Correio B

ENTREVISTA

Eriberto Leão fala sobre a importância de "Malhação – Sonhos" em sua carreira

No ar na reprise do folhetim, o ator valoriza o impacto em sua vida pessoal até hoje

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 Eriberto Leão coleciona inúmeros trabalhos de destaque na tevê. Porém, “Malhação – Sonhos” ficou eternizado na trajetória do ator de 48 anos de uma forma muito peculiar. Cerca de três anos após o fim do folhetim infantojuvenil, Eriberto reviveu o personagem Gael de um jeito bastante particular. Ele nomeou seu segundo filho, fruto de seu relacionamento com a atriz Andréa Leal, com o mesmo nome do lutador de muay thai da trama de Rosane Svartman e Paulo Halm. Os dois já eram pais do pequeno João. 

Foi um dos trabalhos mais importantes da minha vida. Meu filho caçula se chama Gael em homenagem ao meu personagem. Acho que isso dá a real ideia do quanto fui feliz como ator e como ser humano. Aprendi muito com todos os meus colegas, desde os mais experientes aos mais jovens e com os diretores, com a equipe, com o primoroso texto da Rosane e do Paulo. Éramos uma grande família e nos amávamos muito”, afirma Eriberto, que voltou ao ar com a reexibição da novela adolescente em virtude do adiamento da próxima temporada inédita da produção.

Na história, Gael é o pai das protagonistas Bianca e Karina, vividas por Bruna Hamu e Isabella Santoni. Competitivo e linha dura, ele criou sozinho as filhas após a morte de sua mulher. No fundo, é um homem sentimental e se derrete na presença de Dandara, papel de Emanuelle Araújo, a única pessoa da fictícia escola de arte e dança Ribalta que consegue ter uma conversa civilizada com ele.

A gente sonhou junto durante esse trabalho. Agora, estamos trazendo sonhos de novo no meio dessa loucura, pandemia. Nesse trabalho a gente consegue provar que a vida é sonhada através da nossa arte. Uma frase do Raul Seixas rege a minha vida: Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só. Mas sonho que se sonha junto é realidade”, filosofa. 

P – Você ficou surpreso com a escolha da reprise de “Malhação - Sonhos”?

R – Sim. Fiquei muito feliz com o retorno desse projeto. Foi uma novela inesquecível. Com certeza foi um dos trabalhos mais importantes da minha vida. Sou grato ao universo de ter tido a oportunidade de participar de “Malhação – Sonhos”. É muito especial ver a novela retornar nesse momento que estamos vivendo. É uma trama que fala de arte e esporte.

P – O Gael é um personagem bronco e que tem um relacionamento conturbado com as filhas. O que mais chamou sua atenção no personagem?

R – O Gael era um personagem travado, viúvo, teve de criar duas filhas. Ele não sabia lidar com elas. Talvez, por excesso de amor, ele tivesse essa limitação. Fiquei muito feliz de ter um papel que falava de esporte, mas eu queria mesmo era ser da galera da Ribalta (risos). Quem abre esse universo do amor do Gael é a Dandara.

P – Como o convite de “Malhação – Sonhos” chegou até você? 

R – Foi através do diretor Luiz Henrique Rios. Quando ele me telefonou, eu disse que eu tinha de me apaixonar pelo projeto. Em contrapartida, ele também disse que só queria que eu topasse se estivesse apaixonado. Recebi os 10 primeiros capítulos para ler e me apaixonei no primeiro parágrafo. A cada diálogo que eu ia lendo, eu ficava mais encantando e envolvido. A gente fez um projeto com muita paixão, foi transformador. Depois de “Malhação”, ganhei um fôlego que todos os artistas deveriam experimentar.

P – Como assim?

