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Tribunal de Contas de MS vai embargar rodovia para preservação do Pantanal

Presidente do TCE-MS, Jerson Domingos, deve publicar nesta semana medida cautelar que paralisa as obras da MS-228

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Após a equipe técnica do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso do Sul (TCE-MS) concluir vistoria nas obras de implantação de revestimento primário na MS-228, a Rodovia Transpantaneira, que fica próxima a Corumbá e também leva o nome de Estrada Parque, o presidente Jerson Domingos deve publicar, entre hoje e amanhã, uma cautelar determinando o embargo de todos os serviços contratados pela Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos de Mato Grosso do Sul (Agesul) na via, para frear a degradação ambiental no Pantanal sul-mato-grossense.

Segundo informações apuradas pelo Correio do Estado, o conselheiro teria participado, durante toda a manhã de ontem, de uma reunião com a divisão de engenharia e com a assessoria jurídica da Corte de Contas e já teria solicitado a elaboração do termo de suspensão da obra.

A divisão de engenharia ficou de finalizar o relatório na manhã desta quarta-feira e encaminhar à assessoria jurídica, portanto, até amanhã será publicada a cautelar de embargo da obra na MS-228.

Conforme fontes ouvidas pela reportagem, Jerson Domingos teria sido alertado por ambientalistas que o aterramento de parte da planície pode prejudicar a fauna e a flora da região pantaneira, pois os serviços de implantação de revestimento primário na rodovia não pavimentada estão acelerando a destruição do bioma.
Por isso, o presidente do TCE-MS teria determinado um levantamento in loco sobre a situação, e a equipe técnica constatou que as denúncias feitas pelos proprietários de terra na região procedem. 

Com a confirmação da degradação ambiental, agora será determinado o embargo da obra, que teve início em maio do ano passado, ao custo de R$ 37,4 milhões, já que, com a cautelar, o Estado não poderá retomar os serviços na rodovia estadual.

O contrato com a empresa AL dos Santos, do empreiteiro André Luis dos Santos, conhecido como André Patrola, para fazer parte da obra já está suspenso desde o mês passado. 

Apesar de motivos ambientais alegados pela própria Agesul, o contrato foi suspenso dias depois de Patrola tornar-se alvo de investigação do Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS), que investiga esquema de corrupção e lavagem de dinheiro em aluguel de máquinas e manutenção de vias sem asfalto em Campo Grande. 

LEVANTAMENTO TÉCNICO

O levantamento técnico revelou que as obras estão afetando um dos principais trechos do tronco rodoviário do Pantanal, projetado desde os anos 1970, que é a ligação da MS-228, a partir da Curva do Leque (entroncamento com a MS-184), com o centro da Nhecolândia. 

A estrada integra Corumbá com Rio Negro (232 km) e Rio Verde (56 km do trevo da MS-427 com a MS-228), cortando a planície.

Conforme os dados apurados pela equipe do TCE-MS, as obras na rodovia sem pavimentação “elevaram a estrada do nível do solo, transformando a via em uma verdadeira barragem, impedindo que a água da chuva vá ao encontro do Rio Paraguai e que as águas do rio cheguem até a planície pantaneira, impossibilitando a irrigação das baías e dos corixos”.

Na prática, em futuro próximo, caso nada seja feito, essa ação pode transformar a planície pantaneira em um deserto. Pois, ao represar as águas do rio e das chuvas, a MS-228 é comprimida, fazendo com que a estrada seja dissolvida, aumentando ainda mais o assoreamento dos rios, das baías e dos corixos da região pantaneira.

PÓS-EMBARGO

A reportagem também apurou que, após o embargo da obra, o presidente da Corte de Contas pretende convocar a Marinha e o Exército Brasileiro, bem como a Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e a Embrapa Pantanal, para a realização de uma avaliação do impacto ambiental que a intervenção das empreiteiras causou na região do Pantanal.

De acordo com fontes ouvidas pelo Correio do Estado, Jerson Domingos acredita que, se nada for feito, Mato Grosso do Sul vai depredar o Pantanal na sua totalidade. 

Ele teria citado que, onde a estrada teve trechos rompidos pela força das águas, foi jogada nas baías e nos corixos uma grande quantidade de terra, podendo até chegar aos rios da região, afinal, estão mexendo em 90 mil quilômetros quadrados sem um estudo de impacto ambiental.

Conforme a Agesul, o trecho onde está sendo feita a implantação de revestimento primário de rodovia não pavimentada é do km 45,000 ao km 84,506, com extensão de 39,506 quilômetros. 

O contrato deveria ser executado e totalmente concluído no prazo de 420 dias consecutivos, contados da data do recebimento da Ordem de Início dos Serviços (OIS). A empresa deveria cumprir rigorosamente o cronograma físico-financeiro do contrato, sob pena de aplicação de multa moratória, sem prejuízo das demais penalidades e da rescisão contratual.

