Correio B

LITERATURA

A jornada de Ulysses

Mentor da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, Ulysses Serra é o homenageado da Roda de Conversas e Leituras deste mês, hoje, às 19h30min, com palestras de Raquel Naveira, Reginaldo Araújo e Rubenio Marcelo; Eduardo Martinelli está entre as atrações mus

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“Se eu morrer alhures, onde quer que seja, morrerei um exilado e um proscrito de mim mesmo. Aqui não morreria de todo. Ouviria o passo e a voz dos meus amigos, o gorjeio dos pássaros que amo, o farfalhar das frondes que conheço e o bater do coração da minha casa”.

O autor das linhas acima é Ulysses Serra (1906-1972), e a casa à qual se refere o escritor, um luminoso e elíptico pavimento de lembranças, que passa por diferentes cidades de MS, transformado na Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (ASL) por meio da homenagem no busto do autor, inaugurado em maio de 2018, na atual sede da instituição.

Escritor, tabelião e político, sempre ligado ao mundo das letras, Ulysses é um memorialista de mão cheia, do quilate de um Pedro Nava (1903-1984), e fundador da Academia, na qual é o homenageado do mês na Roda de Conversas e Leituras a ser realizada hoje, com entrada franca, a partir das 19h30min, na ASL, Rua 14 de Julho, nº 4.653, Altos do São Francisco.

Personagem que deixou para Mato Grosso do Sul um de seus maiores marcos culturais, a própria Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, o autor de “Camalotes e Guavirais” (1971) recebe mais uma celebração da ASL, com apresentação dos acadêmicos Raquel Naveira, Reginaldo Araújo e Rubenio Marcelo. Os Chás e Rodas Acadêmicas de 2024 são uma parceria entre a casa literária e a Secretaria de Estado de Turismo, Esporte e Cultura (Setesc).

Também estão programadas uma exposição de artes visuais da Confraria Sociartista e a apresentação do projeto Movimento Concerto, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com sua vertente Música Erudita e Suas Fronteiras. E, após a palestra, na confraternização, Eduardo Martinelli (violão) realiza um breve recital, ao lado de Brenner Rozales (violino) e Jorge Cáceres (contrabaixo acústico).

ULYSSES

Filho de Arnaldo Olavo de Almeida Serra e Júlia Barbato de Almeida Serra, o escritor Ulysses Serra nasceu em Corumbá, em 1º de setembro de 1906, e passou grande parte de sua vida em Campo Grande. Formou-se como perito contador em São Paulo e iniciou a Faculdade de Direito no Rio de Janeiro.

Retornando a Campo Grande no período do governo de Getúlio Vargas, foi membro do Conselho Administrativo de Mato Grosso e deputado estadual classista. Ulysses depois se tornou tabelião e escrivão do 5º Ofício (da Comarca de Campo Grande) e presidiu o Partido Social Democrático (PSD). Foi eleito vereador. Pertenceu, ainda, ao Rotary Clube de Campo Grande, à Academia Mato-Grossense de Letras e à Associação Comercial de Campo Grande.

Lançou, em 13 de outubro de 1971, o seu antológico livro “Camalotes e Guavirais”, que é obra referencial da literatura sul-mato-grossense. Fundou, em 30 de outubro de 1971, na chácara de sua propriedade, de nome Gisele, a Academia de Letras e História de Campo Grande. Posteriormente, com a criação do novo estado de MS, em 1978, Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.

A fundação da Academia teve participação também de José Couto Vieira Pontes e Germano Barros de Sousa. Ulysses Serra faleceu no Rio de Janeiro, no dia 30 de julho de 1972, fato que o impediu de participar da instalação oficial da Academia, que ocorreu no dia 13 de outubro de 1972, em grande festa cultural em Campo Grande.

OS ACADÊMICOS

Participantes desta Roda, os imortais Raquel Naveira, Reginaldo Araújo e Rubenio Marcelo estudaram e pesquisaram por semanas a vida e a obra de Ulysses Serra para a apresentação de sua trajetória de vida e sua importância na ASL.

Raquel Naveira, cadeira número 8 da ASL, é natural de Campo Grande, formada em Direito e em Letras pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB), onde lecionou. É doutora em Língua e Literatura Francesas pela Universidade de Nancy (França) e mestre em Comunicação e Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP).

