É impossível não se encantar com o jeito simples de Anaju Dorigon.
Sem estrelismo, a atriz, que está no ar com a reprise de “Malhação”, seu primeiro trabalho na TV, tem apenas 26 (faz aniversário no próximo dia 27), mas impressiona pela maturidade.
As andanças e experiências pelo mundo, na época em que era modelo, com passagens por países como Colômbia e República Dominicana para participar de concursos de Miss, ajudaram nesse processo.
Ainda foi Embaixatriz da Conscientização da AIDS na adolescência, na Colômbia, e trabalhou em projetos no Equador com crianças carentes.
Vivências que trouxeram para a sua vida amadurecimento e uma percepção sobre o mundo.
Com muita história para contar, Anaju acaba de realizar um sonho: o lançamento da sua label La Femme 368.
A primeira coleção chega intitulada como The Golden Age Collection, inspirada nas estrelas da Era de Ouro de Hollywood como Sophia Loren, Grace Kelly e Lauren Bacall – vale destacar que foram os filmes dessa época que a despertaram o desejo de ser atriz.
Sempre ligada ao mundo da moda – quando pequena andava com um caderninho debaixo do braço desenhando vestidos –, ela conta que a marca chega com uma proposta sustentável, em parceria com a start up ECOOAR, atuando na neutralização de carbono, reflorestamento e preservação de nascentes.
Reflexiva com o momento atual do país, e da pandemia do coronavírus, a atriz se diz impactada, triste com a perda das mais de 500 mil vidas de brasileiros e diz que as mudanças como a necessidade da conexão com Deus, o exercício da fé, o olhar atento ao outro e a valorização das pequenas coisas no dia a dia aconteceram após estar passando por essa fase da pandemia.
Você lançou a sua label La Femme 368. Foi a realização de um sonho?
Era um sonho que carregava comigo há anos, isso antes de entender que eu gostaria de trabalhar como atriz.
Cresci em uma família de pessoas que empreendem e tinha o desejo de ter à minha empresa desde muito cedo! Já imaginava todo o trabalho, planejamento e dedicação que uma empresa exige.
E, por isso, sabia que precisaria me preparar e que deveria realizar esse sonho quando me sentisse pronta, sabe?
Quando pequena eu andava com um caderninho debaixo do braço e desenhava vestidos.
A moda sempre fez parte de mim. E, conforme os anos foram se passando, fui aprendendo e me transformando.
E acredito que essa ideia também foi amadurecendo, sendo alimentada e transformada comigo. Isso até o momento que senti que era hora de dar início a mais essa etapa de minha vida, que tem sido mágica.
Só tenho a agradecer por todo o carinho que temos recebido.
Qual é o nome dessa primeira coleção?
Esta primeira coleção possui um significado muito especial para mim porque foi inspirada em algumas atrizes da Era de Ouro de Hollywood e se chama The Golden Age Collection.
Cada peça recebe o nome da atriz por quem essa peça é majoritariamente inspirada.
Esse período do cinema sempre teve uma importância grande para mim.
Foi através dos filmes dessa época que entendi o meu desejo de ser atriz.
Então, veio de forma natural essa vontade de inserir o tema nessa primeira coleção. Uma das partes mais deliciosas é justamente esta, poder explorar universos, momentos e inspirações.
A marca é sustentável. Você teve esse cuidado na hora de montar as peças?
Minha empresa, em parceria com a start up ECOOAR, atua na neutralização de carbono, reflorestamento e preservação das nascentes.
Possuímos uma área, no interior de São Paulo, onde realizamos o plantio de árvores para que haja a compensação do carbono emitido durante o processo de produção e montagem das embalagens, do transporte, uso de eletrônicos, etc.
Esta área fica situada aos pés de uma nascente que banha cerca de 30 cidades e, através do QR Code que está em nosso site, é possível acompanhar estas árvores, o local de plantio, quais são as espécies e seu crescimento.
É um projeto especial do qual temos muito orgulho de fazer parte.
Esperamos seguir estudando para adotar, cada vez mais, medidas e ações socioambientais positivas.
Por falar em moda, o que não falta dentro do seu closet? Consome alguma peça em especial?
Acredito que com este período de pandemia a forma de consumo de todas se transformou.
Eu amo peças elegantes e que podem ser utilizadas de diversas formas e em várias composições.
Blazers e vestidos são escolhas que sempre faço, tendo bons cortes e estruturas.
E ainda aqueles que possuem versatilidade: combinam com saltos, sandálias, botas, etc. Sobre consumo, não vou mentir que meu ponto fraco é bolsa (risos).
Você participou de concursos de Miss em países como a Colômbia e República Dominicana. Essa fase foi importante para sua formação?
Teve uma importância enorme! Acredito que todas as experiências têm algo para nos ensinar.
Por conta dos concursos e da modelagem pude aprender valores sobre trabalho e o contato com pessoas de diversas histórias de vida.
Fiz amigos que me acompanham até hoje! Foi muito especial ter vivido tantas experiências diversas ao longo desses anos.
Você foi Embaixatriz da Conscientização da AIDS na adolescência, na Colômbia, e trabalhou em projetos com crianças carentes, no Equador. Essas vivências ajudaram no seu processo de amadurecimento?
Com certeza! Desde muito nova sentia o desejo de participar e de me envolver em projetos assim.
Tive a sorte de crescer em uma família que estimulava isso em mim.
Pessoalmente, acredito que foi e ainda é muito importante para o amadurecimento e percepção de mundo e de valores na vida e na história de qualquer pessoa.
É algo que, realmente, modifica o olhar para sempre.
Você está no ar em Malhação. Como é rever o seu trabalho na trama teen?
É muito especial porque foi o meu primeiro trabalho na televisão. Sete anos se passaram e isso me permite assistir o trabalho com certo distanciamento.
