Cidades

Campo Grande

Violência no trânsito da Capital aumenta, mesmo com Detran-MS multando mais

Departamento de Trânsito nunca multou tanto, no entanto, número de acidentes foi maior nos primeiros meses deste ano

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O aumento no volume de multas lavradas pelo Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) não tem conseguido frear a escalada da violência no trânsito de Campo Grande.

Nos primeiros quatro meses deste ano, o Detran-MS já aplicou 154,1 mil multas nas da Capital – 11 mil multas ou 7% a mais que no mesmo período do ano passado. 

Esse reforço na fiscalização, contudo, não tem conseguido impedir tragédias no trânsito. De janeiro a abril deste ano, foram 4.106 acidentes de trânsito, e 35% deles envolveram motociclistas (1.436). Do total de acidentes no período, 1.404 tiveram vítimas, com 17 mortes, e quase todas eram motociclistas.

No ano passado, no mesmo período, foram 3,8 mil acidentes. No caso dos acidentes, as estatísticas são fornecidas pela Agência Municipal de Transporte e Trânsito (Agetran). O trânsito de Campo Grande, contudo, tem gestão e fiscalização integradas, dela participando Detran-MS e Agetran, além da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana (GCM). 

Este mês, que se aproxima do fim, já soma 10 mortes no trânsito da Capital, mas estatísticas de multas ainda não foram contabilizadas. 

Acidentes envolvendo motocicletas também seguem em alta. No domingo, por exemplo uma motocicleta BMW de 1.000 cilindradas bateu contra três carros, o condutor ficou em estado grave. O acidente envolveu três pessoas. Não havia blitz no momento, apesar do aumento do número de multas.

Nunca se multou tanto

Em comparação com o mesmo período do ano passado, são 7% a mais de multas aplicadas pelo Detran-MS. 
Após queda no número de multas aplicadas de 2021 (148,1 mil) para 2022 (123,5 mil), de 2023 para cá. os registros de infrações de trânsito aumentaram e superaram as aplicações de cinco anos atrás.

Entre as penalidades mais recorrentes, conforme o Detran-MS, estão: transitar em velocidade superior à permitida em até 20%, multa por não identificação do condutor infrator e avançar o sinal vermelho.

Nos últimos cinco anos, de janeiro a abril, foram aplicadas 697,2 mil multas na Capital, e 36% destas multas (255,1 mil) foram infrações de classificação média por transitar em velocidade superior à permitida em até 20%.

Considerada como gravíssima, a autuação por avançar o sinal vermelho representa apenas 1,84% das mais de 600 mil multas registradas no período do levantado.

BLITZ MULTA MAIS

Em números totais (de janeiro a dezembro), 2024 foi o ano com mais multas aplicadas dos últimos cinco anos, com 490,8 mil infrações registradas.

Desse total, 139.384 multas foram registradas por meio do talonário eletrônico, que é um sistema digital que substitui o tradicional talão de papel utilizado para registrar multas de trânsito.

Esse equipamento é o mesmo utilizado pelos agentes do Detran-MS na fiscalização de trânsito nas blitze, ou seja, o aumento teve relação com uma maior fiscalização por parte dos servidores do órgão.

O talonário eletrônico só passou a ser o principal equipamento fiscalizatório em Campo Grande no ano passado, já que, anteriormente, o radar eletrônico era o sistema que mais multava na Capital, aplicando em 2023, por exemplo, 105.235 multas.

Durante a Campanha Maio Amarelo, realizada anualmente pela Prefeitura de Campo Grande, que este ano tem como tema “Desacelere, seu bem maior é a vida”, Pedro Rogério Zanetti, gestor de Educação e Fiscalização de Trânsito do Detran-MS, reforçou a importância do trabalho de conscientização referente ao abuso de velocidade no trânsito. 

“Todos aqui são motoristas ou passageiros. E o que importa não é só chegar ao destino, mas chegar bem. O trânsito precisa ser mais humano e seguro para todos”, declarou Zanetti.

