Correio B

Correio B+

Capa B+: Especial Dia dos Pais: Entrevista exclusiva com o ator e diretor Miguel Thiré

"Sempre pensei que seria pai. Laura é um presente, e o amor só cresce a cada dia".

Continue lendo...

Ator, diretor e autor, Miguel Thiré está comemorando 32 anos de carreira assinando a direção e como um dos criadores do monólogo “O Figurante”, estrelado pelo também ator Mateus Solano de quem é parceiro e amigo dentro e fora dos palcos. O projeto (totalmente feito sem patrocínio), fica em cartaz no Teatro Fashion Mall, no Rio, de julho a novembro de 2024.

Radicado em Portugal desde 2016, o carioca atuou na TV local nas novelas “A impostora” e “Valor da Vida”, na TVI.  Por lá, também fez parte do elenco do longa “Submissão”, criou e estrelou os solos “Cidade Maravilhosa” e “Força Estranha”, e também trabalhou nos espetáculos “A Peça que dá para o Torto”, “O crédito” e “O regresso de Ricardo III”. 

Na pandemia (2020 a 2021), Miguel lotou um galpão de mil metros quadrados com a sua adaptação da experiência Imersiva “Alice, O Outro Lado da História”. Em seguida, assinou a montagem dos sucessos teatrais “Dois+Dois” e “Trair e Coçar é só começar” - sendo esta a primeira versão do sucesso que ficou 34 anos em cartaz nos palcos brasileiros. 

Em seu currículo ainda constam diversos trabalhos na TV brasileira, como as novelas “Porto dos Milagres” e “Em Família”, na TV Globo, “Paixões Proibidas”, na Band, e Poder Paralelo”, na Record. Ele ainda foi protagonista da série “Copa Hotel”, do GNT.

No cinema, o ator fez parte do elenco de projetos como “O Inventor de Sonhos”, de Ricardo Nawenberg, e “A Memória Que Me Contam”, de Lúcia Murat. Já no teatro, esteve em uma dezena de espetáculos, como tango, Bolero e Chá-chá-chá” e “A Babá” - ambos com direção de Bibi Ferreira - e encenou o monólogo “Pra Mim Chega”. 

Ao lado de Mateus Solano, estrelou entre 2016 e 2018 a peça “Selfie”, que teve temporadas de sucesso no Brasil, nos EUA e em Portugal.

Casado com a atriz luso-brasileira Gabriela Barros – vencedora do prêmio Globo de Ouro como Melhor Atriz de Ficção em 2022 por sua atuação na série portuguesa “Pôr do sol” -  o artista aguarda o lançamento do filme “Biscoito da Fortuna”. O projeto foi rodado em Portugal e conta também com nomes como Milhen Cortaz e Giselle Itié no elenco. 

Miguel é filho do também ator Cecil Thiré com a produtora de teatro Norma Pesce, irmão dos atores Luísa Thiré e Carlos Thiré e também do músico João Thiré, netos da atriz Tônia Carrero. Uma família de estrelas do qual teve influências positivas em sua escolha como ator e diretor.

Miguel Thiré é Capa exclusiva e especial de Dia dos Pais do Correio B+ desta semana. Em entrevista ao Caderno, ele fala sobre o seu primeiro Dia dos Pais, trabalhos e experiência morando em Lisboa há alguns anos.

O ator Miguel Thiré é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: João Pimentel - Diagramação: Denis Felipe e Denise Neves

CE - Miguel é o seu primeiro Dia dos Pais. Como tem sido a paternidade pra você nos últimos meses? Além de rotina, percebe alguma mudança em si desde que Laura nasceu?
MT -
 Olha, Tem sido uma deliciosa e desafiadora experiência. Laura é um presente, e o  amor só cresce a cada dia como diziam, pois a interação só faz crescer também. O desafio pra mim é administração de tempo entre a filha e o restante da vida.

Organizar o tempo sempre foi um desafio pra mim, e com as demandas de uma bebê vejo necessário reaprender a cada dia sobre onde empregar energia. Por exemplo, agora que acabei de estrear uma peça, "O Figurante" com Mateus Solano, na qual eu dirigi e também assinei conjuntamente o texto, foi mesmo muito desafiador fazer as duas coisas ao mesmo tempo, Laura e peça.

