quando a obra começou, e agora foram introduzidas ao longo da via”, informou Catiana Sabadin. Segundo ela, as plantas também proporcionarão um conforto térmico a quem caminha pela Rua 14 de Julho.
ACESSIBILIDADE
No conceito de rua calma estabelecido no projeto de revitalização da via, a Rua 14 de Julho recebeu, ao longo de toda sua extensão no quadrilátero central, calçadas mais baixas, totalmente alinhadas, e acessíveis para deficientes físicos e visuais. Os blocos da calçada, do tipo fulget, também foram projetados para tornar a caminhada mais confortável.
Em todos os cruzamentos há guias rebaixadas para cadeirantes, e mesmo não sendo mais obrigatório, todas as calçadas contam com piso tátil para a orientação de pessoas com deficiência visual.
As novidades na acessibilidade levaram a prefeitura a modificar o projeto para impedir que motoristas invadissem as calçadas com seus carros e motocicletas. Pequenos blocos de concreto foram colocados nos divisores entre estacionamentos e calçada, e pesquenas estacas metálicos instalados nos cruzamentos.
TRÂNSITO
Se o projeto prioriza quem anda à pé na via, é de se supor que os carros que usavam a Rua 14 de Julho como via de passagem, definitivamente deverão de procurar outras ruas. As ruas Padre João Crippa e Rui Barbosa, e 13 de Maio e Avenida Calógeras são as novas opções.
O objetivo é que quem for de carro à 14 de Julho, tenha a via como seu destino final. “As pessoas, em muitas ocasiões, caminham quilômetros nos shoppings e não percebem. Com o novo projeto, isso também poderá ocorrer na Rua 14 de Julho”, explica Catiana Sabadin.
As mudanças no trânsito já começaram. Na semana passada, a conversão à esquerda na via para quem transita de carro pela Avenida Afonso Pena foi proibida. O mesmo poderá ocorrer futuramente em outras vias de mão dupla, como Fernando Corrêa da Costa e Mato Grosso.
A lei de uso e ocupação do solo também já está sendo revista para adaptar-se à no Rua 14 de Julho. Os horários de carga e descarga de mercadorias serão fiscalizado com mais rigor e, futuramente, passarão por transformação. Só poderão circular na via (nos horários permitidos) caminhões pequenos com dois eixos e, no máximo, 12 toneladas.
TECNOLOGIA
A nova Rua 14 de Julho conta com uma rede de fibra óptica em toda sua extensão. Ela será a responsável pela internet wi-fi gratuita e garantirá os dados necessários para o sistema de vigilância, que contará com câmeras de reconhecimento facial.
Conforme o município, cada celular terá disponível conexões de até 1 mega quando conectados. A rede será exclusivamente para pedestres, e não é adequada para o uso empresarial.
Para garantir a cobertura foram instalados 39 roteadores e repetidores de sinal (média de três por quadra) em toda a via.
SEGURANÇA
Além das luzes de led, que já estão instaldas em toda a via. A Guarda Municipal terá, futuramente, um posto de fiscalização na Praça Ari Coelho, que atenderá toda a extensão da nova Rua 14 de Julho.
A prefeitura também pretende promover a ocupação do local no período noturno. Para isso, o novo Plano Diretor já permite a instalação de universidades e bares e restaurantes naquela região, funcionando em horário estendido. (Eduardo Miranda)