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Capa B+: Na primeira Capa de 2025 do Caderno, uma entrevista exclusiva com o ator Mouhamed Harfouch

"A minha primeira grande oportunidade na TV veio muito por conta do meu nome".

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Após o sucesso de três apresentações especiais em Juiz de Fora, Minas Gerais, Mouhamed Harfouch leva seu monólogo “Meu Remédio” para o Rio de Janeiro, com estreia marcada para 10 de janeiro de 2025, no Teatro Ipanema.

Dirigido por João Fonseca, o espetáculo traz uma narrativa profundamente pessoal e emotiva, onde Harfouch mergulha na sua história de vida, lidando com temas como identidade, pertencimento e aceitação de sua própria história. A peça é uma mistura de comédia e drama, resultado de um processo criativo íntimo que levou o artista a revisitar momentos de sua própria trajetória, especialmente sua relação com seu nome e sua herança cultural.

Com “Meu Remédio”, Mouhamed transforma um projeto profundamente pessoal em uma expressão artística única, tanto no palco quanto fora dele. O ator e cantor, que acumula mais de 40 produções teatrais em seu currículo, além de uma carreira de destaque na TV, é bastante lembrado por suas performances em novelas como “Pé na Jaca”, “Amor à Vida” e “Órfãos da Terra”, em séries como “Rensga Hits” e “Betinho - No Fio da Navalha”.

Sua trajetória inclui também produções teatrais musicais como “Querido Evan Hansen”, vencedor do prêmio de Destaque Elenco no Prêmio Destaque Imprensa Digital 2024, e em “Ou Tudo ou Nada”, trabalho que lhe garantiu uma indicação ao Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Ator em 2016. Contudo, é agora, em "Meu Remédio", que ele se reinventa, assumindo diversas funções e se desafiando na autoexposição.

O espetáculo traz à tona questões do universo árabe, relembra episódios importantes que fizeram parte de sua jornada e revela, de forma sincera e orgânica, o impacto de suas escolhas em sua trajetória profissional e na vida pessoal.

“Meu Remédio" nasce da minha vontade de entender e compartilhar a relação com o meu nome, com minha história de vida, com a mistura de culturas que carrego. Sou filho de imigrantes – sírios por parte de pai e portugueses por parte de mãe.

Crescer com um nome tão emblemático em um Brasil dos anos 70, em que o preconceito e a dificuldade de aceitação eram muito presentes, não foi fácil. A peça é uma comédia, mas carrega uma reflexão sobre aceitação e pertencimento, sobre entender que, muitas vezes, o maior remédio é aceitar quem somos", explica Harfouch, que busca, com o espetáculo, tocar o coração do público ao falar sobretudo, como cada ser é único e especial em sua individualidade, origem e essência.

Embora a ideia de levar "Meu Remédio" aos palcos tenha surgido há dois anos, uma inquietação sobre o tema já acontecia desde a novela "Órfãos da Terra". Durante as gravações, Harfouch foi levado a olhar mais profundamente para sua própria história, sua relação com o pai e com os muitos imigrantes que o cercam. Esse desejo de explorar sua ancestralidade e as dificuldades vividas ao lidar com seu nome e identidade se intensificou ao longo das apresentações da peça "Quando Eu For Mãe Quero Amar Desse Jeito", estrelada ao lado de Vera Fischer. A reflexão do ator durante a turnê foi o impulso que consolidou a ideia do monólogo e depois de meses de escrita, finalmente, o projeto tomou forma, desafiando-o para além da atuação solo.

A decisão de assumir a produção do monólogo, que é um dos maiores desafios da sua carreira, foi um passo corajoso. “Meu Remédio” não é apenas uma obra autoral, mas também o reflexo de sua visão como criador. “Já tinha produzido no começo da minha carreira, mas agora, com mais maturidade, me senti mais preparado para enfrentar esse desafio. Produzir e atuar ao mesmo tempo é uma tarefa árdua.

A maior dificuldade foi lidar com as duas funções e ainda me manter fiel à ideia que queria transmitir. Mas, com o apoio de grandes amigos e parceiros como Tadeu Aguiar e Eduardo Bakr, senti que tínhamos força para fazer isso acontecer”, revela ele, que viu na soma de funções um grande desafio ao ter que equilibrar seu tempo entre o papel de ator e o de produtor.

