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NOVELA

A simples nostalgia de Sérgio Guizé

Intérprete do ingênuo Candinho, o ator comemora reprise e exalta mensagem de esperança de "Êta Mundo Bom"

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Sérgio Guizé vem praticando o isolamento desde muito antes da pandemia de coronavírus. É no sítio comprado, em 2018, na pequena Angatuba, interior de São Paulo, que o ator se refugia entre um trabalho e outro. E é de lá que ele e sua esposa, a também atriz Bianca Bin, acompanham a reprise de “Êta Mundo Bom!”, novela exibida originalmente, em 2016, e atual reprise do “Vale a Pena Ver de Novo”. Na trama de Walcyr Carrasco, Guizé é o protagonista Candinho, sujeito que encara as adversidades com esperança e sonha em encontrar sua verdadeira mãe. “É a novela certa para o momento em que estamos vivendo e Candinho é um personagem muito importante para minha trajetória. Bianca também atuou na novela e estamos felizes em poder assistir juntos”, valoriza. Sem a responsabilidade de decorar textos e lidar com o volume de cenas de um papel principal, Guizé tem visto o antigo trabalho sem grandes doses de autocrítica. “Confesso que estava ansioso para rever essa história. Quando estamos gravando, o olhar é outro. Ficava mais atento ao meu desempenho e em como podia melhorar em cena. Terminava um capítulo já pensando em outro”, assume.  

O papel de Candinho foi parar nas mãos de Guizé por conta da influência do saudoso diretor Jorge Fernando, com quem trabalho dois anos antes na espiritualizada “Alto-Astral”. Aproveitando que estava reservado para a trama das seis, o ator fez questão de antecipar o processo de preparação, que começou pela óbvia leitura de “Cândido ou O Otimismo”, de Voltaire, e assistiu ao longa “Candinho”, protagonizado por Mazzaropi, obras que inspiraram Carrasco a criar a sinopse da novela, ambientada nos anos 1940. A partir dessa base, Guizé foi buscando o estofo do personagem em outras referências. “Revi vários longas do Charles Chaplin e pesquisei o cinema mudo como um todo. Além disso, também busquei coisas na minha memória afetiva. De certa forma, Candinho é uma homenagem a minha avó materna, Maria. Foi de onde tirei o sotaque, por exemplo”, assume. O trabalho foi concluído em estúdio, com as marcações e sugestões de Jorge Fernando, diretor que morreu em outubro do ano passado e de quem Guizé guarda diversos bons momentos. “Jorginho gostava de ator estudioso. Ele chegava com o texto pronto na cabeça e, se o elenco estivesse na mesma sintonia, coisas incríveis aconteciam no estúdio. Foi um trabalho feito entre o choro e o riso. Ele sabia como ninguém o que iria emocionar e divertir o público. Aprendi muito”, elogia.

Com o jeito introspectivo que lhe é peculiar, ele abre um sorriso ao lembrar do seu primeiro dia de gravações na cidade cenográfica de “Êta Mundo Bom!”. A cena em questão era o primeiro contato de Guizé com Juca, o burro que interpretou Policarpo, o melhor amigo e ouvinte do protagonista. Com liberdade para improvisar durante a sequência, o ator achou que seria uma boa ideia montar no animal. O resultado, entretanto, foi inusitado. “Queria estabelecer algum tipo de conexão com o Juca e achei que seria uma boa ideia subir nele. Depois de muito sacrifício, consegui me equilibrar, mas ele começou a rodar, e rodava cada vez mais rápido. Fiquei desesperado, olhava para a equipe com olhos arregalados, pedindo socorro, não conseguia falar e nem eles conseguiam parar de gargalhar. O Juca me olhava com um ar de decepção. No fim, a cena acabou na abertura da novela”, detalha, entre risos.

Natural de Santo André, cidade do ABC Paulista, Guizé buscou na música e na atuação uma forma de se livrar da timidez. Aos 40 anos, ele ainda mantém uma postura mais introspectiva e reservada. A estreia na televisão foi com uma pequena participação em “Da Cor do Pecado”, de 2004. Ao longo dos anos, participou de séries em canais fechados como Fox e HBO, até que, em 2011, se destacou ao viver o conturbado Breno de “Sessão de Terapia”, do GNT. Por conta desse desempenho, teve sua primeira grande chance na tevê ao ser chamado para viver o alado João Gibão no “remake” de “Saramandaia”, de 2013. A partir daí, começou uma carreira de personagens principais nos folhetins da Globo, em tramas como “Alto-Astral”, “O Outro Lado do Paraíso” e “A Dona do Pedaço”. “Demorei a me adaptar ao universo televisivo. Mas hoje posso dizer que sou muito feliz fazendo novelas e entrando na casa das pessoas”, destaca.

 

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h00

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico.

Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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