A VBX Transportes Ltda., empresa acusada por clientes e parceiros de aplicar um calote superior a R$ 1 milhão em Mato Grosso do Sul e de R$ 1,5 milhão em Minas Gerais, teve seu contrato social alterado em fevereiro deste ano.
Fonte ouvida pelo Correio do Estado afirmou que a empresa há algum tempo não está no nome do verdadeiro dono e que atua em obras grandes pelo Brasil, sendo a construção da planta processadora de celulose para a Suzano S.A., em Ribas do Rio Pardo, a mais recente parceria da empresa, e maior do mundo quando estiver em operação.
Documento de 1º de fevereiro de 2024 da Junta Comercial do Estado de Minas Gerais, ao qual o Correio do Estado teve acesso, indica que a empresa passou a ser controlada e administrada por Pedro Henrique Medeiros Souza, 31 anos. A empresa continua com um capital social de R$ 90 mil, embora tenha se notabilizado por parcerias com grandes empresas do porte da Suzano.
Antes de Pedro Henrique, a VBX era controlada por João Marcos Ribeiro da Silva, 39 anos. Um dos empresários que sofreram calote da VBX explicou ao Correio do Estado que este também não é o dono de fato da empresa, que é sediada na cidade de Martinho Campos (MG).
Apenas de uma empresa locadora de máquinas, em Minas Gerais, a VBX, parceira da Suzano na construção da planta, o calote seria de aproximadamente R$ 1,5 milhão.
Este empresário alugou caminhões, tratores e até uma motoniveladora para a construção do Projeto Cerrado, em Ribas do Rio Pardo.
Ao contrário das outras ações judiciais de cobrança contra a VBX, este empresário preferiu demandar contra a parceira da Suzano em Minas Gerais, domicílio de ambas as empresas.
Em Mato Grosso do Sul, a VBX abriu uma filial e também tem uma sede (ao menos no papel). Ela fez tal operação, segundo a fonte, para conseguir incentivos fiscais.
As mudanças no contrato social da VBX ocorreram quando algumas ações de cobrança contra ela já estavam ajuizadas. A maioria dos contratos firmados pela VBX em Ribas deixou de ser adimplida entre outubro e novembro de 2023.
Novo Calote em Ribas
Nesta terça-feira (25), o Correio do Estado noticiou que mais uma empresa de Mato Grosso do Sul foi à Justiça contra a VBX.
Desta vez, a Pousada LME, com endereço no centro de Ribas do Rio Pardo - cidade distante 98 quilômetros da capital, Campo Grande - recorreu à Justiça contra a empresa terceirizada da Suzano para a construção da megafábrica de celulose na cidade.
Em reportagens publicadas no mês de maio, o Correio do Estado já havia antecipado informações sobre o calote em massa da terceirizada da Suzano, ao revelar que três empresários que alugaram máquinas para a VBX cobravam R$ 752 mil da empresa.
Com este novo processo ajuizado pela pousada, chega a R$ 1,083 milhão o valor cobrado à VBX na Justiça pelas empresas que sofreram calote.
Na Justiça de Minas Gerais, o Correio do Estado apurou que há um inadimplemento no valor de R$ 1,5 milhão, também ajuizado.
Números
Dívidas Cobradas da VBX:
- Locatruck: R$ 132,2 mil
- LOB Terraplenagem: R$ 120 mil
- Pousada LME Ltda.: R$ 357,6 mil
- Empresário locador de máquinas em Minas Gerais: R$ 1,5 milhão
Dívidas Cobradas da VBX e da Suzano:
- Sérgio Claudemir Papa: R$ 452,4 mil
Outro Lado
O Correio do Estado telefonou para os números da VBX que aparecem nos processos judiciais e também são listados na internet, mas ninguém atendeu às chamadas.
A Suzano, por sua vez, afirma que o caso da VBX Transportes “é uma situação isolada, haja vista as centenas de fornecedores da empresa que realizam negócios no município”.
“Tal empresa prestava serviços na área de manutenção de estradas e, durante os últimos meses de contrato, a Suzano constatou que, mesmo com o pagamento em dia do contrato desse fornecedor, a VBX não estava honrando com suas obrigações trabalhistas e outras obrigações de mercado, sendo que esse último fato tomamos ciência via o telefone da ouvidoria da empresa”, informou a Suzano.
A Suzano ainda afirmou que chegou a honrar com as dívidas trabalhistas da VBX, por ser a tomadora do serviço e por ter responsabilidades previstas em lei neste quesito.
“Importante esclarecer que, ao contrário do controle do pagamento dos colaboradores de nossos fornecedores, nos outros casos, a Suzano não possui obrigação legal e nem tem como controlar, acompanhar as negociações comerciais ou concessão de créditos para tais empresas prestadoras de serviço, bem como fiscalizar, participar de negociações comerciais ou se responsabilizar por pagamentos”, complementou a multinacional.
Maior do Mundo
Com investimentos que passam dos R$ 22 bilhões, o Projeto Cerrado será a maior planta de celulose do mundo ao entrar em operação, no mês de julho.
Com a entrada em operação desta terceira unidade da Suzano em Mato Grosso do Sul, que terá capacidade para processar quase 3 milhões de toneladas de celulose por ano, o estado deve se consolidar como uma das maiores regiões produtoras de celulose do mundo.