E digo só consegui fazer bem, porque Laura é uma menina que dorme, uma sorte! E também aqui em Lisboa não tenho o suporte da minha família, então ajuda de babá torna a vida ainda mais cara, o que faz com que o trabalho tenha que render ainda mais, é a nova ciranda da vida. Agora, ela nos últimos 5 dias começou a falar "papá" e só com isso já pagou a conta dela (hahahaha).

CE - Aliás, muitas mulheres já crescem com o desejo de ser mãe. E você, pensava em ser pai? Como a notícia chegou pra você?
MT -
 Sempre pensei que seria pai, mas nunca tive essa pressa, nem a certeza do momento certo. Eu acompanhei e "auxiliei" todo o processo do parto (foi natural com muito trabalho nosso, pois no momento ela demorou para encaixar e fizemos muito exercício). Me lembro bem que depois dela passar pelo colo da mãe e fazer os primeiros procedimentos como pesá-la, ela veio para o meu colo. Nesse momento não havia nada de estranho, meu colo parecia conhecê-la como seu eu já estivesse acostumado a ampará-la. Isso me impressionou. 

O ator é pai de Laura e marido da atriz Gabriela Barros - Divulgação

CE - Você é casado com a atriz luso-brasileira Gabriela Barros. Como tem sido pra um brasileiro educar e criar uma filha em Portugal, um país com outra cultura? E como tem sido tudo isso longe da sua família aqui?
MT -
Acho que a distância da família criou é um grande desafio. O conjunto familiar ajuda a educar e cuidar. Quanto as diferenças culturais, acho que existe tantos desafios quanto eu teria se fosse no Rio. Qual ideologia de ensino se encaixa melhor conosco? Que tipo de influências ela terá? Serão sempre os desafios em todos os lugares.

Agora, existem vários outros fatores nessa equação, bons e maus. Um bom é a qualidade de vida e alguns suportes governamentais que Portugal dá mais que o Brasil, por exemplo, não pagar creche até os três anos, outra é que a parte brasileira da cultura dela, com a festa o maior calor nas relações, a espontaneidade, tudo isso vai ficar para as poucas visitas que espero que aconteçam sempre. Uma coisa que ajuda muito é que a família da Gabi tem muita relação com o Brasil. O pai dela é brasileiro, todos já moraram no Brasil em algum momento...

CE - Como pai de uma menina num mundo moderno, já pensa em como educá-la a respeito de assuntos como machismo, feminismo, preconceitos, etc?
MT -
 Claro que penso. Não só em educá-la, mas em constantemente em me reeducar. Acho que é esse o pensamento mais importante, estar sempre aberto a atualizar cada uma das nossas certezas. Já imagino o quanto ela vai me reeducar também pois as novas gerações são o novo. E precisamos do novo.

CE - Falando em paternidade, ser filho de Cécil Thiré, neto de Tônia Carrero e ter uma família toda super renomada na arte... Entrar para o mundo artístico foi uma escolha natural sua ou alguma pressão pra seguir os passos deles? Já pensou no que faria se não fosse artista?
MT -
 Nunca ouve nenhuma pressão. Havia proximidade e amor pelo que faziam, e isso seduz. Eu acho que se não fosse ator/diretor eu iria trabalhar em algo criativo. Ciências, matemáticas ou químicas, nunca conversaram comigo. 

             Miguel e Laura - Divulgação

CE - Falando em filhos, seu novo "filho" profissional é o monólogo “O figurante”, com Mateus Solano, que está em cartaz no Rio de Janeiro até novembro e onde você é o diretor e um dos autores do texto. Como é fazer um trabalho em que você tem múltiplas funções?
MT -
Pois é. É sempre desafiador. E ao mesmo tempo é o que mais gosto de fazer. Dar molde para um trabalho de raiz, é mesmo uma paixão pois é mesmo moldar o que queremos falar. Agora, como toda a paixão me faz amar e sofrer ao mesmo tempo. A busca pela perfeição esbarra nas realidades da vida e em meio a esse duelo eu vou sobrevivendo.

