Cidades

ENTREVISTA

"Vamos avançar mais, incentivando o empreendedorismo na advocacia"

Candidato à reeleição na OAB-MS, Bitto Pereira, detalha propostas para um segundo mandato e comenta a Operação Ultima Ratio: "quem cometeu crime será punido na forma da lei"

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O presidente da OAB-MS, Bitto Pereira, avaliou como “altamente positivo” seu primeiro mandato à frente da instituição, que conquistou 90% de aprovação.

Em busca da reeleição, em entrevista exclusiva ao Correio do Estado, ele propõe continuar fortalecendo a atuação da jovem advocacia e impulsionar o empreendedorismo jurídico, especialmente por meio do uso ético das redes sociais, que considera essencial para os jovens advogados.

Bitto defende que a Ordem continue incentivando a presença digital dos profissionais, ampliando sua capacidade de captação de clientes e visibilidade.

Bitto Pereira também enfrenta temas polêmicos, como a Operação Última Ratio, reafirmando a postura firme da OAB-MS em investigar possíveis infrações éticas e garantindo que “quem tiver cometido crime, seja advogado, juiz ou desembargador, tem que ser punido na forma da lei.”

Ele destacou ainda a criação de uma comissão para acompanhar o caso e os avanços estruturais que sua gestão promoveu no interior do estado, com novos espaços de apoio para a advocacia local e maior proximidade da sede com as subseções. 

Primeiramente, gostaríamos que fizesse um balanço dos seus três anos de gestão à frente da OAB-MS.

Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a oportunidade de falar ao público do Correio do Estado, este veículo de comunicação que tem mais de 70 anos de história no Estado de Mato Grosso do Sul.

O balanço de nossa gestão é altamente positivo, e quem diz isso são as pesquisas que temos: mais de 90% de aprovação. Esse é um número histórico, jamais atingido. É o reconhecimento de um trabalho feito nos últimos três anos.

Tenho a honra de dizer que temos uma seccional cujo propósito é realizar feitos inéditos na história dos 45 anos da OAB-MS. Por exemplo, fizemos a Caravana das Prerrogativas, algo que nenhuma outra gestão realizou.

Para exemplificar: em menos de um ano, agora em 2024, já fizemos audiências públicas tratando de prerrogativas em todas as 31 subseções, algo inédito. Ouvimos as demandas das subseções, cada uma com suas especificidades.

O papel do presidente é ouvir, e, sempre que estava em campanha, escutava os colegas do interior dizendo que os candidatos só apareciam por lá a cada três anos. Mudamos essa equação; sou um presidente da OAB que não precisa de GPS para chegar a qualquer lugar deste estado.

Percorri mais de 42 mil quilômetros ao longo destes três anos de mandato. Para efeito de comparação, são 40 mil quilômetros para dar a volta ao mundo. 
 
Ainda sobre prerrogativas, vimos que nestes últimos três anos foram realizados muitos desagravos...

Esse é um tema muito relevante, pois somos a gestão que, na história da OAB-MS, mais deferiu e cumpriu pedidos de desagravo. Isso mostra que, quando falamos em prerrogativas, não temos um discurso puramente eleitoreiro.

Ao longo dos últimos três anos, fizemos desagravos emblemáticos, como o do Dr. Willer Souza Alves e o Pablo Gusmão, um caso de repercussão nacional e internacional. Dentro do Tribunal do Júri, em Campo Grande, ele foi servir um copo d’água a uma testemunha e foi retirado da sala com força policial.

Quem estava lá para defendê-lo? Nossa gestão, a Comissão de Defesa e Assistência (CDA). Fomos para a frente do Tribunal do Júri enfrentar essa situação com altivez e independência.

Não falamos nisso apenas no período eleitoral; essa é uma das bases de nossa gestão, pois a defesa de prerrogativas é a principal pauta de qualquer seccional.

Quando as prerrogativas do advogado não são respeitadas, toda a classe é desrespeitada. Como podemos falar de honorários, por exemplo, sem respeito às prerrogativas? Fizemos desagravos em todo o Estado, demonstrando que somos uma OAB forte.