R – Eu não digo que ganhei um novo fôlego, sabe? Eu digo que ganhei um grande fôlego. Esse projeto tem um espaço muito especial na minha trajetória pessoal e profissional. Me trouxe uma maturidade muito grande. Se eu fosse falar todos os detalhes que esse trabalho envolve com a minha vida, iriámos ficar conversando por horas e horas. Foi um projeto com muita consciência e significância. Tive muitos aprendizados coletivos com a direção, autores e elenco. Não imaginava que fosse aprender tanto. Além disso, antes das gravações, a gente teve uma preparação muito intensa e maravilhosa.

P – “Malhação” é conhecida por misturar gerações no vídeo. Como foi essa experiência de trabalhar ao lado do elenco novato? 

R – No telefonema do Luiz Henrique, eu já senti que seria uma troca muito intensa. Naquele momento, eu senti que seria um projeto de muita paixão. O elenco jovem abraçou essa novela. Lembro muito de vê-los em rodas de violão, tocando músicas do Legião Urbana. Isso era uma coisa que eu fazia na minha juventude também. Hoje, eu olho para o Arthur (Aguiar) ou para o Rafa (Vitti) e sei que tem muito amor na nossa relação. O amor é a única revolução verdadeira. Podemos mudar o mundo com isso. Ficamos muitos felizes gravando no nosso cafofo da “Malhação”. Essa novela também me fez lembrar muito do início da minha carreira.

P – De que forma?

R – Quando eu tinha uns 17 ou 18 anos, eu fui contrarregra em uma peça. Foi nesse espetáculo que eu entendi como funciona o coletivo. Eu tinha a função de jogar flores no final da peça. Aquele momento era meu momento de plenitude. Eu vi esse momento novamente na “Malhação – Sonhos”. Eu via aquele menino que jogava flores através daquele elenco jovem.

P – Ao longo dos capítulos, o seu personagem se envolve com a professora Dandara, vivida pela atriz Emanuelle Araújo. Como foi trabalhar ao lado dela em cena? 

R – A Manu me recebeu muito bem no projeto. Foi maravilhoso trabalhar ao lado dela. A gente nem era tão mais velho do que o elenco novato (risos). A Manu, na verdade, era do elenco jovem, mas com uma maturidade de veterana. Ela me ajudou muito durante a fase de preparação. Me ajudou muito a me conectar com todos. Ela foi praticamente uma ponte com o elenco novato.

P – Tem alguma cena que você espera rever nessa reprise? 

R – As cenas com a Emanuelle eram sempre incríveis. Tivemos sequências que eram como a criação do universo. A gente sempre tem de pensar que nosso trabalho é transformador de alguma forma. Uma cena importante para mim foi a sequência do nascimento do filho deles. Aquele bebê mostrava a fase final de uma longa jornada. Simbolizada essa família que se formou. Lembro que todo mundo estava se abraçando. Era uma sequência de esperança, que é algo muito necessário para nossa própria evolução.

 

Companhia no sofá

Eriberto Leão está empolgado com a reprise de “Malhação – Sonhos”. Na segunda exibição da novela adolescente, ele contará com a companhia dos filhos para acompanhar os altos e baixos do lutador de muay thai Gael. “Meu caçula, por algum mistério, já nasceu gostando de luta. Então, acho que ele vai gostar de ver o pai lutando na tevê. Ele adora, faz certinho. Não sei se é alguma influência do nome. Mistérios da vida”, explica.

Além de Gael, Eriberto também está curioso para ver a reação de seu filho João. O menino de 10 anos é fã do seriado americano Cobra Kai. “Ele tinha só três anos quando ‘Malhação’ passou. Visitou os estúdios quando eu estava gravando. Como ele gosta muito de ‘Cobra Kai’, acho que ele vai curtir muito a novela. Já maratonou a série toda. Ele também gosta muito de música e artes. Isso chama a atenção dele. Estou muito feliz que eles vão poder acompanhar comigo”, valoriza.

