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LITERATURA

Em nova obra, Raquel Naveira recria universo de menina sonhadora

"No Mundo Encantado de Luciana": em nova obra para o público infantil, Raquel Naveira recria universo de menina sonhadora a partir de desenhos de Luciana Rondon, que dedica o trabalho a quatro mãos às suas avós

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Foi meio sem querer, na intuição, que Luciana Rondon começou a fazer desenhos e pinturas alguns anos atrás. A imaginação da psicóloga estava abastecida das memórias de uma infância que foi profundamente marcada pela presença das avós.

Nascida em Campo Grande, Luciana passou diversas e longas temporadas, durante a infância, no recanto doméstico das vovós Enir Monteiro Nunes Rondão e Milena Saboya Mariz Pinto.

As duas moravam em Bela Vista, na região de fronteira com o Paraguai. E se a primeira foi a inspiração para Luciana despertar para “a beleza da natureza, dos rios e das flores”, vó Milena foi a responsável pela psicóloga mergulhar nas tramas das mais conhecidas histórias infantis, a exemplo dos famosos contos dos Irmãos Grimm.

A deixa foi o suficiente para a escritora Raquel Naveira embarcar no projeto de uma publicação assinada em conjunto com Luciana Rondon. As lembranças e os encantos da infância são, de modo geral, os temas do livro “No Mundo Encantado de Luciana” (Vida Produções, 2022, 32 páginas). 

A obra – concebida a quatro mãos entre a psicóloga, e agora artista visual, e a escritora – será lançada nesta terça-feira, das 18h30min às 21h, no Marco (Rua Antônio Maria Coelho, nº 6.000, Parque das Nações Indígenas), o museu de arte contemporânea da Capital.

PEGADA NAÏF

Luciana recobra a despretensão com que decidiu expressar seus sentimentos em pinturas. Suas obras são coloridas e alegres, de livre inspiração e de pegada naïf, sem a preocupação com técnicas específicas ou muito apuradas.

“Quando fui pintando as telas, não tinha um foco específico. Elas surgiram de memórias afetivas das histórias infantis, de desenhos, de livros que li quando criança e de um lugar mais leve e colorido que me faz bem”, afirma a psicóloga.

Foi a partir dessas obras que Raquel Naveira, que se declara também “bela-vistense de coração”, criou uma história repleta de referências ao modernismo brasileira e aos sonhos de uma menina que descobre o desenho como extensão de seu rico imaginário.

TARSILA E ANITA

“Mergulhei nesse mundo imaginário de castelos, bonecos, trenzinhos, joaninhas, pássaros e estrelas. Costurei a história com lembranças de nossa infância em comum em Bela Vista, terra de fronteira do Brasil com o Paraguai, e também com personagens inspirados em artistas do modernismo brasileiro, como Tarsila do Amaral [1886-1973] e Anita Malfatti [1889-1964]”, conta a escritora, que também presta tributo, entre outros nomes, ao Mestre Vitalino (1909-1963). 

Recém-chegada de um evento literário em Salvador, na Bahia, Raquel Naveira acaba de ganhar o primeiro lugar no Concurso Internacional de Literatura da União Brasileira de Escritores seccional Rio de Janeiro (UBE/RJ), na categoria Crônica, com o livro “Mundo Guarani: Fragmentos de uma Alma da Fronteira”.

PROFESSORES

Além do encantamento, com perdão do pleonasmo, que “No Mundo Encantado de Luciana” deve provocar nos leitores de todas as idades, Luciana e Raquel destacam um “ponto especial” que vem como bônus no livro. A obra apresenta sugestões de atividades para que professores possam trabalhar junto aos seus alunos. As autoras enfatizam que se trata de um livro dirigido a todos que veem a pintura e a literatura como ferramentas da educação e como alimento para a alma.

“A educação é sempre a base de todos os que amam a prosa poética e a arte dos desenhos, das cores e dos sonhos”, pontua Raquel Naveira, que não é novata na seara da literatura infantojuvenil.

TRAJETÓRIA

Raquel Naveira nasceu em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, no dia 23 de setembro de 1957. É formada em Letras e em Direito pela Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). Escritora, professora universitária aposentada pela UCDB, crítica literária e palestrante. Mestre em Comunicação e Letras pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, é autora de vários livros de poemas, ensaios, romances e infantojuvenis.

Atua como colaboradora de diversos jornais e revistas como o Correio do Estado (MS), a revista Conhece-te (Minas Gerais), o Jornal de Letras (RJ), o jornal Linguagem Viva (SP), entre outros.

Já deu palestras em várias universidades do Rio de Janeiro e de São Paulo e em aparelhos culturais como a Casa das Rosas, a Casa Mário de Andrade, a Casa Guilherme de Almeida e o PEN Clube do Brasil. Pertence à Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, à Academia Cristã de Letras de São Paulo e ao PEN Clube do Brasil. É também sócia correspondente da Academia das Ciências de Lisboa, Classe de Letras.

