Câmeras presentes em uma das carretas envolvidas no acidente da tarde da última quinta-feira (16), no km 31 da ponte do Rio Iguatemi, localizada na BR-163, entre os municípios de Eldorado e Mundo Novo, que acabou vitimando um caminhoneiro de 40 anos, "comprovou" que um buraco na pista foi o principal culpado pela colisão.
Nas imagens, dá para observar que o motorista perdeu o controle do veículo após passar por cima da "cratera" e, consequentemente, invadiu a pista contrária, colidindo frontalmente com outra carreta. Abaixo, veja o vídeo por três ângulos diferentes:
Em nota, a CCR MSVia, que administra a BR-163, afirmou que coloca equipes responsáveis pela manutenção e conservação da rodovia, além de disponibilizar viaturas de inspeção de tráfego e de resgate para o socorro das vítimas.
"Com relação às condições da pista, a CCR MSVia reitera que mantém equipes especializadas responsáveis pela manutenção e conservação da rodovia, realizando periodicamente a revitalização da sinalização e os reparos necessários no pavimento em toda a malha viária sob sua concessão, dentro das premissas previstas contratualmente. A empresa informa que permanece à disposição das autoridades para colaborar com esclarecimentos sobre o caso", afirma a concessionária da rodovia.
Acidente
Rudinei Rigo, de 40 anos, estava em um caminhão Volvo de cor preta, atrelado a dois semirreboques, trafegando sentido Mundo Novo a Eldorado, que foi atingido frontalmente por uma Scania de cor vermelha, também atrelada a dois semirreboques, que vinha no sentido contrário.
Conforme consta no boletim de ocorrência, o condutor da Scania teria tentado desviar de um buraco. Rudinei percebeu a tentativa de desvio do outro caminhoneiro, e jogou sua carreta contra o guard rail, com o intuito de evitar a colisão. No entanto, o segundo semirreboque da Scania teria atingido em cheio a parte frontal da Volvo, causando o óbito do caminhoneiro.
O condutor da Scania foi submetido ao teste do bafômetro, que não constatou nenhum teor alcoólico.
Maior índice desde 2017
Um levantamento realizado pelo Correio do Estado mostrou que, no ano passado, a BR-163 registrou o maior índice de acidentes desde 2017.
De janeiro a outubro de 2024, a rodovia que corta Mato Grosso do Sul da divisa com o Paraná à divisa com Mato Grosso, foi cenário de 709 acidentes, que resultaram em 57 óbitos.
Os números equivalem a uma média de 71 acidentes por mês, pior índice visto desde 2017. De janeiro a dezembro daquele ano, foram registrados 877 acidentes, uma média de 73 acidentes por mês.
Se comparados os óbitos registrados em acidentes, os números mostram que 2024 foi mais mortal na rodovia. Os índices apontam para uma média de 5,7 mortes por mês, mais do que a média de 5,1 mortes mensais registradas em 2017. Nos 12 meses daquele ano, 62 pessoas morreram na BR-163.
O ano de 2017 marcou ainda o início de uma queda no número de acidentes. No entanto, em 2020 esses índices voltaram a subir.
Rodovia da morte
A BR-163 teve, por muitos anos, o título de "rodovia que mais mata", sendo que a privatização de 2013 buscava tirar o título macabro do trecho.
Os números de 2015 apontam para uma queda significativa no número de mortos, que foi de 88 para 58 entre 2014 e 2015. No entanto, os índices voltaram a subir, principalmente porque a CCR MSVia não cumpriu com o contrato, que previa a duplicação de todos os 845 km da BR-163, de Mundo Novo, na divisa com o Paraná, a Sonora, na divisa com o Mato Grosso.
O prazo para a duplicação completa terminaria em 2024, mas a concessionária fez apenas a duplicação necessária para iniciar a cobrança de pedágio, de cerca de 155 km.
A rodovia não recebe investimentos desde 2017, quando a empresa solicitou o reequilíbrio do contrato. A CCR chegou a dizer em 2019 que não tinha interesse em permanecer com a rodovia e até cobrou a devolução de ativos da União, no valor de R$ 1,4 bilhão.
O acordo final para a manutenção da empresa na gestão só foi alcançado em 2023, e aprovado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) em novembro de 2024.
*Colaborou Alanis Netto


