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Capa B+: Entrevista exclusiva com o ator e diretor Munir Kanaan

"Quando assisti ao filme em 2020, durante a pandemia, pensei: "Esse filme daria uma baita peça." O texto é inteligente, os diálogos são rápidos, os personagens são complexos".

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Munir Kanaan é o diretor da peça “Dois Papas”, estrelada por Celso Frateschi e ZéCarlos Machado, em cartaz no Sesc Santo Amaro, em SP, até 27 de abril. No palco, os artistas dão vida ao cardeal Jorge Bergoglio e ao Papa Bento XVI.

O texto inédito no Brasil ganhou adaptação cinematográfica na Netflix, dirigida por Fernando Meirelles e indicada ao Oscar em 2019.  Com 45 anos de idade e 26 de carreira, o paulistano ganhou projeção nacional em 2017 ao atuar na prestigiada série “Dois irmãos”, de Luiz Fernando Carvalho, na TV Globo. Para este ano, está prevista a estreia do segundo espetáculo teatral que leva a sua assinatura. 

Fundador da Gengibre Multimídia - uma produtora teatral com 8 anos de existência no mercado, Munir Kanaan estreou em 2017 seu primeiro projeto autoral: o espetáculo "Hotel Mariana", indicado ao Prêmio Shell de Teatro. Em 2022, o paulistano estreou seu primeiro solo, a peça 'Horror Lavanda', que está em fase de adaptação para um longa-metragem, no qual ele também irá protagonizar e co-produzir.

Formado em artes cênicas e produção executiva de cinema, Munir Kanaan ainda tem em seu currículo de ator 16 espetáculos, como o sucesso "Dogville", e cinco filmes, como "Nome Próprio", de Murilo Salles, pelo qual foi indicado como Melhor Ator no Festival de Cinema de Gramado em 2008. Na TV, ele atuou nas novelas “Duas Caras” e “O Profeta”, da Globo, foi protagonista da série “Os Figuras”, do Multishow, e apresentou o programa “Futura Profissão”, do Canal Futura.

Munir é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, e em entrevista ao Caderno ele fala sobre trabalhos, carreira e sobre a peça "Dois Papas" em cartaz em São Paulo.

Munir Kanaan é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Fabio Audi - Diagramação: Denis Felipe - Por Flávia Viana

CE - Munir, você está dirigindo a peça “Dois Papas”, que vai ficar em cartaz em SP até dia 27 de abril no Sesc Santo Amaro depois de passar pelo Sesc Guarulhos. Como surgiu a ideia de levar pros palcos brasileiros esse projeto que já foi montado no mundo? Houve  alguma adaptação pra cá?
MK -
 Quando assisti ao filme em 2020, durante a pandemia, pensei: “Esse filme daria uma baita peça.” O texto é inteligente, os diálogos são rápidos, os personagens são complexos, e imaginei que poderia ser interpretado por dois grandes atores de teatro – dois “papas” do teatro.

Comecei a pensar em uma adaptação, mas logo descobri, junto com meus sócios Carol Godoy e Rafa Steinhauser, que, na verdade, o filme era uma adaptação de uma peça teatral do mesmo autor, Anthony McCarten. A peça havia sido montada apenas uma vez, na Inglaterra, e soubemos disso ao entrar em contato com os detentores dos direitos, um escritório no Reino Unido.

Agora, ela ganha sua primeira montagem em língua portuguesa, com direção original minha. Uma grata surpresa foi descobrir que a peça traz mais duas personagens, duas freiras, interpretadas por Carol Godoy e Eliana Guttman. Isso traz uma presença feminina que é ausente no filme, enriquecendo ainda mais a narrativa no palco.

CE - Impossível falar de “Dois Papas” e não comentar sobre o filme que chegou a ser indicado ao Oscar. Quem viu o longa o que pode esperar da obra no palco? Tem alguma diferença da obra cinematográfica para a dos palcos?
MK -
 Quem viu o filme pode esperar algo completamente diferente nos palcos. A presença das freiras é marcante, e a estrutura narrativa da peça é bem distinta da do filme, embora a história continue girando em torno do encontro fictício entre Bento XVI e Bergoglio, o futuro Papa Francisco.

Mas, para além da narrativa, o teatro oferece recursos e uma emoção que nenhuma tela pode proporcionar. O teatro é a mais alta tecnologia que existe – quanto mais a tecnologia avança, mais o teatro se torna uma experiência única. Ele é ao vivo, envolve risco, é um pacto silencioso entre plateia e palco, público e atores. Além disso, a peça traz transições e mecanismos narrativos próprios do teatro, que tornam essa experiência ainda mais especial. Sou suspeito para falar, mas ouso dizer: a peça está linda. Assisto a todas as sessões.