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Gastronomia B+: Na dúvida sobre qual panetone escolher? Veja aqui e como harmonizá-los

Nutricionista explica as diferenças de cada panetone e quais bebidas mais combinam com cada um

14/12/2025 12h30

Gastronomia B+: Na dúvida sobre qual panetone escolher? Veja aqui e como harmonizá-los

Gastronomia B+: Na dúvida sobre qual panetone escolher? Veja aqui e como harmonizá-los Foto: Divulgação

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Do clássico com frutas às versões recheadas, o panetone segue como uma das sobremesas mais consumidas no fim do ano. Presença garantida nas ceias de Natal, o produto ganha novas leituras a cada temporada, ampliando o leque de sabores e atendendo a diferentes perfis de consumidores.

Para ajudar na escolha do panetone ideal, a nutricionista da Água Doce Sabores do Brasil, Cláudia Mulero, explica as principais diferentes entre as opções disponíveis no mercado e como harmonizá-las com cachaças e vinhos para uma experiência completa.  

“A cada ano, o panetone se reinventa e se fortalece como símbolo da mesa natalina. Na Água Doce, reconhecemos o valor afetivo dessa tradição e incentivamos nossos clientes a explorarem novas combinações, valorizando tanto as versões clássicas quanto as que trazem um toque de brasilidade. É uma forma acolhedora e saborosa de celebrar”, destaca Cláudia.

Panetone Tradicional: com massa macia com frutas cristalizadas e uvas-passas, o panetone tradicional é perfeito para quem não abre mão do sabor clássico das celebrações natalinas. A sobremesa é ideal para ser consumida acompanhada de um espumante moscatel ou um vinho mais fortificado, como o Porto.

Chocotone e trufado: favorito dos amantes de chocolate, o chocotone traz gotas generosas que garantem indulgência e agradam adultos e crianças. Já o panetone trufado é uma versão mais sofisticada, com recheio que pode variar entre creme de avelã ou doce de leite. Cachaças envelhecidas em amburana, em bálsamo e com notas trufadas são indicadas para acompanhar os panetones recheados.

Panetone de frutas vermelhas: fresco e aromático, que agrada quem busca sabores menos densos, o panetone de frutas vermelhas é uma releitura contemporânea do clássico natalino. Com uma massa leve e amanteigada pode ser recheado com morango, framboesa, amora e mirtilo. Esta opção de sobremesa harmoniza bem com espumante Brut Rosé e vinho Riesling. Já para quem prefere cachaça, o ideal é que seja de jequitibá ou com infusão de frutas.

Panetone Salgado: versão inovadora que inclui queijos, embutidos como salame, calabresa ou combinações especiais, que levam frango, é uma alternativa para quem prefere sabores não adocicados. Para esta opção, as cachaças envelhecias em carvalho, amburana, jequitibá e em bálsamo são indicadas. Já para os amantes de vinhos, as recomendações passam pelo espumante Brut, Rosé seco, Sauvignon Blanc e o Branco português.

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B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz

"Não é influência positiva, é propaganda de misoginia". Especialista em relacionamentos, a Dra. em psicologia Vanessa Abdo explica como a ideologia do movimento afeta nos direitos das mulheres e contribui para o incentivo à violência

13/12/2025 17h00

B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz

B+: Especialista explica o que é o red pill, que ganhou repercussão após caso de Thiago Schutz Foto: Divulgação

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O termo “red pill” tem gerado em muitos debates nas redes sociais devido à denúncia de agressão e tentativa de estupro de Thiago Schutz, conhecido como “Calvo do Campari”. O coach foi detido em Salto (SP) no último dia 29 de novembro, após ser denunciado para a Polícia Civil pela namorada. Thiago Schutz é considerado influenciador do movimento “red pill”, por produzir conteúdos e ser autor de livro que aborda o tema.

Mas afinal, você sabe o que significa o movimento “red pill” e por que ele afeta violentamente as mulheres? Para responder a essa pergunta e esclarecer outras dúvidas sobre o tema, conversamos com a doutora em Psicologia Vanessa Abdo.

Sobre o termo

O nome “red pill” (pílula vermelha, em português) vem de um conceito fictício do filme “Matrix” (1999), em que a pílula vermelha seria a escolha para "despertar" e ganhar "consciência" da realidade do mundo.

Com essa narrativa, o movimento red pill passou a criar teorias da conspiração que incentivassem os homens a “acordem para a realidade” e não serem “dominados” pelas mulheres.