CE - No Brasil parece ainda haver um certo estranhamento do público e do mercado artístico quando alguém passa a fazer várias funções além de atuar. Como tem sido pra você essa experiência? Vamos ver um monólogo seu também dirigido e escrito por você?
MT - 
Não sei se noto esse estranhamento em particular, e no meu caso venho fazendo esse trabalho de criador em paralelo à trabalhar somente como ator desde os meus 23 anos, no entanto já estou costumado. Eu, inclusive, cheguei em Lisboa tendo na bagagem um monólogo chamado "CidadeMmaravilhosa" no qual eu estava em cena e também assinava criação junto da equipe, do mesmo modo que Mateus participa desse - "O Figurante". Fazer "Cidade Maravilhosa" em Lisboa me abriu muitas portas.

CE - Você tem um “casamento” com Mateus Solano de 25 anos. Como é essa relação pessoal e profissional de vocês?
MT -
 Eu e Mateus somos como irmãos no palco e fora dele. Muitos trabalhos e muitas histórias. Nós parecemos nos complementar de uma maneira curiosa em cena e agora nessa dinâmica de diretor ator também. Quando discutimos e temos opiniões opostas acho que nossos egos dançam uma dança respeitosa entre si, e saímos sempre fortalecidos com descobertas, além do carinho,  respeito e admiração naturais estão sempre presentes. 

Mateus e Miguel - Divulgação

CE - Você já se sentiu figurante em algum momento da vida pessoal e profissional?
MT -
 Já. E acho natural. Falar desse sentimento é muito importante inclusive em um mundo em que cada vez mais nos cobra ser importantes, felizes, famosos, influenciadores e uma série de outras coisas. Querer ver o lugar que se ocupa reconhecido é humano. ao mesmo tempo a noção de que fazemos parte de um todo e que somos todos figurantes de alguém é também uma perspectiva que nos faz pensar, pra dizer o mínimo.

CE - Você tem mais de 30 anos de carreira. Olhando pra sua trajetória, teria feito algo diferente? E o que Miguel Thiré ainda não fez, mas que está nos planos?
MT -
 Teria investido mais em estudo com a cabeça mais jovem. Ferramentas como o canto, habilidades com línguas e coisas assim. Sonhos eu tenho alguns e nenhum que me norteie. Na verdade, um conceito, viver bem de retorno de bilheteria; saber que estou conseguindo pagar bem as minhas contas com dinheiro direto que as pessoas desprenderam para assistir algo do qual fiz parte. Reconheço a importância que existe no anunciante, no mecenas, no governo que apoia através de um edital. No entanto sonho em crescer mais e mais em vender ingresso autonomamente.

                     Miguel e o pai Cecil Thiré - Divulgação

CE - Morando e trabalhando fora há oito anos, do que mais sente falta do Brasil? E o que já "pegou" dos portugueses?  
MT -
 Sinto falta das casas de sucos a cada esquina, da mata atlântica e da festa que é o Brasil. SINTO FALTA DO CARNAVAL. Gosto do que Lisboa me proporciona como cidade, cultura, praia, comida. Já me sinto mais acostumado ao ritmo calmo e menos caótico de Lisboa, e quando vou ao Rio é uma espécie de caos e delícia que já não identifico como casa, mas que preciso de tempos em tempos pois me alimenta.
Sempre fui de amar o carnaval, mas só naqueles 5 dias. Dentro deles eu vivia tudo e era impossível abrir mão, chegava a negar trabalho se não respeitasse o carnaval, mas depois dos 5 dias já estava bom. São assim minhas passagens pelo Brasil hoje.

CE - Depois da estreia de “O Figurante”, já faz planos para novos projetos?
MT -
 Projetos são muitos. Estrear duas novas peças em Lisboa até janeiro, mas que ainda é cedo pra falar. E estou em conversa com uma parceria brasileira para desenvolver um formato de teatro de improviso, com o qual venho trabalhando nos últimos tempos. Como são criações, somente na hora certa posso revelar títulos e assim. Até lá , muita labuta e cuidar de Laurinha. Ah, mas o Carnaval....... que saudade...

Miguel para revista GQ - Reprodução

Correio B+

Cinema B+: A Legado de Val Kilmer no Cinema

Ator faleceu aos 65 anos, deixando atuações icônicas como lembrança para os fãs

05/04/2025 13h00

Cinema B+: A Legado de Val Kilmer no Cinema

Cinema B+: A Legado de Val Kilmer no Cinema Foto: Divulgação

Continue Lendo...

Todos os jornais e blogs que cobrem cinema passaram os últimos dias lamentando e lembrando o ator Val Kilmer, um dos poucos atores podem ter uma coleção de trabalhos icônicos na história do cinema com personagens como Batman, Jim Morrison, Doc Holliday e, “Iceman”, entre outros.