Já a parceria com o diretor João Fonseca foi outro pilar fundamental para tirar o sonho do papel. Com vasta experiência à frente de obras biográficas, a exemplo dos Musicais sobre a vida de Tim Maia, Cazuza, Cássia Eller, Elvis Presley e Tom Jobim, a condução do criativo trouxe à cena a delicadeza necessária para que o espetáculo equilibrasse o tom de comédia e a profundidade emocional da história. "João Fonseca é um amigo e um grande diretor.

Ele segurou a minha barra de maneira sensível e honesta, e acreditou no meu projeto desde o início. Sem ele, não sei se teria conseguido fazer essa transição entre o autor e o ator de forma tão tranquila", comenta ele sobre Fonseca, com quem repete a parceria afinada em “Homem de Lata”, monólogo online criado durante a pandemia.

O ator Mouhamed Harfouch é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana, a primeira do ano de 2025.
Em entrevista ao Caderno ela fala principalmente sobre sua estreia com a peça "Meu Remédio" ainda este mês no Rio de Janeiro.

O ator Mouhamed Harfouch é Capa exclusiva do Correio B+ desta semana - Foto: Sergio Baia - Diagramação: Denis Felipe e Denise Neves

CE - Quando e como você descobriu sua veia artística? Houve alguém ou algo que te inspirou a seguir essa trajetória?
MH -
 Quando criança, eu gostava de me vestir com roupas dos meus pais e inventar personagens. Lembro que eu e minhas primas brincávamos na portaria da minha avó materna, criando personagens, situações e improvisando. O Amir fala que a criança é o melhor ator, porque ela realmente se joga na brincadeira de ser!

Mais tarde, na adolescência, fui levado ao teatro pela primeira vez por minha professora de português, em um trabalho extracurricular. Assistimos à peça “Confissões de Adolescente” no teatro Casa Grande. Fui embora achando aquilo o máximo! Até que um dia, minha tia Beth me levou escondido para fazer um teste de teatro... foi paixão à primeira vista!

CE - O que te motivou a transformar suas experiências pessoais em um monólogo? Como foi o processo de dar vida a esse projeto ao longo desses três anos, conciliando as funções de produção e criação?
MH - 
Minha vontade de falar sobre minha origem, minha ancestralidade e sobre meus pais. Acho muito corajoso um imigrante sair de sua terra, muitas vezes não por escolha, para tentar uma vida melhor, sobreviver, buscar um horizonte. Estava em turnê com outra peça, viajando com a Vera Fischer pelo Brasil, e já fazia tempo que eu queria produzir um espetáculo, mas ainda não sabia sobre o quê. Até que um dia, caiu a ficha: queria falar sobre meu pai, minha origem e minha dificuldade em aceitar o meu próprio nome. Esse foi o pontapé inicial!

CE - Durante sua trajetória, você enfrentou preconceitos ou obstáculos por conta de sua ascendência árabe? Como lidou com essas situações e como elas moldaram sua visão artística?
MH -
 Nasci na década de 70 e minha infância e adolescência foram nos anos 80 e 90. Naquela época, não tínhamos a consciência que temos hoje sobre o que é bullying, ou até mesmo da dimensão do quanto éramos e somos preconceituosos.

Ter um nome emblemático de outra cultura me colocava sempre em evidência, o que, muitas vezes, não era confortável. Foi preciso muito jogo de cintura e humor para sair de situações desconfortáveis. Brinco que esse nome acabou me fazendo virar ator, por sobrevivência! (Risos).

Poster da peça "Meu Remédio" - Divulgação

CE - Você já interpretou outros personagens com raízes árabes na televisão. Como essas experiências contribuíram para sua conexão com sua própria identidade cultural?
MH -
Estou completando 30 anos de carreira e, antes de entrar na TV, já fazia teatro há uns 15 anos, mas nunca interpretei um árabe no teatro. Quando tive minha primeira grande oportunidade na TV, ela veio muito por conta do meu nome.

O produtor estava procurando um ator que falasse árabe para a novela “Pé na Jaca”, do Lombardi. Ele viu meu nome no banco de dados e concluiu: “Esse fala!” Mas eu não falo! (Risos) Foi graças ao meu nome que consegui fazer meu primeiro teste para uma novela, que acabou sendo muito importante na minha carreira. O que era para ser uma participação de 10 capítulos acabou virando a novela inteira, graças ao sucesso com o público.