“O red pill se apresenta como uma ‘verdade sobre as relações’, mas na prática é um conjunto de ideias que reduz mulheres a objetos, corpos, funções ou serviços e coloca os homens como dominantes e superiores. É uma ideologia que traveste controle e desprezo como se fossem ‘ciência comportamental’. Quando os nossos corpos são objetificados, não tem graça. Isso não é sobre relacionamento, é sobre poder”, afirma a psicóloga Dra. Vanessa Abdo.

Qual a relação do red pill com a misoginia?

“A base do red pill é a crença de que as mulheres valem menos, sentem menos, pensam menos ou merecem menos. Isso é misoginia. O movimento estimula o desprezo pelas mulheres, especialmente as fortes e independentes, justamente porque homens que aderem a esse discurso precisam de parceiras vulneráveis para manter no seu controle. A misoginia não é efeito colateral do red pill, é sua espinha dorsal.”

Por que o red pill é tão perigoso para toda a sociedade, principalmente para as mulheres?

“Porque ele normaliza a violência. Quando você cria uma cultura em que mulheres são tratadas como objetos descartáveis, a linha entre opinião e agressão se dissolve. Esse tipo de discurso incentiva violências físicas, psicológicas, sexuais e digitais, que são camufladas como humor ou “liberdade de expressão”. Uma sociedade que naturaliza o desprezo por mulheres adoece, retrocede e coloca todas em risco.” 

Nas redes sociais, muitos homens fazem uso de um discurso de ódio às mulheres disfarçado de humor. Qual a diferença da piada para a incitação à violência?

“A piada provoca riso, não medo. A piada não tira a humanidade do outro. Quando o ‘humor’ reforça estereótipos, desumaniza mulheres e legitima agressões, ele deixa de ser brincadeira e se torna uma arma. A diferença está na intenção e no efeito. Se incentiva o desrespeito, a dominância ou a violência, não é humor, é incitação.

É importante reforçar que combater a misoginia não é sobre guerra dos sexos, é defesa da vida. Toda vez que normalizamos piadas que objetificam mulheres, abrimos espaço para violências maiores. Precisamos ensinar homens, especialmente jovens, a construir relações baseadas em respeito, não em dominação. E precisamos dizer claramente que humor não pode ser usado como máscara para ódio.”

Na internet, muitas pessoas consideram quem prolifera o movimento red pill como “influenciadores digitais”. Qual a sua opinião sobre isso?

“Influenciadores pressupõem responsabilidade social. Quem difunde ódio e objetificação influencia, sim, mas influencia para o pior. Não podemos romantizar a figura de alguém que lucra reforçando violência simbólica e emocional contra mulheres. É preciso nomear corretamente: isso não é influência positiva, é propaganda de misoginia.”

Sobre o caso de Thiago Schutz, surgiram muitos julgamentos sobre as mulheres que tiveram um relacionamento com ele mesmo cientes do posicionamento que ele adota nas redes sociais. Como você avalia isso?

“Culpar mulheres é repetir a lógica da violência. O discurso misógino desses movimentos é sedutor exatamente porque se disfarça de humor, lógica ou ‘verdade inconveniente’. Relacionamentos abusivos não começam abusivos, eles começam carismáticos. Além disso, mesmo quando uma mulher percebe sinais de risco, ela pode estar emocionalmente envolvida, vulnerável ou acreditar que será diferente com ela. O foco não deve ser questionar as mulheres, mas responsabilizar quem propaga discursos que desumanizam e ferem.”

Como uma mulher pode identificar um homem misógino?

“Existem sinais claros:

* Desprezo por mulheres fortes ou independentes.

* Humor que sempre diminui o feminino.

* A crença de que mulheres devem ser controladas ou colocadas ‘no seu lugar’.

* Incômodo com a autonomia da parceira.

* Falas generalizantes, como ‘mulher é assim’ ou ‘toda mulher quer…’.

Desconfie de homens que desprezam mulheres, especialmente as fortes. Eles precisam que a mulher seja vulnerável para se sentir poderosos.”

Como uma mulher pode identificar que está dentro de um relacionamento abusivo?

“O abuso aparece em forma de controle, medo e diminuição. Se a mulher começa a mudar sua vida, roupas, amizades ou rotina para evitar conflitos, se se sente culpada o tempo inteiro; se vive pisando em ovos, se sua autoestima está sendo corroída, se há chantagem, humilhação, manipulação ou isolamento, isso é abuso. Não precisa haver agressão física para ser violência.”

Como podemos ajudar uma mulher que é vítima de um relacionamento abusivo?

“O principal é acolher, não julgar e não pressionar. Ela já vive em um ambiente de medo e culpa. Oferecer apoio prático, ouvir, ajudar a montar uma rede de proteção, encaminhar para serviços especializados e incentivar ajuda profissional é mais efetivo do que dizer: ‘saia desse relacionamento’. O rompimento precisa ser planejado. Segurança vem antes de tudo.”

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