A lista de sucessos (e fracassos) é longa, mas Kilmer navegava entre comédias, aventura e dramas com um carisma ímpar que o coloca no patamar das lendas, mesmo que gerações recentes mal lembrem seu nome.

Devo dizer logo de cara que meus filmes favoritos com Kilmer não são seus maiores: Fogo Contra Fogo, de Michael Mann, que todos amam, mas também o menor A Sombra e a Escuridão, que Kilmer co-estrelou com Michael Douglas. Um filme que é difícil de achar.

O ator fez um documentário em 2021, Val, onde abriu o jogo de como perdeu suas cordas vocais em 2015, quando descobriu que tinha câncer na garganta. A essa altura já trabalhava pouco, estava longe dos dias em que era um dos homens mais bonitos do cinema, estava irreconhecível. O documentário é emocionante para os fãs, mas, mais ainda foi a linda homenagem que Tom Cruise fez ao amigo com o filme Top Gun – Maverick.

No que foi a despedida oficial de Kilmer do cinema, Cruise fez questão de trazer o antagonista de Maverick, Iceman, como seu amigo e confidente. Mais ainda, com o uso de tecnologia de IA, recuperou a voz que Kilmer já não tinha e deu a ele falas emocionantes para ser lembrado com dignidade. Não houve um olho seco no cinema nessa sequência.

Do teatro à imortalidade nas telas, uma trajetória marcada pelo talento e pela resiliência

Val Edward Kilmer nasceu em 31 de dezembro de 1959, em Los Angeles, Califórnia, e foi um dos atores mais versáteis e intensos de sua geração. Dono de uma presença cativante e um talento inquestionável, Kilmer se destacou ao longo de quatro décadas em papéis icônicos que marcaram a história do cinema. Sua jornada começou nos palcos, mas foi na tela grande que ele consolidou sua carreira, tornando-se um dos rostos mais conhecidos e respeitados de Hollywood.

Formado pela prestigiada Juilliard School, onde foi o mais jovem a ser aceito no programa de teatro na época, Val Kilmer demonstrou desde cedo um compromisso inabalável com sua arte. Seu talento não tardou a chamar a atenção da indústria cinematográfica, levando-o rapidamente a se tornar um dos atores mais requisitados de sua geração.

Kilmer ganhou notoriedade nos anos 1980 ao estrelar a comédia Top Secret! (1984) e o cultuado Real Genius (1985), mas foi em 1986 que alcançou fama mundial ao interpretar o piloto Tom “Iceman” Kazansky no clássico Top Gun, ao lado de Tom Cruise. O sucesso do filme impulsionou sua carreira, abrindo portas para papéis ainda mais desafiadores na década seguinte.

Em 1991, viveu um de seus personagens mais memoráveis ao interpretar Jim Morrison na cinebiografia The Doors, dirigida por Oliver Stone. Para o papel, Kilmer mergulhou profundamente na persona do lendário vocalista do The Doors, chegando a gravar as canções do filme com uma impressionante fidelidade à voz original de Morrison. Sua dedicação ao papel foi elogiada pela crítica e pelos próprios membros da banda, consolidando sua reputação como um ator de método e ganhando uma indicação ao Oscar.

Ao longo dos anos 1990, Kilmer continuou a diversificar seus papéis, protagonizando o épico faroeste Tombstone (1993) como Doc Holliday, uma atuação que muitos consideram uma de suas melhores. Em 1995, assumiu o icônico papel de Bruce Wayne em Batman Eternamente, substituindo Michael Keaton.

Embora o filme tenha dividido a opinião do público e da crítica, Kilmer foi elogiado por sua interpretação do Cavaleiro das Trevas. No mesmo ano, atuou ao lado de Al Pacino e Robert De Niro no aclamado Fogo Contra Fogo (Heat). A década também o viu brilhar em O Santo (1997), onde interpretou um mestre do disfarce, demonstrando novamente sua versatilidade e carisma.

Apesar de sua notoriedade, Kilmer também enfrentou desafios dentro da indústria cinematográfica, sendo frequentemente descrito como um ator exigente e perfeccionista. Sua dedicação absoluta aos personagens às vezes resultava em atritos nos bastidores, mas seu comprometimento era inegável.

