Correio B

ENTREVISTA

Dira Paes está no ar na reprise de "Fina Estampa"

A atriz chama a atenção para a temática da violência contra a mulher

Continue lendo...

A trama de “Fina Estampa”, da Globo, pode até ser uma reprise. No entanto, para Dira Paes, a edição especial da novela de Aguinaldo Silva segue mais atual do que nunca. Quando viveu a batalhadora Celeste na trama das nove, a atriz encabeçou um forte enredo sobre violência doméstica. A melhor amiga da protagonista Griselda, papel de Lilia Cabral, sofria nas mãos do marido abusivo, Baltazar, vivido por Alexandre Nero. Quase 10 anos após a exibição original do folhetim, Dira viu poucos avanços positivos com relação ao tema. E para agravar a situação, durante o período da quarenta em virtude da pandemia do Covid-19, os casos de violência contra a mulher só cresceram. “A novela ressuscita o tema com muita atualidade. Na época da novela, era muito importante fazer campanhas estimulando a denúncia e a não cumplicidade. Claro que é muito difícil interferir em um seio familiar, mas, ao mesmo tempo, não podemos ser passivos. Lembro da campanha de uma ONG que sugeriu um apitaço quando se ouvisse algum tipo de violência. Seria uma espécie de código. Frear o feminicídio, que cresceu enormemente nos últimos anos, é algo de extrema importância. Infelizmente, vi que avançamos muito pouco em políticas de proteção”, lamenta.  

Natural de Abaetetuba, no interior do Pará, e criada em Belém, Dira é uma das poucas atrizes que conseguem achar um equilíbrio frutífero entre a tevê e o cinema. Com uma trajetória recheada de filmes, a atriz ganhou maior repercussão na televisão ao viver a estabanada e divertida Solineuza, da série “A Diarista”. Nas novelas, Dira ficou bastante marcada pelas mulheres fortes e de personalidade, como a Norminha, de “Caminho das Índias”, e a Lucimar, de “Salve Jorge”. Em “Fina Estampa”, a atriz experimentou uma personagem mais introspectiva. “O que me atraiu na Celeste foi a personalidade dela, tão contrária à minha. Eu não conseguiria ter a passividade da Celeste”, relembra.  

P – Como tem sido a repercussão do público com a exibição da reprise de “Fina Estampa”?

R – O público reage de diversas formas. Na maioria das vezes, da forma mais elogiosa e defendendo também a importância desse personagem ainda no cenário atual. A novela transmitiu uma mensagem muito importante. Quando a gente consegue unir a arte com conscientização social, as ideias são propagadas em uma velocidade muito grande. Valeu muito a pena fazer e está valendo a pena rever.

P – Como foi seu processo de composição para a personagem?  

R – Para viver a Celeste, eu mergulhei fundo nas experiências das mulheres que sofrem violência doméstica e não conseguem sair do ciclo vicioso dessa violação. Mulheres que não conseguem denunciar os maridos. Era nesse lugar que eu via a Celeste. Eu pensava no que fazia essa mulher ter a imobilidade de pedir ajuda, o que a deixava imóvel para não denunciar. O mais difícil para mim foi construir essa mulher passiva e que não conseguia sair desse ciclo de violência.

P – Por quê?  

R – Durante as pesquisas, essa foi uma das questões que mais me impressionou. Mulheres que tinham 20 ou 30 anos de violência. Esse era o mote da Celeste. Ela não conseguia pedir ajuda, se organizar para denunciar. Além disso, ela tinha uma filha mais contemporânea que ela e queria viver o mundo. Não foi fácil fazer porque era um assunto delicado e profundo. Dentro de uma novela há vários aspectos, a minha personagem ficava entre a comédia e a tragédia. Isso foi desafiador. A presença de “Fina Estampa” nesse momento da pandemia ressuscitou esse tema e me fez ver que não avançamos muito nessa política de proteção a quem sofre de violência.

P – Você está conseguindo acompanhar a reprise da novela?  

R – Sim, mas estou sentindo um estranhamento que não esperava sentir (risos). Achei que teria uma sensação de nostalgia, mas fui perceber que eu não lembrava de muitas situações e cenas. Comecei a me questionar se isso era alguma falha da minha memória ou não. Estou tendo ótimas surpresas, mas me incomoda não poder antecipar a história. Claro que não vou lembrar de tudo de todos os trabalhos. Afinal, é um grande volume de cenas e textos. Mas depois as cenas começaram a fluir.

P – Como assim?

R – Depois que vou embarcando na história, vou vendo onde acertei ou onde errei. Pensando que, se fosse hoje em dia, talvez eu tivesse feito de forma diferente. Surgem inúmeros questionamentos. A gente vai engrenando e revivendo a cena. Às vezes, é como se eu tivesse acabado de ler o texto e gravar a cena. Sinto o que senti com o personagem e não como Dira. É como se eu estivesse revivendo um passado, onde o ritmo da vida era outro.  

