Correio B

MÚSICA CLÁSSICA

Cantora lírica campo-grandense se destaca no cenário brasileiro e internacional

Elouise Miranda, a qual ganhou o terceiro lugar no Concurso Maria Callas (SP), prepara-se para mais uma importante competição internacional; conheça um pouco da vida e da arte dessa importante cantora lírica campo-grandense de apenas 25 anos

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“Acho melhor não divulgar ainda”, responde Elouise Miranda quando perguntada sobre a próxima competição de canto da qual pretende participar. Destaque da música clássica de Mato Grosso do Sul desde o ano passado, a cantora lírica nascida em Campo Grande chamou atenção de quem entende do assunto por volta dos 17 anos, passando a ocupar uma posição de destaque no cenário nacional faz quase três meses.

Foi na noite de 21 de março, no Teatro Sérgio Cardoso, na capital paulista, que ela conquistou o terceiro lugar na 22ª edição do Concurso Brasileiro de Canto Maria Callas, talvez o mais importante do País dedicado ao canto lírico.

As sopranos Flavia Stricker (PR) e Isabella Luchi (ES) ficaram, respectivamente, com a primeira e a segunda posição na competição, que é organizada pela Cia Ópera São Paulo, sob a direção de Paulo Abrão Esper.

Uma das árias preferidas da notável artista de 25 anos, “Caro Nome” – da ópera “Rigoletto” (1851), de Giuseppe Verdi (1813-1901) – serviu de passaporte para o reconhecimento de seu talento no circuito paulista de música de concerto, que ajuda (e muito) a posicionar com distinção o nome de quem busca lugar no panteão do gênero.

 

Além da peça entoada por Gilda no primeiro ato da ópera de Verdi, Elouise cantou, na final do concurso, “Je Veux Vivre” (1867), da versão de Charles Gounod (1818-1893) para “Romeu e Julieta”.

Enquanto se prepara para mais uma prova, Elouise segue com a vida que escolheu para si desde os sete anos, quando ficou “viciada” em um CD do pai com as composições de Mozart (1756-1791). Já nesse tempo, bem antes de ingressar na Fundação Barbosa Rodrigues (FBR), em que começou como estudante de violino, a menina se divertia à beça imitando as cantoras de ópera.

“Sopranos são sempre lembradas principalmente pela capacidade de alcançar notas agudas, mas, mesmo dentro dessa classificação, existem as subclassificações, na qual cada uma tem suas características. Eu sou uma soprano lírico coloratura, minha voz é considerada encorpada, arredondada e com um certo lirismo, ao mesmo tempo que consegue fazer passagens que exigem agilidade com clareza”, descreve Elouise.

“Quando eu tinha 13 anos, minha mãe ficou sabendo que a FBR abriria uma vaga e logo me inscreveu. Porque sabia que eu tinha muita vontade de tocar um instrumento, mas na época não tinha condições de pagar. Então, esse projeto social foi um início muito importante. Comecei a fazer aulas de violino com o maestro Eduardo Martinelli e amava tocar, fiquei anos estudando muito, mas o canto lírico não tinha deixado de sair da minha cabeça”, conta a cantora.

“Em uma das apresentações em que a Orquestra Jovem da FBR tocou, a filha do maestro [Martinelli], minha amiga [e cantora lírica] Bianca Danzi cantou, e até então eu não tinha escutado alguém cantar lírico pessoalmente, só por gravações. Isso me deixou enlouquecida para estudar. Minha mãe me incentivou a falar com o maestro e ele me disse para preparar algumas músicas com a Bianca. Então fiz isso, me dediquei e até fizemos apresentações, mas na época eu ainda não fazia aulas”, ressalta Elouise.

A sua rotina atualmente se divide entre a agenda de maestrina de coral e professora de canto e violino – na Escola de Música Tom Maior e na Sociedade Assistencial Meimei – e as horas que dedica aos estudos e aos ensaios com a própria voz.

“Faço aulas de canto duas vezes por semana, nos dois dias em que tenho minha manhã livre, e estudo sozinha nos outros dias, nos horários livres entre um aluno e outro”, diz a artista, que cresceu em um ambiente musical, ao som da voz e do violão do pai e da mãe.