INVESTIGAÇÃO

Uma das empreiteiras que atuam nas obras é a AL dos Santos, pertencente a André Patrola e investigada pela 31ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social de Campo Grande por suspeita de envolvimento em crimes como peculato, corrupção, fraude em licitação e lavagem de dinheiro por contratos com a prefeitura da Capital.

A obra que ligaria a MS-228 à ponte sobre o Rio Taquari, no trecho em que a rodovia se integraria com outra via importante do Pantanal, a MS-217, já foi suspensa após a deflagração da Operação Cascalhos de Areia pelo MPMS. 

Além desse contrato com a Agesul, André Patrola também tem outros contratos com o governo do Estado, um deles para a manutenção e a implantação de revestimento primário no trecho da MS-228 em que ela absorve parte da Estrada Parque do Pantanal, entre a Curva do Leque e a Fazenda Alegria.

CONTRATOS COM A AL DOS SANTOS

Obra teve início em maio do ano passado e custaria R$ 37,4 milhões ao governo de MS.

Colapso na saúde

Deputado protocola ação pedindo intervenção urgente do Estado na saúde de Campo Grande

O parlamentar classifica a situação do SUS da Capital como grave e à beira de um colapso

19/12/2025 18h15

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar

Saúde de Campo Grande é alvo de ações e acumula discussões por estar "à beira de um colapso" FOTO: Gerson Oliveira/Correio do Estado

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O deputado estadual Pedrossian Neto entrou com uma ação no Ministério Público de Mato Grosso do Sul pedindo que o Governo do Estado adote medidas e providências na saúde de Campo Grande. 

O parlamentar classifica o quadro como “grave, estrutural e persistente”, além de “risco concreto de desassistência à população”. 

No documento encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Romão Ávila, o deputado afirma que a crise na saúde da Capital não apresenta mais episódio pontuais de descaso, mas, sim, falhas recorrentes de organização, financiamento e governança, afetando diretamente na segurança dos pacientes, capacidade de resposta da rede de urgência e emergência, além do funcionamento regular do Sistema Único de Saúde. 

Um dos pontos centrais do pedido é a situação da Santa Casa de Campo Grande, o maior em atendimento do SUS no Estado e referência em urgência, emergência e alta complexidade. 

O documento mostra alertas e registros públicos que apontam superlotação extrema, atendimento de pacientes em corredores e macas, ocupação acima da capacidade e risco iminente de um colapso assistencial, repercutindo em toda a rede estadual. 

Além disso, o hospital sofre com desabastecimento de insumos e medicamentos na área de urgência e atenção básica, segundo já foi alertado pelo Conselho Regional de Medicina (CRM-MS), além de falhas estruturais na rede de odontologia, como comunicado pelo Conselho Regional de Odontologia (CRO-MS), o que já levou à paralisação de atendimentos e prejuízo à assistência. 

Pedrossian ainda destacou a fragilidade da governança da saúde municipal, evidenciada pela reprovação do Relatório Anual de Gestão da Saúde de 2024 pelo Conselho Municipal de Saúde, aliado à ausência de secretário municipal de Saúde, deixando a pasta sob condução de um comitê gestor, que não condiz com o princípio de direção única do SUS. 

Para o deputado, a intervenção estadual não se trata de uma medida política, mas de “providência excepcional prevista na Constituição, necessária para assegurar a continuidade de um serviço público essencial, evitar um colapso sistêmico e proteger o direito à saúde da população”. 

PLANO DE AÇÃO

O Ministério Público de Mato Grosso do Sul determinou na última quinta-feira (18) que o Estado de Mato Grosso do Sul e o Município de Campo Grande têm 90 dias para apresentarem um Plano de Ação que se mostre eficaz à plena retomada do atendimento integral no Hospital Santa Casa. 

A decisão foi dada após o MPMS entrar com uma Ação Civil com o objetivo de impedir o agravamento da crise assistencial enfrentada pela Santa Casa de Campo Grande. 

O hospital, maior do Estado que atende o Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta problemas constantes de superlotação extrema, falta de insumos, dívidas acumuladas com médicos e fornecedores, comprometendo a continuidade dos serviços prestados. 

Na ação, o MPMS descreve o cenário como um “colapso institucional”, com setores essenciais funcionando muito acima da capacidade, superlotação do pronto-socorro agravada por uma reforma iniciada sem planejamento financeiro e sem conclusão após mais de dois anos de obras. 

Segundo o órgão, a unidade funciona em condições precárias há anos, com pacientes aguardando atendimento em ambiente inadequado, como os corredores, além do desabastecimento de medicamentos e insumos, falta de materiais cirúrgicos, dívidas com médicos e prestadores e o risco real de paralisação de atendimentos de alta complexibilidade. 