Nos anos 2000, sua carreira passou por altos e baixos, com papéis de menor destaque em filmes independentes e produções experimentais. Entretanto, ele nunca deixou de atuar e buscar novas formas de se expressar artisticamente.

Em 2014, sua vida tomou um rumo inesperado quando foi diagnosticado com câncer de garganta. O tratamento agressivo, que incluiu quimioterapia e cirurgias, afetou severamente sua voz e sua capacidade de respirar. Apesar das dificuldades, Kilmer permaneceu resiliente e encontrou novas formas de se comunicar e atuar.

Como mencionei, sua batalha contra a doença foi relatada no emocionante filme Val (2021), um documentário autobiográfico que trouxe à tona sua jornada de altos e baixos, sua paixão pela arte e sua luta pela vida. 

O documentário foi aclamado pelo público e pela crítica, proporcionando um olhar íntimo sobre a mente de um artista que nunca se rendeu às adversidades. A despedida oficial, também como citei, veio no ano seguinte com a participação em Top Gun – Maverick.

Val Kilmer faleceu em 1º de abril de 2025, aos 65 anos, em Los Angeles, devido a complicações de uma pneumonia. Sua filha, Mercedes Kilmer, confirmou que ele partiu pacificamente, cercado por seus entes queridos. Além de Mercedes, deixa seu filho Jack Kilmer, fruto de seu casamento com a atriz Joanne Whaley.

O legado de Val Kilmer permanece vivo através de suas performances inesquecíveis e de sua coragem em enfrentar desafios pessoais e profissionais com determinação. Seja como um lendário roqueiro, um pistoleiro do Velho Oeste, um super-herói ou um piloto de caça, Kilmer se reinventou constantemente, deixando uma marca indelével na história do cinema. Seu talento, paixão e comprometimento com a arte continuarão a inspirar gerações de atores e cinéfilos ao redor do mundo.

Para matar as saudades, terá que passear em algumas plataformas: Top Gun está na Paramount+; The Doors, pelo qual foi indicado ao Oscar, na MGM+/Prime Video; Fogo contra Fogo e Tombstone, na Disney+ e Batman Eternamente, na MAX. E antes de mais nada, na Prime Video, confira o documentário Val. Uma grande homenagem a um grande ator.

Semana Santa

Aprenda a fazer bacalhau confitado com legumes para a Sexta-Feira Santa

Saiba como confitar o peixe mais tradicional da Semana Santa, uma técnica para os acompanhamentos ganharem maior intensidade de sabor e que deixa o nobre pescado ainda mais perfumado e tenro

05/04/2025 10h30

Brócolis, batata, alho negro, tomate: com diversos acompanhamentos, o bacalhau confitado é uma apoteose do sabor

Brócolis, batata, alho negro, tomate: com diversos acompanhamentos, o bacalhau confitado é uma apoteose do sabor Divulgação

Continue Lendo...

A Páscoa é daqui a duas semanas, e o bacalhau, com perdão da redundância, é um item sagrado na Sexta-Feira Santa. Reunir familiares e amigos ao redor da mesa para degustar o nobre pescado, que está com a cotação a partir de R$ 80 por quilo em Campo Grande, é uma tradição neste período. O chef de cozinha Eduardo Duó sugere uma receita para a data: o bacalhau confitado. A técnica garante um sabor profundo, ideal para as festividades.

Duó afirma que a receita eleva o sabor do bacalhau a um novo patamar, utilizando ingredientes simples, mas cheios de sabor. Segundo o chef, que também é professor universitário, o segredo está na técnica do confitado.

“O que é confitado? Trata-se de cozinhar o alimento em gordura, nesse caso, no azeite de oliva. O azeite pode ser reutilizado, ficando aromatizado, perfeito para outras preparações, como maionese ou para temperar saladas”, explica o especialista.

Além do azeite, o bacalhau é confitado com alho, louro, tomilho e alecrim, que são colocados em um sachê de especiarias, o famoso sachet d’épices, uma trouxa que mantém as ervas presas, evitando que as folhas se soltem durante o preparo.

“O fogo deve ser bem baixo. O ideal é que a temperatura do azeite fique em torno de 60°C, sem ferver. Quando começarem a aparecer bolhas ao redor do bacalhau, é hora de desligar o fogo e deixar o bacalhau terminar de cozinhar no azeite por mais 10 minutos”, ensina.