CE - O que você espera que as pessoas levem consigo ao assistir "Meu Remédio"? Há algum aprendizado ou emoção que você deseja despertar?
MH -
 Todo nome carrega uma história. É curioso pensar que nosso nome nos é imposto, mas ao mesmo tempo é como nos apresentamos ao mundo. Um nome não fala só sobre nós; fala também sobre os que vieram antes de nós, nossos antepassados, suas jornadas e caminhadas. Conhecer e aceitar nossa origem nos liberta, nos ajuda a escolher melhor nossos próprios caminhos, nos fortalece e nos traz pertencimento.

Peça "Meu Remédio" - Foto: Gustavo de Freitas Lara

CE - Participar de produções tão variadas no ano de 2024, como "Querido Evan Hansen", "Rensga Hits" e "Betinho", mostra sua pluralidade artística. Qual é o maior desafio de transitar pelo teatro, o cinema e a TV?
MH - 
Não penso na pluralidade, embora fique feliz com ela. Não penso se estou no cinema, no teatro, no streaming, na TV ou fazendo um show. A única coisa que sempre me preocupo é: contar uma boa história. Esse é o ponto que me fisga em qualquer trabalho. Claro que cada veículo tem suas especificidades, mas, se estamos embasados por uma boa história, tudo fica mais fácil!

CE - Como foi o desafio de interpretar uma figura tão icônica como Chico Buarque em "Betinho"? Como cantor, sentiu uma responsabilidade extra ao dar vida a ele?
MH - 
Confesso que fiquei surpreso com a escolha e, claro, muito feliz em dar vida a um ídolo do tamanho e da importância do Chico Buarque. Mas fiquei com medo, sim. Sou muito fã do Chico, admiro sua postura tanto como artista quanto como cidadão.

Foi uma honra imensa! Procurei não mimetizá-lo, nem criar uma caricatura, mas trazer a verdade da cena, especialmente contracenando com o talento do Júlio Andrade, que fez um maravilhoso Betinho. Chico tem uma simplicidade, uma timidez sincera e um senso de humor incrível. Quando recriamos o show no Memorial da América Latina para a campanha do Betinho, cantando “Brejo da Cruz”, fiquei muito feliz! Não foi fácil, mas me senti desafiado e instigado, o que foi maravilhoso.

Órfão da Terra -TV Globo

CE - Em paralelo à atuação, você também tem uma carreira musical. Como andam os projetos nessa área? Tem planos de shows e gravações?
MH - 
2024 foi o ano em que mais fiz shows na minha vida. Toquei em São Paulo, Rio, Curitiba e no interior do país, tudo isso conciliando com gravações e teatro. Dividi o palco com vários artistas que admiro.

Foi muito gratificante. Tenho fãs que gostam do meu trabalho autoral, escutam minhas músicas no streaming e até me cobram por lançamentos novos. Quem sabe? Acho que "Rensga Hits" também ajudou muito nesse sentido. O que me deixa feliz é que hoje a música e a atuação se complementam na minha vida, uma fortalece a outra, e meu trabalho só ganha com isso.

CE - A estreia da peça marca sua celebração de 30 anos de carreira. Imaginava estar onde está hoje? Como avalia essa trajetória?
MH - 
Carreira não é uma prova de 100 metros, é uma maratona. Nunca pensei na chegada; sempre me preocupei com o caminho, com as trocas e descobertas da estrada. Me sinto igual a quando comecei. Sei que estou fazendo isso há 30 anos e que estou quase com 50, mas não perdi a chama nem o brilho no olhar de seguir tentando e descobrindo novas possibilidades. "Meu Remédio" é a celebração disso. Me arrisco como autor, produtor e ator. Toco em lugares muito íntimos, me sinto exposto e desafiado. Então, está tudo certo! (Risos).

Mouhamed Harfouch também se dedica a música - Divulgação

CE - Com tantos trabalhos, ainda há algum papel ou personagem específico que almeja? O que espera do seu ano de 2025?
MH -
 Espero oportunidades que me tirem da zona de conforto, que me façam crescer e me abram novos caminhos e horizontes. Que seja um ano leve, com muita saúde, trabalho, boas risadas e lindas novas histórias! Em 2025, quero rodar com meu monólogo pelo país e devo lançar a terceira temporada de "Rensga Hits", que já está gravada. E, claro, seguir com os shows e muita música!

