Cidades

Aborto

Sete anos depois, morte de
Marielly pode ficar impune

Crimes pelos quais respondem os suspeitos devem prescrever

RENAN NUCCI

19/11/2018 - 10h10
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Depois de sete anos, a morte de Marielly Barbosa Rodrigues, 19, durante aborto clandestino na cidade de Sidrolândia, corre risco de acabar impune. Isso ocorre porque os crimes pelos quais respondem o cunhado dela, Hugleice da Silva, que a levou para o  local, e o enfermeiro Jodimar Ximenez Gomes, autor do procedimento, podem ser prescritos. 

O caso ocorreu em maio de 2011, os dois foram denunciados pelo Ministério Público Estadual em agosto daquele ano e, até o momento, ainda nãoforam pronunciados pela justiça. A pronúncia aponta que o réu responde por crime contra a vida e que será levao a júri.

Segundo o advogado José Roberto Rodrigues da Rosa, que defende Hugleice neste caso, os dois investigados respondem por instigar aborto em terceiro, cuja pena varia de um a quatro anos de prisão, e por ocultação de cadáver, cuja pena é de uma  a três anos de prisão.

 "Penas de até quatro anos prescrevem em oito anos. Em caso de prescrição, a justiça não soma as penas quando há mais de um crime e sim, conta cada uma individualmente. Então é possível que não haja julgamento até o ano que vem, quando os crimes completam oito anos", explicou.

O advogado disse que o cenário pode ser ainda mais favorável à defesa, considerando por exemplo no caso de Hugleice, o fato de ter bons antecedentes e ser réu primário à época dos fatos. "No caso de instigar o aborto, é provável que ele fosse condenado a uma pena de 2 anos, em razão das atenuantes, o que anteciparia as prescrições", explicou.

Ainda conforme o advogado, tanto Hugleice quanto Jodimar não respondem por homicídio porque não atentaram contra a vida de Marielly e não tinham interesse em matá-la. "É preciso ter cuidado ao dizer que eles vão ficar impunes, porque à época foram presos, sofreram na prisão, apanharam e até hoje lidam com o processo que se arrasta por tanto tempo. De certa forma, eles estão pagando pelo que fizeram".

Sobre a demora, o José Rodrigues diz que uma séride fatores contribuíram, como o fato de que Jodimar era representado pela Defensoria Pública que sempre entregava os recursos no último prazo, a constante mudança de juízes em Sidrolândia, bem como a mudança de Hugleice que hoje mora no Mato Grosso. "Nossos procedimentos com Hugleice eram feitos por precatória, que demoram, por isso também temos nossa culpa nessa demora".

O CASO

Sete anos atrás, Marielly Rodrigues morreu durante um aborto malsucedido, que, segundo relatos de Hugleice e provas da investigação, foi feito por Jodimar, na casa dele, em Sidrolândia. A morte aconteceu no dia 21 de maio, data em que ela foi vista pela última vez pela mãe, que mobilizou parentes, amigos, vizinhos, políticos e a opinião pública para encontrar a filha.

O corpo da universitária foi encontrado em 11 de junho em um matagal de Sidrolândia, em estado de decomposição. Em julho foi decretada a prisão de Hugleice, que até então negava qualquer envolvimento com o caso, e de Gomes, que continua a alegar inocência.

Após dois dias na prisão, Silva, que é casado com a irmã de Marielly, confessou que teve relação sexual com a cunhada, que a levou para fazer aborto na casa de Gomes, para quem pagou R$ 500. 

Silva relatou ainda que enquanto esperava a jovem, o enfermeiro contou sobre a morte e então os dois colocaram o corpo da jovem na caminhonete dele e o deixaram no matagal. A Justiça concedeu liberdade a Hugleice ainda em setembro daquele ano. Ambos ainda aguardam o julgamento do caso.

ESFAQUEADA NO MT

A defesa de Hugleice, foragido depois de esfaquear a mulher Mayara Barbosa, na manhã de ontem, em Rondonópolis (MT), negocia apresentação com as autoridades locais, para que ele não fique preso.

O advogado José Rodrigues alega que o homem teria agido por impulso depois de flagrar suposta traição pelo celular da vítima. Ele responde outro processo por envolvimento em caso de aborto que terminou na morte da cunhada, que é irmã da esposa dele.
 

ASSISTÊNCIA SOCIAL

Verba da saúde banca mais 240 mil cestas para indígenas

Estado renovou por mais 12 meses contratos que somam R$ 46 milhões para aquisição de alimentos distribuídos em 86 aldeias

23/12/2025 11h30

Cerca de 20 mil famílias indígenas espalhadas em 86 aldeias são contempladas com 25 quilos de alimentos a cada mês

Cerca de 20 mil famílias indígenas espalhadas em 86 aldeias são contempladas com 25 quilos de alimentos a cada mês

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Assinados em dezembro do ano passado com possibilidade de serem prorrogados por até dez anos, cinco contratos para fornecimento de cestas de alimentos para familias indígenas foram renovados até o final de 2026, conforme publicação do diário oficial desta terça-feira (23). 

Juntos, os cinco contratos chegam a quase R$ 46 milhões e apesar da inflação do período, de 4,4%, foram renovados com os mesmos valores do ano passado com as empresas Tavares & Soares (R$ 15,83 milhões), Forte Lux Comércio (R$ 9,6 milhões) e Serviço e a empresa Fortes Comércio de Alimentos (R$ 20,67 milhões) 

Ao todo, em torno de 20 mil famílias estão sendo atendidas  em 86 aldeias de 29 municípios de Mato Grosso do Sul. A cesta conta com arroz, feijão, sal, macarrão, leite em pó, óleo, açúcar, fubá, charque, canjica e erva de tereré.

