A edição deste ano do Festival Internacional de Violão começa hoje, com uma programação gratuita e diversificada que inclui – além de uma série de apresentações com nomes de destaque do Brasil e de outros países – um concurso internacional, masterclasses e outras atividades didáticas.
O concerto de abertura, marcado para as 20h de hoje, no Teatro Glauce Rocha, com ingressos gratuitos via Sympla, será em homenagem a Levino Albano da Conceição (1895-1955).
Trata-se de um mestre do violão nascido em Cuiabá (MT) e que fez história em Corumbá, Campo Grande e várias cidades de Mato Grosso do Sul e de outros estados, como Rio de Janeiro, onde passou boa parte da vida – ainda, países como Paraguai e Uruguai.
Mário da Silva, Daniel Wolff, Marcelo Fernandes, Trio de Violões de Assunção, Elias e Artur Manhães, Ricardo Barceló e Joel Mendes são os nomes escalados para o tributo.
Em sua nona edição, o Festival Internacional de Violão, ao homenagear esse grande violonista, destaca um dos pioneiros do violão brasileiro e orgulho da Capital do Pantanal, além de ter sido contemporâneo do eminente violonista paraguaio Agustin Bárrios Mangoré (1885-1944).
Uma das novidades do evento neste ano é, justamente, o Concurso Internacional Levino Albano da Conceição, de amanhã a sábado, com turnos nas categorias Profissional, Música de Câmara e Juvenil.
ATRAÇÕES
Nesta edição, o público poderá conferir a performance de importantes artistas nacionais e internacionais, como o Duo Sonidos (Adam Levin e William Knuth, dos EUA), Ricardo Barceló Abeijón (Portugal/Uruguai), Marcos Puña (Bolívia), Daniel Wolff (RS), Mário da Silva (PR), Trio Elipsoidal (Breno Chaves, Fábio Bartoloni e Vinícius Brandão, de SP), Duo Cancionâncias (Cyro Delvizio e Manuelai Camargo, do RJ) e Mbaraka Trío (Flavio Rodríguez, Rodrigo Benítez e José Carlos Cabrera, do Paraguai).
Também se apresentarão o Duo Amábile (Marcelo Fernandes e Ana Lúcia Gaborim, de MS), a Orquestra Municipal de Campo Grande, sob a regência de Rodrigo Faleiros, e a Orquestra Jovem do Sesc Lageado, os quais farão suas performances ao lado de grandes solistas como Wolff, Puña e Mendes.
A seguir, conheça um pouco sobre alguns dos artistas que serão destaques no festival deste ano.
SONIDOS
O Duo Sonidos reúne os talentos do violinista William Knuth e do violonista Adam Levin.
A dupla propõe “uma adição refrescante” ao mundo da música de câmara, oferecendo uma combinação acessível, mas sofisticada, para todos os públicos. Ao forjar parcerias com compositores contemporâneos, a dupla levou adiante a missão de expandir o repertório.
Como vencedores de prêmios internacionais, Levin e Knuth se apresentaram em diversos países, foram contemplados como bolsistas Fulbright dos EUA no campo da performance musical em Madri e Viena e lançaram gravações com aclamação da crítica internacional.
MANTOVANI
O violonista brasileiro Luiz Mantovani é dono de uma bem-sucedida carreira internacional que combina performance, ensino e pesquisa. Em 2002, foi vencedor do Pro Musicis International Award, o que levou a recitais solo em salas como Carnegie Hall (Nova York), Salle Cortot (Paris), entre outras.
Em uma dessas ocasiões, o The New York Times descreveu a sua interpretação de “Five Bagatelles”, de William Walton (1902-1983), como “poderosa, belamente delineada e praticamente impecável”,
Dedicado camerista, ele foi membro do Quarteto Brasileiro de Violões (Brazilian Guitar Quartet) por 11 anos, tendo recebido o Grammy Latino de 2011 pelo álbum “BGQ Plays Villa-Lobos”. Sua produção discográfica inclui ainda álbuns pelos selos Delos (EUA) e Stradivarius (Itália).
Mantovani conta com PhD pelo Royal College of Music de Londres, é mestre pelo New England Conservatory of Music, em Boston (EUA), e bacharel em Música pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio). Desde 2003, é professor da Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc).
PUÑA
O violonista boliviano Marcos Puña já tocou na Colômbia, no Chile, no Peru, na Argentina, no Paraguai, no Uruguai, no Brasil, no Panamá, na Inglaterra, nos EUA, na Espanha, na Alemanha e na Áustria, tanto solo quanto com diversas orquestras.
