Não quero ser um disco quebrado e repetir meu texto aqui na Coluna do Caderno B+ de novembro de 2021, quando elogiei e recomendei a série "Dopesick", da Star+, que venceu Emmys e foi um dos conteúdos obrigatórios durante a pandemia.
Digo isso porque cá estou eu novamente falando para conferirem o mesmo tipo de conteúdo, a série "O Império da Dor" (Painkiller), da Netflix. Não minto, é a mesma história mas com outros atores e narrativa. O tema é ainda ultra atual e importante.
A pandemia dos Opióides é realmente assustadora: em menos de 20 anos, com medicação prescrita por médicos, mais de 260 mil pessoas morreram apenas nos Estados Unidos por overdose ou dependência de remédios.
O que assustam além do consumo desenfreado de receitas restritas é que ele revela um universo lucrativo para a Indústria Farmacêutica. O caminho criminoso e irreversível desse mercado foi criado pela Perdue Pharma, que em uma campanha de marketing sobre dor gerou bilhões em remédios.
O problema? A fórmula similar à heroína cria dependência imediata e isso significou a destruição de muitas famílias e indivíduos. Ainda os afeta hoje.
Divulgação NetflixConduzido pela sempre ótima Uzo Aduba, de "Orange is The New Black", que interpreta Edie Flowers, a advogada que trabalha para a Procuradoria dos Estados Unidos, a série começa como Edie foi a primeira a identificar o risco da comercialização da OxyContin e sua luta para restringi-lo.
Sua condução é sensível e tem um bom contraponto no ator de imagem dócil que é Matthew Broderick, que interpreta o antagonista, Richard Sackler, o executivo sênior da Purdue Pharma que "criou" a pandemia. A cara de doce e fala mansa não aliviam para a decisão criminosa de Sackler de investir pesado no mercado.
Depois de estrelar Saint X, que vou mencionar aqui em breve, prometo!, a atriz West Duchovny volta a ter um papel de destaque na série, interpretando a fictícia Shannon Schaeffer, a ex-atleta universitária e recruta para as vendas de Purdue que acaba se envolvendo em uma posição perigosa em toda ação.
Todos estão ótimos, mas é a atuação sensível de Taylor Kitsch como o mecânico Glen Kryger, cuja vida é destruída quando passa a usar a medicação, que nos emociona mais. Sua descida no mundo da dependência é muito triste e ele nos faz ter empatia, sentindo como é impossível para quem usa a droga, se recuperar.
Assim como foi feito na novela O Clone, cada episódio abre com um depoimento verdadeiro de pessoas atingidas diretamente pela Purdue Pharma, o que também traz perspectiva da urgência do tema. Evito os spoilers porque eles têm importância para impactar quem ainda não acompanha a absurda realidade que nos cerca. Recomendado com muita intensidade.
My Secret Santa Netflix - Divulgação