CE - “Dois Papas” marca a estreia de Munir Kanaan como diretor de teatro. Como tem sido essa experiência pra quem já trabalha na área artística há 26 anos?  Já pensa em dirigir novos projetos?
MK - 
Sou artista de teatro há mais de 20 anos e, apesar de atuar principalmente como ator, produtor e diretor, já estive envolvido em diversas áreas, como iluminação, figurino, trilha sonora, enrolando cabo e carregando e montando cenário.

Cada trabalho que faço é um novo desafio, e parece que todos os projetos sempre me preparam para o próximo. As alegrias, o senso de responsabilidade e as angústias estão sempre presentes, e o processo de criação é justamente atravessar tudo isso. O trabalho acontece na sala de ensaio, no sofá com o texto na mão, olhando para o teto, no banho, enquanto durmo...

O entendimento e as decisões surgem a partir da soma de todos esses anos de estar e fazer teatro. Dirigir exige se debruçar sobre a obra, abrir a escuta ao máximo para entender o que aquela peça pede, com aquelas pessoas, naquele exato momento do teatro e da nossa sociedade.

Apesar de essa experiência ter despertado em mim uma enorme vontade de voltar a atuar – certamente por ter trabalhado com grandes atores e atrizes –, meu desejo de seguir dirigindo só aumentou. Já penso em novos projetos autorais e, ao que tudo indica, também irei dirigir produções idealizadas e produzidas por outros artistas que admiro.

CE - Aliás, por que só depois de duas décadas atuando decidiu mudar de lado e estrear na direção? 
MK - 
Sempre flertei com a direção. Antes, já havia dirigido um processo experimental singelo, uma peça-filme e algumas webséries. Minha primeira experiência dirigindo foi no audiovisual – adoro um set de filmagem também.

Mas agora senti um impulso e uma segurança para encarar a direção de uma peça grande, grande em todos os sentidos: duas horas e meia de espetáculo, um texto que levou sua adaptação ao Oscar sob a direção de Fernando Meirelles, grandes atores… Senti que era o momento. Costumo ser muito prudente e responsável. O teatro é a minha vida, e não posso descuidar. Há muita gente envolvida – artistas, técnicos, patrocinadores, instituições públicas e privadas.

Não entro para errar. Então, essa decisão veio da soma de responsabilidade, desejo e intuição. Foi assim também quando encarei um solo, um monólogo, como ator – outra grande experiência. Seguirei por esse caminho, tem dado muito certo.

Os caminhos sempre se abrem, e o retorno do público e da crítica especializada tem sido sempre positivo. Foi assim, por exemplo, com "Hotel Mariana", outro projeto idealizado e produzido por mim, que se tornou um sucesso e recebeu indicação ao Prêmio Shell de Teatro.

Munir Kanaan é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Fabio Audi - Diagramação: Denis Felipe - Por Flávia Viana

CE - Munir Kanaan é ator e tem no currículo a série “Dois irmãos”, na TV Globo.  Como foi fazer esse projeto tão elogiado? Pensa em atuar em mais projetos na TV?  
MK -
 Dois Irmãos foi uma grande alegria. Trabalhar com Luiz Fernando Carvalho era algo que estava na minha lista de desejos. Foi um prazer imenso. O livro de Milton Hatoum e a adaptação da Maria Camargo são fabulosos.

Lembro da Maria visitando o set, na cidade cenográfica da Globo, e vindo me dar um abraço caloroso depois de uma cena protagonizada por mim. Isso foi muito forte. Não pelo elogio em si, mas por sentir que estávamos criando algo juntos. Ela escreveu, eu estava ali dando vida. Essa consciência de que atuar, seja no teatro ou no audiovisual, é um trabalho coletivo é o que mais me fascina nessa profissão.

Estamos todos juntos – artistas e técnicos – com o mesmo objetivo, querendo contar a mesma história. Isso me emociona. Sou uma pessoa altamente gregária… já dizia minha psicóloga! (Risos) Penso muito em voltar para o audiovisual – TV, cinema – sou um apaixonado. E não só pelo texto, por estar em cena. Juro que sinto o cheiro de set, de câmera. Adoro uma externa, uma noturna. Sinto que estou no meu melhor momento, mais maduro.

CE - Inclusive, na época de “Dois irmãos”, você assinava Munir Pedroza. Por que optou pela troca de nome? Isso influenciou em alguma mudança na sua vida? 
MK -
 Sempre assinei como Munir Kanaan, mas na época da minissérie, um produtor de elenco me colocou como um ator voltado exclusivamente para trabalhos árabes. Não gostei daquilo, de me colocarem numa caixinha.

Afinal, a maioria dos atores da série não era descendente de libaneses, inclusive o próprio Cauã Reymond, o protagonista. Sempre me viram como um ator camaleônico, então por que eu deveria me limitar? Na época, achei que fazia sentido, mas admito que foi uma bobagem. Mudar o nome foi um erro, tanto que voltei para Kanaan. O Pedrosa vem da família do meu pai, que era brasileiro, e eu também carregava um desejo de homenageá-lo. Mas agora meu nome ficou dividido no Google (risos). Hoje assino como sempre: Munir Kanaan.

