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Capa B+: Entrevista exclusiva com o ator Beto Sargentelli sucesso em "O Rei do Rock - O Musical

"Cresci com uma referência muito forte de Elvis em casa, o meu pai. Falar sobre Elvis Presley, é uma ligação de alma e sangue"

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Beto Sargentelli, é ator, cantor, músico e produtor cultural brasileiro que entrou pra história em 2023 ao ser o 1º ator a concorrer consigo mesmo na categoria de "Melhor Ator" do "Prêmio Bibi Ferreira sendo duplamente indicado por protagonistas distintos em "West Side Story" e "Bonnie & Clyde", além de ser o único vencedor da tétrade dos renomados “Prêmio Bibi Ferreira”, “Prêmio Aplauso Brasil”, "Prêmio Destaque Imprensa Digital" e “Broadway World Brazil Award” na categoria de Melhor Ator. 

Formado em Artes Cênicas pela Faculdade Paulista de Artes e em Interpretação para Cinema e Televisão pela Escola de Atores Wolf Maya, Beto Sargentelli é dono de um currículo marcado por importantes papeis como João em “Into The Woods”, Simba em “O Rei Leão”, Pablo em “Mudança de Hábito”, “Galileo Figaro” em “We Will Rock You”, Simão Zelotes em “Jesus Cristo Superstar”, Burro Falante em “Shrek - O Musical”, Judas em “Godspell - Em Busca do Amor”, Zezé di Camargo em “Dois Filhos de Francisco”, Tony Elliot em “Billy Elliot”, Jamie em “Os Últimos 5 Anos” - que lhe rendeu um Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Ator -, e, mais recentemente, Tomás no original “Nautopia”, tendo os dois últimos sua assinatura também como produtor, por meio de sua H Produções Culturais.

Reconhecido, pela crítica especializada e público, como o principal nome da nova geração de atores do país por sua versatilidade a cada papel que interpreta, o artista garantiu pelos últimos 8 anos consecutivos a conquista de 18 Prêmios de Melhor Ator entre 22 indicações recebidas aos mais respeitados prêmios do país. 

Atualmente, o artista protagoniza e produz desde março de 2024 o espetáculo biográfico "O Rei do Rock - O Musical" onde vive o maior Astro do século e do Rock’N’Roll: Elvis Presley. O espetáculo marca também sua estreia como dramaturgo em um texto que vem sendo criado pelo mesmo desde 2017 em homenagem ao seu pai e Elvis. 

"A minha história com Elvis é muito embrionária, quase que uma coisa familiar. Então, cresci com uma referência muito forte de Elvis em casa, que era o meu próprio pai. Ele gostava muito, tinha uma semelhança física muito grande, a voz também. Chegou até, durante os shows que ele fez quando jovem, a fazer algumas apresentações como Elvis, cantando suas músicas", explica o ator. 

Beto quando estreou o aclamado musical West Side Story em São Paulo, foi Capa do Correio B+ ao lado de sua parceira de cena Giulia Nardruz, e esta semana, ele nos dá a honra de ser Capa exclusiva novamente do Caderno alguns poucos anos depois para nos contar a sua trajetória com a montagem do sucesso de "O Rei do Rock - O Musical".

O ator Beto Sargentelli é a Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Fábio Audi - Diagramação: Denis Felipe e Denise Neves

CE - Como e quando começa sua história com Elvis?
BS -
 A minha história com Elvis é muito embrionária, quase que uma coisa familiar. Então, cresci com uma referência muito forte de Elvis em casa, que era o meu próprio pai. Ele gostava muito, tinha uma semelhança física muito grande, a voz também. Chegou até, durante os shows que ele fez quando jovem, a fazer algumas apresentações como Elvis, cantando suas músicas.

No texto do espetáculo, eu cito isso no momento, que a minha referência de Elvis era o meu pai. Quando imitava o Elvis, na verdade, eu imitava o meu pai. Foi muito gostoso ter tido essa grande referência. Nós assistimos todos os filmes do Elvis juntos, e as canções que aprendi a tocar foram ensinadas pelo meu pai. Realmente foi muito especial, e está sendo, principalmente agora, que isso se tornou um espetáculo em homenagem a ele também. Além de falar, obviamente, sobre Elvis Presley, é muito forte para mim, é uma ligação de alma e de sangue.

