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Santa Casa cobra repasse e paralisa cirurgias eletivas

São cerca de 250 procedimentos cancelados desde sexta; hospital afirma que dívida é de R$ 24 milhões

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A Santa Casa de Campo Grande, maior hospital do Estado, paralisou a realização de cirurgias eletivas desde sexta-feira (25) porque, segundo o hospital, está com o repasse mensal que recebe do poder público em atraso desde julho deste ano.

De acordo com o diretor-presidente da Associação Beneficente de Campo Grande (ABCG), Esacheu Nascimento, entidade que mantém o centro médico, o hospital não tem medicamentos suficientes para atender a demanda de cirurgias eletivas e também os atendimentos de urgência e emergência.

Por dia, a Santa Casa realiza cerca de 150 cirurgias, sendo que dessas, pelo menos 50 são eletivas, o que significa de desde sexta-feira, aproximadamente 250 pessoas não tiveram seus procedimentos agendados realizados.

Esacheu afirma que o hospital precisa receber R$ 18,6 milhões da contratualização, sendo R$ 8,7 milhões do Governo do Estado, R$ 6,9 milhões da Prefeitura e mais R$ 3 milhões da administração municipal pelo atendimento de alta complexidade.

Além de mais R$ 6 milhões que a gestão do hospital cobra da Prefeitura, referente ao atendimento do plano de saúde dos servidores municipais, vinculado ao (IMPCG).

O valor será usado para pagamento dos médicos, já que uma parte do corpo clínico ainda não recebeu. Conforme Esacheu, os profissionais autônomos e os que são pessoa jurídica não receberam e com elas a Santa Casa tem uma dívida de R$ 8 milhões, incluindo os valores deste mês.

O hospital afirma que já acionou o Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) para providências, mas Nascimento diz que não recebeu nenhuma devolutiva, nem do MP e nem da administração municipal. “Nosso contrato é com a Prefeitura, então quando não há um repasse é ela que cobramos”.

O hospital ainda afirma que na semana passada a Prefeitura da Capital encaminhou R$ 1 milhão e que na segunda-feira (28) outros R$ 1,3 milhão foi depositado para a entidade pela administração.

EMPRÉSTIMOS

Para tentar resolver o problema da falta de medicamentos, o hospital realizou um empréstimo de R$ 10 milhões com o banco Daycoval. A compra dos novos medicamentos foi feita na segunda-feira, porém, a entrega demora cerca de sete dias, ou seja, nesse período, as cirurgias eletivas deverão continuar paralisadas.

Segundo o diretor-presidente, além deste empréstimo, a Santa Casa já tinha um empréstimo de R$ 140 milhões com a Caixa Econômica Federal (valor sem os juros). No caso da Caixa, as taxas são de 22%, já no caso do Daycoval os juros são um pouco menores, de 12%.

Esacheu afirma que esse valor dos empréstimos vem desde a época em que o hospital sofreu uma intervenção do poder público. “Aquilo é fruto da dívida que nós recebemos da Santa Casa, não é dívida que nós fizemos. O problema é que nós recebemos R$ 168 milhões de dívidas, paguei R$ 30 milhões, e de repente eu tenho que pegar outro empréstimo para poder cobrir e tocar o hospital”, declara. A intervenção do hospital durou oito anos e terminou em 2013.

O sistema foi implantado porque no fim de 2004 a Justiça decidiu que a ABCG deveria ser afastada da direção por conta da falta de dinheiro, superlotação, das dívidas e das condições de atendimento aos pacientes. A Santa Casa chegou a suspender os atendimentos. A junta interventora era formada pelos governos municipal e estadual, com o apoio do Ministério Público.

ADMINISTRAÇÃO

A reportagem entrou em contato com a administração municipal, que confirmou que realmente uma parte do repasse de julho e o integral de agosto e setembro não haviam sido pagos. O valor chega a R$ 15,9 milhões e será avaliado pela Secretaria Municipal de Finanças (Sefin).

“A medida do possível esses repasses serão normalizados”, declarou a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau).

A reportagem entrou em contato com o Governo do Estado, mas até o fechamento desta matéria não havia resposta.

PARALISAÇÃO

Prefeitura e Governo Estadual afirmam que repasses à Santa Casa estão em dia

Além da verba repassada pelo convênio entre Município, Estado e Governo Federal, o Executivo alega que aporta R$ 1 milhão extra, por mês, pagos desde o início do ano

22/12/2025 17h30

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário

Os profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa reivindicam pelo pagamento do 13º salário Marcelo Victor / Correio do Estado

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A Prefeitura Municipal de Campo Grande emitiu nota, durante a tarde desta segunda-feira (22), para afirmar que os repasses financeiros estão em dia com o Hospital Santa Casa. Além disso, também relata que aporta, mensalmente, R$ 1 milhão extra à instituição.

Atualmente, a Santa Casa recebe R$ 392,4 milhões por ano (R$ 32,7 milhões por mês) do convênio entre Governo Federal, Prefeitura de Campo Grande e Governo do Estado para atendimento via Sistema Único de Saúde (SUS).

Confira a nota do Município:

"A Prefeitura de Campo Grande está rigorosamente em dia com todos os repasses financeiros de sua responsabilidade destinados à Santa Casa. Desde o início deste ano vem, inclusive, realizando aportes extras de R$ 1 milhão mensais.