PARA VALER

“Depois de um bom tempo, já com 17 anos, a Bianca me disse que estava fazendo aula com a professora Cristina Passos [mestre em Música pela Universidade Federal de Goiás e bacharel em Canto pela Universidade Federal do Rio de Janeiro] e me indicou. Fiquei muito animada. Depois que dei início, só tive a confirmação de que era o que eu queria estudar com seriedade. Minha voz vem se desenvolvendo, e durante esses anos fiz concertos em Campo Grande e participei de recitais”, prossegue.

“Me formei em Música pela UFMS [Universidade Federal de Mato Grosso do Sul], fui ganhando experiência e ocupando todos os espaços possíveis que pudessem favorecer minha formação”, afirma a jovem cantora.

“Agora, com 25 anos, sei que o processo de amadurecimento técnico, artístico e também psicológico sempre está em desenvolvimento. Mas me sinto mais preparada a avançar para outros espaços que me desafiem e me estimulem para um próximo nível”, mira a soprano.

MESTRES

Quem primeiro lhe avistou o rouxinol na garganta segue a celebrar a sua voz.

“Eu não sabia [do seu potencial para o canto], tinha ela como uma ótima estudante de violino. Comecei a incluir no repertório da Orquestra Jovem da FBR algumas árias de ópera para que ela e a Bianca cantassem”, conta Martinelli.

“Fizemos uma adaptação do duo da ‘Flauta Mágica’, [do dueto] de Papageno e Papagena, e elas cantavam e faziam o maior sucesso, inclusive. Começaram a se entrosar, e vi que o negócio era sério. Pedi para a professora Cristina Passos um favor: ‘Que você conheça, ouça e oriente essas moças aqui’”, continua.

“Nisso, a Elouise começou, sob a orientação da Cristina, a desenvolver cada vez mais, mais e mais, a participar de tudo quanto é coisa, a fazer solos com orquestra profissional. Participou com a gente do [Festival] Encontro com a Música Clássica e culminou com o prêmio no Maria Callas”, cita Martinelli.

“Além de estar sempre atuando e cantando. Participou da última edição, por exemplo, do Festival Encontro com a Música Clássica, cantando com o barítono Santiago Villalba [RJ]”, afirma.

“Então, todos os méritos aí dela e da professora Cris por esse aperfeiçoamento incrível. A gente fica muito feliz por ela estar sempre conosco enquanto estiver morando aqui. Elouise é extremamente jovem para ter o amadurecimento que tem na sua voz. É um mérito incrível dela e da Cris”, diz o instrumentista e educador.

“Uma jovem cantora de Campo Grande que inicia sua carreira com um futuro promissor” – é assim que Cristina Passos define a sua pupila.

“A Elouise é uma pessoa muito estudiosa. Ela consegue preparar um repertório rapidamente e assimila muito bem todo o aprendizado. Isso aí é um ponto positivo, porque ela aplica o que aprende e se desenvolve com a sua musicalidade e a sua inteligência musical a partir dessa dedicação, dessa seriedade com que ela leva o trabalho”, define.

“Conheci a Elouise quando ela tinha entre 17 e 18 anos, apresentada pelo maestro Martinelli. Ela fez a primeira apresentação cantando árias antigas, e foi quando eu percebi que reunia um conjunto de qualidades, de requisitos para ser preparada como uma cantora lírica. Apresentou muita musicalidade, senso estilístico, e foi quando eu conversei com ela para propor um estudo sério, com uma finalidade de formá-la”, conta a professora.

“Dei uma bolsa para ela e logo depois vim para Goiás, onde resido desde 2020, na época da pandemia [de Covid-19]. Nós começamos a fazer aulas on-line. Nesse período, a Elouise se formou na UFMS e participou de uma competição on-line, e o Maria Callas foi o primeiro [concurso] presencial que integrou. Nosso intuito nessa sua participação foi aprimorar seus estudos, dar uma acelerada na expansão do repertório”, salienta Cristina.

REENCONTRO

Dois amigos da professora que atuam no Rio de Janeiro – e orientaram Elouise de forma on-line – também tiveram um papel fundamental na preparação da jovem cantora para o concurso paulista: Victor Emanuel Abdala, historiador especializado em ópera e integrante da equipe que prepara as montagens do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, e Daniel Salgado da Luz, filósofo, musicólogo e diretor de cena na mesma casa teatral.

