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Capa B+: Entrevista exclusiva com a atriz de "Fuzuê" Talita Younan

"As Aventuras de José e Durval (Chitãozinho&Choror;ó) vai ser inesquecível para a minha carreira".

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Talita Younan (31 anos) é natural da cidade Presidente Prudente, no interior de São Paulo, e ganhou destaque na televisão após interpretar a personagem Damarina na novela "Os Dez Mandamentos", da Record TV e logo após veio mais um papel marcante, o da K1 em 'Malhação - Viva a Diferença' na TV Globo.

Aos 24 anos, Talita contracenou com Leão Lobo na peça "O Mambembe", trabalhou em alguns comerciais e também participou de concursos. Ela começou a estudar teatro aos 12 anos e fez Comunicação Social. Porém, decidiu abandonar o curso para seguir a carreira de atriz.

No SBT, atuou na segunda versão de "Chiquititas" e na Globo, em "O Tempo Não Para", vivendo a Vera Lúcia. Em 2020, foi anunciada no elenco de "Gênesis", mas por conta da gravidez acabou deixando a trama. Aos 31 anos, a atriz é mãe de uma menina fruto do seu casamento com João Gomez, filho da atriz Regina Duarte.

Talita Younan chegou em Fuzuê no início de novembro como a espevitada Selena Chicote, e já está dando o que falar, sendo um verdadeiro sucesso. Talita também está no ar na série “Aventuras de José e Durval”, na Globoplay. A trama é baseada na biografia da dupla Chitãozinho & Xororó e fala sobre a ascensão dos irmãos no mundo sertanejo.

Younan poderá ser vista na série “O Jogo que Mudou a História”, também da Globoplay. Ela é filha da também atriz Vanessa Giácomo, e no filme sobre o Maníaco do Parque, na Prime Vídeo.

Talita é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em entrevista ao Caderno ela fala sobre seu início de carreira, personagens marcantes, desafios e sua personagem na novela Fuzuê na TV Globo.

A atriz Talita Younan é a Capa do Correio B+ desta semana - Foto: Lucio Luna - Diagramação: Denis Felipe e Denise Neves

CE - Como se deu o início da sua trajetória profissional? A dramaturgia sempre foi uma aspiração ou isso surgiu ao longo do tempo?
TY -
 Eu comecei a estudar teatro muito nova, aos 9 anos. Então a maioria das minhas recordações de criança são no teatro. Tenho poucas recordações de antes disso, e minha mãe conta que foi muito do nada, porque a gente não tem nenhuma artista na família. Eu simplesmente cheguei pra ela e falei: "Mãe, eu quero ser atriz". E eu assistia muito desenho com ela, sempre vi muita novela.

A gente é muito noveleiro lá em casa, minha família sempre foi. Eu acho que foi daí que surgiu esse desejo. E minha mãe falou: "Tá bom, vou te colocar no teatro". Tinha um curso em uma cidade, em Presidente Prudente, foi o que eu fiz até quando eu saí de lá, e aí fui descobrindo essa paixão. Comecei a fazer teatro, comecei a dar aula de teatro pra criança depois de alguns anos, ajudava meu professor, o Thiago, e fui me apaixonando cada vez mais.

Com 17 anos eu terminei o colégio e quis sair de Presidente Prudente. Eu tive um anjo da guarda que me ajudou muito, que me levou pra São Paulo. Comecei a trabalhar como vendedora. Nesse meio tempo eu fazia vários cursos de TV, porque na minha cidade não tinha. Era muito distante da nossa realidade, televisão, audiovisual e tal. E aí foi acontecendo... Acho que eu digo muito que foi Deus, porque se fosse por mim sair de lá sozinha, não teria acontecido.