Para acompanhar a proteína, o chef acrescenta que outros ingredientes são preparados de forma similar, como o tomate-cereja e as batatinhas. O professor explica que os tomates são confitados por cerca de cinco minutos no azeite com manjericão, enquanto as batatas bolinhas, após cozidas, são douradas no forno com o azeite do bacalhau e alecrim. “Cada ingrediente vai absorvendo o sabor do azeite, criando uma combinação perfeita de aromas e texturas”, comenta o chef.

Com esse prato, o craque do avental garante que o almoço da Sexta-Feira Santa se torna um evento repleto de sabor. Duó diz que quem experimenta o bacalhau confitado dificilmente vai querer prepará-lo de outra forma. “É um prato simples, mas com uma profundidade de sabor que faz toda a diferença na sua celebração”, afirma.

ALHO NEGRO

Uma variação bem bacana é o preparo com alho negro. Ao contrário do que muitos pensam à primeira vista, o alho negro não se trata de uma espécie exótica de alho. Ele é produzido a partir de um processo de fermentação, no qual o alho é submetido a condições de temperatura (de 65°C a 80ºC) e umidade controladas.

Seu sabor é adocicado e frutado, remetendo ao melaço e ao tamarindo, com um toque de defumado e a presença de umami (o quinto sabor), sem aquela característica de pungência e ardência do alho comum. Tudo muito sutil e delicado.

POSTA E LOMBO

A posta de bacalhau é o corte transversal, ou seja, pega uma parte do bacalhau que inclui a espinha e a pele. Normalmente, é mais acessível e fica ótimo em receitas com cozimento mais longo, pois o peixe segura bem o formato e os sabores. Sabe aquele bacalhau de domingo, cozido na panela ou assado ao forno? Ali a posta vai muito bem.

Já o lombo é a parte nobre do bacalhau, retirado do centro do peixe. É um corte mais carnudo, sem espinhas e geralmente bem macio. Ele é um pouco mais caro, mas vale a pena para quem busca uma apresentação mais bonita e uma textura suave, principalmente em pratos em que o bacalhau é a estrela.

Como sugestão, prefira a posta nos seguintes preparos: (1) ensopados e caldeiradas: pratos com caldo são perfeitos para a posta, pois ela solta sabor, mas não desmancha, deixando o prato bem encorpado; (2) bacalhoada ao forno: aqui, a posta, com pele e espinha, ajuda a dar sabor e vai muito bem quando assada com batatas e pimentões; (3) pratos com bastante molho: se a ideia é fazer um bacalhau que absorva bem o sabor do molho, como um bacalhau à portuguesa ou com molho de tomate, a posta é ideal para esse tipo de preparo.

Já para a utilização do lombo, anote as seguintes sugestões: (1) grelhados ou assados rápidos: o lombo tem uma textura incrível e, por ser mais carnudo e livre de espinhas, fica ótimo em preparos rápidos, preservando a suculência; (2) receitas mais elaboradas ou individuais: o lombo é perfeito para isso, além de ser mais fácil de manusear e montar; (3) pratos cremosos, como o bacalhau com natas: para receitas em que o bacalhau desfia suavemente, o lombo é a melhor opção, pois traz a textura que esses pratos pedem.

DESSALGANDO

Agora, acompanhe o passo a passo para dessalgar o bacalhau. Três dias antes do preparo da receita final, leve as postas de bacalhau em água corrente para retirar a camada grossa de sal. Em seguida, coloque as postas de bacalhau em um recipiente fundo, cubra com água fria e algumas pedras de gelo e leve à geladeira.
Durante esse período, troque a água duas vezes por dia, mantendo sempre na geladeira. Após 72 horas, experimente uma lasca da posta mais grossa para ver se está dessalgada. Reservar.

Bacalhau confitado com legumes e alho negro

Ingredientes

  • 800 g de bacalhau em postas;
  • 50 g de alho negro;
  • ½ maço de brócolis comum;
  • 200 g de pimenta-cambuci;
  • 4 cebolas médias;
  • 2 caixas de tomate-cereja (aproximadamente 360 g);
  • 1 bulbo de alho roxo;
  • 900 ml de óleo de girassol;
  • 200 ml de azeite;
  • 2 folhas de louro;
  • 3 ramos de alecrim;
  • 2 ramos de tomilho;
  • Salsinha a gosto;
  • Azeite de alho negro a gosto.

