Precisando recomeçar a vida e sem trabalhadores, uma mulher teve que ir a campo para fazer instalações de segurança em Campo Grande
A empresária Juliana Miranda de Oliveira, de 40 anos, proprietária de uma empresa de segurança, ao se deparar com a falta de mão de obra qualificada, não perdeu tempo e foi a campo para atender sua clientela.
Após o divórcio, Juliana contou ao Correio do Estado que precisou recomeçar a vida e decidiu entrar para o ramo de segurança, atuando com a instalação de cercas elétricas, câmeras e concertinas.
Como sempre teve facilidade com vendas, inicialmente entrava em contato com os clientes, negociava pacotes e enviava funcionários terceirizados para realizar as instalações.
No início, a empresária relata que tudo correu muito bem e havia bastante serviço. Entretanto, os funcionários começaram a deixar a desejar no atendimento de qualidade.
“Comecei a procurar mão de obra, mas estava muito difícil. Foi quando contratei um rapaz e comecei a acompanhá-lo, aprendendo no dia a dia”, explicou a empresária.
Foi ‘como andar de bicicleta’: quando se deu conta, já estava realizando o serviço e auxiliando nas instalações para que ficassem prontas antes do tempo previsto — um aprendizado que, como ela mesma definiu, aconteceu “no dia a dia”.
A empresa trabalha com a instalação de concertinas, cercas elétricas, travas de motor, interfones, câmeras, entre outros.
Mulher no batente
Juliana relatou que, por ser mulher, já se deparou com olhares de desconfiança dos clientes — uma percepção que muda quando ela tira a escada, estica a cerca elétrica e entrega o serviço.
“Quando é o primeiro contato, eu sinto essa desconfiança. Teve um parceiro que trabalha com toldos que me contou que tentou passar meu contato para um trabalho, mas a cliente questionou o fato de eu ser mulher e preferiu não aceitar a indicação.”
No entanto, apesar da desconfiança inicial, no final, quando tudo está instalado e funcionando perfeitamente - já que Juliana é detalhista quanto à estética -, os elogios sempre ocorrem.
Arquivo Pessoal Confiança
Por outro lado, enquanto enfrenta um pouco de desconfiança, Juliana percebe que, quando visita a casa de outras mulheres, as clientes ficam mais à vontade com sua presença.
“Gosto muito da minha profissão. Inclusive, tenho orgulho de entregar um serviço bem feito e de qualidade. Geralmente, peço para o cliente conferir. Se precisar de retorno, não tenho esse problema. Me sinto orgulhosa do meu trabalho.”
A única coisa que a incomoda é o calor escaldante ao qual fica exposta. Porém, no geral, ela relatou que a sensação de utilidade ao entregar uma obra compensa todo o resto.
Coração
O “nascer” da empresa veio do coração de Juliana, que pesquisou o nome de uma estrela e escolheu Alpha Tauri, a estrela mais brilhante de uma constelação. Assim, surgiu a Alpha Tauri Segurança.
Dizem que o fruto não cai longe do pé, e esse é o caso de Juliana. Filha de um mestre de obras, ela sempre observou o pai construindo. Mesmo quando era casada, resolvia sozinha os problemas de casa, sem esperar por ninguém.
Posteriormente, Juliana fez alguns cursos e se dedicou à observação. Após 13 anos cuidando da casa, sem necessidade de trabalhar, começou como motorista de aplicativo e, agora, possui uma empresa consolidada há seis anos.
Caso alguém questione a capacidade de Juliana, uma das maiores obras que ela relata ter realizado foi a instalação de cerca elétrica e alarmes em um condomínio de mais de 400 metros lineares, além da instalação de concertinas na Fiocruz, entre outros projetos.
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