Também foi desenvolvido um trabalho que dá respostas rápidas aos advogados quando, por exemplo, os sistemas dos tribunais ficam fora do ar...

Nesse sentido, criamos algo inédito na história da OAB-MS. Temos uma gestão específica na Corregedoria da OAB, dirigida pelo meu amigo e secretário-geral Luiz Renê Gonçalves do Amaral, que foi presidente da OAB de Ponta Porã.

Por exemplo, quando surge algum problema que dificulta o trabalho do advogado, nossa resposta é muito rápida. E o acesso é fácil: basta entrar no site da OAB e clicar no primeiro ícone que aparece, que é o da Corregedoria.

Agora que fez o balanço de sua gestão, poderia nos dizer o que deseja avançar nos próximos três anos, caso saia vitorioso nesta eleição?

Se eu pudesse resumir a próxima gestão em uma palavra, diria: “empreendedorismo”. Claro, sempre teremos como pilares a defesa das prerrogativas e honorários dignos.

Mas vamos também ser lembrados como uma gestão que fez muito pelo empreendedorismo na advocacia. Vamos levar esse propósito para dentro da Escola Superior da Advocacia (ESA), sobretudo para atender a jovem advocacia.
 
Já que mencionou o empreendedorismo, como você vê o avanço da presença dos advogados nas redes sociais? Temos casos de advogados com milhares ou milhões de seguidores e boa captação digital de clientes.

Sim, temos exemplos de advogados que nos apoiam e têm grande experiência no meio digital, como o Dr. José Andrade, Dr. Alexandre Ávalo e Dr. Rafael Cândido. Esse é um tema de extrema relevância e vale lembrar que, até alguns anos, não tínhamos regulamentação sobre a presença digital da advocacia e marketing digital.

Avançamos muito nessa pauta, e, quando era conselheiro federal da OAB, votei por um novo provimento que possibilita aos advogados uma presença digital para divulgar seu trabalho em redes como Instagram e Facebook.

Hoje, os advogados podem usar as redes sociais legalmente e, inclusive, captar clientes por meio delas. A advocacia precisa disso, especialmente para quem está começando. Já avançamos muito, mas acredito que precisamos ir além.

Proponho uma mudança para que todo advogado possa utilizar as redes sociais e, por meio delas, conseguir trabalhar. No passado, para captar clientes, o advogado abria um escritório e buscava contatos presencialmente. Hoje, isso mudou. Mato Grosso do Sul está na vanguarda dessa pauta.

E sobre a cláusula de barreira, que impedia jovens advogados de participar da gestão da OAB? Já colhe frutos dessa mudança ocorrida há três anos?

Até pouco tempo atrás, nenhum advogado com menos de cinco anos de profissão poderia integrar um conselho da OAB. Ter representantes da jovem advocacia na OAB era algo impossível. Tive a honra de ser o relator dessa matéria no Conselho Federal.

Agora, advogados com mais de três anos de atividade podem participar do conselho, o que mudou para sempre a advocacia brasileira.

Ser relator de uma alteração no estatuto da advocacia é uma honra para mim e importante para os advogados. O reflexo é prático: temos, por exemplo, a conselheira mais jovem do Brasil, a Dra. Letícia Arraes Miranda Guimarães.

Quando tomamos posse, ela tinha três anos de atividade na advocacia. Temos ações concretas para a jovem advocacia, não propostas eleitoreiras. Hoje, jovens discutem pautas relevantes para a classe e têm voz.

E sobre a Operação Ultima Ratio, um dos assuntos mais comentados no Estado, que expôs um esquema de supostas compras de decisões judiciais?

Em primeiro lugar, quero deixar claro: quem tiver cometido crime, seja desembargador, juiz ou advogado, deve ser punido na forma da lei. A OAB-MS fará sua parte, sempre respeitando o direito à ampla defesa e ao contraditório. Importante lembrar que fomos a primeira instituição a se posicionar firmemente sobre o tema.