Lecionou por anos no Ensino Superior na área de Letras. Escritora e poeta, tem mais de 20 livros publicados, com vasta obra e participação em inúmeras coletâneas. Autora extremamente premiada, já teve indicações ao Prêmio Jabuti. Participa constantemente de inúmeros projetos literários pelo País.

Reginaldo Araújo, cadeira número 21 da ASL, é natural de Salgueiro (PE) e reside em MS desde o fim da década de 1970. Bacharel em Teologia, licenciou-se em Educação Escolar. Formado também em Pedagogia, pela UCDB, exerceu o ofício de professor durante vários anos, em diversas escolas

Foi responsável, no período de 1990 a 1995, pelos cursos oferecidos pela Patrulha Mirim de Campo Grande. Fundou, em 1989, a Associação de Novos Escritores de MS (ANE) e, posteriormente, criou o jornal cultural Arauto. Autor de inúmeros livros, é ex-presidente da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras.
 

Rubenio Marcelo, cadeira número 35 da ASL, é natural de Aracati (CE) e reside em MS desde meados da década de 1980. É poeta, escritor, ensaísta e compositor, membro e atual secretário-geral da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Foi conselheiro estadual de Cultura (MS).

Autor de 14 livros publicados e 3 CDs, destacam-se nas suas obras mais recentes os livros “Vias do Infinito Ser” (poemas), indicado pela UFMS como leitura obrigatória para o vestibular e o triênio 2021-2023 do Passe, e “Caminhos”, antologia de poemas lançada recentemente.

AGNES RODRIGUES

Expondo na ASL pela Confraria Sociartista, Agnes Rodrigues completa 80 anos neste mês. Artista naïf nascida em Campo Grande, continua a se expressar por meio da pintura com a mesma paixão e entusiasmo.
Realizou inúmeras exposições individuais e coletivas desde a década de 1990 até a atualidade e suas obras continuam a encantar a todos com sua liberdade de expressão. Mesmo com conhecimento acadêmico, ela produz arte naïf “em um processo pictórico da realidade individual, com uma visão livre de influência acadêmica”.

Por meio da intuição e da emoção, Agnes constrói formas, espaços e cores que expressam suas vivências e seu imaginário. As imagens surgem de intenções, inquietações, dores e desafios, principalmente de lembranças vividas da construção e da transformação da Capital.

GABRIEL DOS SANTOS

Realizado em parceria pelas ASL e a UFMS, o projeto Movimento Concerto, com sua vertente Música Erudita e Suas Fronteiras, terá a participação de Gabriel dos Santos. Músico, professor de Música e acadêmico no curso de Música da UFMS, durante vários anos, atuou como músico acompanhante nas noites de Campo Grande.

Dedica-se integralmente na atualidade ao ensino de violão e música instrumental. Gabriel interpretará os seguintes temas: “Minueto em Lá Maior”, de Fernando Sor (1778-1839), “Estudo in Em” (Gabriel dos Santos) e “Como Eu Quero” (Leoni/Paula Toller).

MARTINELLI

Além de seu trio e outras formações de grupos instrumentais, Eduardo Martinelli atualmente é maestro da Orquestra Sinfônica de Campo Grande, com a qual tem se apresentado ao lado de solistas brasileiros e de países como EUA, Itália, Coreia do Sul, Argentina, Suíça, Canadá, Trinidad y Tobago, Paraguai, Portugal, Bolívia e Uruguai.

Em seu repertório, constam obras sinfônicas tradicionais e importantes estreias de destacados compositores. Já se apresentou como solista, camerista e maestro convidado em diversos países da América e da Europa. Para a apresentação de hoje, Martinelli anuncia uma proposta de música ambiente, com temas de jazz (“All of Me”, “Fly Me to the Moon”, etc.), MPB e música clássica.

Correio B+

Cinema B+: A Legado de Val Kilmer no Cinema

Ator faleceu aos 65 anos, deixando atuações icônicas como lembrança para os fãs

05/04/2025 13h00

Cinema B+: A Legado de Val Kilmer no Cinema

Cinema B+: A Legado de Val Kilmer no Cinema Foto: Divulgação

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Todos os jornais e blogs que cobrem cinema passaram os últimos dias lamentando e lembrando o ator Val Kilmer, um dos poucos atores podem ter uma coleção de trabalhos icônicos na história do cinema com personagens como Batman, Jim Morrison, Doc Holliday e, “Iceman”, entre outros.