ESTADO

Nos últimos cinco anos, foram registrados em Mato Grosso do Sul 2,9 milhões de infrações. Entre as classificações de gravidade, as infrações médias foram as mais aplicadas (32%), já as gravíssimas corresponderam a 20% do total de multas.

No ano passado, 802.404 infrações foram aplicadas no Estado, e a multa por exceder o limite de velocidade das vias foi a mais registrada em Mato Grosso do Sul. Porém, diferentemente dos números da Capital, a infração por deixar de efetuar o registro da transferência de propriedade de um veículo em até 30 dias é a segunda multa mais aplicada.

NOVA LEI

Em vigor desde o mês passado, as multas de trânsito de natureza leve ou média podem ser convertidas em advertências por escrito, caso o infrator não tenha cometido nenhuma outra infração nos últimos 12 meses.

Segundo a nova lei, sancionada pelo governador Eduardo Riedel (PSDB), para se livrar de possíveis multas, o motorista fica condicionado a ter um bom comportamento no período de um ano imediatamente anterior à infração observada.

Ou seja, caso não tenha cometido outra infração nos últimos 12 meses, o condutor poderá se livrar de possíveis multas de natureza média ou leve.

Isso porque, antes de aplicar a multa, o agente fiscalizador deve examinar o Sistema Nacional de Trânsito (SNT) sobre as informações contidas no prontuário dos condutores e dos veículos.

De acordo com a justificativa proferida durante a apresentação do projeto de lei, de autoria do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Gerson Claro (PP), a mudança foi feita “a fim de evitar prejuízo ao direito dos condutores e a arrecadação indevida de multas que deveriam ser convertidas em advertências escritas”.

Pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), infrações cometidas por condutores de veículos são passíveis de penalidade, que podem variar conforme a gravidade.

A classificação dessas penalidades é a seguinte: leves custam R$ 88,38 e geram 3 pontos na CNH; médias, R$ 130,16 e 4 pontos na CNH; graves, R$ 195,23 e 5 pontos na CNH; e gravíssimas, R$ 293,47 e
7 pontos na CNH.

As mais diversas infrações podem gerar multas de natureza média, como dirigir usando fones de ouvido, não dar passagem para veículos mais rápidos, ficar sem combustível ou até mesmo jogar lixo pela janela.

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INCERTEZAS

Gigante da celulose recua e engaveta projeto de R$ 15 bilhões em MS

No fim de novembro a Eldorado informou que ampliaria o plantio de eucaliptos em 2026 de olho da duplicação da fábrica. Agora, porém, diz que esse aumento não sairá do papel

20/12/2025 16h50

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

A Eldorado, dos irmãos Batista, funciona em Três Lagoas desde 2012 e existe a previsão de que sua capacidade aumente em 100%

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Depois de anunciar, no final de novembro, que a partir do próximo ano pretendia ampliar de 25 mil para até 50 mil hectares o plantio anual de eculiptos na região de leste de Mato Grosso do Sul, a indústria de celulose Eldorado deixou claro nesta semana que engavetou, pelo menos por enquanto, o projeto de expansão. 

Com o recuou, a empresa, que produz em torno de 1,8 milhão de toneladas de celulose por ano, deixa claro que está adiando a prometida duplicação de capacidade de produção da Eldorado, o que demandaria investimentos da ordem de R$ 15 bilhões US$ 3 bilhões), conforme anunciado em abril do ano passado pelos irmãos Joesley e Wessley Batista, donos da empresa. 

Em entrevista ao site AGFeed, especiliazado em agronegócio, o diretor florestal da Eldorado, Germano Vieira, afirmou que a empresa tem atualmente 305 mil hectares de pantações de eucaliptos na região, mas precisa de apenas dois terços disso para abastecer a fábrica. 

Ou seja, a empresa tem em torno de 100 mil hectares de eucaliptos sobrando e este excedente está sendo vendido ou permutado com a Bracell e a Suzano, que opera duas fábricas do setor na região, em Três Lagoas e Ribas do Rio Pardo. 