No mesmo dia da operação, criamos uma comissão para acompanhar as investigações. Tem gente da oposição falando em omissão, mas talvez não estejam lendo nossas notas e manifestações, inclusive no diário oficial.

Esse trabalho de investigação está em andamento, e a função da OAB é apurar infrações éticas. Temos um Tribunal de Ética independente, e minha candidata à vice-presidente, Dra. Marta Taques, foi presidente do colégio dos tribunais de ética do Brasil, uma posição nunca ocupada por ninguém de Mato Grosso do Sul.

Quem tiver cometido alguma infração será punido, mas é importante lembrar que no Estado Democrático de Direito existem pilares fundamentais: ampla defesa e contraditório. 

Também gostaríamos que apresentasse a chapa que tem você como presidente.

Apresentar minha chapa é um prazer, pois estou acompanhado de advogados e advogadas com história na OAB. Nossa candidata a vice, Marta Taques, já foi duas vezes presidente do Tribunal de Ética, com trabalho reconhecido nacionalmente.

Na secretaria-geral, temos o Dr. Luiz Renê Gonçalves do Amaral, ex-presidente da OAB em Ponta Porã, que representa todas as subseções.

Na jovem advocacia, temos a Dra. Letícia Arraes Miranda Guimarães, beneficiada pelo fim da cláusula de barreira. O Dr. Fábio Nogueira Costa foi conselheiro nas gestões do Dr. Mansour e tem muita experiência. No Conselho Federal, temos nomes importantes como o ex-presidente Mansour Karmouche e a Dra. Fabíola Marquetti, primeira advogada a ser procuradora-geral do Estado. Passaria o dia todo exaltando as qualidades da nossa chapa.

E sobre o trabalho nas subseções?

Tenho a honra de ser bem acolhido no interior do Estado, sobretudo pelo trabalho que entregamos nos últimos três anos. Em Costa Rica, por exemplo, temos uma sede com escritório compartilhado. O mesmo ocorre em Chapadão do Sul e Amambai.

Em Ponta Porã, temos um espaço belíssimo para a advocacia. Fizemos escritórios compartilhados em Iguatemi e Bonito, e em Corumbá entregamos um auditório, algo que nenhuma outra gestão havia feito. Poderia citar o trabalho em todas as subseções, e esse reconhecimento se reflete nas pesquisas.

Perfil

Bitto Pereira

Luiz Cláudio Alves Pereira, ou simplesmente Bitto, é advogado, atual presidente da Seccional MS da Ordem dos Advogados do Brasil, pós-graduado em Processo Civil, ex-presidente do Instituto dos Advogados de Mato Grosso do Sul, conselheiro federal da OAB por dois mandatos (2016 a 2021) e ex-vice diretor geral da Escola Superior da Advocacia Nacional (ESA).

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investigação do MPE

Golpe milinário em MS respinga no maior consórcio do país

Gerente da Ademicon de Campo Grande foi o corretor de uma série de investidores de Campo Grande que perderam pelo menos R$ 5 milhões

05/04/2025 13h25

O apresentador Tadeu Schmidt é o garoto-progaganda da empresa que está sendo alvo de investigação em MS

O apresentador Tadeu Schmidt é o garoto-progaganda da empresa que está sendo alvo de investigação em MS

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Com a promessa de juros atrativos, de até 4% ao mês, investidores de Campo Grande levaram um calote de pelo menos R$ 5 milhões em 2022 e 2023 e agora o caso virou alvo de iquérito civil do Ministério Público de Estadual. 

Conforme publicação do diário oficial do MPE desta segunda-feira (7 de abril), que já está disponível no site da instituição deste este sábado (5), a investigação apura, entre outros, o suposto envolvimento da empresa que se diz a maior administradora  independente de consórcios do país, a Ademicon, que tem o apresentador do Big Brother Brasil, Tadeu Schmidt, como gatoro-propaganda. 