A lista de sucessos (e fracassos) é longa, mas Kilmer navegava entre comédias, aventura e dramas com um carisma ímpar que o coloca no patamar das lendas, mesmo que gerações recentes mal lembrem seu nome.

Devo dizer logo de cara que meus filmes favoritos com Kilmer não são seus maiores: Fogo Contra Fogo, de Michael Mann, que todos amam, mas também o menor A Sombra e a Escuridão, que Kilmer co-estrelou com Michael Douglas. Um filme que é difícil de achar.

O ator fez um documentário em 2021, Val, onde abriu o jogo de como perdeu suas cordas vocais em 2015, quando descobriu que tinha câncer na garganta. A essa altura já trabalhava pouco, estava longe dos dias em que era um dos homens mais bonitos do cinema, estava irreconhecível. O documentário é emocionante para os fãs, mas, mais ainda foi a linda homenagem que Tom Cruise fez ao amigo com o filme Top Gun – Maverick.

No que foi a despedida oficial de Kilmer do cinema, Cruise fez questão de trazer o antagonista de Maverick, Iceman, como seu amigo e confidente. Mais ainda, com o uso de tecnologia de IA, recuperou a voz que Kilmer já não tinha e deu a ele falas emocionantes para ser lembrado com dignidade. Não houve um olho seco no cinema nessa sequência.

Do teatro à imortalidade nas telas, uma trajetória marcada pelo talento e pela resiliência

Val Edward Kilmer nasceu em 31 de dezembro de 1959, em Los Angeles, Califórnia, e foi um dos atores mais versáteis e intensos de sua geração. Dono de uma presença cativante e um talento inquestionável, Kilmer se destacou ao longo de quatro décadas em papéis icônicos que marcaram a história do cinema. Sua jornada começou nos palcos, mas foi na tela grande que ele consolidou sua carreira, tornando-se um dos rostos mais conhecidos e respeitados de Hollywood.

Formado pela prestigiada Juilliard School, onde foi o mais jovem a ser aceito no programa de teatro na época, Val Kilmer demonstrou desde cedo um compromisso inabalável com sua arte. Seu talento não tardou a chamar a atenção da indústria cinematográfica, levando-o rapidamente a se tornar um dos atores mais requisitados de sua geração.

Kilmer ganhou notoriedade nos anos 1980 ao estrelar a comédia Top Secret! (1984) e o cultuado Real Genius (1985), mas foi em 1986 que alcançou fama mundial ao interpretar o piloto Tom “Iceman” Kazansky no clássico Top Gun, ao lado de Tom Cruise. O sucesso do filme impulsionou sua carreira, abrindo portas para papéis ainda mais desafiadores na década seguinte.

Em 1991, viveu um de seus personagens mais memoráveis ao interpretar Jim Morrison na cinebiografia The Doors, dirigida por Oliver Stone. Para o papel, Kilmer mergulhou profundamente na persona do lendário vocalista do The Doors, chegando a gravar as canções do filme com uma impressionante fidelidade à voz original de Morrison. Sua dedicação ao papel foi elogiada pela crítica e pelos próprios membros da banda, consolidando sua reputação como um ator de método e ganhando uma indicação ao Oscar.

Ao longo dos anos 1990, Kilmer continuou a diversificar seus papéis, protagonizando o épico faroeste Tombstone (1993) como Doc Holliday, uma atuação que muitos consideram uma de suas melhores. Em 1995, assumiu o icônico papel de Bruce Wayne em Batman Eternamente, substituindo Michael Keaton.

Embora o filme tenha dividido a opinião do público e da crítica, Kilmer foi elogiado por sua interpretação do Cavaleiro das Trevas. No mesmo ano, atuou ao lado de Al Pacino e Robert De Niro no aclamado Fogo Contra Fogo (Heat). A década também o viu brilhar em O Santo (1997), onde interpretou um mestre do disfarce, demonstrando novamente sua versatilidade e carisma.

Apesar de sua notoriedade, Kilmer também enfrentou desafios dentro da indústria cinematográfica, sendo frequentemente descrito como um ator exigente e perfeccionista. Sua dedicação absoluta aos personagens às vezes resultava em atritos nos bastidores, mas seu comprometimento era inegável.

