Cidades

"Big Brother Ambiental"

Satélite flagra fazenda que espalhou fogo no Pantanal; multa foi de R$ 19 milhões

Incêndio florestal consumiu 69 imóveis na região da Nhecolândia e atingiu área de 65,6 mil hectares no início de novembro

Continue lendo...

O Núcleo de Geoprocessamento e Sensoriamento Remoto (Nugeo) do Ministério Público do Estado de Mato Grosso do Sul (MPMS) identificou que um dos grandes incêndios ocorridos no Pantanal neste ano, em novembro, teve início em uma propriedade rural. Na vistoria, a Polícia Militar Ambiental (PMA) concluiu que o local estava abandonado e aplicou uma multa administrativa no valor de R$ 19 milhões.

Segundo o MPMS, o fogo que começou na Fazenda Santa Edwirges avançou sobre outras 69 propriedades da região e consumiu 65.690,12 hectares de vegetação nativa.

De acordo com a promotora de Justiça Ana Raquel Nina, que está designada para atuar em Corumbá, quando os incêndios florestais começaram no Pantanal, em novembro, ela solicitou ao Nugeo um levantamento de imagens de satélites que pudessem identificar onde o fogo começou.

A resposta foi rápida e, ainda no mês passado, foi enviado um relatório em que constavam imagens de satélites sobre o ponto de ignição do fogo.

“Há duas semanas, recebemos o resultado das imagens de satélite e vimos que o foco inicial foi na fazenda Santa Edwirges e que se alastrou rapidamente. Dentro desse contexto, foi feita uma notícia fato e solicitei uma vistoria no local com urgência para saber quais providências os proprietários tomaram ou não tomaram para conter o fogo”, relatou a promotora.

Foi então que os militares da PMA identificaram que a propriedade, localizada na região da Nhecolândia, está abandonada. No local, nenhuma pessoa foi encontrada para dar satisfação sobre o ocorrido.
Por causa do abandono, o mato havia tomado conta da propriedade e os militares não conseguiram sequer chegar ao local onde o fogo começou.

“Com isso, foi constatado o dolo da proprietária, que não fez aceiro quando deveria fazer e contribuiu para que o incêndio atingisse essa proporção”, explicou Ana Raquel.

O aceiro é uma das técnicas usadas em propriedades rurais durante o período de seca como forma de prevenir de queimadas e consiste no corte de vegetação de um terreno em volta de propriedades, matas e coivaras para impedir a propagação das chamas.

Por causa disso, a proprietária da fazenda, que, segundo informações, reside no Rio de Janeiro, foi multada em R$ 19 milhões pela PMA.

Ana Raquel afirmou que aguarda o documento oficial com o relatório da PMA para seguir com o andamento do processo na Promotoria de Corumbá.

“Agora, vamos notificar a proprietária, assim que recebermos o relatório. Ela terá tempo para dar sua defesa, e depois seguimos com o inquérito”, afirmou a promotora.

A multa milionária aplicada pela PMA será encaminhada para o Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), em que a proprietária da fazenda também deverá apresentar defesa sobre o fato, podendo ou não ter a infração reconhecida.

No MPMS, por outro lado, a proprietária poderá ter de pagar uma segunda multa, desta vez civil, que poderá ser aplicada pela Promotoria de Corumbá. 

Isso pode acontecer se o inquérito entender que houve crime ambiental por parte da proprietária, por ter abandonado o imóvel e não ter tomado os cuidados necessários para prevenir incêndios florestais.

“Depois que a defesa for apresentada, devemos oferecer um termo de ajustamento de conduta [TAC], que pode vir ou não acompanhado de uma multa administrativa. Caso ela não aceite fazer esse TAC, nós ingressamos com uma ação civil pública”, explicou a promotora.

Ana Raquel Nina afirmou que não há previsão de quanto tempo esse processo deve durar, já que dependerá da defesa da fazendeira e se haverá assinatura de um TAC ou não.