Revirando a bagagem

Antes de voltar ao ar em “Malhação – Sonhos”, Eriberto tinha revisitado seu trabalho em “Êta Mundo Bom!”, que retornou ao ar no “Vale a Pena Ver de Novo” recentemente. Na produção, ele viveu o vilão Ernesto, que era cúmplice da ambiciosa Sandra, de Flavia Alessandra. “Foi extremamente gratificante viver o Ernesto. Era apaixonado por ele. Um vigarista com vocação para pintura, mas que não deu certo. Era fã dos galãs de cinema dos anos 40 e se comportava como tal. Nos divertíamos muito”, vibra.

Enquanto não retorna ao vídeo em um projeto inédito, o ator tem aproveitado o período da quarentena para curtir diversos momentos ao lado da esposa e dos filhos. “

Estou, ao lado de minha esposa, cuidado da casa, dos nossos dois filhos pequenos, do nosso cachorro, das plantas, do nosso intelecto, nosso físico/emocional/espiritual e buscando compreender esse momento tão conturbado de uma forma proativa”, explica.

Instantâneas

# Durante as gravações, Eriberto adotou uma cadelinha que apareceu na cidade cenográfica nos Estúdios Globo, no Rio de Janeiro. “Chamei ela de Gaia. Apareceu nas nossas gravações e acabei levando em um veterinário. Então, ela me deu uma lambida e eu me apaixonei”, afirma.  

# Além de ator, Eriberto também tem uma trajetória na música. Aos 15 anos, ele foi cantor e tocou guitarra na banda punk Hip Monsters.

# O ator também participou da terceira temporada do “Popstar”, competição musical entre famosos.

# Eriberto está escalado para “Além da Ilusão”, nova novela das seis da Globo, que ainda não tem data de estreia definida.

Diálogo

Tremenda de uma "cascata" a informação apregoada pelo governo de Lula que... Leia na coluna de hoje

Leia a coluna desta terça-feira (23)

23/12/2025 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Cecília Meireles - escritora brasileira

Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”

Felpuda

Tremenda de uma “cascata” a informação apregoada pelo governo de Lula que ele ressarciu os aposentados, vítimas da roubalheira de esquema que envolve pessoas ligadas ao INSS, empresas privadas, ONGs, laranjas e políticos. Na realidade, essa conta sobrou para o cidadão, inclusive os próprios aposentados que pagam Imposto de Renda. Nenhum dos bandidos até agora restituiu aos cofres públicos o dinheiro que roubou. Aliás, a maioria está sendo blindada de forma vergonhosa. Há quem diga até que buscam “freio” para que a CPMI do INSS comece a patinar e não avance. Lamentável!

Pra cabeça

Quem entrará em 2026 com problemas no Conselho de Ética da Câmara é a deputada federal Camila Jara, do PT. O Partido Novo protocolou representação contra ela.

Mais

A acusação é de violação do decoro, ao se envolver na confusão originada quando da retirada à força de Glauber Braga, do Psol, e de ofensa ao secretário-geral da Mesa Diretora.

Diálogo

O vorí-vorí, tradicional prato paraguaio, foi eleito o melhor do mundo na lista anual do Taste Atlas, plataforma internacional que reúne avaliações gastronômicas de todas as partes do planeta. A iguaria recebeu nota 4,64 de 5, com base em votos de usuários reais que experimentaram o prato. Conhecido também como borí-borí, o vorí-vorí é descrito pelo portal como “a icônica sopa de galinha paraguaia com bolinhos de fubá recheados com queijo”. Rico em sabor, textura e história, o prato ocupa um lugar especial na mesa das famílias paraguaias e agora também no cenário global da gastronomia. Nos últimos anos, o vorí-vorí já havia figurado entre as melhores sopas do mundo em rankings do mesmo portal, reforçando sua reputação. A lista do Taste Atlas se tornou referência global por utilizar um sistema que identifica e descarta avaliações nacionalistas ou feitas por robôs, garantindo legitimidade às escolhas.