Então, caso o comando da Eldorado decida desengavetar repentinamente o projeto da duplicação,  já existe um excedente que seria capaz de abastecer a segunda unidade no período inicial, mesmo que não ocorra o início do plantio extra a partir de 2026, explicou Germano Vieira.

Atualmente são colhidos em torno de 25 mil hectares por ano para abastecer a indústria e o mesmo tanto é replantado, fazendo um giro para que sempre haja florestas "maduras".

São necessários, em média, sete anos para que a planta chegue ao estágio de corte e por conta disso havia a programação de começar o plantio agora (2026) para que houvesse matéria-prima suficiente quando a ampliação da fábrica estivesse concluída. Em três anos é possível fazer a ampliação da indústria, acredita Germando Vieira.  

Uma das explicações para o recuo, segundo a reportagem do AGFeed, é que a Eldorado ainda têm uma série de ajustes financeiros a serem feitos depois que os irmãos Batista conseguiram, em maio deste ano, fechar um acordo e colocar fim a batalha judicial com a Paper Excellence.

Para retomarem o controle total da Eldorado, que funciona em Três Lagoas desde 2012 e havia sido vendida parcialmente em 2017, eles se comprometeram a pagar US$ 2,640 bilhões à canadense Paper, que detinha pouco mais de 49% das ações do complexo industrial.  

Para duplicar a produção, segundo Germando Vieira, serão necessários 450 mil hecteres de florestas. Para chegar a esse montante, a empresa teria que arrendar mais 150 mil hecteres, o que demandaria um investimento da ordem de R$ 180 milhões anuais, já que o arrendamento custa em torno de R$ 1,2 mil por ano por hectare. 

Além disso, somente para o plantio de 25 mil hectares anuais a mais, conforme chegou a ser anunciado, seriam necessários em torno de R$ 220 milhões extras no setor florestal por ano, uma vez que o custo do plantio está na casa dos R$ 8,7 mil por hectare. E isso sem contabilizar os custos com o combate a pragas e combate a incêndios, entre outros. 

No final de novembro, Carlos Justo, gerente-geral florestal da Eldorado, chegou a informar ao site The AgriBiz que 15 mil hectares já haviam sido arrendados para dar início à ampliação do plantiu a partir do próximo ano. 

Preços da celulose

Embora Germano Vieira diga que a demanda mundial por celulose cresça em torno de um milhão de toneladas por ano e por conta disso a Eldorado mantem viva a promessa da duplicação, a empresa pisou no freio em meio à queda nos preços mundiais e ao aumento da oferta. 

Neste ano, o faturamento das três fábricas de Mato Grosso do Sul literalmente despencou. Por conta da ativação da unidade de Ribas do Rio Pardo, que tem capacidade de até 2,55 milhões de toneladas por ano, as exportações de Mato Grosso do Sul aumentaram em 57% nos dez primeiros meses de 2025, passando de 3,71 milhões de toneladas para 5,84 milhões de toneladas. 

Porém, o faturamento cresceu apenas 25,6%, subindo de U$ 2,121 bilhões para U$ 2,665 bilhões. No ano passado, quando a cotação da celulose já não estava nos melhores patamares, o valor médio da tonelada rendeu 570 dólares aos cofres das três indústrias. Neste ano, porém, elas tiveram rendimento médio de apenas 456 dólares, o que representa queda de 20%. 

Em decorrência desta queda nos preços, as indústrias deixaram de faturar em torno de 666 milhões de dólares, ou algo em torno de R$ 3,6 bilhões na moeda local, nos dez primeiros meses deste ano. 

Por conta disso, a Suzano, concorrente da Eldorado, chegou a emitir um alerta no começo de novembro dizendo que os preços internacionais estavam "completamete insustentáveis" e por isso estava reduzindo sua produção em cerca de 3,5%. 

O alerta da Suzano foi feito durante a prestação de contas relativa aos resultados do terceiro trimestre da empresa. E, segundo Leonardo Grimaldi, diretor do negócio de celulose da Suzano, a situação é crítica e “o setor está sangrando há meses”. 