Conforme a denúncia encaminhada em julho do ao passado ao MPE pelo advogado Gervásio Oliveira, que representa um grupo de oito investidores, as aplicações de seus clientes na Invest X começaram em agosto de 2022 e a cada trimestre os rendimentos poderiam ser sacados. O saque final, porém, somente poderia ser feito ao final de um ano. 

Mas, como o rendimento era bom, ninguém sacava nada. A promessa era de que os juros seriam de pelo menos o dobro daquilo que os bancos tradicionais pagavam.

Em 2022, por exemplo, a média mensal anunciada pela Global Holding (a Invest X se apresentou com uma das empresas desta holding) foi de 1,97% ao mês. No ano anterior, as aplicações teriam tido rendimento médio mensal de 2,44% e em 2020,  impressionantes 4,4% por mês. 

E nos primeiros meses das aplicações os rendimentos realmente eram atrativos e por isso ninguém fazia os saques. Uma viúva de 58 anos que mora no centro de Campo Grande, por exemplo, fez um aporte de R$ 500 mil em 14 de agosto de 2023. Dois meses depois a arquiteta e pecuarista já tinha R$ 541.677,77 em sua conta, o que equivale a pouco mais de 4% de rendimento ao mês. 

Para dar um ar de seriedade ao negócio, em determinados meses as aplicações até chegavam a encolher, mas em percentual insignificante. Porém, em novembro de 2023, quando boa parcela das aplicações completou um ano, os representantes da empresa Global/Valorama simplesmente sumiram do mapa. 

Também para convencer os investidores de que a Global Holdin é uma empresa séria no ramo de títulos e valores mobiliários, ela garantia ter aval do Banco Central e se apresentava como tendo capital social de R$ 3,27 bilhões. O capital social do Bradesco, para efeito de comparação, é de R$ 10,5 bilhões.

Por coincidência, conforme a denúncia apresentada ao MPE, todas as vítimas haviam feito as aplicações com o mesmo corretor, Maurélio Obenaus. Ele atuava como gerente local do consórcio Ademicon, no escritório na Rua Rio Grande do Sul, no bairro Jardim dos Estados. 

Segundo a denúncia, ele usava a estrutura física, e-mail e telefone do consórcio para conquistar investidores e por isso, diz a denúncia, o consórcio é responsável pelo golpe. Advogados que representam o consórcio já se reuniram, por vídeoconferência, com a promotoria e alegaram que a empresa não tem participação no suposto estelionato. 

Em seu site, a Ademicon diz que está no mercado desde 1991 e que tem mais de 360 mil clientes atendidos. Neste período, foram quase R$ 97 bilhões de créditos comercializados nos setores de  imóveis, veículos e serviços em 214 unidades espalhadas pelo Brasil.

CORRETOR

O gerente da loja do consórcio em Campo Grande, Maurélio Obenaus, por sua vez, diz que também foi vítima da Global e alega ter perdido R$ 500 mil que supostamente investiu no mesmo esquema. Até ação judicial ele está movendo contra a Global. 

“Diante desses acontecimentos e toda a suspeita de fraude pelas vítimas, com o provável intuito de não ser responsabilizado pelos fatos, rapidamente o Sr. Maurélio Obenaus procurou algumas pessoas a quem assessorava e propôs uma ação contra o Grupo Global, para demonstrar sua “boafé” e para aparentar como se também fosse vítima”, escreveu o advogado em sua denúncia do MPE. 

O advogado das vítimas, porém, acredita que ele seja um dos golpistas. No inquérito ele inclusive cita que Maurélio está sendo alvo de ação judicial e foi demitido do banco Santander, em Santa Catarina, por ter apresentado atestado médico falso. 

E, enquanto estava de atestado já trabalhava como gerente na empresa da esposa, a Ademicon, em Campo Grande, conforme o advogado Gervásio Oliveira. Além disso, o advogado elenca pelo menos outras quatro ações judiciais nas quais ele já estaria sendo alvo. 

Em uma delas, um juiz de Jaraguá (SC) determinou o bloqueio de R$ 312.292.23 de suas contas bancárias justamente para cobrir prejuízos que ele teria provocado em clientes daquele Estado. Maurélio também é alvo de ação judicial semelhante no Rio de Janeiro, conforme documentos anexados ao inquérito do MPE.