DiálogoChayene Marques Georges Amaral e Luiz Renê Gonçalves Amaral

 

DiálogoCamila Fremder

Prova de fogo

O atual time que forma o entorno do governador Eduardo Riedel terá, no próximo ano, prova de fogo, porque a missão deverá ser reeleger o “chefe” para o segundo mandato. Será o momento de a tchurminha provar quem é quem na estrutura. Quando foi eleito em 2022, Riedel nunca havia disputado uma eleição, porém, tinha um grupo político forte que sabia “o caminho das pedras”, o que foi fundamental para sua vitória. Em 2026, ele não poderá contar com esse pessoal.

Nem tanto

O PT em Mato Grosso do Sul já não estaria demonstrando, digamos, tanto amor pela candidatura de Simone Tebet (MDB) ao Senado pelo Estado, achando ser melhor por São Paulo. Lideranças petistas cá dessas bandas dizem que a ministra poderá ser um dos nomes para suceder a Lula. Ela figura entre algumas opções para ocupar o trono petista. A lista tem Alckmin, do PSB, e Haddad, o único do PT. Tudo indica que não se faz mais petista raiz como antigamente...

Entrave

Nos bastidores, o que se fala é que a ministra Simone Tebet, até então considerada excelente opção para disputar o Senado por MS, seria fonte de problemas. Algumas das alas do PT teriam torcido o nariz com a possibilidade de ela disputar pelo partido, até porque esse time lembra de que, quando candidata à Presidência, ela desferiu ataques a Lula. Além disso, há dúvidas se no Estado teria potencial eleitoral para o embate com outros candidatos, em sua maioria da direita, tendo em vista que o governo do qual faz parte, dizem, “está caindo pelas tabelas”

ANIVERSARIANTES

Beatriz Rahe Pereira, 
Dr. Gevair Ferreira Lima Júnior,
Julianne Stranieri Metello, 
Stephan Duailibi Younes, 
Maria Fatima Bueno,
Adhemar Mombrum de Carvalho Neto,
Augusto Costa Canhete,
Rosangela Neves,
Edgar Basmage,
Gileno Almeida Costa Nonato,
Sérgio Aguni,
Rinaldo da Silva Cruz,
Edna Maria Potsch Magalhães,
Dr. Márcio Molinari,
Ivo Batista Benites,
Ronaldo Fernandes Donizeti de Jesus,
Fabiano Borges da Silva,
Maria Aparecida Menezes,
Rafael Medina Araujo,
Rosilene Gois Paes,
Antonio Angelo Garcia dos Santos,
Maria Elisa Hindo Dittmar,  
Beatriz de Almeida,
Dr. Amaury Bittencourt Gonçalves, 
Izabella de Matos Lopes,
Cláudia Regina Di Felice,
Neide machado da Silva Gimenes,
Domingos Puckes,
Silvio Luiz de Moura Leite,
Helder Kohagura,
Maria Clementina Aparício Fernandes,  
Aurino Rodrigues Brasil,
Tânia Ignez Pinheiro,
Marilda Flores Haidar,
Samara Carvalho Gomes Binn,
Josselen Resstel Escórcio,
Valdo Maciel Monteiro,
Luiz Eduardo Yukio Egami,
Rafael Ferreira Ribeiro Lima,
Leila Maria de Albuquerque,
Maria Aparecida de Moura Leite, 
Datis Alves de Souza,
Aurea Leite de Camargo,
Maria de Fátima Vendas Muzzi, 
Thiago Ferraz de Oliveira,
Ruth Lopes Abreu,
Sandra Rodrigues Pereira,
Paulo da Costa Oliveira,  
Paulo César Reis Mendonça,
Fernanda Marques Ferreira,
Terezinha Alves Araújo,
Lucilaine Aparecida Tenorio de Medeiros,
Maria Helena Alves Lima,
Rosana Paes de Matos,
Laura Holsback Alvarenga,
Renato de Freitas Martins,
Miriam Fontoura Prata,
Nelson Maia de Melo,
Cleonice Gomes de Oliveira,
Rodolfo de Morais Dias,
Jussara Leite Barbosa,
Hugo Sabatel Neto,
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Solange Xavier Vargas,
Augusto Coelho Freire,
Soraia Kesrouani,  
Rubens Mendes Pereira,
Lilian Gabriela Heideriche Garcia,
Ana Maria Coimbra Santos,
Nelly Vasconcelos Coelho,
Valmir de Andrade Ferreira,
Eliana Miyuki Aratani Kaiya, 
Flávia Ribeiro Ramirez,
Laurinda Paiva Peixoto,
Patrícia de Souza Queiroz,
José Antônio Braga,
Elaine Viana Nunes,
Washington Justino Gonzaga,
Maria Stella Maia Pepino,
Vânia de Toledo Neder,
Osvaldo de Moraes Barros Neto,
Raquel Barbosa Franco,
Suely Ferreira Leal,
João Rafael Sanches Florindo,
Antonio Fernando Cavalcante,
Lúcia Torres Marchine,
Marcos Henrique Boza,
Adriana de Oliveira Rocha,
Suely Luiza Comerlato,  
Benedito Celso Dias,
Alirio Leitun,
Débora Queiroz de Oliveira,
Edson Pulchério Alves,
João Borges da Silva Filho,
Mário Zan Moreira,
Marcelo Luiz Ferreira Correa,
Valdecir Jorge,
Sérgio Carlos Borges,
Dr. Ruy Alberto Bueno,  
Marta Maria Vicente,
Guilherme Nucci dos Reis,
Marcelo Flores Acosta,
Noêmia Ramos de Oliveira,
Luiz Carlos de Carvalho,
Cláudia Garcia de Souza Trefilo,
Leonardo Marques Mourão,
Maria Delfina Louveira Trindade,
Camyla Queiroz de Faria Gonzales. 