P – Tem alguma cena específica que você espera rever?  

R – Eu gosto muito da relação da Celeste com a filha. Mesmo a mãe sendo violada física e moralmente, ela apoia a filha, guarda o segredo da filha e se arrisca pela filha. A Celeste quer que a filha corra atrás dos sonhos para não repetir o ciclo de frustração dela. Gosto da sequência em que ela vê a filha dançando e cantando em um baile funk e sente um orgulho enorme. É uma realização através de um filho.

P – Na história, a Celeste é melhor amiga da protagonista Griselda. Como foi a parceria com a Lilia Cabral ao longo da novela?

R - A Lilia Cabral é uma atriz fabulosa, ela tem uma objetividade no olhar. Ela se expressa muito com os olhos. É muito legal ter a possibilidade de se encantar com seu parceiro de cena. E eu gostava muito de assistir à Lilia trabalhando. Acho que a Griselda foi uma grande personagem e ela, uma grande parceria de trabalho. Ela contracenava com todo mundo da novela. Era uma daquelas personagens que exigem muito da atriz, não só na parte da interpretação, mas fisicamente falando também.

P – De que forma você está lidando com o período da quarentena?

R – Estou aproveitando esse período para reafirmar os meus afetos, arrumar as minhas gavetas e tentar ser útil para as causas das pessoas que estão totalmente desamparadas e precisam da nossa solidariedade, da nossa generosidade. Dessa situação difícil que estamos vivendo, há também momentos lindos onde o afeto está aflorado. Temos que fazer com que esse sentimento se mantenha para sempre.

Aulas em casa

A pandemia do novo coronavírus modificou a rotina de inúmeros lares. Na casa de Dira Paes, por exemplo, o dia a dia também foi alterado. Com as escolas fechadas, a atriz viu seus filhos Inácio e Martim, de 12 e 4 anos, respectivamente, começarem a frequentar aulas por videoconferência. Por isso mesmo, ela passou a auxiliar na educação dos dois. “O Inácio já está em uma fase que há um compromisso maior com a escola. Mas, com o Martim, a gente assumiu esse papel da escola. Com esses mais jovens, a gente tenta não deixar esse fio da escola se romper. Fazemos o que a escola sugere, mas temos sorte de morar em uma casa com bicicleta e que permite corre. Assim, a gente consegue mesclar a rotina. Está sendo bonito ver o Martim descobrir as letras”, avalia.

Para Dira, o mundo vai sair bastante modificado da pandemia e, inclusive, o papel de ser mãe. A função maternal vem se atualizando com o mundo. No dia a dia, além de educar, a atriz também aprende bastante com os filhos. “Acho que vamos ter novos valores e afetos. Eu preciso me alfabetizar digitalmente para entender esse mundo que se apresenta para os meus filhos. Quando fiz uma videoconferência, quem me colocou ‘online’ foi meu filho Inácio. Às vezes, os papéis se invertem. Ele que virou meu guardião naquela situação”, ressalta.

Tapete vermelho

Há três anos consecutivos, Dira participa da transmissão do Oscar pela Globo. Ela divide a função com a dupla Maria Beltrão e Artur Xexéo. A atriz ressalta a chance de ter um espaço dentro da tevê para falar de cinema. “Falo sobre algo que me dá prazer e me alimenta profissionalmente. Gostei muito de participar. É uma grande responsabilidade, mas tem o prazer de estar falando e pensando sobre cinema. Eu me sinto muito afinada com este sentimento que acontece no mundo todo em torno do Oscar. Antes de eu nascer e virar atriz essa festa já acontecia. É um marco na agenda anual de quem gosta de filmes”, valoriza.

A preparação para encarar a longa cerimônia não é fácil. Geralmente, a atriz conta com mais de 50 filmes para ver e analisar. “Uma das coisas mais prazerosas é se organizar para ver os filmes selecionados. Geralmente guardo na memória o que aquela obra causou de impacto em mim e, depois, como ela se comporta num cenário de vários filmes”, aponta.  

Instantâneas

# Dira Paes gravou uma participação na série “As Five”, “spin-off” de “Malhação – Viva a Diferença”, que ainda não tem data de estreia prevista para o Globoplay.

# A atriz está cotada para integrar o elenco da macrossérie “O Selvagem da Ópera”, de Maria Adelaide Amaral.

# A irmã de Dira, Eneida Paes, que é pnemologista, está na linha de frente do combate ao novo coronavírus no Pará.

# O último trabalho de Dira na tevê foi em “Verão 90”.

Correio B+

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

Continue Lendo...

Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

Continue Lendo...

Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).