A promotora também afirmou que este é o segundo inquérito seguido que esta mesma propriedade sofre por “favorecer” incêndios florestais no Pantanal. No ano passado, a Fazenda Santa Edwirges também foi investigada por queimadas.

NUGEO

O Nugeo foi idealizado em 2006 pelos promotores Alexandre Lima Raslan, de Campo Grande, e Luciano Furtado Loubet, de Bonito, em conjunto com Miguel Milano, representante da Fundação Avina.

Os recursos foram conseguidos mediante a assinatura de um contrato entre o promotor Alexandre Raslan, a Fundação Neotrópica e a Fundação Avina. A Fundação Neotrópica e o MPMS firmaram também um convênio para a aquisição e doação de bens relativos ao projeto.

O principal objetivo do laboratório de georreferenciamento é auxiliar os promotores de Justiça na questão das reservas legais e dos desmatamentos, usando imagens de satélite.

Segundo a promotora Ana Raquel Nina, a cada três meses, o Nugeo manda relatórios para as promotorias sobre incêndios florestais ou desmatamentos. Neste ano, ainda de acordo com Nina, foram pelo menos cinco relatórios produzidos pelo grupo, destes, dois estão na Promotoria de Corumbá.

“Ter essa ferramenta é uma forma de inibir e alertar quem estiver descuidando de sua propriedade”, declarou a promotora.

INCÊNDIOS

Novembro deste ano foi o mês mais devastador da série histórica de incêndios, conforme alerta do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Em algumas semanas, uma área significativa foi consumida pelo fogo, totalizando mais de 1 milhão de hectares devastados, o triplo do registrado em todo o ano passado.
Durante os primeiros 15 dias do mês passado, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul registraram 3.860 focos de incêndio. O estado vizinho contabilizou 2.663, enquanto por aqui 1.197 focos foram verificados.

R$ 19 mi Multa aplicada pelo MPMS à fazendeira

A multa pelo incêndio foi de R$ 19 milhões, mas pode haver outra penalidade.

SAIBA

A nova Lei do Pantanal traz regras para queimadas no bioma. O texto visa equilibrar práticas tradicionais, como as dos povos indígenas, com a necessidade de preservação ambiental e prevenção de incêndios. As diretrizes estabelecidas apontam para uma abordagem integrada e sustentável do uso do fogo.

O texto enfatiza que, quando praticada de maneira tradicional e adaptativa pelos povos indígenas, a utilização do fogo será licenciada como queima controlada ou queima prescrita. Essas práticas poderão integrar o Plano Estadual de Manejo Integrado do Fogo.

Cidades

Correios vetam vale-natal de R$ 2,5 mil a funcionários, enquanto aguardam decisão da Fazenda

O benefício de vale-natal faz parte do ACT firmado pela empresa e os trabalhadores da estatal, em 2024

05/12/2025 19h00

Foto: Emerson Nogueira/Futura Press/Estadão Conteúdo

Continue Lendo...

Em crise, os Correios decidiram não renovar este ano um benefício de vale-natal de R$ 2,5 mil aos seus funcionários, valor que foi pago em 2024, após Acordo Coletivo de Trabalho (ACT). A empresa comunicou seus funcionários sobre o não pagamento na noite de quarta-feira. Ao mesmo tempo, a estatal espera a avaliação da equipe econômica sobre os próximos passos nas negociações com os bancos.

O benefício de vale-natal faz parte do ACT firmado pela empresa e os trabalhadores da estatal, em 2024. Ele vem sendo renovado, enquanto a atual direção negocia novos termos, mas o benefício de Natal foi cancelado em função da crise e da necessidade de cortes de custos. A informação foi publicada pela Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão.

Em paralelo, a empresa aguarda avaliação do Tesouro Nacional sobre o plano de recuperação, para poder voltar a negociar com os bancos um empréstimo na casa dos R$ 20 bilhões. A expectativa era de que isso fosse concluído ainda esta semana, mas o desfecho dessa análise deve ficar para a semana que vem.