Sua discografia conta com 12 discos lançados. Conquistou o primeiro lugar em importantes concursos de violão, como Miguel Llobet (Barcelona), Zarautz (Espanha), César Cortinas (Argentina), Juventudes Musicales (Uruguai) e Tarija (Bolívia).
Ele teve a sorte de aprender com grandes professores, sendo o último aluno direto do uruguaio Abel Carlevaro, o qual foi o criador de uma tradição moderna de técnica de violão conhecida em todo o mundo.
Fã fervoroso do ensino, sua turma no Conservatório Nacional de Música, em La Paz, reúne jovens talentos relevantes desde 2006, e ele é chefe do Departamento de Violão da instituição.
Puña é autor do livro “A Evolução da Técnica da Guitarra”, que descreve as contribuições de grandes mestres. Ele toca um violão feito pelo construtor argentino Omar Pannunzio e é um artista de cordas da espanhola Royal Classics.
MARIO DA SILVA
O artista dá voz ao violão por meio da técnica expandida, recurso que permite a exploração de novas maneiras de tocar o instrumento, com o objetivo de obter sons não usuais ou timbres instrumentais diferenciados. Dessa forma, o músico dá protagonismo ao violão, o qual deixa de ser coadjuvante e passa a ter um papel de destaque nas composições.
Silva já lançou quatro discos, entre os quais “Nova Música Brasileira”, “Música Brasileira Desconstruída Sob Encomenda”, “Tu Tausan Tu Elve” e “Violão Expandido”.
Já realizou apresentações em festivais internacionais e concertos na abertura do The New York Guitar Seminar, em Nova York (EUA), e também na Argentina, na Alemanha, na Inglaterra, na Itália, na Finlândia, no México, na Noruega e em Portugal.
Com formação em Violão pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (Embap) e doutorado em Composição pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), lançou o documentário “Desvendando o Violão Expandido” em 2022.
MBARAKA TRÍO
Formado por Rodrigo Benítez, Favio Rodríguez e José Carlos Cabrera, o Mbaraka Trío, do Paraguai, surge em 2013. Desde então, tem se apresentado nos teatros mais importantes do país e também no México, na Argentina e no Peru.
Seu primeiro álbum, “En el Paraná”, traz obras de Nancy Luzko, Oscar Cardozo Ocampo, Jorge Lobito Martínez, Baden Powell e Tom Jobim.
Seu álbum mais recente, “Ahendú Nde Sapukai” inclui também obras de grandes mestres, como José Asunción Flores, Ástor Piazzolla e Egberto Gismonti, além de peças dedicadas ao trio por compositores contemporâneos.
TRIO ELIPSOIDAL
Fundado em 2018, o grupo paulista foi criado com o objetivo de divulgar a música brasileira de concerto para trio de violões, por meio de um repertório inédito e de obras já consagradas para essa formação. Atualmente, é composto pelos violonistas Breno Chaves, Fábio Bartoloni e Vinícius Brandão.
O trio fez a sua estreia na série de música de câmara da Catedral da Sé (SP), onde performou pela primeira vez a obra “Introdução, Tema e Variações – Opus 9”, de Fernando Sor (1778-1839), em arranjo inédito para o trio do violonista Sérgio Abreu. Desde então, vem se apresentando em diversos concertos nas principais salas do País.
Em 2020, fez o lançamento do EP “Elipsoidal Plays Barbieri and Schneiter”, com a estreia mundial da “Suíte Baiana Nº 2”, de Fred Schneiter, disponível nas principais plataformas digitais, além das estreias de obras de Geraldo Ribeiro, entre outros.
No ano passado, lançou a partitura pelo Acervo Digital do Violão Brasileiro e o vídeo oficial com a gravação do arranjo de Abreu para o “Opus 9” de Sor.
O EVENTO
O Festival Internacional de Violão é um evento da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com financiamento da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul (Fundect) e apoio de emenda parlamentar do deputado Vander Loubet.
Em sua nona edição, o evento possui abrangência internacional e têm recebido alunos da Argentina, da Bolívia, do Paraguai e de diversos estados brasileiros. Confira a programação na íntegra em
festivaldeviolao.ufms.br.



Cristianne e Rinaldo Modesto de Oliveira
Isabella Suplicy