Diante desse quadro, o Estado e o Município, com a participação da Santa Casa, têm 90 dias para apresentarem um plano emergencial concreto voltado para a regularização integral dos atendimentos, regularização dos estoques, reorganização do fluxo do Pronto-Socorro, além de garantir um cronograma físico-financeiro para a retomada plena dos serviços. 

Em caso de descumprimento, deve ser aplicada multa no valor de R$ 12 milhões mensais, valor correspondente ao déficit apontado pelo hospital. O valor deve ser pago de forma dividida igualmente entre o Estado e o Município, mediante o sequestro de R$ 6 milhões das contas de cada um. 

A decisão da 76ª Promotoria de Justiça enfatiza que a situação ultrapassou o limite da gestão interna do hospital e ameaça diretamente o direito fundamental à saúde. 

“A ação civil pública destaca que o que está em risco não é apenas a administração de um hospital, mas a vida de milhares de pacientes que dependem diariamente da Santa Casa. A crise instalada ultrapassa qualquer margem de tolerância administrativa, e o MPMS atua para impedir que a situação se transforme em tragédia assistencial, garantindo respostas imediatas e soluções estruturais para que o SUS continue a prestar atendimento em saúde com segurança e respeito ao cidadão”, ressaltou o Ministério Público. 
 

Cidades

Projeto de lei quer converter multas de trânsito em doação de sangue e medula

Infrator que optar pela doação não pagará multa, mas outras sanções podem ser mantidas, como pontos na CNH

19/12/2025 18h00

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula

Multas leves de trânsito poderão ser convertidas em doação voluntária de sangue ou medula Foto: Arquivo

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Um projeto de lei protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (Alems) propõe converter multas aplicadas no trânsito, relativas a infrações de natureza leve, em doação voluntária de sangue ou medula óssea. Como a Casa está em recesso, a matéria tramitará no ano que vem.

Conforme a proposta, de autoria do deputado estadual Junior Mochi, a conversão do pagamento das multas em doação de sangue ou medula teria caráter alternativo e facultativo, não constituindo direito subjetivo do infrator, e deverá ser expressamente requerida pelo interessado, nos termos de posterior regulamentação.

Ainda conforme o projeto, a conversão da multa em doação somente será admitida quando:

  • a infração for de natureza leve, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro;
  • não houver reincidência da mesma infração no período de 12 meses;
  • a multa não decorrer de infração que tenha colocado em risco a segurança viária, a vida ou a integridade física de terceiros;
  • a doação seja realizada em hemocentros públicos ou privados conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS), ou em instituições oficialmente reconhecidas;
  • haja aptidão médica do doador, conforme critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde.

Cada doação de sangue corresponderá a conversão de uma multa de trânsito, assim como a inscrição no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome).

Caso o doador seja compatível com alguma pessoa precisando de transplante e faça a doação efetiva da medula óssea, poderá ser convertida até duas multas de trânsito.

A comprovação da doação ou da inscrição no Redome será realizada mediante apresentação de documento oficial emitido pela instituição responsável, observado o prazo e os procedimentos definidos em regulamento

O projeto veda a compensação parcial da multa, bem como a conversão de penalidades acessórias, como suspensão ou cassação do direito de dirigir.

A conversão será apenas relacionada ao pagamento da multa, mas não exime o infrator das demais obrigações legais decorrentes da infração de trânsito, inclusive quanto ao registro de pontos na Carteira
Nacional de Habilitação (CNH), quando aplicável.

O Poder Executivo poderá celebrar convênios e parcerias com municípios, hemocentros e instituições de saúde, com vistas à operacionalização da lei, caso seja aprovada e sancionada.

Objetivos

Na justificativa do projeto, o deputado afirma que o objetivo é conciliar o caráter educativo das sanções
administrativas de trânsito com políticas públicas de incentivo à doação voluntária de sangue e de medula óssea, "práticas essenciais à manutenção da vida e à efetividade do Sistema Único de Saúde".

"A proposta não elimina a penalidade, mas a ressignifica, convertendo-a em uma ação de relevante interesse social, capaz de estimular a solidariedade, a cidadania e a responsabilidade coletiva. Trata-se de medida alinhada aos princípios da dignidade da pessoa humana, da função social das sanções administrativas e da eficiência das políticas públicas, diz a justificativa.

Em caso de aprovação e sanção, a adesão pelos municípios será facultativa, preservando o pacto federativo.

"Ressalte-se que a iniciativa respeita a autonomia municipal e o Código de Trânsito Brasileiro, limitando-se às infrações leves e excluindo aquelas que representem risco à segurança viária. A adesão pelos Municípios é facultativa, preservando-se o pacto federativo", conclui o texto.

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