“[Eles] me ajudaram muito, principalmente no desenvolvimento de uma conexão entre corpo, voz e personagem, um trabalho de lapidar a performance e de pesar nas nuances”, reconhece Elouise, 
que meses depois ainda celebra o reencontro presencial com a mestra Cristina Passos.

“Para esse concurso, conversamos sobre a possibilidade de nos encontrarmos em São Paulo, a fim de que ela me acompanhasse, e foi isso que fizemos. Ela foi junto e me deu apoio em todas as fases, foi um momento muito especial”, agradece a cantora.

VÍDEOS

Após ter conferido uma performance de Elouise gravada em vídeo, a comissão de seleção do Maria Callas decidiu incluir a artista sul-mato-grossense entre as semifinalistas do concurso.

“Viajei para São Paulo em 16 de março, dia do meu aniversário, e fiz a prova da fase semifinal em 19/3. Cantei duas árias que eles haviam pedido previamente para ser preparada, ‘O zittre nicht, mein lieber Sohn’ [de “A Flauta Mágica”, 1791] e ‘Quel Guardo il Cavaliere’ [da ópera-bufa “Don Pasquale”, de Gaetano Donizetti, que estreou em 1843]”, diz a soprano.

Nas redes sociais, a rasgação de elogios para seus vídeos é uma constante: “Bravíssima!”, “orgulho”, “perfeita”, “canta muito!”, “muitos parabéns!”, perfeita demais”, “canta tanto e tão bem que dá vontade de chorar”, “gigante”, “sem palavras”, “bravo!”, “maravilhosa”, “divina”.

Confira de perto no Instagram @_elouisemiranda ou procure por Elouise Americo Miranda no YouTube.

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DIÁLOGO

Tudo transcorria tranquilo no campo colegiado, até que o "dono da bola"... Leia na coluna de hoje

Confira a coluna Diálogo desta segunda-feira (07/04)

07/04/2025 00h02

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Arthur Schopenhauer - filósofo Alemão

"O dinheiro é uma felicidade humana abstrata;
por isso, aquele que já não é capaz de apreciar a verdadeira
felicidade humana, dedica-se completamente a ele”.

FELPUDA

Tudo transcorria tranquilo no campo colegiado, até que o “dono da bola” resolveu, como guri traquina que não aparentava ser, mexer na caixa de marimbondo com uma canetada, como se os colegas não estivessem atentos. Desta forma, time adversário ficou todo ouriçado e tratou de espalhar, tal qual papéi$ assinado$, o que considera malfeito, a fim de que sejam dadas várias ferroadas no autor da peripécia. Como bem escreveu o cardeal de Richelieu: “Os grandes braseiros brotam das pequenas faíscas”...

Empregos

Em fevereiro, Mato Grosso do Sul registrou saldo positivo de 8.333 empregos formais. O melhor resultado para o mês desde que a nova série histórica do Novo Caged foi iniciada (2020), conforme divulgado pelo Ministério do Trabalho e Emprego.

Mais

Os dados estão na Carta de Conjuntura do Trabalho e Emprego, elaborada pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação. O resultado positivo se deve a 41.338 admissões e 33.005 desligamentos registrados no mês.

Ana Claudia Arce Vaitti com seu filho Francisco Vaitti, que hoje comemora 11 anos
Alexandre Sá

Na real

O ex-presidente Jair Bolsonaro, presidente de honra do PL, estaria mais precavido para evitar os aproveitadores do seu nome em Mato Grosso do Sul e que, como aconteceu, venham a traí-lo no futuro. Assim, segundo os bastidores, terão seu apoio as candidaturas daqueles que, desde já, saírem na linha de frente empunhando a bandeira do conservadorismo e que estiverem comprometidos em travar luta contra a extrema esquerda. Dizem que Bolsonaro quer distância dos políticos dissimulados.

Corredor

A Câmara Municipal de Campo Grande aprovou projeto que autoriza o Executivo a criar um corredor comercial no Bairro Jardim Centro-Oeste. O objetivo é fomentar o desenvolvimento econômico da região e atrair novos investimentos. O espaço será estabelecido na Avenida dos Cafezais, entre a Avenida Delegado Alfredo Hardman e a Rua Campo Nobre.

Mais caras

As tarifas do transporte rodoviário intermunicipal de passageiros em Mato Grosso do Sul foram reajustadas em 4,56% neste mês. O porcentual corresponde à variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumulado nos últimos 12 meses e segue a política de atualização anual prevista na regulamentação do setor. A Agência Estadual de Regulação de Serviços Públicos de MS publicou portaria com os valores atualizados.

