Sabe quando você admira muito uma pessoa por um conjunto de coisas e pensa... “Eu queria muito ser amiga dessa pessoa?”.
Pois é, eu sempre vi o ator, Dj, apresentador, produtor e figurinista Theodoro Cochrane assim.
Theo é um cara inteligente, contagiante, quem o acompanha, principalmente nas redes sociais sabe do que estou falando.
Quando conversei com ele, mencionei tudo isso... E agora tive a sorte de entrevistá-lo.
Há mais de 15 anos, fui colega de trabalho de seu irmão Chris Cochrane em um projeto de TV para a internet em São Paulo, mas naquela época, infelizmente não tive a sorte de conhecer o Theo.
Theodoro Cochrane, 43 anos, é filho do astrólogo Zeca Cochrane, que faleceu no ano passado, e de uma das maiores jornalistas do país, a autêntica Marilia Gabriela.
Começo a minha entrevista perguntando ao Theo como é para ele ser filho de sua mãe...
“A clássica pergunta que me persegue e que vou fazer alguma série no Tik Tok do meu canal Téte a Theo sobre esse tema (risos). Ser filho de Marília Gabriela é uma delícia, um privilégio, a possibilidade de exercer as faculdades mentais desde cedo e poder sempre argumentar (para não dizer bater a boca rs)”, explica.
Theodoro foi para Los Angeles porque pensava em ser diretor de cinema, mas depois de assistir tantos filmes se descobriu na atuação e voltou para o Brasil.
Sua estreia foi no seriado fenômeno Sandy&Junior, depois veio “A Casa das Sete Mulheres”, um enorme sucesso também na TV Globo, entre tantos outros trabalhos na TV como o marcante Adamastor Davis em “O Sétimo Guardião”, sua última novela em 2019 e logo veio a pandemia.
Theo também fez cinema, teatro e atualmente se dedica ao seu projeto que nasceu durante a pandemia da covid-19, o seu canal Téte a Theo, que aliás eu recomendo muito!
O Correio B+ convidou esse artista multitarefas que encanta para ser a nossa Capa exclusiva desta semana, e em nosso bate papo (que eu ficaria por horas e horas), ele fala de trabalho, família, vontades, projetos, redes sociais, astrologia, e também da série da HBOMAX “O hóspede Americano” onde faz o Tenente Paixão e é dirigido por Bruno Barreto.
Abaixo a entrevista na íntegra com o Theodoro...
CE - Theo, eu preciso começar essa entrevista perguntando: Como é ser filho da sua mãe (a jornalista Marilia Gabriela)? Porque a genética é ótima né? (rs).
TC - A clássica pergunta que me persegue e que vou fazer alguma série no Tik Tok do meu canal Téte a Theo sobre esse tema (risos).
Ser filho de Marília Gabriela é uma delícia, um privilégio, a possibilidade de exercer as faculdades mentais desde cedo e poder sempre argumentar (para não dizer bater a boca rs).
Sou orgulhoso de minha mãe, mas também fico muitas vezes de saco cheio de ter sempre de explicar meus créditos pessoais e minhas reais capacidades enquanto ser humano independente dela.
CE - Por ser filho dela chega ser uma pressão?
TC - Como já mencionei na pergunta anterior… Sim! Isso me estimula a ser melhor em tudo, mas ao mesmo tempo pode destruir minha autoestima pois o interesse em mim muitas vezes parece vir única e exclusivamente do interesse em minha mãe.
Ainda bem que ela é exemplar. Sorte!
CE - Você nasceu em um estúdio, foi o que te levou para o caminho das artes?
TC - Com certeza! Nasci dentro dos estúdios do TV Mulher na Globo aqui em SP.
Minha mãe era a apresentadora principal e, muitas vezes, por não ter com quem me deixar em casa, me levava pro set e eu amava.
Ia ver as gravações do infantil Balão Mágico, participava do programa de minha mãe dentro do carrinho (risos). A magia das câmeras se instalou ali mesmo.
Minha mãe sempre dizia que eu adorava e ficava à vontade na frente delas.
CE - Ser ator, como tudo começou?
TC - Acho que desde muito pequeno eu já me encantava com esse “encenar televisivo”, além de ir muito a espetáculos com meus pais.
Eu dizia que seria pintor, mas sempre era o orador do colégio, o que era chamado para dar avisos em público, etc.
Ao me formar fui morar com meu irmão em Los Angeles para estudar direção de cinema, mas ao chegar lá e depois de ver muitos filmes, descobri que minha verdadeira vocação (pelo menos naquele momento) era a atuação.
Voltei para o Brasil e tive a honra de começar a atuar e fazer o CPT (Centro de Pesquisa Teatral) do Antunes Filho.
CE - Antes da Casa das Sete Mulheres você fez uma participação em Sandy&Junior?
TC - Fiz! Eu tinha 22 anos, estudava ainda na EAD (Escola de Arte Dramática da USP) e fui chamado para ser o DJ Magrão! Um antigo amor da personagem da atriz Bruna Thedy.
