O artista paulista Fernando Berg, conhecido por representar em sua obra animais brasileiros com o intuito de conscientizar a população sobre a preservação do meio ambiente inovou mais uma vez.
Em setembro de 2024, a convite do Instituto de Conservação de Animais Silvestres (ICAS), Berg realizou uma intervenção no viaduto Pedro Chaves dos Santos, localizado no cruzamento da rua Ceará com a avenida Ricardo Brandão.
Ao todo, foram quatro dias de trabalho, com finalização no dia 18 de setembro do ano passado, às 17h. O graffiti representava animais da fauna sul-mato-grossense: o tatu-canastra e o tamanduá-bandeira, que, no dia seguinte, amanheceram vandalizados.
Na época do ocorrido, o ICAS lamentou o episódio e ressaltou que seguiria firme na luta pela conservação da biodiversidade, aliando esforços à sensibilização da sociedade por meio da ciência, educação e arte.

Obra inclusiva
Cerca de oito meses depois, o tatu-canastra, espécie nativa da América do Sul que, no Brasil, pode ser encontrado no Pantanal, Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia, ganhou destaque pela inclusão.
Por meio do Instagram, Berg explicou que esse projeto possibilita a aproximação de pessoas com deficiência à arte urbana.
Com o uso de impressoras 3D, foram criados volumes, texturas e até escritas explicativas em braile, tornando o graffiti uma experiência tátil para pessoas com deficiência visual.
O maior tatu do mundo, que, somente em Mato Grosso do Sul, teve dois exemplares localizados no Pantanal e no Cerrado, ganhou destaque no Beco do Batman, em São Paulo (SP).
“Como ele possui escamas, unhas grandes e focinho pontudo, foi muito interessante conectar essas camadas à sensibilidade de pessoas com deficiência visual”, escreveu Berg.
O tatu-canastra, ou, como é costumeiramente conhecido, engenheiro da floresta, constrói tocas que servem de abrigo para uma variedade de animais.
“Na arte, também apresento flores e plantas, trazendo a flora como composição ao seu lado e ao centro da cabeça, como se a reverenciassem. O sol e a lua, atrás e acima da cabeça, são guias de luz e calor durante o dia e a noite, criando uma percepção tanto visual quanto sensorial. Esse processo de cooperação indireta entre as espécies se assemelha à proposta do projeto, agregando e criando proximidades entre todas as pessoas de forma inclusiva e democrática.”
Após ter o mural destruído por uma pichação em Campo Grande (MS), o artista preferiu não comentar o ocorrido. O que deveria ter sido uma obra para celebrar a diversidade da fauna com a contribuição artística terminou em uma disputa por território.