Aniversariantes

  • Francisco Vaitti,
  • Aldo Miranda,
  • Adelina de Souza Brandão Ota,
  • York da Silva Corrêa,
  • Monique de Paula Scaff Raffi,
  • Vilson Luiz Galvão,
  • Iracema Paixão de Souza,
  • Marcio de Oliveira Ribas,
  • Lucia Conceição de Oliveira Friozi,
  • Éder Marsiglia Ocampos Orué,
  • Mario Cesar Ferreira Santana,
  • Wanderley Matias Guimarães,
  • Tânia Maura Barbosa,
  • Guilherme Rahe Pereira,
  • Rosa Maria Martins de Oliveira,
  • Janaina Nunes Roque,
  • Josimar Machado dos Reis,
  • Antônio Carlos Navarrete Sanches,
  • Valdemir da Costa Lima,
  • Aguinaldo dos Santos,
  • Gisele Marques Carvalho,
  • Sérgio Roberto Barcelos,
  • Viviane Rodrigues Saad,
  • Dr. Carlos Roberto Delfim,
  • Germano Barros de Souza Filho,
  • Dra. Yassuco Ueda Purisco,
  • Hilda Nunes da Cunha,
  • Dr. Roberto Vinicius Bertoni,
  • Manoel Fernandes de Oliveira Neto,
  • Jackeline Santana,
  • Garcia Kemparsk de Andrade,
  • Waldir Tramontine,
  • Amadeu Furtado Alvim,
  • Adilson Edson Reich,
  • Silvestre Lopes,
  • Ana Maria Ferreira,
  • Vivian Luise Mendes da Silva,
  • Aylda Menezes Alves,
  • Luiz Gonzaga Prata Braga,
  • Dr. Paulo Sérgio dos Santos Calderon,
  • Luciana Lazarin,
  • Sérgio Adilson de Cicco,
  • Ciro José Guerreiro,
  • Tânia Maria Braga Netto,
  • Maria do Socorro Cavalcanti Freitas,
  • Elizabete do Carmo Cortez Pereira,
  • Maria Cristina Medeiros de Almeida,
  • Leila Rondon Pereira,
  • Tânia Maria Nahas Curado,
  • Irineu Navas,
  • Aureo Nogueira Lisboa,
  • Edilmar Soares Arruda,
  • Felipe Euripedes Amaral,
  • Florivaldo Bruno Ribeiro,
  • Valdo Batista de Souza Junior,
  • Izabel Morais,
  • Elizabete Fabris de Albuquerque,
  • Vilmê Maria Rodrigues Gomes,
  • Nelson Ruy Pitta,
  • Luciane Massaroto Gonçalves de Almeida,
  • Antônio Cancian Lopes,
  • Geraldo Macelaro Leite,
  • Iranilda Bordon Buchara,
  • Nelson Carlos Trindade,
  • Prudente Ramos da Silva,
  • Antônio Mandetta Filho,
  • Osnei Rosa da Costa,
  • Keila Renata Barreiro,
  • Regina Helena Barcelos Brandão,
  • Denise Cunha de Souza,
  • Ruben Campos Gehre,
  • Valdir Moritz,
  • Inaldo Geraldo Viedes,
  • Delarim Martins Gomes,
  • Aldecir Roque de Carvalho,
  • Edney Arantes de Campos,
  • Jucinez dos Santos Reis,
  • Rosilene Aparecida Mendes,
  • Vilmar Gomes de Carvalho,
  • Seiko Nakamura,
  • Hélio Costa Lima,
  • Patricia Robban,
  • Cláudia Ramos de Souza Magalhães,
  • Nelson Gracia Villa Verde,
  • Maria Dourado de Assis,
  • Edivaldo Cézar Germiniani,
  • Douglas Pavão Matos,
  • Lincoln Capurro Braga,
  • Sandra Cristina Brasileiro da Silva
  • Fontellas dos Santos,
  • Gustavo Medeiros Horn,
  • Roseli Veiber,
  • Bruno Russi Silva,
  • Dr. Vitor Hugo Santos,
  • Cristiane de Fátima Muller,
  • José Manuel Marques Candia,
  • Marcelo Kaun,
  • Claudeney Ferreira da Hora,
  • Vera Lúcia Marcondes,
  • Diva Dias dos Santos Rigato,
  • Fernando Zanélli Mitsunaga,
  • Lucia Gomes Barroso Pavani,
  • Aracelli Benatto,
  • Edvaldo Cezar Germiniani,
  • Andréia Martins da Conceição Terron,
  • Maria Helena Miranda Stevanato,
  • Cleusa Spinola,
  • Gustavo Feitosa Beltrão,
  • João Guilherme Miranda Carpes