Era o personagem central do episódio: ”As aparências enganam”.
Foi divertido pois era um cara que a princípio parecia ser um psicopata e ao fim se mostrava uma doce e romântica criatura. Um bom início profissional.
CE - A Casa das Sete Mulheres foi um sucesso muito grande na TV Globo, como foi participar dessa obra?
TC - Foi uma honra e me emociono até hoje. Um mergulho na cultura e tradição gaúcha! O Pedro da Silva Santos era um guerreiro Farroupilha, sobrinho do Bento Gonçalves (figura histórica de nosso país).
Tive a honra de estudar a cultura por meses, morar no Rio Grande do Sul e aprender a valorizar nossa nação.
Fiz amigos eternos e que hoje são grandes estrelas como: Mariana Ximenes, Bruno Gagliasso, Rodrigo Faro, Juliana Paes e muito mais gente. Tenho muito orgulho e sou reconhecido até hoje, 20 anos depois, por este trabalho.
CE - Theo, você também é produtor, e figurinista?
TC - Sou um eterno ansioso, inquieto. Me formei junto com o teatro em Desenho Industrial! Sou designer de produtos.
Como fazia uma faculdade a noite e outra durante o dia acabei juntando muito aprendizado simultaneamente.
Comecei despretensiosamente a fazer os figurinos das montagens da escola e acabei me profissionalizando e até ganhando prêmios por isso.
Hoje, tenho mais de 45 figurinos assinados por mim.
O lado produtor, eu diria que seria de uma forma mais direcionada para a produção independente do meu canal no YouTube, o “Téte a Theo” que tenho como sócia e real produtora e diretora a Marcela Marques. Meu maior mergulho e projeto dos últimos tempos.
CE - Seu pai era astrólogo, como é a astrologia dentro da sua vida?
TC - Meu pai era um super astrólogo e estudou a astrologia por 40 anos. Era meu maior terapeuta, sempre com um conselho sábio e fazia paralelos esclarecedores para momentos angustiantes como ninguém. Digo que minha maior religião hoje em dia é a astrologia.
Aliás, nas lives que estou fazendo semanalmente para o Tik Tok e Instagram do Téte a Theo, esse tema é muito recorrente e meus espectadores fazem consultas informais comigo.
Eu respondo intuitivamente, mas sem a pretensão de virar um astrólogo.
CE - Ser multifunções, um vício?
TC – Sim! Um vício da contemporaneidade. Digo que se tivesse nascido 20 anos depois, teria sido mais bem aceito profissionalmente!
Hoje é legal você ser ator, apresentador, estilista, YouTuber e o que mais for. Quando entrei no mercado de trabalho era visto como falta de foco e sofri preconceito por essa pluralidade que tanto me orgulho ter.
CE - Seu último personagem foi na novela da Globo, O Sétimo Guardião na TV, saudade de atuar na TV?
TC - Muita saudade! O Adamastor Crawford foi meu maior e mais relevante personagem até hoje na TV.
Amava fazer e contracenar com gênios do quilate de Ana Beatriz Nogueira, Vanessa Giácomo, Tony Ramos, Lilia Cabral, Carol Duarte.
Tenho matado a saudade de atuar nas redes com minhas dublagens e cenas pro Téte a Theo. Quero fazer cada vez mais e por que não voltar à TV reinventado?
CE - Você tem um personagem favorito?
TC - Dos que fiz, digo que Adamastor está entre eles, mas tive a honra de estrear profissionalmente no teatro interpretando Hamlet na peça “Mal Secreto - A vida amorosa de Ofélia” de Bete Lopes em que contracenava com minha amiga musa irmã Clarissa Kiste.
CE - Vontade de fazer streming já que esse mercado cresceu tanto?
TC - Sim, claro! Inclusive estou na HBO Plus como o Tenente Paixão na séria internacional, dirigida pelo Bruno Barreto, O Hóspede Americano, megaprodução.
Quero sim fazer muito streaming e de preferência mostrando essa minha nova/ antiga faceta que está no meu canal.
CE - Experiência no cinema...
TC - Fiz muito pouco, mas sou um cinéfilo e amaria trabalhar com tanta gente, sonho mesmo... Participei dos filmes La Riña e Colegas do Marcelo Galvão, Bruna Surfistinha do Marcus Baldini, Gregário de Mattos da Ana Carolina… Acho chique quem vive de cinema no Brasil (risos).
CE - Como foi a criação do curta “Para Salvar Beth” e dirigir a sua mãe?
TC - Um projeto de mais de 10 anos. Estava no aeroporto esperando um vôo atrasado para Belém e me deparei com um livro do monstro da literatura Amílcar Bettega. Um livro de contos muito especial e que tinha “Para salvar Beth” como sua última história.
Li e chorei, e me imaginei fazendo de um jeito ou de outro.