Mas, apresar deste cenário de apreensão, investimentos da ordem de R$ 25 bilhões estão a todo vapor em Inocência, onde a chilena Arauco está instalando uma fábrica que terá capacidade para colocar 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano a partir do final de 2027. 

Outra empresa, a Bracell, pretende começar, em fevereiro do próximo ano, em Batagussu, as obras de uma fábrica que terá capacidade para 1,8 milhão de toneladas por ano. Os investimentos previstos são da ordem de R$ 16 bilhões. 


 

MATO GROSSO DO SUL

Em pleno período de chuvas, Hidrelétrica Porto Primavera reduz vazão

Com a barragem mais extensa do País (10,2km), redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciadano último dia 12, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira

20/12/2025 14h14

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera

Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera Reprodução/Cesp

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Usina Hidrelétrica Engenheiro Sérgio Motta, também conhecida como Porto Primavera, a unidade começou nesta sexta-feira (19) através da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) a redução da vazão, para preservar os estoques de água dos reservatórios da bacia do Rio Paraná. 

Com a barragem mais extensa do País (10,2 km), essa redução segue determinação emitida pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e havia sido anunciada pela Cesp no último dia 12, prevista para começar ainda em 15 de dezembro, como medida para garantir a "segurança energética" brasileira. 

"O patamar mínimo defluente será reduzido de forma gradual e controlada, passando dos atuais 4.600 metros cúbicos por segundo para 3.900 m³/s, seguindo diretrizes operacionais do ONS", cita a Cesp em nota. 

Além disso, a Companhia frisa que, durante o processo, será mantido o plano de conservação da biodiversidade que havia sido aprovado pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e teve início em maio deste ano, para monitoramento do Rio Paraná justamente nos trechos da jusante - parte rio abaixo - da Porto Primavera até a foz do Ivinhema. 

Ou seja, entre outros pontos, equipes embarcadas formadas por biólogos e demais profissionais especializados, devem trabalhar como os responsáveis por acompanhar a qualidade da água, bem como a conservação e comportamento dos peixes locais enquanto durar a flexibilização da vazão. 

Importante frisar a redução adotada também ao final de novembro (24/11) e mantida até 1° de dezembro, a partir de quando houve a retomada gradativa aos patamares originais. 

Problemas com a vazão

Em épocas passadas, como bem acompanha o Correio do Estado, o controle da vazão em Porto Primavera já trouxe prejuízo e revolta de produtores que chegaram a culpar a ONS pelas fazendas alagadas por mais de quatro meses em Batayporã no ano de 2023, por exemplo. 

Nessa ocasião, o problema começou com a abertura das comportas de Porto Primavera no dia 18 de janeiro de 2023, com a usina avisando a Defesa Civil de Batayporã da liberação de até 14,7 mil metros cúbicos de água por segundo. 

Sendo a maior vazão desde o começo do período chuvoso, as águas se somaram ainda à liberação dos cerca de 3 mil metros cúbicos por segundo do Rio Paranapanema, juntando em torno de 18 mil metros cúbicos por segundo. 

Na linha cronológica em 2023, o problema dos alagamentos começou no final de janeiro, indo até o mês de abril diante do fechamento das comportas em 31 de março. 

Quando a água já havia recuado, saindo de boa parte dos nove mil hectares alagados, as comportas foram reabertas na terceira semana de abril, com vazão máxima de dez mil metros cúbicos.

Depois, o aumento da vazão para até 13 mil metros cúbicos chegou a alcançar 14,7 mil m³, sendo que antes disso o volume anterior já havia sido responsável por invadir casas de moradores locais pela terceira vez no ano. 

Estimativas da Defesa Civil de Batayporã à época apontaram que pelo menos sete mil animais tiveram de ser remanejados na região por causa do mesmo problema. E, mesmo depois que a água baixar, são necessários de dois a três meses para que o pasto cresça e esteja em condições para alimentar os rebanhos. 

 

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