O ator Mouhamed Harfouch é brasileiro de ascendência árabe, nascido no Rio de Janeiro. Ele é formado em Direito, e começou a fazer teatro ainda criança até decidir se dedicar somente à carreira artística. Fez faculdade porque achava que não conseguiria se sustentar como ator. Aos 20 anos estudava, fazia estágios e à noite ensaiava peças.
Estreou no teatro em 1994, em "Estação Baixo Gávea". Depois emendou vários espetáculos: "Decolando na Onda" (1996), "Teen Lover" (1997), "Se você Me Ama" (1998), "Os Candidatos" (1999), "A Prosa de Nelson" (2000), "Forró da Revolução Popular" (2000). Foi premiado pelas peças "A Menina Que Perdeu O Gato Enquanto Dançava O Frevo Na Terça-Feira de Carnaval" e "Auto do Novilho Furtado". Em 2004, atuou em "A Zeropéia" e "A Aranha Arranha A Jarra A Jarra Arranha A Aranha". Em 2010, participou da montagem de "Gorda".
Já a estreia na televisão aconteceu em 1997, protagonizando o episódio "Meu Guri", do programa "Você Decide", na TV Globo. Em 2007, atuou na novela "Pé na Jaca" como o árabe Houssein; em 2011, integrou o elenco da novela "Cordel Encantado" como o polígamo Farid; em 2013, atuou na novela "Amor à Vida", de Walcyr Carrasco; e em 2014 participou da série "Dupla Identidade", de Gloria Perez e protagonizada por Bruno Gagliasso. Em 2015, Mouhamed Harfouch foi escalado para fazer o médico Everaldo, par romântico da protagonista de "Verdades Secretas", Deborah Secco.
"Eu avalio minha trajetória como sendo de muita dedicação, perseverança, muita garra e muita alegria. Eu sempre falo que a carreira de ator é uma maratona, não é uma prova de 100 metros e eu sigo forte nessa maratona procurando sempre extrair o melhor do ofício, da paisagem, da caminhada e das trocas que acontecem nessa jornada", relembra.
O ator vive Chico Buarque na nova série documental do Globoplay "Betinho - No Fio da Navalha" retrata a história do sociólogo brasileiro Herbert de Souza. Mouhamed está nas telonas com "Nosso Lar 2" Os Menssageiros já sucesso de bilheteria em poucas semanas, além de “Rensga Hits” já lançado.
"Antes de começar a gravar, fui assistir um show do Chico e fui levado ao camarim dele antes da apresentação. Sua equipe toda já sabia que eu o interpretaria na série e todos me cumprimentaram com muito carinho. Mas, quando o encontrei no camarim, vi uma entidade na minha frente e fiquei em choque Ele é um ídolo na minha vida", explica.
O ator é casado com a advogada Clarissa Eyer, com quem tem dois filhos, Ana Flor e Bento.
Capa do Correio B+ desta semana, o ator fala com exclusividade ao Caderno sobre início de carreira, família, trabalhos futuros e também seus atuais em cartaz.
Mouhamed Harfouch é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Sergio Baia - Diagramação Denis Felipe e Denise NevesCE - Mais de 25 anos de carreira. Como você avalia sua trajetória?
MH - Eu avalio minha trajetória como sendo de muita dedicação, perseverança, muita garra e muita alegria. Eu sempre falo que a carreira de ator é uma maratona, não é uma prova de 100 metros e eu sigo forte nessa maratona procurando sempre extrair o melhor do ofício, da paisagem, da caminhada e das trocas que acontecem nessa jornada.
Então, eu me sinto grato e feliz por seguir em frente firme e forte nessa profissão que eu não quero ver linha de chegada assim tão cedo. Quero continuar correndo, correndo e descobrindo novos caminhos, me desafiando e com essa com essa mesma disposição e vontade de quando eu fiz o meu primeiro espetáculo.
CE - Mouhamed Harfouch você está no cinema, no streaming, fazendo show, preparando peça, fez novela na Globo no fim do ano passado....Como é poder transitar em tantas áreas e fazer personagens tão diversificados?
MH - É muito bom! É muito gratificante você poder nessa jornada experimentar. É claro que a gente fica feliz quando recebe personagens diferentes e desafiadores, mas também é muito gratificante poder transitar em tantas áreas diferentes. Essa diversificação comunica com os mais diferentes públicos. Tudo isso dá sentido ao nosso trabalho e reforça o poder do papel da arte.
CE - Você está no elenco do filme “Nosso lar 2”, que estreou este ano e, em duas semanas, já bateu mais de 1milhão de expectadores. Como foi fazer parte desse projeto? Isso mexeu de alguma forma com a sua fé?