Na terça-feira, o Tesouro informou à estatal que não dará aval a um empréstimo de R$ 20 bilhões caso as taxas de juros estejam acima de 120% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI). A proposta dos bancos, segundo apurou o Estadão, foi de 136% do CDI. Ou seja: com essa taxa, a proposta foi recusada, dando início a uma nova rodada de negociação.

A equipe econômica estuda uma forma de dar um fôlego de curto prazo para a companhia, para que ela não negocie com os bancos sob forte pressão. Mas o desenho dessa ajuda ainda não foi definido.

Nesta quinta-feira, 4, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que se isso ocorrer com aportes do Tesouro, será dentro das regras fiscais.

Rombo bilionário

Os Correios correm para conseguir a liberação do empréstimo para lidar com uma crise financeira sem precedentes. De janeiro a setembro deste ano, a empresa teve prejuízo de R$ 6,05 bilhões, em uma combinação de queda de receitas com aumento de despesas.

Com o empréstimo, a empresa pretende quitar uma dívida de R$ 1,8 bilhão, além de financiar um programa de desligamento voluntário (PDV) e fazer investimentos para tentar recuperar espaço no mercado de encomendas e elaborar novas fontes de receitas.

A estatal também precisa regularizar pendências com fornecedores Isso é visto como crucial pela atual gestão para que a empresa recupere a performance no setor de entregas, a confiança de clientes e tenha aumento de receitas.

Cidades

Prefeita sanciona lei que dificulta emissão de atestado médico em Campo Grande

Lei pretende desestimular o uso indevido e fraudulento de atestado

05/12/2025 18h45

Foto: Reprodução

Continue Lendo...

A prefeita Adriane Lopes (PP) sancionou a o Projeto de Lei que endurece e dificulta o acesso a atestado médico aos pacientes da rede municipal de Saúde em Campo Grande.

O texto foi aprovado em regime de urgência e única discussão instituindo o Programa Atestado Responsável, com a finalidade de endurecer a emissão de atestados, proposta  dos vereadores Rafael Tavares e André Salineiro.

Segundo o texto aprovado, a emissão de atestados deverá ocorrer de forma criteriosa e ética, sendo prerrogativa exclusiva do médico, que decidirá sobre a necessidade e o período de afastamento do paciente.

Quando não houver justificativa médica para afastamento, poderá ser emitida apenas uma declaração de comparecimento, comprovando a presença do paciente na unidade de saúde. A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não especifica sobre a apresentação deste documento para abonar  a falta no trabalho, ou seja, a empresa não tem a obrigação de pagar o salário do dia.

Conforme a lei, o programa “Atestado Responsável” tem objetivo de promover a emissão de atestados médicos de forma responsável e ética, priorizando as reais necessidades clínicas dos pacientes, contribuir para a redução da sobrecarga de atendimentos nas UPA’s e Postos de Saúde, direcionando os recursos para os casos de maior urgência e gravidade. 

Além disso, pretende desestimular o uso indevido e fraudulento de atestados para fins de justificação de ausências sem real necessidade de afastamento laboral, fortalecer a autonomia, a segurança e a responsabilidade do profissional médico na tomada de decisão clínica sobre a necessidade de afastamento do trabalho.

Conforme o texto, o intuito do programa é implementar medidas de controle, registro e transparência na emissão de atestados médicos incluindo o monitoramento da quantidade de documentos emitidos, identificação de padrões de uso e eventuais fraudes, de modo a permitir a avaliação contínua da política pública e seus ajustes futuros.

O que diz as regras da CLT?

A Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) não especifica a declaração de comparecimento, exceto em situações específicas, prevista no Artigo 473, em que o trabalhador pode se ausentar sem prejuízo do salário para acompanhar a esposa ou companheira durante a gravidez até dois dias para consultas médicas e exames, ou para acompanhar um filho de até 6 anos em consulta médica, uma vez por ano.

Para outros tipos de consultas e exames, o abono de faltas não é previsto na lei e a aceitação do documento depende da política interna da empresa ou de acordos coletivos.

 

Assine o Correio do Estado
 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).