Apesar de a promotoria já ter recebido explicações da Maurélio e da Ademicon, ambos seguem como alvos da publicação que informa a transformação da notícia de fato em inquérito civil que apura supostos “fatos contrários à legislação consumerista e criminal, eventualmente praticado por Maurélio Obenaus, Ademicon, Global Holding e Invest X.” 

Negativa

STF nega habeas corpus para ré que esquartejou jogador em MS

Hugo Vinícius Skulny Pedrosa foi esquartejado em julho de 2023 após sair de uma festa

05/04/2025 12h45

Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, vítima de  Rúbia Joice de Oliver Luvisetto

Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, vítima de Rúbia Joice de Oliver Luvisetto Foto: Reprodução

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O ministro do Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, negou o novo pedido de habeas corpus feito pela defesa de Rúbia Joice de Oliver Luvisetto, jovem de 22 anos, ré pelo esquartejamento do jogador Hugo Vinícius Skulny Pedrosa, de 19 anos, na madrugada de 25 de junho de 2023, em Sete Quedas, interior do Estado. 

Na decisão, o ministro diz que “a apontada ilegalidade não pode ser aferida de pronto” e entende que a manutenção da prisão preventiva de Rúbia é possível visto sua “gravidade concreta da conduta”.  

De acordo com os autos do processo, a ré atraiu o ex-namorado para sua casa, e que lá, juntamente de Danilo, com quem mantinha uma relação amorosa, teria matado Hugo e o lançado ao rio Iguatemi após o crime. 

“A prisão se faz necessária para assegurar a aplicação da lei penal, pois há grande risco que empreenda fuga para o Paraguai, onde ela também possui endereço”, frisou o ministro. 

Relembre o caso

Hugo desapareceu após ser visto pela última vez por seus amigos, que o deixaram na casa de Rúbia após saírem de uma festa em um posto do lado paraguaio da fronteira, no município de Pindoty Porã em 25 de junho de 2023. Na segunda-feira seguinte (26 de junho), o registro do sumiço foi feito por sua mãe, Eliana Skulny.

De repercussão nacional, a morte de Hugo tomou os noticiários nacionais logo após o sumiço do jovem, quando a conterrânea e conhecida da família, Ana Castela, usou suas redes sociais para engrossar as buscas, assim como pela brutalidade.

Foram cerca de sete dias de busca até que o paradeiro e estado real do rapaz fossem descobertos. Morto com três tiros, Hugo ainda foi esquartejado em pequenas partes antes de ser desovado em um trecho do Rio Iguatemi. As partes de seu corpo começaram a ser encontradas no dia 2 de julho de 2023.

Pelo menos 22 oficiais policiais e outros 30 servidores da segurança Pública, de Sete Quedas, junto da Polícia Civil e Militar; Corpo de Bombeiros e Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira (Defron) foram mobilizados para a busca pelos restos mortais de Hugo, que só foi identificado em razão de uma tatuagem presente no braço da vítima, em homenagem ao pai.

Atleta, Hugo tinha carreira pelo futebol no município, com passagens por clubes locais como o Projetinho/ Gelo7, e Conjunto Itaporã II, e disputando inclusive as semifinais do Municipal de Suíço, em Sete Quedas e participando até mesmo da chamada "Liga Terrão".

Júri

O casal Rúbia Joice de Oliver Luvisetto, 22, ex-namorada da vítima; e Danilo Alves Vieira da Silva, 30, ex-ficante de Rúbia; irá a júri popular.

De acordo com a sentença de pronúncia proferida pelo juiz Tulio Nader Chrysostomo, ambos são acusados pelos crimes de homicídio qualificado por emprego de meio cruel e ocultação de cadáver.

Outras três pessoas são réus no processo e também irão a julgamento junto com o casal: Cleiton Torres Vobeto, de 22 anos, mais conhecido “Maninho”; Noemi Matos de Oliver e Patrick Eduardo do Nascimento.