CE - Qual foi a sua grande motivação para tirar esse sonho antigo do papel?
BS - 
De certa maneira, foi para que eu lidasse melhor com a perda do meu pai. Então, o espetáculo surgiu a partir disso. Com a morte do meu pai, eu ouvi muito os LPs do Elvis durante o luto. Quando um diretor que me dirigia, o Breno Silveira, maravilhoso diretor de cinema e de teatro também, estava me dirigindo no teatro, ele falou que eu estava muito Elvis Presley.

“Nossa, você está muito Elvis Presley”, ele citava isso algumas vezes, e isso ligou uma chavinha de que eu poderia me interpretar como Elvis Presley. Além dessa questão da semelhança, também busquei depositar ali parte do meu luto na hora de escrever esse texto e essa homenagem para esses dois heróis, meu pai e o Elvis. Então, a motivação foi tornar eterna essa relação e esse amor.

CE - Quais os maiores desafios de dar a vida a um personagem biográfico especialmente o Rei do Rock?
BS -
 É realmente um desafio muito grande. São vários desafios. O primeiro é a voz, tão conhecida, ou melhor, as vozes. Então é um trabalho muito delicado. São 24 anos de mudanças vocais, desde o primeiro disco que ele gravou até o último ano, o último show que ele fez com 42 anos, em 77. Então, é muito delicada essa construção vocal timbre muda muito, o drive, a voz vai encorpando, além do corpo, daquela agilidade. Elvis, dançava pra caramba também. Esse corpo também vai mudando conforme ele envelhece. E o psicológico, a interpretação de uma maneira geral.

Estudei muito tempo para que isso não fosse uma caricatura e fosse algo genuíno, não só na minha construção como ator, mas vocalmente, fisicamente e corporalmente. Foi realmente um trabalho com muito esmero, muito suor e com muito amor principalmente.

E na questão do texto, a mesma coisa, desenvolver essa dramaturgia de uma maneira que não fosse óbvia, que não ficasse no lugar do cover ou de uma biografia jogral e vazia. Eu busquei encontrar a essência do ser humano Elvis Presley. Então, fico feliz com a repercussão que está sendo maravilhosa. As críticas e o público estão dizendo que estão vendo a alma do Elvis antes de qualquer coisa.

Como o Rei do Rock - Divulgação

CE - Em 2023 você realizou a Rota do Rei e visitou lugares que fazem parte da vida do ícone. Como foi? Alguma emoção maior?
BS -
 Foi maravilhoso realizar a Rota do Rei, realmente foi para arrematar os seis anos de escrita do espetáculo e agora a gente completou sete anos na execução. Mas foi maravilhoso porque eu conheci Graceland, que é a mansão tão famosa de Elvis, conheci a casa onde ele nasceu, Itúpelo, que é uma cidade próxima ali de Memphis, que é super simples e ao mesmo tempo muito emocionante ter estado lá, visitado esse complexo. Visitei a Beale Street, que é a Rua do Blues, onde ele ia tocar e conheceu os ícones da música americana também.

Fizemos realmente uma trajetória linda, fomos na Sun Records, gravamos na Sun Records, eu gravei as mesmas canções que ele gravou lá na gravadora do Sam Phillips em Memphis. Foi extremamente especial e emocionante, na verdade foi uma coisa de outro mundo. Era uma viagem que eu sonhava em fazer com meu pai e de certa maneira eu fiz, de uma maneira diferente, mas fiz com ele também e principalmente preparando esse grande momento, esse espetáculo então foi realmente fora de série. Comi na lanchonete que o Elvis frequentava e comi o sanduíche preferido dele. São muitas lembranças maravilhosas.

CE - Sendo a produção 100% original e brasileira, de que forma buscou aproximar o público dessa história?
BS -
Isso eu tinha em mente desde o começo, que nós precisávamos aproximar a história de Elvis Presley do brasileiro, porque há uma memória, um inconsciente coletivo, mas ninguém sabe exatamente a história do Elvis, né, quem não é fã. O grande público tem diversas imagens do Elvis, principalmente algumas imagens finais ali do final da carreira.

