Reza a lenda que as capivaras são os grandes símbolos de Campo Grande. Mas há outro animal que desponta entre os queridinhos pela beleza e a presença em praticamente todos os pontos da cidade: a arara.
O reconhecimento é tanto que uma lei, a nº 6.567, instituiu o município como Capital das Araras e o dia 22 de setembro como o Dia Municipal de Proteção das Araras.
Tudo isso inspirou o projeto e documentário “Campo Grande das Araras”, que será lançado neste sábado, às 9h, pelo YouTube (https://www.youtube.com/secturcg).
Durante quase um ano, a produção do projeto conversou com moradores, pesquisadores e apaixonados pelas aves, acompanhou voos e registrou o modo de vida das araras. O resultado mostra a convivência harmônica entre o ser humano e os animais na cidade com mais ninhos e presença delas em todo o mundo.
Segundo uma das diretoras do documentário, Lu Bigattão Rios, o projeto surgiu justamente pela admiração que ela e a irmã, Rosiney Bigattão, sentiam pelas araras.
“A presença delas na cidade é uma coisa que encanta, todo mundo que vem aqui fica encantado, o tempo inteiro estamos escutando elas. A gente quis fazer uma coisa diferente e aproveitar para mostrar Campo Grande de cima, por isso há imagens de drones”, explica Lu.
O documentário tem 30 minutos e mostra detalhes de Campo Grande e o porquê de a cidade ser um ponto importante para a sobrevivência da espécie. “Optamos por desenvolver um documentário mais educativo, aprofundado.
Tem informações e entrevistas com pesquisadores do Instituto Arara Azul e do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres [Cras] e com fotógrafos, mostrando detalhes sobre a alimentação e o cotidiano delas”, pontua.
Últimas Notícias
Presença
Segundo o Instituto Arara Azul, mais de 700 aves da espécie canindé já nasceram nos mais de 300 ninhos monitorados em Campo Grande.
As araras começaram a chegar na Capital em 1999, fugindo das secas severas e das queimadas no Cerrado e no Pantanal. Encontraram um ambiente favorável e conseguiram se reproduzir, principalmente pela arborização da cidade, que oportuniza alimentação e moradia para as aves.
“A arara-canindé se adaptou à cidade, o que não ocorreu com a arara-azul. Já a arara-vermelha, ela vem para a cidade, visita, se alimenta, mas, quando precisa fazer o ninho, ela volta para a área rural. A canindé foi a que mais se adaptou, fazendo ninhos nas palmeiras imperiais que já perderam as folhas", explica Lu.
"Aqui em Campo Grande também existe a arara híbrida, o cruzamento entre a canindé e a arara-vermelha”, completa.
Bosque
Para incentivar a população a plantar e cuidar das plantas que possam ajudar na sobrevivência das aves, o projeto também criou o Bosque das Araras.
Foram plantadas no Parque das Nações Indígenas 50 mudas de árvores e palmeiras, utilizadas na alimentação não só das araras, mas também de outras aves e animais.
Na lista das espécies há palmeiras como bocaiuva e pindó e árvores como pitomba, manduvi, cumbaru, entre outras. O plantio foi coordenado pelo viverista Nereu Rios.
Turismo
Para completar, o projeto ainda criou o Circuito das Araras, um roteiro onde foram instalados totens que funcionam como centro de informações do projeto e chamam atenção para a presença das aves na cidade.
A estrutura é uma criação do arquiteto e fotógrafo Marcelo Oliveira, e em cada um deles consta o endereço do site e um QR code que permite o acesso ao conteúdo do projeto.
Os monumentos estão na Lagoa Itatiaia, na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, no Parque das Nações Indígenas, no canteiro da Avenida Afonso Pena e na Locomotiva da Orla Ferroviária. Além disso, será distribuído um folder com um mapa dos locais onde pode se observar as aves em Campo Grande.
O projeto tem investimento do Fundo Municipal de Investimentos Culturais (FMIC) e apoio do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul).



Cristianne e Rinaldo Modesto de Oliveira
Isabella Suplicy