Foi muito essa pessoa que foi ali, que assistiu uma peça minha de teatro lá na minha cidade e falou: "Garota, você tem que ir embora, você não pode ficar aqui. Você precisa voar, você precisa estudar televisão, você precisa estudar cinema. Vamos, vou te ajudar, vou te apoiar". E foi, ele convenceu a minha mãe, e foi assim o início dos meus estudos.

Talita Younan - Foto: Reprodução Instagram

CE - Quais foram os maiores desafios que superou em sua carreira?
TY -
 Nossa, os maiores desafios da minha carreira... Ah, eu acho que todos os personagens eles me desafiam muito, sabe? Porque eu não gosto de ficar na minha zona de conforto, eu gosto de me desafiar mesmo. Então, eu vejo cada personagem como uma superação, um desafio. O que eu quero fazer aqui? Pra onde eu vou? Que caminho? Acho que todo início de personagem, aquela parte dos estudos, da descoberta... São desafios, porque é uma outra pessoa, é uma outra vida, é um outro ser. Até você encontrar, você vai quebrando, passando por obstáculos.

CE - Como você aborda a construção de seus personagens em diferentes produções?
TY - 
Eu amo muito fazer pesquisa. Eu amo pegar uma tela em branco, um personagem, pegar o texto e ir estudando o que essa pessoa faz, o que ela gosta de comer, onde ela gosta de ir, o que ela gosta de beber. Coisas que não tem no texto e você vai criando subtexto. Eu amo esse início, eu acho muito gostoso. Cada personagem tem uma coisa para construir. E sempre um corpo, uma voz, um olhar. São pessoas, né?

Diferentes. Então eu gosto muito de pesquisar pessoas que são parecidas com essa personagem e falar, nossa, mas isso aqui, a fulana tem um pouquinho disso. A minha mãe tem um andar assim que é interessante. Por exemplo, para a Jalmira, no As Aventuras de José e Durval, que era uma garota de programa, eu fui em uma casa em que tinham várias garotas que trabalhavam como garotas de programa. Pesquisei, entendi, conversei com elas. Porque eu queria humanizar mesmo essa mulher, sabe?

Então é legal ouvir histórias também que te acrescentam, que te somam para essas personagens. E viver, né? Viver a vida, porque aí cada vivência também acrescenta. Coisas que você já viveu, que você lembra. E fala, nossa, vivi isso, parecido com essa personagem, isso aqui que eu vivi, posso colocar aqui nessa cena. Então construir personagens é muito delicioso. É aí que eu digo que eu sou realmente apaixonada pelo que eu faço, pela minha profissão.

Talita Younan - Foto: Lucio Luna

CE - O que a participação em "Malhação: Viva a Diferença" representou para a sua carreira?
TY - 
Malhação Viva a Diferença eu acho que foi o maior presente da minha carreira até hoje, porque era uma personagem muito completa que eu consegui passar por várias camadas de ser humano. Como eu disse, ela era vilã, depois ela foi abusada pelo padrasto, depois ela foi para um lado supercômico. Então, eu consegui mostrar um pouquinho de tudo assim que eu conseguia e podia fazer com a personagem.

Legal porque mostra que as pessoas são isso, as pessoas são humanas e não são uma coisa só, que uma só pessoa pode ser várias coisas e fazer várias coisas. E foi meu primeiro trabalho na Globo, foi muito marcante até hoje. Reprisou na pandemia e a gente conseguiu assistir de novo na quarentena com outro olhar, a gente ganhou o Emmy, foi um projeto que foi marcante, eu acho que não só pra mim mas pra todo mundo da equipe. Acho que pro resto da minha vida vai ser um personagem muito marcante, a K1 e todos os dias que eu saio na rua todo mundo fala  “ai a K1, amava a K1, que eu amei aquele personagem que você fez em Malhação”. Foi marcante pro público também.

