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NOVELA

"A Força do Querer", novela de Glória Perez de 2017, volta a programação da Globo

Com texto inspirado e direção sofisticada, retorna ao horário nobre para valorizar a teledramaturgia

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Assim como outros autores que integram o seleto grupo que escreve para o horário das nove, Glória Perez passou muitos anos artisticamente estagnada em sua própria fórmula. A partir de sucessos como “O Clone”, “América” e “Caminho das Índias”, a autora foi resumindo suas obras a viagens internacionais, mistura de diferentes culturas e muita licença poética para fazer tudo ganhar coerência. A receita começou a dar sinais de desgaste na viagem de Glória para a Turquia com “Salve Jorge”, de 2012. Se fosse exibida alguns anos antes, a novela poderia até ter funcionado. Mas, ao substituir o sucesso “Avenida Brasil” com uma história simplista, mal dirigida e sem protagonistas carismáticos, Glória amargurou as piores críticas e audiência de sua carreira. Com prestígio e popularidade abalada, a saída para a autora foi se reinventar. E o símbolo dessa reinvenção é “A Força do Querer”, novela exibida originalmente entre abril e outubro de 2017 e que retornou à faixa das nove por conta da pandemia de coronavírus, que paralisou temporariamente os trabalhos nos Estúdios Globo.  

Ciente da força de seu nome e da carreira que construiu, Glória inseriu em “A Força do Querer” todos os superlativos de uma trama com sua assinatura. Só o elenco principal da trama, por exemplo, daria para a Globo reforçar a escalação de quatro produções. O diferencial deste trabalho, e que aumentou a expectativa tanto da emissora quanto dos atores convidados, foi a presença de Rogério Gomes na direção. Impressionada com o trabalho de Gomes em “Império”, de 2014 – que também valorizou o texto de Aguinaldo Silva –, Glória desistiu de chamar Amora Mautner para dirigir “A Força do Querer” e apostou suas fichas no diretor. Operador de VT e editor de vídeo no início dos anos 1990, aos poucos, ele foi ganhando estofo para se lançar por voos mais altos. Depois de integrar equipes de direção dos núcleos de Jorge Fernando, Ricardo Waddington e do falecido Roberto Talma, estreou como diretor artístico em “Paraíso”, de 2009. Sempre a serviço do texto, o diferencial de Gomes está nas cenas captadas por diferentes ângulos e que tiram a imagem do lugar-comum. Além disso, é notório o cuidado com os atores e com a unidade estética da produção. A verve passional de Glória só ganha com todos esses detalhes, que não a deixam soar “over” ou a autora cafona de outrora, principalmente nas tramas erguidas sob a direção de Marcos Schechtman.

Disposta a não tornar a vida do telespectador tão fácil, Glória criou um verdadeiro mosaico de potenciais e fraquezas femininas, onde consegue cadenciar bem o protagonismo de suas cinco atrizes principais. Depois de muita “enrolação” nos trabalhos anteriores, em “A Força do Querer”, tudo parece ter sentido e função. Do coração dividido de Ritinha, de Isis Valverde, passando pelo vício em jogo de Silvana, de Lilia Cabral, ao envolvimento com o mundo do crime de Bibi, de Juliana Paes ou o senso de justiça de Jeiza, interpretada por Paolla Oliveira, e o choque de realidade da dondoca Joyce, de Maria Fernanda Cândido. Conhecida por tocar em temas ainda não abordados pela teledramaturgia, como a maternidade por substituição em “Barriga de Aluguel”, os primórdios da internet em “Explode Coração” e a clonagem em “O Clone”, Glória faz um mergulho profundo na questão da transexualidade ao mostrar em horário nobre a transição de Ivana/Ivan, papel defendido de forma competente pela então desconhecida Carol Duarte. Naturalista e com os dissabores gerados pelo preconceito, Glória poderia muito bem cair no dramalhão exagerado, mas preferiu ir além e educar sem didatismo. Antes de qualquer movimento mais polêmico, humanizou e aproximou a personagem, que acabou ganhando o apoio do espectador médio. Forte, bem acabada e com texto em sintonia com o que acontece nas ruas, “A Força do Querer” mostrou e ainda mostra não apenas a relevância de Glória, mas o poder das telenovelas.