Nos anos 2000, sua carreira passou por altos e baixos, com papéis de menor destaque em filmes independentes e produções experimentais. Entretanto, ele nunca deixou de atuar e buscar novas formas de se expressar artisticamente.

Em 2014, sua vida tomou um rumo inesperado quando foi diagnosticado com câncer de garganta. O tratamento agressivo, que incluiu quimioterapia e cirurgias, afetou severamente sua voz e sua capacidade de respirar. Apesar das dificuldades, Kilmer permaneceu resiliente e encontrou novas formas de se comunicar e atuar.

Como mencionei, sua batalha contra a doença foi relatada no emocionante filme Val (2021), um documentário autobiográfico que trouxe à tona sua jornada de altos e baixos, sua paixão pela arte e sua luta pela vida. 

O documentário foi aclamado pelo público e pela crítica, proporcionando um olhar íntimo sobre a mente de um artista que nunca se rendeu às adversidades. A despedida oficial, também como citei, veio no ano seguinte com a participação em Top Gun – Maverick.

Val Kilmer faleceu em 1º de abril de 2025, aos 65 anos, em Los Angeles, devido a complicações de uma pneumonia. Sua filha, Mercedes Kilmer, confirmou que ele partiu pacificamente, cercado por seus entes queridos. Além de Mercedes, deixa seu filho Jack Kilmer, fruto de seu casamento com a atriz Joanne Whaley.

O legado de Val Kilmer permanece vivo através de suas performances inesquecíveis e de sua coragem em enfrentar desafios pessoais e profissionais com determinação. Seja como um lendário roqueiro, um pistoleiro do Velho Oeste, um super-herói ou um piloto de caça, Kilmer se reinventou constantemente, deixando uma marca indelével na história do cinema. Seu talento, paixão e comprometimento com a arte continuarão a inspirar gerações de atores e cinéfilos ao redor do mundo.

Para matar as saudades, terá que passear em algumas plataformas: Top Gun está na Paramount+; The Doors, pelo qual foi indicado ao Oscar, na MGM+/Prime Video; Fogo contra Fogo e Tombstone, na Disney+ e Batman Eternamente, na MAX. E antes de mais nada, na Prime Video, confira o documentário Val. Uma grande homenagem a um grande ator.

Semana Santa

Aprenda a fazer bacalhau confitado com legumes para a Sexta-Feira Santa

Saiba como confitar o peixe mais tradicional da Semana Santa, uma técnica para os acompanhamentos ganharem maior intensidade de sabor e que deixa o nobre pescado ainda mais perfumado e tenro

05/04/2025 10h30

Brócolis, batata, alho negro, tomate: com diversos acompanhamentos, o bacalhau confitado é uma apoteose do sabor

Brócolis, batata, alho negro, tomate: com diversos acompanhamentos, o bacalhau confitado é uma apoteose do sabor Divulgação

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A Páscoa é daqui a duas semanas, e o bacalhau, com perdão da redundância, é um item sagrado na Sexta-Feira Santa. Reunir familiares e amigos ao redor da mesa para degustar o nobre pescado, que está com a cotação a partir de R$ 80 por quilo em Campo Grande, é uma tradição neste período. O chef de cozinha Eduardo Duó sugere uma receita para a data: o bacalhau confitado. A técnica garante um sabor profundo, ideal para as festividades.

Duó afirma que a receita eleva o sabor do bacalhau a um novo patamar, utilizando ingredientes simples, mas cheios de sabor. Segundo o chef, que também é professor universitário, o segredo está na técnica do confitado.

“O que é confitado? Trata-se de cozinhar o alimento em gordura, nesse caso, no azeite de oliva. O azeite pode ser reutilizado, ficando aromatizado, perfeito para outras preparações, como maionese ou para temperar saladas”, explica o especialista.

Além do azeite, o bacalhau é confitado com alho, louro, tomilho e alecrim, que são colocados em um sachê de especiarias, o famoso sachet d’épices, uma trouxa que mantém as ervas presas, evitando que as folhas se soltem durante o preparo.

“O fogo deve ser bem baixo. O ideal é que a temperatura do azeite fique em torno de 60°C, sem ferver. Quando começarem a aparecer bolhas ao redor do bacalhau, é hora de desligar o fogo e deixar o bacalhau terminar de cozinhar no azeite por mais 10 minutos”, ensina.