* Colaborou Tatyane Gameiro

Correio B+

Capa B+: Entrevista exclusiva com o ator e diretor Guilherme Weber

"É sempre uma alegria encontrar um personagem com subjetividade, como somos todos nós. O Marco não é um "personagem de função" como acontece normalmente com personagens que entram em uma novela há um certo tempo no ar".

06/04/2025 20h00

Capa B+: Entrevista exclusiva com o ator e diretor Guilherme Weber

Capa B+: Entrevista exclusiva com o ator e diretor Guilherme Weber Foto: Sergio Baia

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Ator e diretor, Guilherme Weber está prestes a completar 35 anos de carreira, tudo isso com muito trabalho e dedicação. No elenco da novela “Volta por Cima”, da TV Globo onde vive o bicheiro Marco, o artista prepara para o segundo semestre deste ano a estreia de seu quarto monólogo no Teatro Sesi, no Rio: “O Corpo Mais Bonito já Visto Nesta Cidade”, que é um texto inédito no Brasil do catalão Joseph Maria Miró sobre o assassinato de um menino de 17 anos num vilarejo, levantando temas como abusos, homofobia e desesperanças.

Ele também aguarda o lançamento do longa “Dr. Monstro”, do premiado diretor Marcos Jorge. O true crime é baseado na história do cirurgião plástico Farah Jorge Farah, que matou e esquartejou a namorada e cujo julgamento polêmico marcou a história recente do judiciário brasileiro. A produção conta ainda com Taís Araújo e Marat Descartes. 

Para 2026, Guilherme Weber será o diretor da versão brasileira de Plaza Suíte no Brasil, um clássico da comédia de Neil Simon que teve temporada triunfal em NY e em Londres, marcando o retorno de Sarah Jessica Parker e o marido Mathew Broderick aos palcos.

Já em 2027, Guilherme Weber dirigirá a nova montagem de “Chanel”, com texto de Maria Adelaide Amaral, sobre as memórias da estilista francesa. O espetáculo foi sucesso na interpretação de Marília Pêra em 2004 e voltará aos palcos desta vez estrelado por Christiane Torloni.

Com mais de 20 trabalhos na TV, Guilherme Weber ganhou destaque ao dar vida ao vilão Tony de “Da Cor do Pecado”, em 2004. No cinema, o artista contabiliza dezenas de longas, como os aclamados “Olga” e “Árido movie”.

Ele ainda assina a direção do filme  “Deserto”, com Lima Duarte no elenco e que venceu diversos prêmios, como o de Melhor Direção no Festival de Cinema Brasileiro em Los Angeles. Nos palcos, ele já esteve em diversos espetáculos, como “Fantasmagoria IV”, com direção de Felipe Hirsch, em 2024.

Guilherme é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em entrevista ao Caderno ele fala sobre o seu personagem em Volta Por Cima na TV Globo, carreira e novos projetos.

Capa B+: Entrevista exclusiva com o ator e diretor Guilherme WeberO ator Guilherme Weber é a Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Sergio Baia - Diagramação: Denis Felipe - Por Flávia Viana

CE - Guilherme Weber está no elenco de Volta por Cima vivendo um bicheiro. A trama tem tido situações de drama com a história de encontrar a mãe desaparecida e a vilania, como um bandido que está lutando pelo comando dos negócios da família.  Como é fazer um personagem com tantas possibilidades numa só história?
GW -
 É sempre uma alegria encontrar um personagem com subjetividade, como somos todos nós. O Marco não é um “personagem de função” como acontece normalmente com personagens que entram em uma novela há um certo tempo no ar, que vem para ajudar a desenvolver determinada situação; é um personagem com vida própria. E ele mexe com muito destreza nas expectativas dos espectadores.