 

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Pet B+: Vai viajar com o pet? Veja o que não pode faltar no checklist

Médica-veterinária dá dicas para evitar imprevistos e tornar esse momento divertido e inesquecível

20/12/2025 15h30

Pet B+: Mariana (à dir.) em passeio com a família na Rota da Estrada Real (MG) Crédito da imagem: Arquivo pessoal

Pet B+: Mariana (à dir.) em passeio com a família na Rota da Estrada Real (MG) Crédito da imagem: Arquivo pessoal Foto: Divulgação

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As férias de fim de ano estão chegando e muita gente aproveita esse período para fazer aquela viagem em família. E, nesse momento de puro descanso e diversão, é possível levar também o animalzinho de estimação. Com alguns cuidados antes e durante o trajeto, esse momento tende a ser inesquecível também para o pet.

Em 2024, dados das companhias aéreas indicaram que mais de 100 mil pets viajaram ao lado de seus donos – 15% a mais que no ano anterior. Essa é uma rotina comum na vida da designer de experiência Mariana Corrér, de 36 anos. Toda vez que a viagem é de carro, Giovanna e Maya, duas vira-latas de 1 e 7 anos, embarcam juntas. No dia 20 de dezembro, elas iniciam uma nova aventura, saindo de Indaiatuba/SP com destino as cidades da região Serrana do Rio de Janeiro, num total de 1.590km em 16 dias de passeio.  

“É sempre uma experiência maravilhosa envolvê-las em minhas viagens, pois são membros da nossa família. Eu trabalho em casa e a gente fica juntas o dia inteiro. Tudo que vou fazer procuro levá-las comigo, seja em passeios ao ar livre, no shopping ou em restaurantes. Daí, sempre busco lugares que são pet friendly”, conta. “Eu gosto muito de viajar, me faz muito bem, então poder compartilhar esses momentos com elas é algo muito valioso e torna-os ainda mais especiais. Eu não conseguiria passar tanto tempo longe delas.”

A médica-veterinária e docente do curso de Medicina Veterinária do Centro Universitário de Jaguariúna (UniFAJ), Dra. Aline Ambrogi, salienta que o primeiro ponto a ser avaliado para essa decisão é a idade do animal.

“O ideal é que eles viajem após completarem o protocolo inicial de vacinação, geralmente a partir de 16 semanas (4 meses). Antes disso, cães e gatos ainda não possuem proteção adequada contra doenças infecciosas”, alerta. “Filhotes mais novos só devem viajar em situações realmente necessárias e com orientação direta do médico-veterinário.”

Os cães devem estar imunizados com a vacina polivalente (V8 ou V10), que previne doenças graves como cinomose e parvovirose; a vacina antirrábica (raiva), obrigatória em todo território nacional; e a vacina contra a tosse dos canis (gripe canina), doença altamente contagiosa e comum em ambientes com grande circulação de animais, como hotéis e praias.

No caso dos gatos, é importante que estejam com as vacinas tríplice (V3) ou quádrupla (V4/V5) e a antirrábica em dia.

“A vermifugação e o controle parasitário são obrigatórios tanto para cães quanto para gatos, incluindo vermífugos gastrointestinais e controle contra pulgas, carrapatos e mosquitos. Isso é fundamental para prevenir dirofilariose, leishmaniose e doenças transmitidas por carrapatos e pulgas”, destaca Aline.

Documentação deve estar em dia

Com vacinas e vermífugos atualizados, o próximo passo é juntar toda a documentação do animal. Para viagens nacionais, geralmente é exigida a carteira de vacinação atualizada, com destaque para a vacina antirrábica válida. Também é necessário o atestado de saúde, emitido exclusivamente por médico-veterinário –, com validade de 7 a 10 dias antes da viagem.