 

 

Diálogo

Tremenda de uma "cascata" a informação apregoada pelo governo de Lula que... Leia na coluna de hoje

Leia a coluna desta terça-feira (23)

23/12/2025 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Cecília Meireles - escritora brasileira

Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”

Felpuda

Tremenda de uma “cascata” a informação apregoada pelo governo de Lula que ele ressarciu os aposentados, vítimas da roubalheira de esquema que envolve pessoas ligadas ao INSS, empresas privadas, ONGs, laranjas e políticos. Na realidade, essa conta sobrou para o cidadão, inclusive os próprios aposentados que pagam Imposto de Renda. Nenhum dos bandidos até agora restituiu aos cofres públicos o dinheiro que roubou. Aliás, a maioria está sendo blindada de forma vergonhosa. Há quem diga até que buscam “freio” para que a CPMI do INSS comece a patinar e não avance. Lamentável!

Pra cabeça

Quem entrará em 2026 com problemas no Conselho de Ética da Câmara é a deputada federal Camila Jara, do PT. O Partido Novo protocolou representação contra ela.

Mais

A acusação é de violação do decoro, ao se envolver na confusão originada quando da retirada à força de Glauber Braga, do Psol, e de ofensa ao secretário-geral da Mesa Diretora.

Diálogo

O vorí-vorí, tradicional prato paraguaio, foi eleito o melhor do mundo na lista anual do Taste Atlas, plataforma internacional que reúne avaliações gastronômicas de todas as partes do planeta. A iguaria recebeu nota 4,64 de 5, com base em votos de usuários reais que experimentaram o prato. Conhecido também como borí-borí, o vorí-vorí é descrito pelo portal como “a icônica sopa de galinha paraguaia com bolinhos de fubá recheados com queijo”. Rico em sabor, textura e história, o prato ocupa um lugar especial na mesa das famílias paraguaias e agora também no cenário global da gastronomia. Nos últimos anos, o vorí-vorí já havia figurado entre as melhores sopas do mundo em rankings do mesmo portal, reforçando sua reputação. A lista do Taste Atlas se tornou referência global por utilizar um sistema que identifica e descarta avaliações nacionalistas ou feitas por robôs, garantindo legitimidade às escolhas.

DiálogoChayene Marques Georges Amaral e Luiz Renê Gonçalves Amaral

 

DiálogoCamila Fremder

Prova de fogo

O atual time que forma o entorno do governador Eduardo Riedel terá, no próximo ano, prova de fogo, porque a missão deverá ser reeleger o “chefe” para o segundo mandato. Será o momento de a tchurminha provar quem é quem na estrutura. Quando foi eleito em 2022, Riedel nunca havia disputado uma eleição, porém, tinha um grupo político forte que sabia “o caminho das pedras”, o que foi fundamental para sua vitória. Em 2026, ele não poderá contar com esse pessoal.

Nem tanto

O PT em Mato Grosso do Sul já não estaria demonstrando, digamos, tanto amor pela candidatura de Simone Tebet (MDB) ao Senado pelo Estado, achando ser melhor por São Paulo. Lideranças petistas cá dessas bandas dizem que a ministra poderá ser um dos nomes para suceder a Lula. Ela figura entre algumas opções para ocupar o trono petista. A lista tem Alckmin, do PSB, e Haddad, o único do PT. Tudo indica que não se faz mais petista raiz como antigamente...

Entrave

Nos bastidores, o que se fala é que a ministra Simone Tebet, até então considerada excelente opção para disputar o Senado por MS, seria fonte de problemas. Algumas das alas do PT teriam torcido o nariz com a possibilidade de ela disputar pelo partido, até porque esse time lembra de que, quando candidata à Presidência, ela desferiu ataques a Lula. Além disso, há dúvidas se no Estado teria potencial eleitoral para o embate com outros candidatos, em sua maioria da direita, tendo em vista que o governo do qual faz parte, dizem, “está caindo pelas tabelas”