Foi um processo que me transformou de diversas formas.
“Órfãos da Terra”, que ganhou três prêmios internacionais, foi seu último trabalho na TV. Tem projetos para voltar às novelas?
“Órfãos da Terra” foi um trabalho lindo, valioso! Possuo sim e confesso que não vejo a hora de escutar, novamente, um "gravando" (risos).
Ainda não posso falar sobre esses projetos, mas estou bastante contente!
Após a descoberta da hipoglicemia reativa, foi difícil se readaptar a um novo cardápio?
Foi muito tranquilo! Quando entendemos os impactos das nossas escolhas é mais fácil nos adaptarmos a elas, sabe?
Escutar o nosso corpo é um aprendizado constante e muito valioso.
Hoje em dia isso faz parte da minha rotina, da minha realidade, então, a forma de me alimentar é muito natural.
Acredito que o nosso corpo se transforma no decorrer do tempo e, muitas vezes, é provável que algo que antes gostávamos ou nos fazia bem, se transforme também.
O que foi mais difícil resistir à mesa?
Atualmente este aspecto é supertranquilo também! Como está tudo equilibrado, ocasionalmente, eu posso "sair da dieta".
Acredito que o equilíbrio é tudo, seja por hipoglicemia reativa ou por qualquer outra razão.
É importante termos cuidado com o que colocamos dentro de nós. Encontrar o nosso prazer nisso e ter também os nossos momentos de saciar uma vontade, um desejo, é importante.
Acho que tudo começa na nossa relação com a comida e, pessoalmente, acredito que tanto o exagero quanto a restrição podem não ser alternativas boas para nosso corpo.
Em 2016, você apareceu magra e causou impacto, recebendo críticas nas redes sociais. Isso a chateou?
Acho que é uma atitude que ocorre pelo meio de comparações e, seja por saúde, por trabalho ou por escolha, não existe problema algum em emagrecermos ou engordarmos, em desenvolvermos mais músculos ou não.
Entendo que isso veio através da comparação de um corpo que, por mais que muitas pessoas gostassem, não era o meu corpo saudável.
Mas, aos poucos, vamos aprendendo a lidar e a permitir o que levamos conosco e quais opiniões não são tão bacanas para nós.
Como lida com as redes sociais? Ostentar, na atual situação que vivemos, está fora de moda, não?
Vejo como uma ferramenta especial para nos aproximar de quem nos acompanha.
E acredito que, quando usada de forma positiva, a rede social pode ter impactos legais no nosso dia a dia e no de quem nos acompanha! Ostentar nunca foi cool (risos), mas acredito que é uma escolha de cada um.
O que faz, o que "molda" uma pessoa vai além do que ela posta.
A rede social é um fragmento da realidade de alguém e do que este alguém escolhe dividir.
Então, acho bacana nós termos isso em mente, sabe? Todos são muito mais do que aquilo que postam ou dividem na internet.
Como tem sido passar esse período da pandemia? Reflexões e uma nova maneira de ver a vida?
Com certeza! É assustador o fato de que em um ano 500 mil brasileiros se foram por conta da pandemia.
Acredito que todos nós fomos atravessados, de alguma forma, por este choque de realidade neste último ano.
É impossível sair desta situação vendo a vida, o mundo e as relações da mesma forma de antes.
Então, tem dia que me entrego a algumas incertezas, dores e luto.
Aproveito, inclusive, para exprimir os meus mais sinceros sentimentos a todas as famílias afetadas pelas perdas em consequência desta pandemia.
O que mudou ao vivenciar essa realidade da pandemia da Covid-19?
Como eu disse anteriormente, é penoso e dolorido pensar que em um ano 500 mil vidas brasileiras se foram.
É um dado que não tem como não nos atravessar. Eu acho que algumas mudanças em mim foram a necessidade da conexão com Deus, o exercício da fé, o olhar atento ao outro, a valorização das pequenas coisas, etc. É uma lista longa!
Você tem milhões de seguidores. De que forma procura falar sobre alguns temas com os seus seguidores?
A ferramenta é de troca! O que coloco ou divido chega ao outro, que coloca e divide algo comigo também.
Estamos sempre aprendendo nesta plataforma e procuro, da forma que me cabe, dividir algo que possa ter uma influência positiva na vida de alguém, seja essa influência grande ou pequena.
Gosto de conversar sobre saúde mental, Deus e fé, autoconhecimento, processo criativo e um pouquinho do meu dia a dia.
Perto de completar 27 anos, hoje, quem é a Anaju?
Tanta coisa mudou e se transformou dentro de mim.
Sinto que meus valores se tornaram, cada vez, mais presentes e sólidos.
Sonhos que estou podendo realizar e muitos outros que ainda nem sequer sonhei, mas sei que chegarão...
É impressionante como, com o passar dos anos, os nossos objetivos vão se tornando evidentes.
Alguns vão se transformando e tudo aquilo que não faz mais sentido, deixa o nosso espaço.
Acho valiosa a realização pessoal, a busca por me conhecer mais e estar em constante evolução.
Assim que acabar essa pandemia, qual vai ser a primeira coisa que você irá fazer?
São tantas coisas... Gestos e atitudes pequenos e grandes.
Sinto muita falta de poder abraçar meus avós e os que são especiais para mim.
Acho que essa será a primeira coisa. Um gesto tão pequenino, mas que faz muita diferença em nossa vida.



Chayene Marques Georges Amaral e Luiz Renê Gonçalves Amaral
Camila Fremder
Equipe do curta-metragem posa em um boteco da cidade com a diretora Gleycielli Nonato Guató (em pé, à esquerda, de blusa preta) - Foto: Divulgação/Marcus Teles


