Com lucro líquido diário da ordem de R$ 863 mil, a empresa Águas Guariroba recebeu autorização para elevar em 6,6% as tarifas dos serviços de água e esgoto em Campo Grande a partir do dia 3 de janeiro de 2025.
A autorização para o aumento, que é quase 50% acima dos 4,7% da inflação dos últimos doze meses, foi publicada no diário oficial da prefeitura de Campo Grande desta segunda-feira (02) e foi assinada pelo presidente da Agereg (Agência de Regulação), o ex-vereador Odilon de Oliveira Júnior.
Na publicação, ele diz que 4,6% são relativos ao reajuste tarifário anual e que o restante (2,07%) são a título de “Revisão Tarifária”. E, para ter direito a esta esta revisão, a empresa Águas Guariroba recorreu à Justiça, explica o Diogrande.
"Considerando o Mandado de Segurança n. 0844570-25.2023.8.12.0001, impetrado pela Concessionária Águas Guariroba S.A. em face da Agência de Regulação e Município de Campo Grande que versa sobre processos regulatórios de reequilíbrio econômico-financeiro”, explica o diário oficial.
O pedido de reequilíbrio ocorreu apesar de a empresa ter aumentado seu faturamento em 16% no ano passado, quando entraram R$ 862 milhões nos cofres da empresa. No ano anterior, esse valor havia sido de R$ 742 milhões
E, conforme dados oficiais da empresa, o lucro líquido no ano passado foi de R$ 316 milhões, o que representa aumento de 10,4% em relação ao ano anterior, quando teve resultado positivo de R$ 286 milhões.
COMPARAÇÃO
Em maio do ano passado a Sanesul elevou em 3,69% as tarifas de água e esgoto nas 68 cidades onde atua no interior do Estado. Mesmo assim as tarifas na Capital permaneciam 47,5% maiores. Agora, esta diferença vai subir para 57,7%.
Com a correção da Sanesul, uma família que consome até dez mil litros de água por mês passou a pagar R$ 5,54 por metro cúbico de água e R$ 2,74 por metro cúbico de esgoto, caso haja coleta e tratamento.
Em Campo Grande, para esta mesma faixa de consumo, o metro cúbico de água (mil litros) passará a ser de R$ 7,68 e a tarifa de esgoto, de R$ 5,38. Ou seja, os consumidores de Campo Grande pagarão 96,3%% a mais pelo tratamento do esgoto e 38% a mais pela água.
Na interior, um consumidor residencial conectado á rede de coleta de esgoto e que fechar o mês com exatos dez metros cúbicos de consumo está desembolsando R$ 82,40 por mês. Em Campo Grande, este mesmo volume custa R$ 130,6 0 a partir de janeiro de 2025. Isso significa uma diferença a maior de 57,7%.
PRIVATIZAÇÃO
O serviço de água e esgoto da Capital foi privatizado no ano de 2000, por um período de 30 anos, quando o prefeito era André Puccinelli. Mas, 12 anos depois, já na gestão de Nelsinho Trad, o contrato foi prorrogado por mais três décadas e agora só acaba em 2060.
O acordo prevê exclusividade no serviço de fornecimento de água na cidade, fazendo com que poços convencionais ou artesianos sejam proibidos, já que poderiam reduzir o faturamento da empresa.
O Grupo Aegea, ao qual a Águas Guariroba pertence, é a maior empresa do setor de seneamento básico do País e também fechou Parceria Público Privada (PPP) com a Sanesul para explorar o serviço de esgotamento sanitário em 68 cidades do interior de Mato Grosso do Sul.