Em viagens de ônibus, as empresas podem exigir caixa de transporte adequada e documentação de vacinação.

Se a viagem for de avião, o tutor deve apresentar o atestado de saúde recente (3 a 10 dias, dependendo da companhia), a carteira de vacinação com antirrábica válida e o laudo de aptidão ao transporte (quando solicitado). Podem ser exigidos ainda documentos específicos para transporte na cabine ou no porão.

Para voos internacionais, a companhia aérea pode solicitar microchip, sorologia da raiva, o Certificado Veterinário Internacional (CVI) e documentos adicionais do país de destino. “É fundamental que o tutor consulte a companhia aérea com antecedência”, reforça Aline.

Chegou a hora de partir: como transportar o pet?

Segundo a médica-veterinária, essa pode ser a etapa mais importante, pois envolve a segurança do animal.

Se a família viajar de carro, cães e gatos podem ser levados em caixa de transporte, com cinto de segurança ou em cadeirinha específica para pets.

“O importante é nunca transportar o bichinho de estimação no colo ou solto no carro. Também é essencial evitar que o animal fique com a cabeça para fora da janela do veículo, pois, além do risco de acidente, pode acarretar infração de trânsito”, alerta Aline. A prática está prevista no artigo 235 do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) e prevê multa grave no valor de R$ 195,23 e 5 pontos na CNH.

Caso a viagem seja de ônibus, é fundamental que o pet esteja bem acomodado em caixa de transporte rígida e bem ventilada.

Em viagens de avião, animais de pequeno porte podem ir na cabine, acomodados em uma caixa macia adequada ao seu tamanho. Os pets de grande porte viajam no porão climatizado, em caixa compatível com o tamanho do animal. Todas as caixas devem seguir as normas da International Air Transport Association (IATA).

Conforto e comodidade durante o trajeto

Para que a viagem seja realmente inesquecível com o “melhor amigo”, é importante que ela seja confortável, especialmente durante o percurso.

Nas viagens terrestres, além de transportar o animal com segurança, o tutor deve levar a ração habitual do pet para evitar distúrbios gastrointestinais.

“O recomendado é alimentar o animal de 2 a 3 horas antes da saída e, durante o trajeto, ofertar pequenas quantidades a cada 4 a 6 horas, conforme a tolerância do animal. Já a água deve ser ofertada com frequência, a cada 1 a 2 horas”, orienta Aline.

Em viagens de avião, não é recomendado oferecer comida durante o voo. O tutor deve alimentar o animal 3 horas antes para evitar náuseas. A água pode ser deixada em recipientes presos à caixa, especialmente em voos longos. “Evite tranquilizantes sem prescrição veterinária, pois não são recomendados”, reforça Aline.

Durante viagens terrestres, é fundamental fazer paradas a cada 2 horas. Esse momento é importante para a oferta de água, para que o cão faça suas necessidades fisiológicas e para caminhadas breves.

Os felinos devem permanecer seguros na caixa, mas podem ter breves pausas em ambiente totalmente controlado, evitando qualquer risco de fuga.

10 dicas para a viagem ser agradável ao pet:

1 – Realize avaliação veterinária antes da viagem;

2 – Mantenha vacinas e antiparasitários atualizados;

3 – Não dê alimentos que o pet não esteja acostumado a comer;

4 – Faça a identificação do animal

5 – Garanta sombra, hidratação e pausas frequentes;

6 – Evite passeios nos horários mais quentes;

7 – Utilize protetor solar veterinário em áreas sensíveis do animal;

8 – Leve kit de primeiros socorros;

9 – Respeite a individualidade do pet, alguns se assustam com ambientes agitados;

10 – Nunca force interação, aglomeração ou exposição excessiva ao calor.

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

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