Queria que isso fosse respeitado, que fosse esse início todo mostrado até o fim, essa transição, os motivos, durante a vida dele. Então, antes de qualquer coisa eu aproximei também a imagem completa do Elvis, porque o público brasileiro não tem a mesma visão de outros países, né, naturalmente. Tentei trazer sim para um ambiente familiar e um ambiente brasileiro. A primeira coisa que eu fiz foi pegar os sucessos do Elvis que ele gravou aqui no Brasil. Então, quando fui escrever o espetáculo, escolhi as canções que estavam no top 40 ou top 50 do Brasil para desenvolver a dramaturgia, uma vez que eu queria canções que contribuíssem para a narrativa e não fossem apenas canções inseridas no meio do texto.

Então foi um trabalho muito difícil, muito delicado, e ao mesmo tempo todos que assistem amam o repertório, porque são os maiores sucessos de Elvis no Brasil. Isso foi uma coisa que eu trouxe para aproximar do brasileiro. E também foquei no Elvis como mais um ser humano que veio de uma origem muito simples e muito pobre e atingiu o estrelato, como tantos que a gente vê aí, que sonham em dar uma casa pros pais apenas e conquistam muito mais.

Dei mais ênfase também na família, na relação dele com a mãe, na relação dele com o pai, nas relações dele não só no show numa coisa vazia escondida ali atrás apenas de coisas supérfluas de cenários e figurinos exagerados e tudo, e não contasse o mais importante que é a história desse cara né essa história de um homem comum que tinha um talento fora de série.

CE - Como é precisar separa as emoções, dentro e fora do palco, na hora de produzir e estrelar profissionalmente algo que é tão pessoal?
BS -
 É bem desafiador separar as emoções dentro e fora do palco, uma vez que produzir e protagonizar uma peça com essa dificuldade e complexidade exige muito, fisicamente, vocalmente, espiritualmente, principalmente agora, quando é tão pessoal. Então, realmente é um desafio, uma vez que o espetáculo tem 34 canções e eu canto pelo menos 80% delas, estou em cena em 90% delas. São muitas trocas rápidas, o espetáculo dentro do palco e nas coxias. São 2 horas e 25 minutos que eu não paro um segundo, então é muito cansativo.

Além de toda a questão de me preocupar com questões de produção e tudo mais, e o cunho do coração, do amor pela história, do amor pelo Elvis, do amor pelo meu pai. Então é realmente uma maratona. A gente brincava até que no Bonnie e Clyde era um crossfit, mas no Rei do Rock musical, nessa biografia do Elvis, eu falo que é uma prova de Iron Man todos os dias. A gente está em cartaz de quinta a domingo, e eu fico prostrado na segunda e terça sem conseguir levantar da cama de tão exausto que eu fico porque eu me entrego de corpo e alma para esse papel.

Divulgação

CE - No segundo semestre você estará à frente do musical que celebra os 40 anos do Rock in Rio. Como será e o que espera desse novo desafio?
BS -
 Estou muito, muito feliz. Este é o ano do rock na minha carreira. Já tinha feito vários espetáculos que incluíam rock and roll, como Jesus Cristo Superstar, entre outros, mas este com certeza é o ano do rock para mim. Estou interpretando simplesmente Elvis Presley e ainda vou virar esse espetáculo dentro do Rock in Rio, que celebra os 40 anos do festival.

Trata-se de um espetáculo de teatro musical chamado "Sonhos Lama e Rock in Roll", que aborda exatamente os elementos presentes nos pilares desse evento, desde o início e muito mais, concebido por Roberto Medina. É muito emocionante ter recebido essa oferta, esse presente do Charles Miller, do Cláudio Botelho, claro, do Medina e de todos que fazem parte dessa produção maravilhosa.

Fazer um espetáculo como esse dentro do Rock in Rio, celebrando os 40 anos desse evento que se tornou um ícone mundial, é algo incrível. Estou muito ansioso e feliz por esse momento e aguardando ansiosamente para que a gente inicie os ensaios no segundo semestre. Vai ser demais!

CE - O musical “West Side Story” também retorna no Rio de Janeiro no segundo semestre. Como acha que será o seu reencontro com o personagem Tony?
BS -
Existe essa alegria maravilhosa também no segundo semestre, que é o West Side Story, uma das minhas peças preferidas da vida e da minha carreira, que me trouxe alegrias sem fim, prêmios e reconhecimento. Foi uma temporada maravilhosa em São Paulo, no Teatro São Pedro.

Protagonizar o musical dos musicais é realmente uma alegria. Ter a chance de dar vida ao Tony mais uma vez vai ser extremamente especial, principalmente no Rio de Janeiro sob a direção de Charles e Cláudio.  É realmente um sonho realizado.

