Mariele Horbach é Chef do Grupo Hungry, holding do setor de alimentos. Fora da cozinha, é também empresária, mãe e esposa. Nascida na cidade de Encantado no interior do Rio Grande do Sul, ela mora em São Paulo, e hoje, aos 39 anos, é sócia – proprietária com seu marido André Silveira de uma rede de bares/botecos que reverenciam a cultura e boemia carioca na capital paulista onde administra e assina todos os cardápios das casas.
“Se você quer abrir o seu próprio negócio, invista, tenha paciência e resiliência. Na maioria das vezes, o começo não é fácil, mas quando os resultados começam a aparecer, toda a dedicação passa a valer a pena”. Leonina com espírito de liderança, a Chef conhecida como a Rainha dos Botecos de São Paulo, usa da sua profissão e posição como uma mulher toda de botecos para proporcionar algo de positivo na vida das pessoas, seja gerenciando carreiras ou histórias de vida.
“Uma das minhas maiores satisfações e que me inspiram todos os dias, é de ter a certeza que a consequência de tudo isso é a felicidade de quem frequenta os meus bares, dos funcionários que trabalham comigo e tudo mais que eu puder proporcionar inspirando e incentivando outras pessoas com o minha história e trajetória que construo um pouco todos os dias, eu sou realmente grata e isso me dá a certeza de que estou no caminho certo”.
A Chef carioca estreia sua coluna de gastronomia no Correio B+ - Panelando no B+ hoje, e em estrevista exclusiva ao Caderno ela fala sobre sua escolha pela culinária, ser empreendedora, linha licenciada e o que vamos ver em sua coluna do jornal que você poderá assistir em nosso canal do YouTube, Portal e Redes Sociais.
A Chef Mariele Horbach é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Daniele Akime - Diagramação Denis Felipe e Denise Neves CE - Mari, quando você descobriu a culinária?
MH - Eu acho que eu não descobri a culinária, eu fui descoberta por ela.
Comecei muito cedo! Sou descendente de italianos e vim de uma família do Rio Grande do Sul, e lá a gente já, desde pequena, aprendia a cozinhar, fazer pão, fazer bolo... Então muito nova tive contato com a cozinha, tipo cinco, seis anos, eu ficava na cozinha com a minha avó, com a minha mãe, e a culinária sempre esteve dentro das nossas raízes. As meninas aprendiam a cozinhar muito cedo aonde eu morava, então, eu tive que aprender a cozinhar, a mexer no fogão. Meus pais trabalhavam, minha irmã também tinha que trabalhar, e eu tinha que me virar...
CE - Quando decidiu que cozinhar e empreender seria o seu caminho?
MH - Aos 18 anos, quando eu cheguei no Rio, comecei a ser inserida nesse meio de restaurante da minha irmã e da família dela, e eu vi que essa era uma grande oportunidade da minha vida, talvez a única naquele momento, que era empreender, cozinhar, então, eu tinha que ir.
Eu sempre brinco que, na minha vida, dificilmente, tudo que acontece, eu nunca tenho um plano B, por isso, eu me agarro tanto no plano A e tenho que fazer certo sempre, porque não existia o meu plano B, e foi a oportunidade que eu vi ali também, de empreender, cozinhar e de mudar de vida, crescer e ser alguém. Á partir do momento que eu fui inserida nesse meio de restaurante, eu falei, “Essa é a minha chance!”. Ou eu agarro e faço uma cápsula dentro dela e não deixo escapar, ou eu não sei o que vai acontecer. Então, eu agarrei com todas as minhas força!
CE - Cozinhar e empreender sempre caminharam juntos?
MH - Sim, cozinhar e empreender sempre caminham lado a lado! Como eu já tinha esse know-how de bar e restaurante da família da minha irmã, quando eu cheguei no Rio de Janeiro, essa sementinha já estava plantada em mim, eu não tinha como não cuidar de umas das áreas mais importantes de um restaurante que é a cozinha. Então, como eu falei anteriormente, eu vi como uma oportunidade de mudar de vida e de crescer. Como eu já dominava essa área da cozinha, eu já tinha entendido que esse era o meu dom, minha paixão, e o que eu gostava de fazer.