Diante do cenário de greve, o Executivo tem adotado todas as medidas possíveis para colaborar com a instituição neste momento, mantendo diálogo permanente, buscando alternativas que contribuam para a regularidade dos atendimentos e a mitigação de impactos à população".

Além da Prefeitura, o Governo do Estado também se manisfestou sobre os recursos repassados ao hospital. Através da Secretaria Estadual de Saúde (SES) negou estar em débito com a Santa Casa e, por isso, não pode ser responsabilizado pelo pagamento do 13º salário aos servidores. 

Em nota, a Secretaria também afirmou que vem realizando um pagamento extra aos hospitais filantrópicos do Estado nos últimos anos, a fim de auxiliá-los nos custos e no cumprimento de suas obrigações. 

Além disso, a pasta afirmou que todos os pagamentos destinados à Santa Casa são feitos ao Município de Campo Grande, sempre no quinto dia útil. 

O balanço divulgado pela SES mostrou que, de janeiro a outubro de 2025, foram repassados R$ 90,7 milhões, distribuídos em R$ 9,07 milhões mensais. Na parcela referente aos mês de novembro, houve um acréscimo de R$ 516.515, o que elevou o repasse mensal ao hospital para R$ 9,59 milhões. 

“O Estado está integralmente em dia com suas obrigações. Cabe destacar que, além dos repasses obrigatórios, em 2025 o governo estadual já destinou mais R$ 25 milhões em recursos oriundos da bancada federal para atender a Santa Casa de Campo Grande”, ressaltou a nota da SES.

Greve

A paralisação das atividades dos profissionais de enfermagem, limpeza e copa da Santa Casa nesta segunda-feira (22) foi motivada pela falta de pagamento do 13º salário. 

O movimento afeta, até o momento, 30% dos serviços oferecidos no hospital, resultando em 1.200 funcionários “de braços cruzados”, entre profissionais do atendimento (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc), lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).

Na última sexta-feira (20), a Santa Casa alegou que não tinha dinheiro para o pagamento do benefício aos servidores, e propôs o parcelamento do 13º salário em três vezes, em janeiro, fevereiro e março. 

No entanto, a proposta não foi aceita pelos profissionais, que foram às ruas pedindo pelo pagamento integral do salário, em parcela única. 

De acordo com a Lei nº 4.090/1962, o 13º pode ser pago em duas parcelas: uma até o dia 30 de novembro e outra até o dia 20 de dezembro, sem atrasos.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem, Lázaro Santana, explicou que a movimentação não se trata de uma greve, mas sim, de uma paralisação, e que os serviços estarão funcionando em períodos. 

“Nós não estamos de greve, estamos fazendo paralisações por período. A gente só vai voltar a hora que o dinheiro estiver na conta. Qualquer 30% que você tira da assistência, isso pode gerar uma morosidade, não uma desassistência, mas uma morosidade no atendimento”, explicou ao Correio do Estado. 

Segundo Santana, Estado e Município dizem que os pagamentos estão em dia.

“Ninguém sabe quem está certo, porque o governo fala que está fazendo tudo em dia, o município também, e a Santa Casa fala que não. Só que toda essa falta de comunicação, esse consenso que eles não chegam nunca gera esse tipo de problema, porque hoje nós estamos reivindicando ao pagamento do décimo, mas durante todo o ano paralisamos também cobrando o pagamento do salário do mês. Isso gera um transtorno muito grande. O que a Santa Casa alega é que ela depende de reajuste de melhorias no contrato para poder honrar o compromisso”.

 

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Cidades

Homicida se entrega à Polícia 8 meses após o crime

Homem estava foragido deste a data do crime, em abril

22/12/2025 17h00

Divulgação/PCMS

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Um homem foi preso ontem (21) ao se entregar na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL) após ter estado foragido por 8 meses por ter participado de um homicídio registrado na zona rural do distrito de Anhanduí.

O Crime

De acordo com as informações levantadas, o corpo de um homem foi localizado na manhã do dia 12 de abril de 2025, às margens de um córrego próximo à BR-163. 

As investigações iniciais indicaram que, no dia anterior ao desaparecimento, a vítima esteve no local na companhia de dois conhecidos, após consumo de bebida alcoólica. Apenas um deles retornou para casa. O outro passou a apresentar comportamento considerado suspeito e não foi mais localizado.

Após dois dias de buscas realizadas por familiares, Guarda Municipal e Polícia Militar, o corpo foi encontrado no mesmo ponto onde o grupo havia se reunido. Durante os trabalhos periciais, foram recolhidos objetos que podem ter relação com o crime.

Rendição

No dia 21 de dezembro de 2025, cerca de oito meses após o homicídio, o homem foragido compareceu espontaneamente à Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário do Centro Especializado de Polícia Integrada (DEPAC/CEPOL), onde confessou a autoria do crime.

Diante dos elementos colhidos, a Polícia Civil de Mato Grosso do Sul representou pela prisão preventiva do autor. O pedido foi analisado pelo Poder Judiciário, que decretou a prisão preventiva no mesmo dia, resultando no imediato recolhimento do autor ao sistema prisional.

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