CE - Em 2022, Munir Kanaan fez seu primeiro espetáculo solo chamado “Horror lavanda”. Como é fazer uma peça sozinho no palco? Quais as vantagens e as desvantagens dessa “solidão”? Já pensa em novos monólogos?
MK -
 Adorei a experiência, mas senti falta do jogo, da troca com outro ator ou atriz. Contracenar é jogar, é essa brincadeira em que fingimos que tudo é verdade. Mas, por outro lado, a troca com o público se intensifica.

Você fica mais poroso, sente o público com você o tempo todo. É uma espécie de manipulação: você segura, solta, puxa, suspende… tudo para trazer as pessoas junto. E elas vieram. Amo fazer Horror Lavanda e devo voltar com ele em abril, simultaneamente com Dois Papas – meu solo durante a semana. Sinto que Dois Irmãos e Horror Lavanda foram as experiências mais potentes da minha trajetória, as que mais me alargaram como ator. No palco, não há solidão, a plateia joga junto. E, sim, já penso em outros monólogos.

Foto: Fabio Audi

CE - “Horror lavanda”, aliás, vai virar um filme e já está em fase de captação. O que pode adiantar sobre esse projeto? Acha que esse momento de destaque mundial do cinema brasileiro pode favorecer incentivos a mais produções? 
MK -
 O autor do texto, Rui Xavier, dramaturgo da Companhia de Teatro – companhia da qual faço parte –, acabou de finalizar o roteiro, que, ao contrário do solo, traz muitos personagens. Fechamos um contrato de coprodução e, este ano, partimos para a captação.

Vai ser um baita filme, tenho certeza. Esse momento do cinema nacional é uma das coisas mais lindas que já vi. Ganhamos todos com isso: a arte, o cinema, a sociedade, a justiça. Acredito – e espero – que, daqui em diante, os incentivos privados e as políticas públicas aumentem, assim como o interesse do público, das salas de cinema e a venda de ingressos para filmes nacionais. E não só para as comédias que replicam programas de humor da TV, mas para uma produção cinematográfica mais diversa e expressiva.

CE - No seu currículo tem indicação ao Prêmio Shell em 2017 por um projeto teatral de sua autoria: a peça “Hotel Mariana”. Como foi receber essa honraria justo na sua estreia como autor? Como essa nomeação influenciou na sua carreira?
MK -
 Hotel Mariana foi um espetáculo que idealizei e pesquisei in loco, indo até Mariana-MG durante os resgates dos sobreviventes do rompimento das barragens de rejeitos de minério em 2015. A dramaturgia se baseou em doze horas de áudios com relatos de mais de quarenta atingidos.

Dividi a escrita com Herbert Bianchi, que convidei para dirigir a peça. Além disso, assumi a produção – tenho uma produtora cultural, a Gengibre Multimídia e também fiz parte do elenco. Fiquei surpreso com a indicação ao prêmio. Fiz esse espetáculo como um artista cidadão, sem pensar em reconhecimento ou sucesso. Apenas fui tomado por um senso de responsabilidade e indignação diante do que estava acontecendo.

O resultado foi emocionante: milhares de pessoas assistiram a uma peça do circuito alternativo que ganhou projeção no mainstream. As vozes de Mariana ecoaram em muitos lugares. Foi uma peça diferente, um docuteatro, e seguimos em cena até hoje. Mas este ano, quando completará dez anos, devo "aposentá-la". Hotel Mariana me trouxe um reconhecimento que eu nem esperava, e sou profundamente grato pelo prêmio e por todas as pessoas que tornaram esse trabalho possível.

CE - Munir Kanaan é ator e diretor e ainda tem uma produtora de teatro. O que falta fazer que ainda não teve oportunidade?
MK -
 Ah, falta fazer muita coisa! Falta fazer tudo – tudo o que ainda está por vir e virá. Meu trabalho me dá sentido. Quero continuar dirigindo, atuando e produzindo muitas peças. Às vezes, imagino uma parede cheia de cartazes emoldurados, algo que eu possa olhar com orgulho daqui a alguns anos – e não só de teatro, mas também de cinema.

Recentemente, me formei em produção executiva de cinema, e foi daí que surgiu o projeto de adaptação do meu solo para as telas. Também quero expandir meus caminhos no audiovisual. O cinema brasileiro está em um momento lindo, com muitos filmes incríveis além de Ainda Estou Aqui, e o streaming tem trazido séries nacionais excelentes.

Quero embarcar nessa jornada, voltar a fazer parte do elenco de um filme, série ou até mesmo uma novela bacana, ao lado de colegas e amigos que admiro. E, sim, desejo protagonizar algumas dessas histórias. Assumir essa responsabilidade me traz força e alegria. Tive essa experiência no teatro e em uma série do Multishow, e é algo que te absorve completamente – estar entregue ao trabalho dessa forma é muito prazeroso.

 

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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