Modo de Preparo

Bacalhau

Em uma panela média, acrescente o óleo de girassol, o azeite, um ramo de tomilho, um ramo de alecrim, as folhas de louro, a cabeça de alho roxo cortada ao meio e coloque para aquecer.

Disponha as posta de bacalhau, de preferência sem espinhos, os tomates-cereja (podem ser vermelhos e amarelos) e a metade da cabeça de alho roxo. Coloque os alhos negros na metade do cozimento.

Observação: o óleo não pode aquecer muito e deve manter uma temperatura de até 70°C. Para isso, mantenha o fogo bem baixo. Controle a temperatura com a ponta do dedo mergulhada no óleo por, pelo menos, 5 segundos. Você verá pequenas bolhinhas durante o processo. Deixe cozinhar de 10 a 15 minutos.

Após isso, retire o bacalhau com cuidado para não desmanchar e coloque sobre um papel toalha. Retire também os tomates e o alho roxo (reserve), as ervas e, por último, o alho negro. Guarde o óleo aromatizado para futuras preparações.

Legumes

Corte as cebolas em pétalas (8 partes), escalde o brócolis em água quente por 1 minuto, corte a pimenta-cambuci ao meio e as pimentas-dedo-de-moça em rodelas.

Em uma assadeira, regue azeite generosamente e disponha os legumes. Adicione um ramo de tomilho, sal a gosto, os dentes de alho roxo da outra metade da cabeça, regue com azeite e leve ao forno até dourarem.

Cozinhe as batatas em água fervente por 5 minutos e espalhe-as em outra assadeira untada. Em seguida, adicione sal a gosto, desmanche um ramo de alecrim por cima e regue com azeite de alho negro. Coloque no forno até ficarem bem douradas.

Montagem

Opcional: antes de servir, coloque azeite em uma frigideira e grelhe as postas de bacalhau dos dois lados até dourarem. Doure também a metade da cabeça de alho roxo. Em um prato grande, ou travessa, coloque o brócolis e, por cima, as postas de bacalhau.

Em volta, disponha as batatas, o tomate-cereja, os legumes, espalhe os dentes de alho negro e finalize generosamente com o azeite de alho negro.

Sugestão: substitua o brócolis ou adicione ao prato folhas de taioba puxadas no azeite e alho.

Bacalhau confitado do chef Duó

Ingredientes

  • 1 litro de azeite;
  • 1 kg de bacalhau dessalgado em postas;
  • 50 g de alcaparras;
  • 1 maço de alecrim fresco;
  • 1 maço de manjericão;
  • 1 maço de tomilho;
  • 1 maço de cheiro-verde;
  • 4 folhas de louro;
  • 1 cabeça de alho;
  • 1 kg de batata bolinha;
  • 500 g de tomate-cereja;
  • 250 g de azeitona chilena;
  • Sal e pimenta-do-reino branca a gosto.

Modo de Preparo

Enxugue bem as postas do bacalhau. Coloque-as em uma panela com dois dentes de alho amassados (com casca), o alecrim, o tomilho e o louro. Cubra com azeite de oliva e leve ao fogo bem baixo (a 60°C, sem deixar ferver. Quando começar a formar bolhas em volta do bacalhau, desligue o fogo e deixe o bacalhau confitar por mais 10 minutos. Reserve o bacalhau nesse azeite.

Coloque os alhos inteiros em uma panela pequena com tomilho e cubra com parte do azeite do bacalhau. Leve ao fogo bem baixo por cerca de 20 minutos, sem ferver. 

Coloque os tomates em uma panela pequena com manjericão e cubra com parte do azeite do bacalhau. Deixe no fogo baixo por cerca de 5 minutos. 

Cozinhe as batatas em água com sal até ficarem al dente (aproximadamente 30 minutos). Depois, coloque as batatas em uma assadeira com azeite do bacalhau e alecrim e leve ao forno a 180°C de 20 a 30 minutos para dourar.

Em uma travessa, coloque as postas de bacalhau ao centro. Ao redor, disponha as batatas bolinhas com salsinha, os tomatinhos com manjericão, o alho confitado e as azeitonas chilenas.

Finalize com alcaparras e cebolinha picada.

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail marketing@correiodoestado.com.br na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).