CE - Você já teve que passar por transformações significativas para algum papel?
TY - A m
aior transformação física foi para Vera Lúcia, em O Tempo não Para, quando eu fiquei loira pela primeira vez. Foi aquele loiraço. No “O Jogo que mudou a história”, que vai lançar no ano que vem, em que faço a filha da Vanessa Giácomo, também cortei o cabelo curtinho, com franja, eu nunca tinha tido franja. Eu amo mudanças, tenho muita vontade de fazer mudanças radicais. Na Malhação, a K1 usava piercing no nariz, que era muito legal também.

No filme que conta a história de Chitãozinho e Xororó - Divulgação

CE - O que podemos esperar de seu papel em “O jogo que Mudou a História”?
TY -
 Essa foi mais uma série especial para gravar. Minha personagem é a Lilian, uma professora incrível, filha da Vanessa Giacomo, de quem sou fã e sempre admirei.  Lilian é filha de criação do Amarildo (Pedro Wagner) e o pai de sangue dela é o protagonista, Belmiro (Jailson Silva). Ele é policial e ficou preso por 20 anos, durante toda a vida dela. Ele volta querendo recuperar essa relação com a filha.

Formamos uma família muito intensa e vamos contar uma história muito boa, forte, com um elenco maravilhoso, baseada em fatos reais e que retrata o surgimento das facções do narcotráfico no Rio de Janeiro.

CE - Como foi participar da série “Aventura de José e Durval”? Que desafios te trouxe?
TY -
As aventuras de José e Durval vai ser inesquecível para minha carreira, porque o Chitãozinho e Xororó são muito minha raiz. Acho que não só minha raiz, mas acho que da raiz do brasileiro mesmo.  A gente canta Evidências no karaokê como se o mundo fosse acabar. Eu tinha prometido para mim mesma que eu ia ficar um ano sem trabalhar depois que eu engravidei da Bebel.

Eu queria ter esse tempo com ela. Aí veio esse convite, o teste chegou quando a Bebel estava com 10 meses, mais ou menos. Quando descobri que era a história deles, eu falei "tá bom, vou fazer o teste, quem sabe?". Eu deixo nas mãos de Deus, se for pra rolar, se for pra eu fazer, vai rolar o teste, porque tem vários testes que a gente faz e que não dá certo, né? O resultado veio dois meses depois, a Bebel estava com um aninho. 

Então foi o primeiro trabalho que eu fiz pós-Bebel, pós-maternidade. Foi muito marcante pra mim, porque a gente gravava fora do Rio, e foi a primeira vez que eu viajei sem a Bebel. Tem vários marcos, assim, nessa série. Mas foi uma muito especial pra mim, porque eu também estava me redescobrindo como mulher, minha sensualidade. E a Jalmira é uma mulher sensual e madura. A gente se emocionou em vários momentos no set.

Selena Chicote em Fuzuê - Divulgação TV Globo

CE - Com quais características da Selena sua personagem em Fuzuê você mais se identifica? 
TY - 
Tenho muitas coisas em comum com a Selena. Ela é mulher forte, determinada e corre atrás do que quer. Acho somos muito parecidas nisso e no gosto pelo sertanejo, claro. Eu sempre falo que se eu não fosse atriz, seria cantora sertaneja. Estou realizando um sonho com essa personagem. Mas sempre tive um envolvimento com música. Tive uma banda cover do Rebelde que, por anos, viajava o Brasil inteiro. Depois, passei a fazer parte de uma banda cover do Rouge. Sempre fui para esse lado do artístico e acho que eu vou me realizar com a Selena. 

CE - Selena Chicote é uma cantora sertaneja em início de carreira. Como foi a preparação para dar vida à personagem? Você se inspirou em alguém? 
TY -
 Eu amo música sertaneja. Sou do interior de São Paulo e cresci nesse mundo do sertanejo. Na minha vida, tenho muitas referências de pessoas que não são famosas nem cantoras, mas que são referências no jeito de falar e trejeitos. Mas acho que, no Brasil, temos muitas inspirações de cantoras sertanejas, como a Ana Castela, Maiara e Maraisa, Marília Mendonça, Simone Mendes, Roberta Miranda... Tem muita gente legal. E dá para tirar um pouquinho de cada uma para virar a Selena Chicote. 