*Colaborou Tatyane Gameiro

CINEMA

Curta-metragem "Carne Amarela" transforma a Terra do Pé de Cedro em set de filmagens

Com produção de Marcus Teles e direção de Gleycielli Nonato Guató, curta-metragem "Carne Amarela" tem equipe local e conta história que entrelaça memórias da infância em meio aos pequizeiros e banhos de rio

22/12/2025 10h30

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab),

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), "Carne Amarela" mobiliza comunidade de Coxim a partir de um enredo que une nostalgia da infância a uma mensagem de pertencimento territorial e de defesa da natureza Divulgação: Marcus Teles

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Nostalgia e engajamento são os motores para evocar os sabores da infância que fizeram Coxim voltar a ser cenário de cinema. Conhecida como Terra do Pé de Cedro, a cidade localizada a 245 quilômetros de Campo Grande, no norte do Estado, é uma das protagonistas de “Carne Amarela”, curta-metragem de ficção dirigido por Gleycielli Nonato Guató e produzido por Marcus Teles.

Os dois nasceram na cidade, que também é conhecida como Portal do Pantanal, e são profundamente conectados ao Cerrado e ao Pantanal.

As filmagens se encerraram ontem e foram realizadas integralmente por lá, contando com elenco local, que envolveu moradores atuando pela primeira vez na frente de uma câmera e também uma equipe de produção majoritariamente formada por coxinenses. Ou seja, uma combinação de saberes tradicionais, talento regional e formação técnica.

A produção nasce do desejo de fazer Coxim se ver na tela grande, “suas cores, sua luz, seus frutos, suas infâncias”, como afirma a diretora. E nasce, segundo Gleycielli, também da necessidade urgente de lembrar o que esses mesmos elementos significam para a identidade do município.

