Com as despedidas de Westworld, Raised by Wolves e outras séries que mesclam um mundo apocalíptico e misterioso, Silo, da Apple TV Plus, tem preenchido o vácuo e conquistado fãs.
Com uma produção primorosa e um elenco de primeira, a série que saiu dos best-sellers do autor Hugh Howey já está além da metade de sua primeira temporada e indo bem.
Os livros, lançados em 2011, formam um conjunto de quatro histórias sequenciais lançadas em sequência. A primeira temporada da série está apoiada no primeiro livro e se passa em uma Terra pós-apocalíptica onde os 10 mil últimos sobreviventes sobrevivem numa cidade subterrânea autossustentável – a Silo – que se estende por 144 andares abaixo da superfície.
Há muito mistério sobre como era a vida antes do Silo e a sociedade atual vive sob o pânico do exterior tóxico e mortal, e em um sistema de castas e opressão. Quem questionar essa realidade é enviado para fora, mas igualmente expostos à morte imediata.
Nesse universo, conhecemos a esperta Juliette (Rebecca Fergunson), cujo relacionamento com rebeldes (os que questionam o status quo) involuntariamente a expõe a uma investigação de crimes enquanto sua própria vida é colocada em risco.
Divulgação - Apple TVO fator de tentar decifrar quem matou, quem quer o que e quem é bom ou mau nos envolve a cada episódio, inclusive se o mundo exterior é mesmo o que vemos ou não.
O elenco inclui indicados e vencedores ao Oscar, como David Oyelowo e Tim Robbins, a Will Patton, Sophie Thompson, Hariet Walter, Iann Glenn e Geraldine James, se apoiando na liderança da sempre convincente Rebecca Fergunson, Common e Chinaza Uche.
O projeto inicial era transformar o livro Wool em filme, mas acabou prevalecendo o formato de série, incialmente com a produção de Ridley Scott (que também assinou Raised by Wolves), porém, quando houve a fusão entre Fox e Disney, o projeto foi engavetado.
Isso era em 2012, seis anos depois, a AMC (Paramount) chegou a comprar os direitos, mas foi em 2021 que a Apple TV Plus anunciou que faria a adaptação para sua plataforma. As gravações começaram no mesmo ano e foram até 2022, mas a estréia só aconteceu mesmo no início de maio de 2023.
Os bastidores da guerra dos direitos marcaram bastante a trajetória de Silo. Nascida como um conto independente no qual Hugh Howey auto publicou por meio do sistema Kindle Direct Publishing, da Amazon, a série ganhou popularidade rapidamente e autor foi crescendo a história, vendendo mais de 140 mil cópias enquanto ainda era independente.
Divulgação Apple TVConectado diretamente com os fãs de seu trabalho (ele troca e-mails com eles), ele resistiu à enveredar pelo ‘caminho tradicional’ de publicação por conta da diferença de royalties (de 70% no digital para 18%” das editoras), e falta de liberdade criativa, mas com isso resolvido, também passou pela batalha da venda dos direitos para a adaptação da história para o cinema ou TV.
A recepção da crítica e dos fãs colocam Silo na categoria de sucesso. Pode ser que os mais cínicos a considerem mais um conto sobre o mundo distópico e há mesmo várias ofertas no tema, com foco dos regimes totalitários e a luta pela liberdade, mas o que posso dizer é que – para quem não leu os livros ou não fez google para saber dos spoilers – é um conteúdo que não decepciona.
As atuações são boas, a qualidade da produção é inegável e nesse momento de carência de séries bem sucedidas (“perdemos” quatro delas em maio quando Succession, Ted Lasso, Barry e A Maravilhosa Sra. Maisel se despediram na mesma semana) e mais ainda, para os órfãos de sci-fi, Silo é uma ótima opção. Fiquei presa a ela!

Helio Mandetta e Maria Olga Mandetta
Thai de Melo