A estimativa do Governo do Estado é de que o programa beneficie pelo menos 90% das famílias indígenas espalhadas pelo Estado. Ao longo de um ano são em torno de 240 mil cestas, com peso médio de 25 quilos. 

Desde o começo do ano está havendo controle digital como mais um instrumento de garantia da destinação correta dos alimentos. Os beneficiários receberam um cartão com um QR Code para ser usado no momento da retirada da cesta. Existe um cartão azul, que é do titular do benefício e outra na cor verde, entregues a pessoas autorizadas a retirar o alimento caso o titular não consiga. 

Apesar de o programa ser coordenado pela Secretaria de Assistência Social e dos Direitos Humanos (SEAD), ele é bancado com recursos  da Saúde (Fundo Especial da Saúde/FESA/MS). 
 

CAMPO GRANDE

Trabalhadores engrossam paralisação na Santa Casa

Se no primeiro dia manifestação envolveu 1.200 funcionários celetistas, agora, ato é engrossado e pelo menos dois mil  trabalhadores aderiram às reivindicações pelo décimo terceiro salário

23/12/2025 11h00

Consultada, na manhã de hoje (23) a unidade Santa Casa de Campo Grande detalhou que: 

Consultada, na manhã de hoje (23) a unidade Santa Casa de Campo Grande detalhou que: "a paralisação de trabalhadores continua". Marcelo Victor/Correio do Estado

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Se durante o primeiro dia de impacto nas atividades na Santa Casa os atendimentos/serviços foram 30% paralisados, agora, segundo confirmado pela unidade na manhã desta terça-feira (23), o efetivo que aderiu à paralisação em busca do 13° salário subiu para pelo menos metade. 

A presidente da Santa Casa, Alir Terra Lima, e o Terra, e responsável pelo Sindicato dos Trabalhadores na Área de Enfermagem de Mato Grosso do Sul (SIEMS), Lázaro Santana, reuniram a imprensa para tratar das manifestações de trabalhadores que se acumulavam em protesto na frente da unidade, na manhã de ontem (22).

Conforme repassado por Alir - e como bem abordado pelo Correio do Estado -, a paralisação inicialmente chegou a afetar 30% dos atendimentos/serviços, ou seja, com cerca de 70% do andamento da Santa Casa funcionando por tempo indeterminado ou até o pagamento integral do décimo terceiro.

Consultada, na manhã de hoje (23) a unidade Santa Casa de Campo Grande detalhou que: "a paralisação de trabalhadores continua".

"Com efetivo de 50% na paralisação e 50% trabalhando nos setores", complementa a Santa Casa de Campo Grande em retorno. 

Em outras palavras, se no primeiro dia a manifestação envolveu 1.200 funcionários celetistas, agora, a paralisação é engrossada e pelo menos dois mil  trabalhadores da Santa Casa (dos quatro mil totais) aderiram às reivindicações pelo décimo terceiro salário. 

Sem acordo

    

Enquanto a Santa Casa de Campo Grande aponta que, até o momento, não há nenhuma novidade em relação ao pagamento do décimo terceiro, que afeta todos os funcionários celetistas da unidade, a paralisação acaba impactando na vida não somente dos trabalhadores mas também de pacientes e visitantes. 

Ainda ontem no fim da tarde, através das redes sociais, a Santa Casa de Campo Grande emitiu comunicado anunciando ajustes temporários nas rotinas de vista aos pacientes, diante da paralisação. 

Essas visitas estão autorizadas tanto para pacientes internados na Unidades de Terapia Intensiva (UTI) quanto nas enfermarias. 

Esses ajustes na rotina seguem as seguintes diretrizes: 

  • - Apenas um familiar será liberado e permitido vistar o paciente;
  • - Cada paciente tem direito a uma visita por dia, feita pelas manhãs, às 11h. 
  • - Acesso das visitas deve ser feito exclusivamente pela porta de vidro do térreo.  

Há o detalhe de que, para os pacientes da área de trauma, onde ficam os acidentados, os visitantes devem dirigir-se pela entrada específica do setor. 

É o caso de Vitória Lorrayne, que está com o irmão acidentado na Santa Casa, que deu entrada na unidade desde o domingo e seria submetido a cirurgia durante o primeiro dia de paralisação, e sequer conseguiu contatar o parente que foi vítima de acidente de moto. 

"Não facilitaram em nada. Até disse que minha mãe sairia de viagem e precisava de notícias, está preocupada, mas falaram ontem (22) infelizmente que eu não poderia entrar", comenta ela. 

Como se não bastasse, até mesmo as informações sobre quando teria novamente contato com o irmão foram desencontradas, já que num primeiro momento mandaram a jovem voltar à Santa Casa por volta de 16h, quando novamente foi impedida de fazer a visita. 

"Voltei lá e disseram que haviam suspendido as visitas da tarde e da noite. Que seria apenas hoje às 11h, e não facilitaram em nada, sendo que gastei 70 reais ao todo entre idas e vindas", conclui. 

Os serviços afetados são atendimentos (consultas eletivas, cirurgias eletivas, enfermaria, pronto socorro, UTI, etc), limpeza (higienização de centros cirúrgicos, consultórios, banheiros, corredores, etc) , lavanderia (acúmulo de roupas utilizadas em cirurgias ou exames) e cozinha (copa).
**(Colaborou Naiara Camargo)

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