MH - O meu avô era espírita e recebia o espírito de um médico. E eu lembro que meus pais se consultavam com ele, assim como pessoas de outras regiões do Brasil. E uma vez eu o vi incorporado. Eu também já tinha contato com o livro “Nosso Lar” e cheguei até a fazer teste para o primeiro filme, mas fiquei feliz de ter entrado pro filme 2 porque receber o Isidoro foi um presente enorme na minha vida.
Ele é um personagem muito interessante e muito desafiador. Esse projeto mexeu com a minha fé porque ajudou a reforçar a minha certeza de que nós não somos só essa matéria aqui, de que essa vida aqui é só uma parte da nossa evolução. Isso aqui é uma passagem, um lugar de provação, de desafios...Acredito na reencarnação e nos projetos, nos propósitos de vida.
Em Órfãos da Terra - Divulgação CE - Em algumas entrevistas o Wagner de Assis, diretor, relatou experiências sobrenaturais no set. Você tem alguma para contar?
MH - Eu peguei Covid na reta final das gravações que seriam feitas quase todas feitas na casa do Isidoro, meu personagem. O Wagner (diretor) ficou tenso com a possibilidade de eu ter que me afastar muito tempo por conta da quarentena e atrasar tudo.
Mas ele pediu ajuda espiritual e eu sei que a gente foi amparado de forma muito forte...Eu lembro até hoje desse cheiro de rosas que invadiu o set. Eu negativei em cinco dias. Foi muito rápido! E eu consegui ter três dias para terminar minha parte no filme. Tenho certeza de que eu fui muito ajudado por amigos espirituais, inclusive na construção do Isidoro.
CE - O Brasil tem histórico de cinemas lotados com grandes comédias, como as de Paulo Gustavo. O que já não acontecia há um tempo. Como é ver o cinema nacional voltando a atingir grandes números, especialmente com um filme de cunho espírita?
MH - Depois de uma pandemia e depois de um governo que foi muito difícil para o setor da cultura, ver um retorno de filmes como “Minha Irmã e eu”, com a Tatá Werneck e a Ingrid Guimarães batendo quase dois milhões de espectadores, e ver “Nosso lar 2” sendo a sexta maior abertura do cinema nacional de toda a história com um milhão de espectadores nos motiva muito!
Eu tenho que agradecer a política atual onde está reservando cota de cinema nacional nas salas, porque isso é de uma importância gigantesca. O cinema nacional retrata a nossa diversidade, retrata a nossa cultura, retrata a nossa gente e fortifica a nossa história. Isso tudo ainda fomenta os nossos talentos a escreverem, a produzirem, a dirigirem, e a toda a indústria do setor audiovisual que representa um PIB forte da nossa economia.
Elenco NOSSO LAR 2 - Os Menssageiros - DivulgaçãoCE - Você dá vida a Chico Buarque na série “Betinho”. Vocês chegaram a ter algum contato para sua composição? E como é interpretar um personagem real e que ainda está vivo? E como foi seu encontro com Chico?
MH - Antes de começar a gravar, fui assistir um show do Chico e fui levado ao camarim dele antes da apresentação. Sua equipe toda já sabia que eu o interpretaria na série e todos me cumprimentaram com muito carinho. Mas, quando o encontrei no camarim, vi uma entidade na minha frente e fiquei em choque Ele é um ídolo na minha vida!
Chico Buarque é uma pessoa que eu acompanho desde sempre na música, no teatro com seus espetáculos, na literatura...Sem contar que ele é um cidadão fora de série! O que eu quis foi tentar beber nessa timidez sincera dele, misturada com o humor que ele tem e explicita em suas entrevistas. E eu espero que ele tenha gostado do que viu tanto quanto eu tive o prazer imenso em poder participar e ajudar a contar essa história.
CE - “Rensga Hits” foi um sucesso enorme quando foi lançado. Como esse projeto te impactou? E o que podemos esperar da próxima temporada que estreia este ano?
MH - O convite veio logo que encerrei meu contrato de anos com a Globo, justo na pandemia. A gente ainda tinha aquele momento de muitos protocolos, muito isolamento...foi muito difícil, muito desafiador, mas muito prazeroso porque estávamos todos confinados juntos em um hotel em Goiânia.
“Rensga” é uma série solar, que fala de sonho, de empoderamento feminino, que fala de música, que fala do Brasil. Pra mim foi um presente fazer Isaias porque eu adoro compor e também tenho meu trabalho musical. Posso dizer que esse personagem está na minha galeria de trabalhos inesquecíveis.