O tema do "sobrevivencialismo” e do surreal que nos rodeia cotidianamente sempre me tocou e instigou.
Os anos se passaram e num hiato de trabalhos, durante o final de um casamento de sete anos e após perder minha cachorra percebi que aquele ano de 2016 seria o ano que eu contaria aquela história. Arregacei as mangas e chamei o Allan Medina (colega de faculdade de teatro) pra dirigir comigo esse curta metragem e angariei um bando de amigos e parceiros das mais diversas áreas pra fazer esse lindo projeto acontecer.
O filme ficou pronto em um ano e viajou por festivais internacionais por mais três. Vou lançá-lo em breve nas redes.
E, dirigir minha mãe foi fácil pois nos respeitamos e acreditamos muito um na opinião do outro. Sabemos que queremos sempre o melhor pra cada um de nós. Uma relação de cumplicidade absoluta né?
CE - Vocês são bem unidos né Theo? Vejo inclusive ela nos seus conteúdos nas redes sociais...
TC - Somos muito unidos e quanto mais envelheço mais percebo que a genética foi forte aqui (risos).
Moramos juntos em Lisboa por alguns meses após quase 25 anos sem morar juntos… Foi intenso!
Dois exigentes e cheios de mania vivendo 24 horas juntos e resolvendo problemas em um país distante é difícil.
Minha mãe faz muita coisa comigo e é minha maior parceira, tanto que até Tik Tok pro Téte a Theo ela fez! Olha que prova de amor.
CE - E como surgiu o Tete A Theo?
TC - No meio da pandemia, estava repensando meu estar no mundo, sem trabalho, deprimido e tive a sorte de ter amigos, eles nos salvam também né?
O Rafael Borgue, meu amigo íntimo de anos, viu minha angústia e teve a ideia de me juntar com a Marcela Marques, sua amiga que já tinha trabalhado comigo em outro curta-metragem que atuei.
Marcela é uma super produtora e diretora de conteúdo e que me encorajou a desenvolver a ideia de criar um canal de entretenimento e entrevistas.
Após vários encontros e de nos juntarmos ao super editor Lexidiny, chegamos a um formato inicial (que já mudou como tudo na internet muda) de canal e surgiu o Téte a Theo (nome que o Borgue sugeriu e arrasou).
CE - E como é o “seu processo” com o Instagram? Exposição, influenciar, ter a sua opinião...
TC - Não vou dizer que foi fácil. Foi muito desafiador. Tinha muito preconceito e falta de informação sobre as redes sociais.
Achava egocêntrica, superficial e invasiva. Mordi minha língua e descobri que é um trabalho árduo em constante mudança e que pode sim ser muito profundo e divertido para todo tipo de gente.
Nosso público é um super termômetro que faz muita coisa por nossa curadoria.
Quanto à exposição, desencanei… Somos da era sextape da mulher mais famosa do mundo.
Me arrancaram do armário sem me consultar há sete anos. Já sofri muito com isso e hoje até choro em Live falando dos desencontros amorosos.
Tenho um público fiel e carinhoso. Opinião todo mundo tem e tento respeitar sempre a dos outros desde que essas não afetem negativamente a vida de ninguém honesto.
CE - As redes sociais... Algo mais positivo ou negativo?
TC - Hoje digo mais positivo! É nosso maior meio de informação. Podemos ter conteúdo de qualidade e ótimos serviços ao alcance de nossos dedos. Só não esqueçamos de quem está fisicamente próximo da gente (risos).
CE - Qual a playlist do Theo hoje?
TC - Sou DJ também né? Toco nos clubes Lions e Jerome aqui em São Paulo há anos. Existe o movimento de domínio absoluto do pop na cena noturna, pensando pelo viés da festinha e no pop atual vou dar uma sugestão de artistas pop que se influenciam um pouco com os meus estilos favoritos musicais: Rosalía, James Blake, Kalie Uchis, The Weeknd, Jorja Smith, Solange, Jessie Ware, Doja Cat, Kaytranada e Mc Tha.
CE - Como é a relação com a sua família?
TC - Sou meio desapegado, meio distante… Sempre fui meio escorpiano ressabiado. Tento melhorar nesse aspecto e ligar mais, mas é difícil. Sou muito apegado à minha mãe, meus irmãos, duas primas e uma tia que não vou nomear (hahaha).
CE - Uma vontade enorme do Theo?
TC - Ser menos "sincericida" e segurar minha língua que muitas vezes pode magoar sem perceber.
CE - Uma esperança?
TC - Encontrar um amor que ame na mesma intensidade que eu ame.
CE - E quem é o Theodoro resumidamente?
TC - Sou um furacão ciclotímico, amoroso, bravo, esteta, ciumento com amigos, namorados e familiares. A arte me salva! Preciso me comunicar e abrir meu peito de alguma forma sempre… Atuando, entrevistando, tocando, dublando, fazendo figurino… Na eterna e incansável busca por momentos de alegria, pois felicidade é algo relativo.



