A exposição “As várias faces de Lídia Baís”, que marca a abertura das comemorações dos 125 anos de nascimento da artista sul-mato-grossense, será inaugurada na próxima segunda-feira (12) no Museu da Imagem e do Som (MIS).
Mesmo 40 anos após sua morte, Lídia Baís ainda é considerada uma das artistas mais importantes de Mato Grosso do Sul. Incompreendida à sua época, Lídia refletiu em suas obras sua inquietação.
Pode-se dizer que foi uma das primeiras campo-grandenses. De origem italiana, a artista nasceu em 1900 em Campo Grande, quando a cidade era ainda um pequeno vilarejo.
No ímpeto de ampliar seus horizontes – espaciais e mentais – a jovem foi estudar pintura no Rio de Janeiro com o renomado Henrique Bernardelli. Neste momento surgiram suas obras mais acadêmicas, apesar de já apresentar referências artísticas influenciadas pela Semana de Arte Moderna de 1922.
Suas influências surrealistas começaram em 1927, quando viajou à Europa e conheceu Ismael Nery, precursor do gênero no Brasil. Em 1929, voltou ao Brasil, retomou os estudos com os irmãos Bernardelli e com Oswaldo Teixeira, chegando a realizar uma exposição individual na Policlínica do Rio de Janeiro.
Apesar de, inicialmente, ter tido apoio da família na carreira artística, Lídia foi pressionada à voltar a Campo Grande e se dedicar ao que era esperado das mulheres da época – à casa e ao casamento.
Oprimida, a artista encontrou nas paredes de sua casa a maneira de se expressar. Enquanto tentava encontrar na espiritualidade forças para se manter esperançosa, Lídia pintava nas paredes do sobrado.
Apesar das limitações impostas, nunca desistiu de criar e sonhar alto. Em 1950, vivendo em uma cidade que sequer possuía energia elétrica, ela ousou idealizar a criação de um museu de arte. Esse sonho nunca foi concretizado, mas Lídia manteve, até seu último suspiro, a esperança de que um dia sua obra seria compreendida, mesmo que postumamente.
A artista faleceu devido a uma esclerose múltipla em 19 de outubro de 1985. Ela foi encontrada sozinha, em uma casa com muitos animais e com suas obras encaixotadas. Em vida, teve poucas pessoas próximas. Uma delas foi sua sobrinha Nelly Martins, que, antes da morte da tia, chegou a promover algumas exposições.
As obras de Lídia foram doadas por essa mesma sobrinha à Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul. Desde 1991, o acervo está sob responsabilidade do Museu de Arte Contemporânea de Mato Grosso do Sul (MARCO).
Exposição
A mostra é parte integrante da Semana Nacional de Museus de 2025, promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e que tem como tema “O futuro dos museus em comunidades em rápida transformação”. O evento marca as comemorações pelo Dia Internacional dos Museus, celebrado em 18 de maio.
A exposição reúne obras emblemáticas de Lídia Baís, sob a curadoria do MARCO (Museu de Arte Contemporânea), e busca destacar a trajetória e a relevância da artista para a cultura sul-mato-grossense.
Serviço
A inauguração da exposição acontece na segunda-feira, 12 de maio, às 19h, no Museu da Imagem e do Somlocalizado no 3º andar do Memorial da Cultura e da Cidadania, na Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559, Centro de Campo Grande.
O público poderá visitar as obras gratuitamente até o dia 30 de junho, de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17h30.





