Uma ideia na cabeça, uma câmera na mão. O lema é antigo no cinema brasileiro. Em Campo Grande, um grupo de amigos liderado por Alexandre Couto e José Reinaldo Dorval seguiu o “desejo de cinema” para filmar histórias que misturavam referências como o “spaghetti western” e as chanchadas. A trajetória dos dois é tema do documentário “Questão de Honra”, dirigido por Carol Araujo, que tem sessão de estreia hoje, às 20h, no Museu da Imagem e do Som (MIS/MS) – Avenida Fernando Corrêa da Costa, 559.
A diretora descobriu a história dos amigos ao ler uma entrevista de Alexandre e Reinaldo para o jornalista Rodrigo Teixeira, realizada em 2008. “Achei incrível eles estarem produzindo juntos a tanto tempo”, aponta Carol. Os primeiros filmes da dupla foram feitos no fim da década de 1970. Eram produções de baixíssimo orçamento, filmadas com uma câmera Super-8. O crítico de cinema Inácio Araujo cunhou o termo “cinema de bordas” para se referir a essa produção periférica, que existe como alternativa às produções comerciais.
Entre curtas, médias e longas-metragens, foram produzidos mais de 10 filmes. De maneira quase artesanal, nasceram produções como “Vingança Maldita”, “A Marca do Destino”, “Liberdade para os Inocentes” e “Honra”, filme mais recente. Os atores eram amigos, todos sem qualquer experiência no cinema. Para dar conta da produção, truques eram inventados, como o uso de trilha sonora.
“Gravamos tudo em fita cassete, mas ela tem uma rotação única. No projetor, regulava a velocidade da projeção para acompanhar o áudio”, revela Reinaldo, que atuava como o herói dos filmes. Além da dupla, a Aljor Filmes – como a produtora foi batizada – tem como parceiros José “Piranha” Rocha, Rubens Ramos e Nelson Rondon.
“É um cinema feito, unicamente, por esse desejo de cinema, uma vontade de se expressar. Isso me motivou a contar essa história”, explica Carol. O filme foi produzido com recursos do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura (Fmic), de 2010. “Em 2012, terminei a montagem, mas não gostei do resultado. No ano passado, conheci a equipe da Andara Filmes e eles me ajudaram a finalizar”. O resultado final é um documentário de 18 minutos.
ENCONTRO COM O CINEMA
Graduada em História, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Carol sempre manteve contatos com a arte. Foi atriz do Teatral Grupo de Risco (TGR), atuou com outros grupos, dirigiu, criou dramaturgia e produziu espetáculos. O primeiro contato com o cinema aconteceu em 2008, durante a produção de “Cabeça a Prêmio”, de Marco Ricca.
“Eu estava atuando em um trabalho da Andréa Freire, que foi convidada para fazer produção de elenco. Pedi que ela me colocasse como assistente e ela aceitou”, explica. No entanto, Andréa não pode realizar o trabalho por questões pessoais e profissionais, então, Carol teve de assumir o cargo. “Eu não tinha experiência, mas consegui realizar o trabalho. Depois disso, decidi mudar para São Paulo. Eu queria fazer cinema”, pontua.
Na capital paulista, ela trabalha como freelancer. “A gente rala muito, né? Mas a área com a qual eu mais me identifico é a direção. Fiz muita assistência e agora lanço esse filme, que talvez seja meu primeiro trabalho”, brinca Carol. Segundo ela, apesar de ter sido iniciado em 2011, “Questão de Honra” é lançado pouco depois do média-metragem “Corpo Manifesto”
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