CE - O que os fãs podem esperar da carreira futura da Talita?
TY -
 Ainda tem trabalho pela frente em Fuzuê, pois até final de fevereiro a gente tá gravando. Até março vocês tem a gente no ar. Tô muito feliz com esse trabalho, com essa personagem, uma novela solar, divertida. Então quero me dedicar e mergulhar fundo nela. 

E pra lançar temos Matches, série que eu gravei, da Warner e que deve lançar no início do ano. E O jogo que mudou a história e a estreia do filme sobre o Maníaco do Parque, que eu gravei esse ano. Enfim, muitos trabalhos pra lançar no cinema, TV e streaming, graças a Deus. E o resto que vocês vão descobrindo aos pouquinhos.

Ao lado do marido João Gomez e da filha Izabel - Divulgação

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B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz

"Não é influência positiva, é propaganda de misoginia". Especialista em relacionamentos, a Dra. em psicologia Vanessa Abdo explica como a ideologia do movimento afeta nos direitos das mulheres e contribui para o incentivo à violência

13/12/2025 17h00

B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz

B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz Foto: Divulgação

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O termo “red pill” tem gerado em muitos debates nas redes sociais devido à denúncia de agressão e tentativa de estupro de Thiago Schutz, conhecido como “Calvo do Campari”. O coach foi detido em Salto (SP) no último dia 29 de novembro, após ser denunciado para a Polícia Civil pela namorada. Thiago Schutz é considerado influenciador do movimento “red pill”, por produzir conteúdos e ser autor de livro que aborda o tema.

Mas afinal, você sabe o que significa o movimento “red pill” e por que ele afeta violentamente as mulheres? Para responder a essa pergunta e esclarecer outras dúvidas sobre o tema, conversamos com a doutora em Psicologia Vanessa Abdo.

Sobre o termo

O nome “red pill” (pílula vermelha, em português) vem de um conceito fictício do filme “Matrix” (1999), em que a pílula vermelha seria a escolha para "despertar" e ganhar "consciência" da realidade do mundo.

Com essa narrativa, o movimento red pill passou a criar teorias da conspiração que incentivassem os homens a “acordem para a realidade” e não serem “dominados” pelas mulheres.

“O red pill se apresenta como uma ‘verdade sobre as relações’, mas na prática é um conjunto de ideias que reduz mulheres a objetos, corpos, funções ou serviços e coloca os homens como dominantes e superiores. É uma ideologia que traveste controle e desprezo como se fossem ‘ciência comportamental’. Quando os nossos corpos são objetificados, não tem graça. Isso não é sobre relacionamento, é sobre poder”, afirma a psicóloga Dra. Vanessa Abdo.

Qual a relação do red pill com a misoginia?

“A base do red pill é a crença de que as mulheres valem menos, sentem menos, pensam menos ou merecem menos. Isso é misoginia. O movimento estimula o desprezo pelas mulheres, especialmente as fortes e independentes, justamente porque homens que aderem a esse discurso precisam de parceiras vulneráveis para manter no seu controle. A misoginia não é efeito colateral do red pill, é sua espinha dorsal.”

Por que o red pill é tão perigoso para toda a sociedade, principalmente para as mulheres?

“Porque ele normaliza a violência. Quando você cria uma cultura em que mulheres são tratadas como objetos descartáveis, a linha entre opinião e agressão se dissolve. Esse tipo de discurso incentiva violências físicas, psicológicas, sexuais e digitais, que são camufladas como humor ou “liberdade de expressão”. Uma sociedade que naturaliza o desprezo por mulheres adoece, retrocede e coloca todas em risco.” 