Fazer um espetáculo no Rio de Janeiro, uma vez que aqui em São Paulo foi um sucesso estrondoso e absoluto, é algo incrível. Esse reencontro com o Tony vai ser ainda mais especial, uma vez que vivi outros personagens tão diferentes nesse meio tempo. Voltar depois de interpretar Elvis Presley para fazer o Tony também será muito especial. Quem sabe ainda interpretar o Rei do Rock no segundo semestre? Vai ser um segundo semestre muito especial.

Com Giulia Nadruz em West Side Story - Divulgação

CE - Como avalia seus quase 15 anos de carreira, com tantos personagens emblemáticos e prêmios ganhos? Falta algo?
BS -
 Na verdade, são quase 20 anos de carreira já. Passou rápido, mas é porque comecei muito jovem, aos 11, 12 anos. Então, já são quase 20 anos de carreira. Precisamente no final do ano, farei 20 anos de carreira. Recentemente fiz as contas, então é uma alegria imensa. Comecei muito cedo, como criança, então ter construído essa carreira, apesar de ainda tão jovem, ter construído uma carreira tão bacana, cheia de desafios cumpridos e tudo mais, é uma alegria imensa. Já fiz parte de todas as possibilidades dentro do mercado. Então é muito bacana ter tido a chance de protagonizar os maiores espetáculos já feitos no Brasil nos últimos dez anos também, em específico.

Ter feito Elvis Presley agora é incrível. Ter feito Tony em West Side Story é incrível, feito Clyde em Bonnie e Clyde é muito especial, Jamie em Os Últimos Cinco Anos é muito especial, Tony no Billy Elliot também, outro Tony, o próprio Zezé no Dois Filhos de Francisco também foi muito especial, Judas no Góspel. Enfim, são muitos papéis protagonistas e também coadjuvantes que me trouxeram prêmios muito especiais.

Realmente me sinto honrado por ter sido reconhecido pelos maiores prêmios aqui do nosso país e por ter construído essa trajetória com muito suor e degrau a degrau caminhando, lutando e estudando muito para conquistar meu espaço e esse reconhecimento, nada cai do céu, a gente trabalha muito. Trabalho muito de terça a domingo. Quando não estou no palco, estou trabalhando, dando aula, estudando ou produzindo. Já há alguns anos é uma dedicação realmente muito trabalho, então é muito gratificante.

CE - Atualmente você tem estrelado muitas produções próprias. Quais são os desafios?
BS -
Tenho tido a bênção de atuar como produtor e de estar envolvido em espetáculos muito especiais, verdadeiros sucessos. Temos a felicidade de garantir que cada espetáculo produzido pela nossa produtora alcance um sucesso estrondoso, o que é sinal do carinho e empenho que dedicamos a cada projeto. Além disso, é um prazer fazer parte de papéis emblemáticos nas produções que realizei.

É uma alegria e, claro, também desafiador, pois além de assumir um papel protagonista, há também a responsabilidade como produtor, exigindo dedicação e responsabilidade. Cuidamos de todos os detalhes do espetáculo e estamos atentos a todos os aspectos, inclusive durante os ensaios. Muitas vezes, quando começamos a ensaiar um espetáculo, ele já tem pelo menos três ou quatro anos de pré-produção e produção. Para nós, é algo já conhecido, apesar da emoção da execução; já estamos maduros em relação ao espetáculo, o que traz um olhar diferente e desafiador, mas igualmente gratificante.

Graças a Deus, trabalho no mercado há muitos anos e é uma alegria protagonizar não apenas minhas produções, mas também outras grandes produções maravilhosas, como Wesley Sor e Billy Elliot, entre outros que se intercalam com nossas próprias produções. É muito desafiador, mas ao mesmo tempo gratificante em todos os níveis.

CE - Projetos futuros?
BS -
 Há muitos projetos futuros na produtora, já temos coisas previstas até 2026. Obviamente, intercalando com espetáculos que não são de minha produção, como o próprio West Side Story e outros projetos em minha agenda como produtor e ator. Muitas coisas bacanas estão por vir, algumas novidades já contei aqui e com certeza muitas outras além dos espetáculos. Também há algumas coisas previstas no audiovisual e no mercado fonográfico. Muitos trabalhos pela frente, muitas alegrias e novidades que em breve vou contar para vocês.

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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