Para acompanhar a proteína, o chef acrescenta que outros ingredientes são preparados de forma similar, como o tomate-cereja e as batatinhas. O professor explica que os tomates são confitados por cerca de cinco minutos no azeite com manjericão, enquanto as batatas bolinhas, após cozidas, são douradas no forno com o azeite do bacalhau e alecrim. “Cada ingrediente vai absorvendo o sabor do azeite, criando uma combinação perfeita de aromas e texturas”, comenta o chef.

Com esse prato, o craque do avental garante que o almoço da Sexta-Feira Santa se torna um evento repleto de sabor. Duó diz que quem experimenta o bacalhau confitado dificilmente vai querer prepará-lo de outra forma. “É um prato simples, mas com uma profundidade de sabor que faz toda a diferença na sua celebração”, afirma.

ALHO NEGRO

Uma variação bem bacana é o preparo com alho negro. Ao contrário do que muitos pensam à primeira vista, o alho negro não se trata de uma espécie exótica de alho. Ele é produzido a partir de um processo de fermentação, no qual o alho é submetido a condições de temperatura (de 65°C a 80ºC) e umidade controladas.

Seu sabor é adocicado e frutado, remetendo ao melaço e ao tamarindo, com um toque de defumado e a presença de umami (o quinto sabor), sem aquela característica de pungência e ardência do alho comum. Tudo muito sutil e delicado.

POSTA E LOMBO

A posta de bacalhau é o corte transversal, ou seja, pega uma parte do bacalhau que inclui a espinha e a pele. Normalmente, é mais acessível e fica ótimo em receitas com cozimento mais longo, pois o peixe segura bem o formato e os sabores. Sabe aquele bacalhau de domingo, cozido na panela ou assado ao forno? Ali a posta vai muito bem.

Já o lombo é a parte nobre do bacalhau, retirado do centro do peixe. É um corte mais carnudo, sem espinhas e geralmente bem macio. Ele é um pouco mais caro, mas vale a pena para quem busca uma apresentação mais bonita e uma textura suave, principalmente em pratos em que o bacalhau é a estrela.

Como sugestão, prefira a posta nos seguintes preparos: (1) ensopados e caldeiradas: pratos com caldo são perfeitos para a posta, pois ela solta sabor, mas não desmancha, deixando o prato bem encorpado; (2) bacalhoada ao forno: aqui, a posta, com pele e espinha, ajuda a dar sabor e vai muito bem quando assada com batatas e pimentões; (3) pratos com bastante molho: se a ideia é fazer um bacalhau que absorva bem o sabor do molho, como um bacalhau à portuguesa ou com molho de tomate, a posta é ideal para esse tipo de preparo.

Já para a utilização do lombo, anote as seguintes sugestões: (1) grelhados ou assados rápidos: o lombo tem uma textura incrível e, por ser mais carnudo e livre de espinhas, fica ótimo em preparos rápidos, preservando a suculência; (2) receitas mais elaboradas ou individuais: o lombo é perfeito para isso, além de ser mais fácil de manusear e montar; (3) pratos cremosos, como o bacalhau com natas: para receitas em que o bacalhau desfia suavemente, o lombo é a melhor opção, pois traz a textura que esses pratos pedem.

DESSALGANDO

Agora, acompanhe o passo a passo para dessalgar o bacalhau. Três dias antes do preparo da receita final, leve as postas de bacalhau em água corrente para retirar a camada grossa de sal. Em seguida, coloque as postas de bacalhau em um recipiente fundo, cubra com água fria e algumas pedras de gelo e leve à geladeira.
Durante esse período, troque a água duas vezes por dia, mantendo sempre na geladeira. Após 72 horas, experimente uma lasca da posta mais grossa para ver se está dessalgada. Reservar.

Bacalhau confitado com legumes e alho negro

Ingredientes

  • 800 g de bacalhau em postas;
  • 50 g de alho negro;
  • ½ maço de brócolis comum;
  • 200 g de pimenta-cambuci;
  • 4 cebolas médias;
  • 2 caixas de tomate-cereja (aproximadamente 360 g);
  • 1 bulbo de alho roxo;
  • 900 ml de óleo de girassol;
  • 200 ml de azeite;
  • 2 folhas de louro;
  • 3 ramos de alecrim;
  • 2 ramos de tomilho;
  • Salsinha a gosto;
  • Azeite de alho negro a gosto.