“Eu estou completamente em êxtase. Planejei muito trazer esse filme para cá. É emocionante gravar na cidade onde cresci, com o povo daqui, com artistas da terra. Noventa por cento do elenco é coxinense, a equipe tem muita gente da cidade, e isso me deixa profundamente feliz”, compartilha Gleycielli Nonato Guató, que, além de dirigir a produção, também assina o roteiro baseado em seus próprios textos literários.

DOIS TEXTOS

“Carne Amarela” nasce de dois textos de Gleycielli – o poema “Carne Amarela” e o conto “É Tempo de Ouro no Cerrado” – que guardam lembranças de uma Coxim que pulsava mata, rio e fruta. A diretora explica que o filme busca reencontrar essa paisagem quase perdida.

“Eu quero trazer a infância que vivi. A gente saía para caçar pequi, pegava ingá, comia goiaba no pé, trazia caju para fazer doce. Coxim era meu ‘Sítio do Picapau Amarelo’. Hoje, muitos lugares onde eu brincava viraram bairros. O filme é um lembrete do que ainda existe e do que não pode desaparecer”, afirma.

A obra convida as crianças e os adultos a olhar novamente para o Cerrado como pertencimento. O pequi, fruto central da narrativa, é apresentado como força, resistência e alimento da memória coxinense.

“O pequi já sustentou muitas famílias. Trouxe renda, trouxe mistura, trouxe nutrição. Ele resiste ao fogo, resiste ao tempo, mas não resiste ao machado. O filme quer acender esse sentimento de pertencimento e preservação, para que as próximas gerações vejam valor no que tantas vezes sustentou Coxim”, ressalta Gleycielli.

ZORAIDE

A protagonista adulta, Zoraide, teve como referências mulheres de alusão familiar e ancestral para Gleycielli: sua mãe, tias, avó e bisavó. A diretora revela que a personagem carrega traços de todas elas. E quem interpreta Zoraide é justamente Maria Agripina, mãe da diretora, pioneira do teatro coxinense.

“É muito emocionante ver minha mãe interpretando a Zoraide, que leva o nome da minha tia que faleceu na pandemia. Este filme é pioneiro em muitas coisas dentro de mim”, revela. Além disso, todos os cargos de direção são ocupados por mulheres, fortalecendo a presença feminina no audiovisual sul-mato-grossense.

“Trabalhar com essa equipe é um prazer imenso. Estamos construindo juntas. É uma energia muito poderosa”, afirma. A equipe ainda é formada majoritariamente por profissionais de Coxim, como Robertson Isan Vieira, artesão ceramista premiado, e José Carlos Soares, cabeleireiro e designer de imagem.

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), "Carne Amarela" mobiliza comunidade de Coxim a partir de um enredo que une nostalgia da infância a uma mensagem de pertencimento territorial e de defesa da naturezaEquipe do curta-metragem posa em um boteco da cidade com a diretora Gleycielli Nonato Guató (em pé, à esquerda, de blusa preta) - Foto: Divulgação/Marcus Teles

ENCONTRO

Para o produtor executivo e corroteirista Marcus Teles, filmar em Coxim não foi uma escolha estética, mas ética e afetiva. “Coxim faz parte da nossa formação pessoal e artística. Os textos que deram origem ao filme nasceram daqui.

A luz, a paisagem, o modo de vida, o jeito como o pequi aparece na cidade, tudo isso faz parte da essência da história. Filmar em Coxim é garantir autenticidade”, afirma Marcus.

O produtor explica que mapear as locações foi um processo guiado pela afetividade. “Coxim é uma cidade onde o urbano e o rural se encontram o tempo todo. Não procuramos cenários: reconhecemos neles o que a história já trazia em essência”.

Marcus destaca ainda que oito moradores da cidade trabalharam pela primeira vez no audiovisual, acompanhados de profissionais experientes. “Queremos abrir portas. Que jovens de Coxim encontrem no set um caminho possível, uma nova profissão, um futuro”, destaca o produtor.

