A técnica de enfermagem Natani Santos, de 35 anos, de Ji-Paraná (RO), vive um processo delicado de recuperação, após ter sido atacada por seu cachorro, um chow-chow chamado Jacke, com quem convivia há cinco anos. O caso, que repercutiu nas redes sociais no início deste mês, trouxe à tona uma discussão importante: o quanto conhecemos, de fato, o comportamento e o estado de saúde emocional e físico dos nossos animais de estimação?
Comportamentos agressivos como o de Jacke, segundo especialistas, podem estar relacionados a estresse, dor ou doenças silenciosas, fatores que, muitas vezes, passam despercebidos por quem é responsável pelos bichos de estimação em função da ausência de um acompanhamento veterinário regular. Para evitar episódios extremos e garantir qualidade de vida aos pets, o check-up periódico deve ser tratado como prioridade, não como exceção.
“Levar o animal ao médico veterinário apenas quando ele apresenta sintomas é um erro comum e pode trazer consequências sérias”, alerta a veterinária Iandara Schettert Silva. Para ela, o cuidado com a saúde dos animais precisa ser preventivo, não reativo. “A prevenção é sempre melhor que o remédio”, afirma Iandara, que integra o quadro de professores do curso de Medicina Veterinária da Faculdade Estácio, em Campo Grande.
CHECK-UP SALVADOR
Durante uma consulta de rotina, é possível monitorar aspectos como crescimento, nutrição, peso, saúde bucal e até o comportamento do pet. Além disso, exames laboratoriais e de imagem – como hemograma, ultrassom e eletrocardiograma – permitem detectar precocemente doenças cardíacas, renais e hormonais e até tumores, especialmente em animais idosos.
“O check-up é essencial em todas as fases da vida do animal, do filhote ao idoso. Cada etapa exige cuidados específicos, e o acompanhamento contínuo permite adaptar dieta, exercícios, controle de parasitas e até a convivência com crianças ou outros animais”, explica Iandara.
O Brasil tem uma das maiores populações de animais de estimação do mundo. A estimativa gira em torno de um número entre 150 milhões e 160 milhões de animais, o que representa mais de três vezes a população do estado de São Paulo – de 44,4 milhões de pessoas, segundo aponta o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme dados do Censo de 2022.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), os cães são os mais comuns, com cerca de 60 milhões. Depois vem as aves, com 40 milhões, os gatos, com 30 milhões, e, por último, os peixes ornamentais, que somam 20 milhões.
EFEITO PANDEMIA
A pandemia pode ter ajudado a aumentar esses números. Em uma pesquisa realizada em 2021, a Radar Pet, verificou-se que a quantidade de animais de estimação nas casas brasileiras cresceu 30% durante o isolamento social. Os números refletem não apenas a afinidade dos tutores com o hábito de ter um pet, mas também a necessidade de uma conscientização crescente sobre os cuidados com a saúde desses animais.
De acordo com o Ministério da Saúde, o País tem registrado, nos últimos anos, aumento na incidência de zoonoses como leishmaniose (infecção causada por protozoários e transmitida por meio de picada de mosquitos), raiva (infecção viral aguda grave) e esporotricose (doença causada por fungos e que, além de humanos, atinge mais os gatos).
Esse aumento reforça a importância de manter a vacinação e a vermifugação em dia. Cães devem receber, além da antirrábica, a V8 ou a V10. Já os gatos precisam da tríplice, quádrupla ou quíntupla felina, que protegem contra diversas enfermidades.
ROTINA MÉDICA
Para além das vacinas, a adoção de uma rotina de cuidados com os pets protege não apenas a saúde dos animais, mas também garante a segurança da família. Com o acompanhamento regular, é possível identificar fatores de risco, orientar mudanças e garantir bem-estar ao longo de toda a vida do pet.
Na rotina médica, alguns fatores devem ser observados com atenção redobrada. Segundo a professora Iandara Schettert, entre os principais cuidados, estão o controle do sobrepeso e a observação da possível presença de doenças de pele e de alterações de comportamento, além da manutenção do calendário de vacinação e vermifugação.
Ela reforça que mesmo sinais sutis, como preguiça, irritabilidade ou mudanças nos hábitos alimentares, podem indicar problemas de saúde e merecem investigação.
“Quanto mais cedo uma doença for identificada, maiores são as chances de um tratamento eficaz. Isso evita sofrimento para o animal e gastos inesperados para a família”, pontua a especialista.
Mais do que contar os anos de um animal, o importante é garantir que ele viva bem em cada fase. Ao adotar o check-up como parte da rotina do pet, os tutores garantem mais do que a prevenção de doenças, promovendo também o bem-estar físico e emocional dos animais, o que pode evitar situações inesperadas.
Casos como o recente ataque envolvendo a técnica de enfermagem Natani Santos mostram a importância de estar atento a sinais de estresse, mudanças comportamentais e outros indicadores que podem passar despercebidos. Com acompanhamento regular e orientações veterinárias, é possível cuidar melhor dos pets e proporcionar uma vida mais segura e saudável para toda a família.
SAIBA
Gatos são mais propensos à esporotricose, conhecida como doença do jardineiro ou doença da roseira, responsável por lesões na pele, principalmente no rosto e nas patas, que podem se espalhar para outras partes do corpo. Com a enfermidade, os bichanos também podem apresentar perda de apetite, emagrecimento, espirros e secreção nasal.
My Secret Santa Netflix - Divulgação