Modo de Preparo

Bacalhau

Em uma panela média, acrescente o óleo de girassol, o azeite, um ramo de tomilho, um ramo de alecrim, as folhas de louro, a cabeça de alho roxo cortada ao meio e coloque para aquecer.

Disponha as posta de bacalhau, de preferência sem espinhos, os tomates-cereja (podem ser vermelhos e amarelos) e a metade da cabeça de alho roxo. Coloque os alhos negros na metade do cozimento.

Observação: o óleo não pode aquecer muito e deve manter uma temperatura de até 70°C. Para isso, mantenha o fogo bem baixo. Controle a temperatura com a ponta do dedo mergulhada no óleo por, pelo menos, 5 segundos. Você verá pequenas bolhinhas durante o processo. Deixe cozinhar de 10 a 15 minutos.

Após isso, retire o bacalhau com cuidado para não desmanchar e coloque sobre um papel toalha. Retire também os tomates e o alho roxo (reserve), as ervas e, por último, o alho negro. Guarde o óleo aromatizado para futuras preparações.

Legumes

Corte as cebolas em pétalas (8 partes), escalde o brócolis em água quente por 1 minuto, corte a pimenta-cambuci ao meio e as pimentas-dedo-de-moça em rodelas.

Em uma assadeira, regue azeite generosamente e disponha os legumes. Adicione um ramo de tomilho, sal a gosto, os dentes de alho roxo da outra metade da cabeça, regue com azeite e leve ao forno até dourarem.

Cozinhe as batatas em água fervente por 5 minutos e espalhe-as em outra assadeira untada. Em seguida, adicione sal a gosto, desmanche um ramo de alecrim por cima e regue com azeite de alho negro. Coloque no forno até ficarem bem douradas.

Montagem

Opcional: antes de servir, coloque azeite em uma frigideira e grelhe as postas de bacalhau dos dois lados até dourarem. Doure também a metade da cabeça de alho roxo. Em um prato grande, ou travessa, coloque o brócolis e, por cima, as postas de bacalhau.

Em volta, disponha as batatas, o tomate-cereja, os legumes, espalhe os dentes de alho negro e finalize generosamente com o azeite de alho negro.

Sugestão: substitua o brócolis ou adicione ao prato folhas de taioba puxadas no azeite e alho.

Bacalhau confitado do chef Duó

Ingredientes

  • 1 litro de azeite;
  • 1 kg de bacalhau dessalgado em postas;
  • 50 g de alcaparras;
  • 1 maço de alecrim fresco;
  • 1 maço de manjericão;
  • 1 maço de tomilho;
  • 1 maço de cheiro-verde;
  • 4 folhas de louro;
  • 1 cabeça de alho;
  • 1 kg de batata bolinha;
  • 500 g de tomate-cereja;
  • 250 g de azeitona chilena;
  • Sal e pimenta-do-reino branca a gosto.

Modo de Preparo

Enxugue bem as postas do bacalhau. Coloque-as em uma panela com dois dentes de alho amassados (com casca), o alecrim, o tomilho e o louro. Cubra com azeite de oliva e leve ao fogo bem baixo (a 60°C, sem deixar ferver. Quando começar a formar bolhas em volta do bacalhau, desligue o fogo e deixe o bacalhau confitar por mais 10 minutos. Reserve o bacalhau nesse azeite.

Coloque os alhos inteiros em uma panela pequena com tomilho e cubra com parte do azeite do bacalhau. Leve ao fogo bem baixo por cerca de 20 minutos, sem ferver. 

Coloque os tomates em uma panela pequena com manjericão e cubra com parte do azeite do bacalhau. Deixe no fogo baixo por cerca de 5 minutos. 

Cozinhe as batatas em água com sal até ficarem al dente (aproximadamente 30 minutos). Depois, coloque as batatas em uma assadeira com azeite do bacalhau e alecrim e leve ao forno a 180°C de 20 a 30 minutos para dourar.

Em uma travessa, coloque as postas de bacalhau ao centro. Ao redor, disponha as batatas bolinhas com salsinha, os tomatinhos com manjericão, o alho confitado e as azeitonas chilenas.

Finalize com alcaparras e cebolinha picada.

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