E poder refazê-lo novamente na segunda e na terceira temporadas é muito especial. É a primeira vez que eu faço três sequências com um mesmo personagem. É um desafio diferente! E eu posso garantir que as novas fases da série estão incríveis, repletas de hits de sucesso.
CE - Por conta de “Rensga”, passou a ouvir e até a colocar mis sertanejo na sua lista musical?
MH - Eu sempre gostei de sertanejo porque sou muito eclético. Várias músicas que hoje em dia eu canto e toco são sertanejas. Eu passei a escutar mais e com mais atenção por causa da série”, sobretudo para me inspirar e para pegar o traquejo da batida, do ritmo.
Ele é Chico Buarque na nova série documental da Globoplay - "Betinho - No Fio da Navalha" - DivulgaçãoCE - A música é muito presente na sua vida artística. Podemos dizer que isso ficou mais forte depois da sua participação no Popstar?
MH - Ah, com certeza. Eu sempre tive banda e sempre compus para mim. Até que em 2015 protagonizei a versão brasileira do musical da Broadway “Ou tudo ou nada”. No palco, eu cantava 14 músicas e, na sequência, veio o convite para o “Popstar”, na Globo.
Aquilo me transformou, me ensinou muito, especialmente a lidar com os meus medos, com a minha ansiedade, com a minha fraqueza. O programa me apresentou para o grande público como um cantor de rock e desde então sigo fazendo shows de pop rock pelo Brasil. O “Popstar” foi o maior workshop musical que eu poderia ter!
CE - Atualmente você tem feito shows no Rio de Janeiro. Pensa em uma grande turnê nacional e lançar novas canções autorais?
MH - Sim! Quero preparar um show e poder rodar o país levando meu trabalho autoral e o pop rock para um grande público. Aliás, recebo muitas mensagens nas minhas redes sociais de pessoas de todo o país pedindo que eu vá em suas cidades.
Mas, para isso, preciso conciliar com a minha agenda de ator, que também me demanda muito! Tenho algumas composições inéditas que pretendo gravar, mas eu acho que o que eu mais quero é poder cantar e tocar junto do público, estar com as pessoas que torcem por mim. Tenho um público fiel que me acompanha desde o Popstar!
CE - Mouhamed Harfouch é casado há mais de 20 anos. Qual a receita para se manter uma relação por tanto tempo?
MH - Ah, acho que o segredo é respeito, admiração, cumplicidade, troca, escuta e paciência. É muito difícil um relacionamento longo, mas é tão bonito, é tão gostoso! É lindo olhar um álbum de fotos e ver a vida que a gente construiu juntos. A gente tenta lutar contra o imediatismo da vida, o imediatismo do mundo! Quero que a gente siga juntos celebrando, construindo e trocando sempre e mais.
O ator é casado com a advogada Clarissa Eyer, com quem tem dois filhos, Ana Flor e Bento - DivulgaçãoCE - Ainda este ano teremos Mouhamed Harfouch de volta aos palcos com um monólogo autoral. O que pode adiantar sobre o projeto?
MH - Estou há dois anos escrevendo esse monólogo que fala sobre a minha ancestralidade, sobre a minha origem, mas tudo num tom de comédia. Nele vou abordar minha cultura brasileira e a cultura árabe na qual também fui criado...Estou muito feliz com o resultado desse trabalho escrito e ansioso para vê-lo ganhar os palcos em breve.
CE - O que falta fazer que você ainda não tevê oportunidade nesses mais de 30 anos de trajetória?
MH - Eu acho que tem muita coisa que ainda não tive a oportunidade de fazer ainda na minha carreira. Estou com 46 anos de idade e acredito que cada fase da vida tem desafios que correspondem a cada momento pelos quais precisamos passar.
O que pretendo mesmo é manter esse olhar “amador” de quem ama o que faz porque é fundamental esse frio na barriga antes de entrar em cena e esse medo de errar como se fosse a primeira vez num set ou num palco.
CE - Como você se vê daqui 30 anos na vida e na arte?
MH - Eu quero continuar trabalhando muito, criando muito, escrevendo, realizando espetáculos e podendo dar vida a personagens como eu vi tantos colegas e amigos fazendo!! Espero realmente seguir caminhando sempre em busca de novos horizontes e desafios, mas sem perder essa vontade e esse desejo de estar em contato com o público e em cena. Eu acho que isso é que mantém a gente vivo!
Em AMOR Á VIDA - Divulgação
My Secret Santa Netflix - Divulgação