ANIVERSARIANTES

Beatriz Rahe Pereira, 
Dr. Gevair Ferreira Lima Júnior,
Julianne Stranieri Metello, 
Stephan Duailibi Younes, 
Maria Fatima Bueno,
Adhemar Mombrum de Carvalho Neto,
Augusto Costa Canhete,
Rosangela Neves,
Edgar Basmage,
Gileno Almeida Costa Nonato,
Sérgio Aguni,
Rinaldo da Silva Cruz,
Edna Maria Potsch Magalhães,
Dr. Márcio Molinari,
Ivo Batista Benites,
Ronaldo Fernandes Donizeti de Jesus,
Fabiano Borges da Silva,
Maria Aparecida Menezes,
Rafael Medina Araujo,
Rosilene Gois Paes,
Antonio Angelo Garcia dos Santos,
Maria Elisa Hindo Dittmar,  
Beatriz de Almeida,
Dr. Amaury Bittencourt Gonçalves, 
Izabella de Matos Lopes,
Cláudia Regina Di Felice,
Neide machado da Silva Gimenes,
Domingos Puckes,
Silvio Luiz de Moura Leite,
Helder Kohagura,
Maria Clementina Aparício Fernandes,  
Aurino Rodrigues Brasil,
Tânia Ignez Pinheiro,
Marilda Flores Haidar,
Samara Carvalho Gomes Binn,
Josselen Resstel Escórcio,
Valdo Maciel Monteiro,
Luiz Eduardo Yukio Egami,
Rafael Ferreira Ribeiro Lima,
Leila Maria de Albuquerque,
Maria Aparecida de Moura Leite, 
Datis Alves de Souza,
Aurea Leite de Camargo,
Maria de Fátima Vendas Muzzi, 
Thiago Ferraz de Oliveira,
Ruth Lopes Abreu,
Sandra Rodrigues Pereira,
Paulo da Costa Oliveira,  
Paulo César Reis Mendonça,
Fernanda Marques Ferreira,
Terezinha Alves Araújo,
Lucilaine Aparecida Tenorio de Medeiros,
Maria Helena Alves Lima,
Rosana Paes de Matos,
Laura Holsback Alvarenga,
Renato de Freitas Martins,
Miriam Fontoura Prata,
Nelson Maia de Melo,
Cleonice Gomes de Oliveira,
Rodolfo de Morais Dias,
Jussara Leite Barbosa,
Hugo Sabatel Neto,
Carolina Saves,
Solange Xavier Vargas,
Augusto Coelho Freire,
Soraia Kesrouani,  
Rubens Mendes Pereira,
Lilian Gabriela Heideriche Garcia,
Ana Maria Coimbra Santos,
Nelly Vasconcelos Coelho,
Valmir de Andrade Ferreira,
Eliana Miyuki Aratani Kaiya, 
Flávia Ribeiro Ramirez,
Laurinda Paiva Peixoto,
Patrícia de Souza Queiroz,
José Antônio Braga,
Elaine Viana Nunes,
Washington Justino Gonzaga,
Maria Stella Maia Pepino,
Vânia de Toledo Neder,
Osvaldo de Moraes Barros Neto,
Raquel Barbosa Franco,
Suely Ferreira Leal,
João Rafael Sanches Florindo,
Antonio Fernando Cavalcante,
Lúcia Torres Marchine,
Marcos Henrique Boza,
Adriana de Oliveira Rocha,
Suely Luiza Comerlato,  
Benedito Celso Dias,
Alirio Leitun,
Débora Queiroz de Oliveira,
Edson Pulchério Alves,
João Borges da Silva Filho,
Mário Zan Moreira,
Marcelo Luiz Ferreira Correa,
Valdecir Jorge,
Sérgio Carlos Borges,
Dr. Ruy Alberto Bueno,  
Marta Maria Vicente,
Guilherme Nucci dos Reis,
Marcelo Flores Acosta,
Noêmia Ramos de Oliveira,
Luiz Carlos de Carvalho,
Cláudia Garcia de Souza Trefilo,
Leonardo Marques Mourão,
Maria Delfina Louveira Trindade,
Camyla Queiroz de Faria Gonzales. 

*Colaborou Tatyane Gameiro

CINEMA

Curta-metragem "Carne Amarela" transforma a Terra do Pé de Cedro em set de filmagens

Com produção de Marcus Teles e direção de Gleycielli Nonato Guató, curta-metragem "Carne Amarela" tem equipe local e conta história que entrelaça memórias da infância em meio aos pequizeiros e banhos de rio

22/12/2025 10h30

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab),

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), "Carne Amarela" mobiliza comunidade de Coxim a partir de um enredo que une nostalgia da infância a uma mensagem de pertencimento territorial e de defesa da natureza Divulgação: Marcus Teles

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Nostalgia e engajamento são os motores para evocar os sabores da infância que fizeram Coxim voltar a ser cenário de cinema. Conhecida como Terra do Pé de Cedro, a cidade localizada a 245 quilômetros de Campo Grande, no norte do Estado, é uma das protagonistas de “Carne Amarela”, curta-metragem de ficção dirigido por Gleycielli Nonato Guató e produzido por Marcus Teles.