Quando eu cheguei em São Paulo e montei meu primeiro restaurante com o André, meu sócio e marido, e como ele ficava boa parte do tempo fora na agência (ele é publicitário e trabalhava em agência nessa época) eu assumia o Garota da Vila inteiro, da cozinha ao administrativo, ambos ficavam nas minhas mãos.
Cheguei a contratar um chef de cozinha porque eram inúmeras coisas para resolver, mas felizmente ele não certo, porque aí mais uma vez estava a oportunidade de uma me aprofundar na cozinha e na culinária da qual sou a responsável até hoje em todos os meus bares que são um sucesso, até porque, mais uma vez eu só tinha o plano A para executar na minha vida, e mais uma vez deu certo!
Mari recebeu convidados em sua estreia na coluna PANELANDO NO B+ - Foto: Glauco EpovCE - Como é ser mulher é dona de bares?
MH - Eu deixo sempre muito claro que é uma grande honra poder levantar essa bandeira em ser uma das pioneiras de ser não dona de bar, mas sim dona de boteco. Eu de fato coloquei a cara de ser dona de botecos raíz mesmo, com aquela essência botecão.
Eu acho que as pessoas notam o meu orgulho de defender essa bandeira que eu quero levantar a bola e dizer para fazermos esse movimento das donas de botecos, mas que estejam de fato à frente, não apenas de figuração e acho que eu sou a pessoa que está levantando a bandeira e falando que é muito legal ser dona de boteco. O Grupo Hungry tema minha cara, porque são quatro botecos que fazem parte dele, e eu tenho orgulho e sou muito grata por tudo!
CE - Qual é o segredo dos seus cardápios?
MH - Bom, quem chega em qualquer um dos meus botecos, você vê muito da minha identidade e do André (meu marido e sócio), você de fato vê a gente ali, e esse é o segredo, é toda essa essência, a comida afetiva, as receitas de família como a carena assada e o sanduíche feito com ela também “inventado” pelo meu filho mais velho José.
No cardápio dos botecos do Grupo Hungry estão a nossa verdade, identidade e personalidade, é esse o segredo.
CE - Porque a escolha da cultura carioca?
MH - Porque fui morar no Rio de Janeiro muito nova, aos 10 anos e o André sendo carioca não tinha como a gente não escolher a cultura carioca. E nós não somos tipo carioca, a gente é carioca de verdade. Tudo em nossos botecos são carioca raiz, o carioca do subúrbio, temos em nossas casas elementos do subúrbio, da zona sul onde o André morava também. É a nossa verdade, essência e personalidade, do cardápio, a ambientação até o tratamento com nossos clientes que viram nossos amigos.
Mari no Bar Jobim, um dos botecos cariocas do Grupo Hungry - Foto: Glauco EpovCE - Entre os pratos nos botecos o que é mais pedido e porque?
MH – Os clássicos são os mais pedidos como: Osvaldo Aranha, Picadinho Carioca, Vinícius de Moraes e Filé à Francesa, nossos carros chefes. As pessoas entram no nosso bar falando que veio só pra experimentar o Osvaldo Aranha dos nossos botecos, porque ele é muito famoso e muito divulgado também. O prato que a gente mais vende de fato é o Osvaldo Aranha, mas isso também se aplica para o cardápio clássico carioca.
CE - Os botecos viraram uma holding, como foi esse processo?
MH – Os botecos se tornaram uma holding pela necessidade de profissionalização e amadurecimento, onde à partir de agora vão vir mais bares e projetos. Foi assim que o Grupo Hungry nasceu, porque dentro dele temos não só os botecos, mas também produtos.
CE - O que mais gosta de cozinhar?
MH – O que eu mais gosto de cozinhar é comida salgada, principalmente as comidas de boteco, as comidas do Rio de Janeiro. O doce é algo que me deixa desconfortável, mas estou mudando isso, saindo da minha zona de conforto e deixando acontecer, me desafiando porque sei fazer inúmeras coisas ou absorvo muito rápido aquilo que me é pedido ou proposto, mas eu adoro mesmo é fazer pratos salgados. Mas quem sabe na próxima entrevista eu tenho mudado de ideia (risos).