Chega como um vilão, sequestra uma garota, acoberta crime de cárcere privado, ameaça comerciantes idosos, cheira com prazer o dinheiro arrecadado na contravenção. Mas carrega uma crise de identidade, se mostra um filho amoroso, um homem que sofre por amor, então estas facetas juntas complexificam de maneira positiva o personagem aos olhos dos espectadores, o que é sempre ótimo. 

É uma delícia poder transitar por diferentes estados emocionais e situações da história. E para isso é importante que em uma novela clássica, aberta, se componha um personagem com assinatura mas ao mesmo tempo deixe esta composição aberta para o que pode vir pela frente. E o público responde... começa odiando o ambicioso traidor, mas ele protege a mãe, a abraça, cheira seus cabelos, e todos se derretem, rs... 

CE - Marco, aliás, entrou em Volta por Cima depois da estreia. Como foi pegar “esse bonde andando”? Você já sabia como seria o desenrolar da trama dele?
GW -
 Nem eu, nem a Claudia Souto sabíamos como o personagem se desenrolaria. Ela queria um outro bicheiro na família Barros para poder ter retrato de clã na contravenção do lado antagonista da história. Mas no início até se pensou no Marco ser apaixonado pelo Gerson, personagem do Enrique Diaz, e esconder esta paixão em uma fidelidade canina.

Perguntei para a Claudia a caminha do meu primeiro dia de gravação, “será que já chego dando uma certa pinta?” rsrsrs e ela falou para segurar um pouco que estava pensando. E aí veio o personagem aparecendo durante as gravações, num cenário quase shakespeareano de briga sobre poder. Filho bastardo, crise de identidade, revanche vingativa, mãe desaparecida, ambição, paixão pela mulher impossível, muitos clássicos do gênero foram caindo no colo do personagem, para minha alegria.

CE - A novela acaba no fim de abril e você já tem previsto um monólogo, que vai estrear em junho, no Rio. O que podemos esperar desse projeto? E quais as facilidades e os desafios de fazer uma peça sozinho?
GW -
 Estreio dia 14 de Agosto no Rio de Janeiro, no Teatro Sesi Firjan. Chama-se “O Corpo Mais Bonito Já Visto Nesta Cidade” a partir do texto do catalão Joseph Maria Miró e conta o assassinato de um jovem de 17 anos em uma cidade pequena.

O jovem cheio de libido, desejos e pulsão de vida é punido pela moral e pelas facadas. Uma obra que além de sua temática de excruciante atualidade se sustenta em uma narrativa muito original e de enorme rigor estético e cumpre o ditado “cidade pequena, inferno grande.” Parece dizer que um corpo que deseja tanto e é tão desejado, em algum momento tem que ser punido.

O desafio é pela extensão do tempo em cena em palco vazio, um solo solicita muito do seu repertório de composição. Facilidades eu não listaria para não atrair azar nem pagar a língua, rs... mas existe uma grande delícia de começar o jogo, a troca com a plateia e não parar até o final, o fluxo contínuo da proposta do ator, do palco para a plateia.

Capa B+: Entrevista exclusiva com o ator e diretor Guilherme WeberO ator Guilherme Weber é a Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Sergio Baia - Diagramação: Denis Felipe - Por Flávia Viana

CE - Além de atuar, você é diretor, tendo vários projetos desses no currículo. Como seu lado diretor se comporta quando está atuando sob a batuta de outro diretor? Já pensou em se dirigir em algum projeto?
GW -
 Eu tento deixar o lado diretor em “modo avião” quando estou sendo dirigido, para usufruir justamente do universo e do olhar do outro, que é uma das coisas mais interessantes de ser dirigido. Confesso que não é fácil, rs... mas sempre fui um ator criador, muito propositivo, então estes dois papéis se misturam um pouco.

A ideia de me dirigir em um projeto sempre me pareceu ruim, não ter a visão da cena o tempo todo de fora, mas resolvi me deixar tomar por este delírio e assumir minha “fase Orson Wells” em um projeto de teatro que será fruto da minha pesquisa sobre literatura e dramaturgia latino americana. Cansei de chegar no dia da estreia e perder o melhor da festa que é estar no palco, rsrsrs

CE - Inclusive, você tem vários projetos como diretor já confirmados para os próximos tempos, como as novas montagens das peças “Plaza Suíte”, que já foi encenada por Fernanda Montenegro e Jorge Doria nos anos de 1970, e de “Chanel”, que foi estrelada há 20 anos por Marília Pêra. Qual o desafio maior de refazer esses projetos de sucesso? E eles terão adaptação para os tempos atuais?
GW - 
Eu não chamaria de “refazer”, serão criações de espetáculos a partir de textos que já foram encenados por outros artistas. Plaza Suite, inclusive, é um clássico absoluto da comédia e o autor do texto, Neil Simon, é um dos meus dramaturgos favoritos; seus diálogos são brilhantes e as situações cênicas da peça são um banquete para os atores, mistura comédia física, diálogos afiados, ritmo alucinante, drama visto pelos olhos do humor, uma delícia. Eu assino também a tradução e a adaptação da obra.