Os dois nasceram na cidade, que também é conhecida como Portal do Pantanal, e são profundamente conectados ao Cerrado e ao Pantanal.

As filmagens se encerraram ontem e foram realizadas integralmente por lá, contando com elenco local, que envolveu moradores atuando pela primeira vez na frente de uma câmera e também uma equipe de produção majoritariamente formada por coxinenses. Ou seja, uma combinação de saberes tradicionais, talento regional e formação técnica.

A produção nasce do desejo de fazer Coxim se ver na tela grande, “suas cores, sua luz, seus frutos, suas infâncias”, como afirma a diretora. E nasce, segundo Gleycielli, também da necessidade urgente de lembrar o que esses mesmos elementos significam para a identidade do município.

“Eu estou completamente em êxtase. Planejei muito trazer esse filme para cá. É emocionante gravar na cidade onde cresci, com o povo daqui, com artistas da terra. Noventa por cento do elenco é coxinense, a equipe tem muita gente da cidade, e isso me deixa profundamente feliz”, compartilha Gleycielli Nonato Guató, que, além de dirigir a produção, também assina o roteiro baseado em seus próprios textos literários.

DOIS TEXTOS

“Carne Amarela” nasce de dois textos de Gleycielli – o poema “Carne Amarela” e o conto “É Tempo de Ouro no Cerrado” – que guardam lembranças de uma Coxim que pulsava mata, rio e fruta. A diretora explica que o filme busca reencontrar essa paisagem quase perdida.

“Eu quero trazer a infância que vivi. A gente saía para caçar pequi, pegava ingá, comia goiaba no pé, trazia caju para fazer doce. Coxim era meu ‘Sítio do Picapau Amarelo’. Hoje, muitos lugares onde eu brincava viraram bairros. O filme é um lembrete do que ainda existe e do que não pode desaparecer”, afirma.

A obra convida as crianças e os adultos a olhar novamente para o Cerrado como pertencimento. O pequi, fruto central da narrativa, é apresentado como força, resistência e alimento da memória coxinense.

“O pequi já sustentou muitas famílias. Trouxe renda, trouxe mistura, trouxe nutrição. Ele resiste ao fogo, resiste ao tempo, mas não resiste ao machado. O filme quer acender esse sentimento de pertencimento e preservação, para que as próximas gerações vejam valor no que tantas vezes sustentou Coxim”, ressalta Gleycielli.

ZORAIDE

A protagonista adulta, Zoraide, teve como referências mulheres de alusão familiar e ancestral para Gleycielli: sua mãe, tias, avó e bisavó. A diretora revela que a personagem carrega traços de todas elas. E quem interpreta Zoraide é justamente Maria Agripina, mãe da diretora, pioneira do teatro coxinense.

“É muito emocionante ver minha mãe interpretando a Zoraide, que leva o nome da minha tia que faleceu na pandemia. Este filme é pioneiro em muitas coisas dentro de mim”, revela. Além disso, todos os cargos de direção são ocupados por mulheres, fortalecendo a presença feminina no audiovisual sul-mato-grossense.

“Trabalhar com essa equipe é um prazer imenso. Estamos construindo juntas. É uma energia muito poderosa”, afirma. A equipe ainda é formada majoritariamente por profissionais de Coxim, como Robertson Isan Vieira, artesão ceramista premiado, e José Carlos Soares, cabeleireiro e designer de imagem.

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), "Carne Amarela" mobiliza comunidade de Coxim a partir de um enredo que une nostalgia da infância a uma mensagem de pertencimento territorial e de defesa da naturezaEquipe do curta-metragem posa em um boteco da cidade com a diretora Gleycielli Nonato Guató (em pé, à esquerda, de blusa preta) - Foto: Divulgação/Marcus Teles

ENCONTRO

Para o produtor executivo e corroteirista Marcus Teles, filmar em Coxim não foi uma escolha estética, mas ética e afetiva. “Coxim faz parte da nossa formação pessoal e artística. Os textos que deram origem ao filme nasceram daqui.

A luz, a paisagem, o modo de vida, o jeito como o pequi aparece na cidade, tudo isso faz parte da essência da história. Filmar em Coxim é garantir autenticidade”, afirma Marcus.

