Os últimos meses foram agitados para o cineasta Joel Pizzini. Na sexta-feira, ele embarcou para Paris, onde terá alguns de seus filmes – curtas e longas-metragens – exibidos na Cinemathèque Française, assim como apresentará dois “monumentos” do cinema brasileiro: “A Idade da Terra”, de Glauber Rocha, e “Limite”, de Mário Peixoto. As exibições fazem parte do Festival de Cinema Brasileiro, uma das maiores mostras nacionais já realizadas na capital francesa.
Em paralelo à viagem para a Europa, Pizzini segue como coordenador de núcleo criativo – focado na produção de conteúdo para cinema e televisão – na região Centro-Oeste. O projeto é realizado por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Audiovisual Brasileiro, do Fundo Setorial Audiovisual. Ele encabeçou a proposta que conta com investimento para a realização de cinco produtos audiovisuais, a serem produzidos em 18 meses.
“Nessa etapa, não vou dirigir nada. Meu trabalho se dá no plano conceitual, de modo a desenvolver conceitualmente os cinco projetos que estão participando”, explica Pizzini. Durante o período do projeto, os autores terão tempo para desenvolver os roteiros e criar os pilotos, no caso de séries televisivas. Um desses casos é o de Maurício Copetti, gaúcho radicado em Campo Grande, que é responsável pela série de documentários “Confluência do Prata”.
Por meio da Polo MS Cinema e Vídeo, produtora criada por Pizzini em 1987, o núcleo criativo conseguiu captar R$ 1 milhão, valor máximo disponibilizado pelo Fundo Setorial Audiovisual. Trata-se da única produtora contemplada em Mato Grosso do Sul. Ao total, foram selecionadas outras 27 empresas, que serão responsáveis pela realização de 165 projetos.
Prêmios
Mário Peixoto pode ser uma figura desconhecida do grande público, mas sua importância para a trajetória de Pizzini é inegável. “Eu costumava escrever poemas. Quando assisti a ‘Limite’, percebi que era possível criar poesia com imagens. Foi revolucionário”, explica, referindo-se ao filme de 1931. Mais velho, o diretor decidiu encontrar o responsável pelo clássico e chegou a Angra dos Reis.
Desse contato e da paixão pelo filme, surgiu o curta-metragem “Mar de Fogo”, dirigido por Pizzini. A produção de cinco minutos obteve destaque, tendo sido a única produção brasileira a participar da mostra competitiva do Festival de Berlim.
A recepção e a repercussão do curta abriram espaço para que o diretor iniciasse outro projeto, um longa-metragem baseado em Peixoto. “Mundéu – A Invenção de Limite” está em fase de pré-produção, mas, segundo Pizzini, o filme contará com a participação de Fernanda Torres, entre outros atores.


