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MÚSICA CLÁSSICA

Duo Amábile realiza concertos na Europa

Formado por Marcelo Fernandes (violão) e Ana Lúcia Gaborim (voz), o duo se apresentou recentemente na República Tcheca e em Portugal

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O Duo Amábile, formado por Marcelo Fernandes e Ana Lúcia Gaborim, ambos doutores em Arte e professores de Música da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), retornou, na semana passada, de uma turnê europeia. 

Além da apresentação de recitais na República Tcheca e em Portugal, o violonista e a cantora lírica (soprano) realizaram palestras e masterclasses nos dois países, no período de 20 a 27 de novembro.

Com uma agenda cada vez mais intensa, o Amábile já se apresentou, por exemplo, na Academia Brasileira de Letras (RJ), no Memorial da América Latina (SP) e, em Campo Grande, no Teatro Glauce Rocha e no Bioparque Pantanal. A dupla tem realizado estreias de canções com textos de Carlos Nejar, Delasnieve Daspet, Rubenio Marcelo e Raquel Naveira, entre outros poetas.

Em 2023, o Duo Amábile realizou turnê em Mato Grosso do Sul, com o programa “Cem Anos de Modernismo em Terras Pantaneiras”, sob o apoio do Fundo de Investimentos Culturais (FIC), do governo do Estado. Acompanhe, a seguir, como foi o giro pela Europa.

REPÚBLICA TCHECA

No dia 23 de novembro, o Amábile fez um concerto no Museu São João Nepomuceno, em Nepomuk, na República Tcheca. Organizado pela prefeitura da cidade, a apresentação contou com a participação da jovem cantora tcheca Anita da Conceição (filha de pai brasileiro). 

Na primeira parte do programa, o duo apresentou obras brasileiras e europeias do século 19 escritas para violão solo ou arranjadas para canto e violão, com destaque para o lundu, estilo de dança e de canto de origem africana introduzido em terras brasileiras pelos escravos.

Marcelo levou uma réplica de um violão do século 19 – o modelo René Lacote 1834 –, o que deu um sabor ainda mais especial às apresentações, pois a sonoridade do instrumento é bem próxima ao que se ouvia no Brasil e na Europa da época. Na segunda parte, foram apresentadas canções de Marcelo Fernandes, escritas sobre textos dos poetas acima mencionados. 

Em seu trabalho composicional, Marcelo Fernandes têm se esforçado para produzir canções de câmara brasileira, gênero pouco explorado no Estado, mas consolidado na música clássica brasileira por parceiras de músicos como Heitor Villa-Lobos, Carlos Gomes e Camargo Guarnieri com autores como Mário de Andrade, Manuel Bandeira, Guilherme de Almeida e Machado de Assis.

PORTUGAL

No dia 27 de novembro, o concerto do Amábile foi na Igreja das Carmelitas, em Aveiro, Portugal, dentro da programação do Festival de Outono da cidade. Esse recital ocorreu sob o apoio da Universidade de Aveiro e contou com a presença marcante da cantora portuguesa Inez Araújo. 

O programa incluiu o repertório novecentista apresentado na República Tcheca e canções de verve portuguesa (fados) escritas por Marcelo Fernandes sobre textos do poeta Rubenio Marcelo. As canções foram apresentadas no Sesc Horto no dia 8 de outubro por Luciana Fisher e Ana Lúcia Gaborim, recebendo uma nova interpretação, com o esperado sotaque português de Inez Araújo. 

No concerto em Aveiro, a soprano Ana Lúcia Gaborim pôde mostrar com maestria a lírica feminina das poesias de Delasnieve Daspet e Raquel Naveira, interpretando canções que evocam os povos originários de MS e os ritmos de fronteira, como o chamamé.

Na tarde do mesmo dia, Marcelo Fernandes realizou uma masterclass de violão para alunos da universidade portuguesa, abordando didaticamente obras clássicas e contemporâneas para violão solo. 

Antes, em 20/11, Fernandes fez uma palestra em que abordou a contribuição do compositor brasileiro Camargo Guarnieri para o repertório do violão clássico, contemplando uma longa seção sobre história da música clássica brasileira.

No dia 8/11, Fernandes se apresentou no Festival Internacional de Violão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, com um recital solo inteiramente dedicado ao repertório do século 19. Nesse concerto, Marcelo dividiu o palco com o compositor, cantor e violonista Guinga. 

O DUO

Ana Lúcia Gaborim é doutora em Artes – Música pela Universidade de São Paulo (USP), mestra em Música e bacharela em Composição e Regência pela Unesp. Sua tese recebeu menção honrosa no Prêmio Destaque USP, considerada uma das oito melhores da instituição em 2016. 

Na área do canto, realizou estudos particulares com Adelia Issa e Edineide Dias. Ingressou na UFMS em 2006, é professora do curso de Licenciatura em Música e do mestrado em Artes, docente dos Painéis Funarte/UFRJ e do curso de Especialização em Regência da UFBA. 

Coordena projetos de extensão inovadores, como CanteMus e Pciu!, que têm intensa atividade artística e pedagógica no cenário nacional. É membro da diretoria da Associação Brasileira de Regentes de Coros e membro fundador da Academia Feminina de Letras e Artes de Mato Grosso do Sul. 

Marcelo Fernandes é doutor em Artes pela Universidade de São Paulo. Tem entre seus mestres os violonistas Edelton Gloeden e Abel Carlevaro, com quem se aperfeiçoou durante três anos, no Uruguai. Em seu doutorado, abordou o modernismo nas obras para violão de Camargo Guarnieri, sendo responsável pela estreia da integral dessa obra na Europa. 

Como solista, venceu cinco concursos de interpretação instrumental, com destaque para o Concurso Internacional Violão Intercâmbio e para o Prêmio Nascente Abril Cultural –USP, e realizou concertos em teatros, conservatórios, universidades e festivais no Brasil, na França, na Espanha, na Suíça, na Alemanha, na Bélgica, na Itália, no Paraguai, na Colômbia, na Bolívia e nos EUA, com destaque para o projeto Sonora Brasil – Sesc, dentro do qual empreendeu uma turnê de 86 recitais de violão, em 20 estados brasileiros.

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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