Nas redes sociais, muitos homens fazem uso de um discurso de ódio às mulheres disfarçado de humor. Qual a diferença da piada para a incitação à violência?

“A piada provoca riso, não medo. A piada não tira a humanidade do outro. Quando o ‘humor’ reforça estereótipos, desumaniza mulheres e legitima agressões, ele deixa de ser brincadeira e se torna uma arma. A diferença está na intenção e no efeito. Se incentiva o desrespeito, a dominância ou a violência, não é humor, é incitação.

É importante reforçar que combater a misoginia não é sobre guerra dos sexos, é defesa da vida. Toda vez que normalizamos piadas que objetificam mulheres, abrimos espaço para violências maiores. Precisamos ensinar homens, especialmente jovens, a construir relações baseadas em respeito, não em dominação. E precisamos dizer claramente que humor não pode ser usado como máscara para ódio.”

Na internet, muitas pessoas consideram quem prolifera o movimento red pill como “influenciadores digitais”. Qual a sua opinião sobre isso?

“Influenciadores pressupõem responsabilidade social. Quem difunde ódio e objetificação influencia, sim, mas influencia para o pior. Não podemos romantizar a figura de alguém que lucra reforçando violência simbólica e emocional contra mulheres. É preciso nomear corretamente: isso não é influência positiva, é propaganda de misoginia.”

Sobre o caso de Thiago Schutz, surgiram muitos julgamentos sobre as mulheres que tiveram um relacionamento com ele mesmo cientes do posicionamento que ele adota nas redes sociais. Como você avalia isso?

“Culpar mulheres é repetir a lógica da violência. O discurso misógino desses movimentos é sedutor exatamente porque se disfarça de humor, lógica ou ‘verdade inconveniente’. Relacionamentos abusivos não começam abusivos, eles começam carismáticos. Além disso, mesmo quando uma mulher percebe sinais de risco, ela pode estar emocionalmente envolvida, vulnerável ou acreditar que será diferente com ela. O foco não deve ser questionar as mulheres, mas responsabilizar quem propaga discursos que desumanizam e ferem.”

Como uma mulher pode identificar um homem misógino?

“Existem sinais claros:

* Desprezo por mulheres fortes ou independentes.

* Humor que sempre diminui o feminino.

* A crença de que mulheres devem ser controladas ou colocadas ‘no seu lugar’.

* Incômodo com a autonomia da parceira.

* Falas generalizantes, como ‘mulher é assim’ ou ‘toda mulher quer…’.

Desconfie de homens que desprezam mulheres, especialmente as fortes. Eles precisam que a mulher seja vulnerável para se sentir poderosos.”

Como uma mulher pode identificar que está dentro de um relacionamento abusivo?

“O abuso aparece em forma de controle, medo e diminuição. Se a mulher começa a mudar sua vida, roupas, amizades ou rotina para evitar conflitos, se se sente culpada o tempo inteiro; se vive pisando em ovos, se sua autoestima está sendo corroída, se há chantagem, humilhação, manipulação ou isolamento, isso é abuso. Não precisa haver agressão física para ser violência.”

Como podemos ajudar uma mulher que é vítima de um relacionamento abusivo?

“O principal é acolher, não julgar e não pressionar. Ela já vive em um ambiente de medo e culpa. Oferecer apoio prático, ouvir, ajudar a montar uma rede de proteção, encaminhar para serviços especializados e incentivar ajuda profissional é mais efetivo do que dizer: ‘saia desse relacionamento’. O rompimento precisa ser planejado. Segurança vem antes de tudo.”