101 FILMES

O elenco também conta com a participação especial do ator Breno Moroni, que marcou gerações como o Mascarado na novela “A Viagem” (Globo, 1994), além de ter participado de diversas outras produções no cinema e na televisão.

Com uma carreira extensa que inclui desde aberturas de telenovelas e mais de 100 filmes, Breno esteve em Coxim para integrar o elenco de “Carne Amarela” como seu 101º trabalho audiovisual.

“Trazer o Breno foi como aproximar duas forças que se completam. Ele chega com experiência, mas com humildade. Ele senta na varanda e deixa a conversa fluir. É uma presença que soma sem apagar a simplicidade regional, que é a alma do filme”, reconhece Marcus.

“Ele é fantástico. Consegue ir do drama à palhaçaria. Traz o duo que a personagem dele pede: o velho ranzinza e o homem capaz de se transformar”, completa Gleycielli.

O CERRADO

O filme aborda temas urgentes como queimadas, perda de territórios e desmatamento, mas com a delicadeza necessária para o público infantil, segmento prioritário na meta de audiência da produção.

“O tema duro vem com sutileza. As crianças vão entender o sentimento de perder e o de pertencer. E, quando algo pertence a você, você quer cuidar”, explica Gleycielli. Ao fim, o curta reforça que a preservação é um aprendizado coletivo e que cuidar da terra só é possível quando ela é reconhecida como parte de nós.

Na semana passada, a equipe teve uma atividade formativa com Alexandre Lopes, que é doutor em Ciências Sociais e professor de Sociologia do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), no campus de Coxim.

A interação rendeu contribuições fundamentais para reflexão sobre como pensar e construir um audiovisual mais inclusivo.

AUTOESTIMA

A expectativa da equipe é de que o filme leve Coxim para o Brasil e para o mundo por meio de festivais, mas, principalmente, que devolva à cidade a consciência de seu próprio valor.

“Esperamos que Coxim se veja com carinho. Que perceba que suas histórias merecem estar no cinema. ‘Carne Amarela’ é uma celebração da cidade, das suas raízes e da força do Cerrado”, diz Marcus.

Para Gleycielli, a gravação na cidade é também um gesto de retorno. “Eu sou uma Guató de Coxim. Este filme diz muito sobre de onde eu vim e quem sou eu”.

Como uma “semente que rompe a casca”, reforça a diretora, “Carne Amarela” nasce para devolver à cidade o brilho do seu fruto mais resistente.

Aquele que atravessa gerações, que muda o PIB, que alimenta famílias, que resiste ao fogo e que ensina a permanecer. E Coxim, agora, se prepara para ver sua história ganhar corpo, cor, movimento e tela.

O projeto conta com investimento da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), do governo federal, por meio do Ministério da Cultura, operacionalizado pelo governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

"Carne Amarela"

> Direção e roteiro: Gleycielli Nonato Guató;
Direção de produção: Gabriela Lima Ferlin;
> Direção de arte: Maíra Espíndola;
Direção de fotografia: Dafne Alana;
Som direto e edição de mixagem: Laura Cristina;
Produção executiva, assistência de direção e roteiro: Marcus Teles;
Operador de câmera: Gabriel Ribeiro;
Produção de set: Jefley M. Cano;
Elenco: Breno Moroni, Maria Agripina, João da Mata, Elena Vendroscolo, Maria Sonea Domingos;
Trilha sonora original: Gian Markes;
> Edição de imagem e cor: Rafael Viriato;
Microfonista: 4real.wav;
Assistente de produção executiva: Lucas Moura e Guinha Serrou;
Assistente de produção e captação: Robertson Vieira;
Assistente de produção: Carlos Soares;
Assistente de arte: Angela Gabrieli;
2º assistente de direção: Eduardo Henrique;
2ª assistente de fotografia: Lavinia Ribeiro;
Assessoria de imprensa: Lucas Arruda e Aline Lira.

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