O produtor explica que mapear as locações foi um processo guiado pela afetividade. “Coxim é uma cidade onde o urbano e o rural se encontram o tempo todo. Não procuramos cenários: reconhecemos neles o que a história já trazia em essência”.

Marcus destaca ainda que oito moradores da cidade trabalharam pela primeira vez no audiovisual, acompanhados de profissionais experientes. “Queremos abrir portas. Que jovens de Coxim encontrem no set um caminho possível, uma nova profissão, um futuro”, destaca o produtor.

101 FILMES

O elenco também conta com a participação especial do ator Breno Moroni, que marcou gerações como o Mascarado na novela “A Viagem” (Globo, 1994), além de ter participado de diversas outras produções no cinema e na televisão.

Com uma carreira extensa que inclui desde aberturas de telenovelas e mais de 100 filmes, Breno esteve em Coxim para integrar o elenco de “Carne Amarela” como seu 101º trabalho audiovisual.

“Trazer o Breno foi como aproximar duas forças que se completam. Ele chega com experiência, mas com humildade. Ele senta na varanda e deixa a conversa fluir. É uma presença que soma sem apagar a simplicidade regional, que é a alma do filme”, reconhece Marcus.

“Ele é fantástico. Consegue ir do drama à palhaçaria. Traz o duo que a personagem dele pede: o velho ranzinza e o homem capaz de se transformar”, completa Gleycielli.

O CERRADO

O filme aborda temas urgentes como queimadas, perda de territórios e desmatamento, mas com a delicadeza necessária para o público infantil, segmento prioritário na meta de audiência da produção.

“O tema duro vem com sutileza. As crianças vão entender o sentimento de perder e o de pertencer. E, quando algo pertence a você, você quer cuidar”, explica Gleycielli. Ao fim, o curta reforça que a preservação é um aprendizado coletivo e que cuidar da terra só é possível quando ela é reconhecida como parte de nós.

Na semana passada, a equipe teve uma atividade formativa com Alexandre Lopes, que é doutor em Ciências Sociais e professor de Sociologia do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), no campus de Coxim.

A interação rendeu contribuições fundamentais para reflexão sobre como pensar e construir um audiovisual mais inclusivo.

AUTOESTIMA

A expectativa da equipe é de que o filme leve Coxim para o Brasil e para o mundo por meio de festivais, mas, principalmente, que devolva à cidade a consciência de seu próprio valor.

“Esperamos que Coxim se veja com carinho. Que perceba que suas histórias merecem estar no cinema. ‘Carne Amarela’ é uma celebração da cidade, das suas raízes e da força do Cerrado”, diz Marcus.

Para Gleycielli, a gravação na cidade é também um gesto de retorno. “Eu sou uma Guató de Coxim. Este filme diz muito sobre de onde eu vim e quem sou eu”.

Como uma “semente que rompe a casca”, reforça a diretora, “Carne Amarela” nasce para devolver à cidade o brilho do seu fruto mais resistente.

Aquele que atravessa gerações, que muda o PIB, que alimenta famílias, que resiste ao fogo e que ensina a permanecer. E Coxim, agora, se prepara para ver sua história ganhar corpo, cor, movimento e tela.

O projeto conta com investimento da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), do governo federal, por meio do Ministério da Cultura, operacionalizado pelo governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

"Carne Amarela"

> Direção e roteiro: Gleycielli Nonato Guató;
Direção de produção: Gabriela Lima Ferlin;
> Direção de arte: Maíra Espíndola;
Direção de fotografia: Dafne Alana;
Som direto e edição de mixagem: Laura Cristina;
Produção executiva, assistência de direção e roteiro: Marcus Teles;
Operador de câmera: Gabriel Ribeiro;
Produção de set: Jefley M. Cano;
Elenco: Breno Moroni, Maria Agripina, João da Mata, Elena Vendroscolo, Maria Sonea Domingos;
Trilha sonora original: Gian Markes;
> Edição de imagem e cor: Rafael Viriato;
Microfonista: 4real.wav;
Assistente de produção executiva: Lucas Moura e Guinha Serrou;
Assistente de produção e captação: Robertson Vieira;
Assistente de produção: Carlos Soares;
Assistente de arte: Angela Gabrieli;
2º assistente de direção: Eduardo Henrique;
2ª assistente de fotografia: Lavinia Ribeiro;
Assessoria de imprensa: Lucas Arruda e Aline Lira.

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