Mari em gravação com a apresentador Amaury Jr - Foto: DivulgaçãoCE - Como é conciliar a vida de empresária, mãe, Chef...
MH - Pra mim é tudo muito orgânico, e é tudo uma mistura que pra mim não é difícil. As pessoas que me veem, minhas amigas, as pessoas de fora me perguntam como eu dou conta, mas eu respondo que é o meu dia a dia e os meus filhos fazem parte de todo esse processo também, eles estão sempre com a gente. Pra mim é muito orgânico eu conciliar essas coisas. Claro que tem dias que o filho fica doente, minhas ajudantes faltam e os dias ficam mais pesados, mas eu estou tão acostumada com isso, eu não divido isso em áreas diferentes da minha vida, e tudo está linkado e aí parece ser fácil.
CE - Porque Rainha dos Botecos?
MH – A Rainha dos Botecos começou como uma brincadeira, e depois que eu comecei a ter mais de um bar as minhas amigas começaram a falar:”Llá vem a rainha”, e aí começou com essa identidade de Rainha dos Botecos. E eu gostei da ideia porque como eu disse, quero levantar a bandeira de ser dona de boteco como eu sou, e assim ficou e imprimiu essa identidade e virou agora minha marca pessoal, a Rainha dos Botecos de São Paulo.
Cozinhando com o apresentador Edu Guedes - Foto: DivulgaçãoCE - Como foi esse lançamento da sua primeira linha de produtos?
MH – Foi mais uma coisa na vida que eu nunca pensei que fosse acontecer assim como foi. Nunca pensei que eu fosse ter uma linha de tiaras, que é uma marca minha desde a infância. É muito apego e memória afetiva, porque eu uso desde que pequena.
Está sendo muito gratificante e emocionante ter uma linha com o meu nome e de algo que faz parte da minha história. Estar ao lado de uma empresária como a Fernanda Fernandes CEO da Ellos Semijóias é ver nascer uma parceria linda da qual tenho orgulho e admiração e temos muitos planos futuros. Então assim, é inexplicável falar sobre essa linha de produtos licenciados, é muito mais do que eu sempre sonhei.
CE - O que podemos esperar da sua coluna no Correio do Estado?
MH - Gente, vocês podem esperar tudo de melhor! Vai ser muito legal, vai ser muito maravilhosa o Panelando com o B+ dentro do Caderno B+. Vou fazer pratos, mas teremos também dicas, segredos para você reproduzir com fidelidade na sua casa.
A ideia é que a coluna seja leve, espontânea e com a participação de todos vocês, SEMPRE! Além disso, vou cozinhar algumas vezes com convidados que também trarão suas dicas e receitas para fazermos todos juntos. Então as expectativas para a coluna são as melhores e eu estou muito feliz e animada. Obrigada Correio do Estado pela parceria, que seja de longa data e que todos gostem e fiquem felizes como eu estou.
Mari e André Silveira, sócio e marido recebem o apresentador Ronnie Von e a esposa Cris em um de seus botecos o GAROTA DA VILA - Foto: DivulgaçãoCE - Planos para 2024?
MH - Meus planos para 2024 é que eu fortaleça ainda mais a minha imagem como Chef, mulher e dona de boteco, mas também como mulher à frente de boteco com força e orgulho. E eu quero cada vez mais inspirar mais mulheres a irem em frente e acreditarem como eu.
Que o Grupo Hungry cresça e sua expansão se concretize e eu só posso agradecer 2023. E aproveito para agradecer também ao Correio do Estado pela oportunidade de parceria que pra mim é uma alegria imensa entrar o ano ao lado de vocês.
Mari ao lado da também empresária Fernanda Fernandes em lançamento da sua primeira linha de produtos licenciadas com a Ellos Semijoias - Foto: Divulgação
Em gravação da coluna no Pocketstudio - Foto: Divulgação
Com os filhos José e Francisco em campanha de Dia das Mães - Foto: Glauco Epov
My Secret Santa Netflix - Divulgação