Cleiton Vobeto é amigo de Rubia e também responderá pelo crime de homicídio qualificado. Já Noemi e Patrick, mãe e padrasto de Rubia, respectivamente. Eles responderão criminalmente por fraude processual.

Conforme a denúncia, Patrick e Noemi teriam limpado a área do crime, com o objetivo de encobrir a participação de Rúbia no homicídio.

Tribunal

De acordo com o juiz Chrysostomo, os crimes de homicídio qualificado, de ocultação de cadáver e de fraude processual estão interligados. Nesses casos, o Tribunal do Júri é o procedimento jurídico mais competente, conforme a legislação.

"Os crimes são consequencialmente conexos, nos termos do 76, II, do Código de Processo Penal. Isso porque os crimes de ocultação de cadáver e de fraude processual foram cometidos para ocultar o crime de homicídio qualificado. Assim, consoante disposição do art. 78, I, do Código de Processo Penal, o Tribunal do Júri é competente para o processo e julgamento  de todos os crimes", publicou.

Contudo, o magistrado retirou as qualificadoras de motivação torpe e recurso que dificulta a defesa da vítima. A decisão de retirada foi justificada porque segundo Chrysostomo, "não há provas suficientes que sustentem a narrativa", em referência à tese de acusação.

Rúbia chegou a ficar presa em Goioerê, no Paraná, após pedido de prisão preventiva ainda em julho de 2023. Em dezembro de 2024, foi transferida à presídio de Mato Grosso do Sul. À época, a defesa alegou que a transferência era pertinente, pois facilitaria a apresentação de Rúbia quando fosse solicitada, assim como o processo de julgamento.

Já Danilo, foi preso pela polícia na tarde de 16 de agosto de 2023, escondido em uma casa alugada pela própria família no município de Iguatemi. 

Participação dos envolvidos no crime

Cleiton Torres Vobeto, o "Maninho", foi quem teria apontado o local usado para desovar o corpo esquartejado do ex-jogador, enquanto a própria Polícia Civil destacou que a casa onde Danilo foi encontrado foi alugada por familiares.

"Há ocultação de cadáver, que eles também esquartejaram o corpo para que não fosse achado. Ele é o autor e a menina e o outro rapaz são partícipes e vão responder à medida da participação deles, claro que com menor influência no resultado, mas ainda assim vão ser responsabilizados por homicídio", explica o delegado Marcos Werneck, da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Fronteira (Defron).

Rúbia Joice de Oliver Luvisetto, ex-namorada de Hugo, foi presa em 3 de julho, sendo a responsável por apontar a participação de "Maninho".

Segundo o advogado de Rúbia, Felipe Azuma, relatou que está esperando o habeas corpus que pediu contra a prisão preventiva e que acredita que, com a prisão de Danilo, "a verdade possa vir à tona, de que Rúbia não planejou nada do que ocorreu".

Vale destacar que a Polícia já descartou a versão de Rúbia, que chegou a apontar que a morte do jogador foi em reação ao comportamento do rapaz, alegando que Hugo invadiu sua casa, encontrando ela na cama com outro homem (Danilo). 

Entretanto, durante coletiva realizada em 7 de julho de 2023, a polícia classificou Rúbia como coautora do crime, não revelando mais detalhes sobre o assunto.

Crime foi premeditado

Na manhã do dia 7 de julho de 2023, a delegacia de Polícia Civil de Sete Quedas esclareceu fatos sobre o caso do ex-jogador amador de futebol. A polícia nega a versão da namorada e afirma que o crime foi premeditado. 

A confirmação foi realizada durante uma coletiva de imprensa, transmitida pelo Instagram da delegacia. Na ocasião, não houve abertura para perguntas e não foram passados mais detalhes da investigação, que segue em sigilo. 

Além disso, a perícia concluiu que houve alteração na cena do crime, confirmando ter sido um ato premeditado. Anteriormente, a versão de Rúbia relatava que a morte de Vinícius teria sido causada em razão de uma reação ao comportamento dele. 

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