Não trarei a peça para os dias atuais porque ela não precisa deste recurso, é um clássico. Mas sempre injeto algumas piadas a mais, rsrsrs...

Chanel tem estatura de mito, então parece sempre se apresentar como uma pergunta impossível de ser inteiramente respondida. Será curioso observar novas gerações, oriundas do tik tok e do politicamente correto encarando uma mulher tão complexa e contraditória em sua genialidade.

Capa B+: Entrevista exclusiva com o ator e diretor Guilherme WeberFoto: Sergio Baia

CE - Em breve, ainda poderemos ver Guilherme Weber no cinema no filme “Dr. Monstro”, onde dá vida ao polêmico advogado Roberto Podval. Como é fazer um personagem verídico, que faz parte de uma história de assassinato recente no Brasil? Como foi seu processo de composição?
GW -
 Não houve a intenção de reproduzir o Podval, inclusive o meu personagem tem outro nome no filme; questões jurídicas acredito, rs...

Assistimos alguns julgamentos no Tribunal de Curitiba, onde filmamos, e foi uma preparação especialíssima. Entender as narrativas jurídicas, a encenação e ritos do tribunal e pensar em tudo isso na época da pós verdade foi muito instigante. É um “true crime” fascinante.

Além de relembrar de todos os filmes de tribunal, que é um subgênero fascinante, que vi e que sempre adorei. Disse ao diretor Marcos Jorge que sempre serei grato a ele pela oportunidade de dizer na minha carreira as frases “sem mais perguntas, meretíssimo” e “protesto, meritíssimo.”

CE - Você ganhou projeção ao fazer o inesquecível vilão Tony de “Da cor do pecado”.  Como foi o impacto para sua carreira ao fazer essa novela de tanto sucesso?
GW -
 Foi minha primeira novela e o personagem é lembrado até hoje, vinte anos depois e por diferentes gerações em função das sucessivas reprises e agora redescoberta no streming com impacto. Foi realmente uma sorte começar meu trabalho na televisão, depois de tantos anos de palco, com um personagem desta envergadura.

Agradeço muito ao João Emanuel Carneiro, ao Sílvio de Abreu e a Denise Saraceni em me escolherem para encarná-lo. Ele era muito irônico e tinha embates quase de desenho animado com a Bárbara de Giovanna Antonelli, essas eram também chaves de sucesso. O bordão do personagem, “Calma Coração” é falado até hoje e fiz uma auto citação em Volta Por Cima, repetindo-o em uma cena, parte de uma sequência de homenagens que a Claudia Souto de maneira muito sutil fez durante toda a novela.

CE - Como Guilherme Weber lida com a crítica? E é muito autocrítico com o próprio trabalho?
GW -
 Não lido, rs, deixo acontecer e sigo em frente, e digo isso sem nenhum esnobismo, acho que é maturidade mesmo. Tem muitas frases maravilhosas sobre crítica, duas que eu adoro, a do Laurence Olivier, “uma crítica pode estragar meu café da manhã, mas jamais o meu almoço” e a que li como do grande Luis Fernando Veríssimo, “um crítico é alguém que assiste uma batalha do alto de uma montanha e quando ela acaba, desce e atira nos sobreviventes.”

Sou muito observador do meu próprio trabalho, mas pelo entusiasmo da criação contínua.

CE - Com tantos trabalhos no currículo e outros à vista, o que Guilherme Weber ainda não realizou na profissão?
GW -
 Quero dirigir uma ópera.

CE - Você é um artista que trabalha bastante – inclusive em projetos bem populares como as novelas- e consegue manter a vida mais discreta. Como você lida com a exposição que a fama traz?
GW -
 Recebo a exposição como puro carinho do público e reconhecimento do meu trabalho, não me incomoda em nada.

 

 

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