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Pet B+: Pets enjoam da ração? Entenda os motivos do seu animal perder o interesse pelo alimento

Médica-veterinária explica que cães e gatos não têm o mesmo comportamento alimentar dos humanos e aponta possíveis razões para recusarem a ração

13/12/2025 15h30

Pet B+: Pets enjoam da ração? Entenda os motivos do seu animal perder o interesse pelo alimento

Pet B+: Pets enjoam da ração? Entenda os motivos do seu animal perder o interesse pelo alimento Foto: Divulgação

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Não é raro os responsáveis por pets observarem que seu animalzinho perdeu o interesse pelo alimento oferecido, e a primeira coisa a se pensar é que ele enjoou da ração. Afinal, a ideia de comer a mesma coisa todos os dias, em todas as refeições, não parece muito atrativa para nós, seres humanos. E como os pets, de modo geral, costumam ter uma única fonte de alimento, o desinteresse seria um sinal de que está na hora de trocá-lo.

Para quem se pergunta se o animal de companhia “enjoa” da ração, a resposta, do ponto de vista biológico, é que cães e gatos não precisam de trocas frequentes de alimentos apenas por variedade de sabor. Estudos mostram que os cães têm menos botões gustativos do que os humanos e são muito mais influenciados pelo olfato, pela textura e pela forma como o alimento é apresentado do que pela “novidade” do sabor em si.

Já os gatos são reconhecidamente mais seletivos, especialmente em relação ao aroma, à textura, à crocância e ao formato do alimento, o que ajuda a explicar por que podem recusar determinadas rações com mais facilidade.

“Enquanto os cães têm o olfato e a audição muito apurados em comparação aos seres humanos, o paladar é menos desenvolvido, de modo que eles tendem a aceitar bem uma dieta constante, sem necessidade de trocas frequentes apenas para evitar um suposto “enjoo”. Já os gatos, por serem mais exigentes quanto ao aroma e à textura, podem recusar o alimento quando há mudanças na formulação, no formato ou na crocância”, explica a médica-veterinária Amanda Arsoli.

Outro ponto importante é que os alimentos de qualidade são formulados para oferecer alta palatabilidade, uma combinação de fatores que envolve o aroma, a textura, o sabor e até a forma como é processado e apresentado. Esse conjunto de características estimula o consumo e garante que cães e gatos se alimentem de forma adequada, mantendo sua saúde e vitalidade.

Mas se os pets não costumam enjoar do alimento, por que então podem passar a recusá-lo? Amanda Arsoli explica que a falta de apetite é um sinal de alerta. “A redução ou até a recusa da alimentação pode estar ligada a fatores como estresse, alguma doença, mudanças no ambiente ou na rotina, chegada de outro animal ao convívio ou ainda alterações na formulação do alimento.

Diante de uma recusa persistente, é importante consultar o médico-veterinário de confiança, para que avalie o histórico do animal, realize os exames físicos e laboratoriais necessários e oriente, de forma adequada, sobre a necessidade – ou não – de mudança do alimento”.

Para complementar, Amanda Arsoli lista algumas razões que podem fazer com que o pet passe a recusar o alimento oferecido:

- Armazenamento incorreto, o que pode fazer com que o alimento perca aroma e outras características importantes. O ideal é que a ração seja mantida na embalagem original, pois ela foi desenvolvida para preservar as propriedades do produto. Além disso, a embalagem deve estar bem fechada e em local fresco e arejado, longe da luz, umidade e de produtos químicos;

- O comedouro estar em local inadequado, como ambientes muito quentes ou próximo de onde o animal faz suas necessidades;

- O alimento ficar muito tempo exposto no comedouro, perdendo suas características e atraindo pragas que possam contaminá-lo;

- Em dias muito quentes, o animal pode não ter vontade de comer nos horários de costume. O ideal é oferecer o alimento pela manhã e final do dia, por serem horários mais frescos;

- Oferecer petiscos em excesso, o que pode prejudicar o apetite e fazer com que o pet rejeite a ração.

 

Entender o comportamento alimentar dos pets, ficar atento ao quanto o animal está ingerindo diariamente e manter consultas periódicas ao médico-veterinário são atitudes essenciais para preservar a saúde e o bem-estar de cães e gatos ao longo de toda a vida.

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