A transmissão impecável da Netflix no SAG Awards me faz sonhar com o dia do Oscar na plataforma. Não curto comentaristas atrapalhando a gente que quer ouvir os discursos e comentar entre nós sobre a festa, mas posso estar isolada nessa ideia.
O que é bom em 2025 é que, pela primeira vez em anos, ninguém sabe quem é realmente favorito na festa de 2 de março.
O ano turbulento de Hollywood, se recuperando da eleição de Donald Trump (os atores são massivamente contra ele), recém saída de greves, testemunhando processos judiciais na Música (P. Diddy) e no cinema (a novela Blake Lively e Justin Baldoni) reflete o resultado incerto para todos os concorrentes.
Para nós, o mistério é bem-vindo, e os vencedores do SAG Awards (o sindicato dos atores) confirma a divisão entre membros de todas categorias.
Os Sindicatos dos Produtores e Diretores, que premiaram Anora e Sean Baker, assim como a dos roteiristas, que premiaram Jesse Eisenberg, certamente ficaram surpresos com a escolha dos atores: bem diferente da deles.
O desafino ajuda Walter Salles Jr. e Fernanda Torres, com Ainda Estou Aqui: eles foram esnobados nesses prêmios, que nem os indicaram, mas estão no Oscar portanto se antes, porque os indicados eram os mesmos, o SAG era um “termômetro”, esse ano mal conta como referência.
E fica melhor: quem “tirou” o lugar deles foi Emilia Perez e Karla Sofía Gascón, que estão no Oscar também, mas longe da popularidade da virada do ano.
O SAG não dá prêmios apenas para o cinema e também na TV sinalizou mudanças significativas para o Emmy, em setembro. Falarei mais à frente sobre isso. Primeiro, cinema.
A corrida dos Atores Coadjuvantes está definida: Kieran Culkin e Zoe Saldaña venceram literalmente todos os prêmios até aqui e já ganharam seus Oscars. Vão ser premiados não exatamente por serem versáteis, mas por saberem se repetir e ainda assim fazer sucesso.
Zoe ainda faz discursos corretos, mas Kieran é um vexame, gasta tempo pensando alto e falando bobagens. Teremos que aturá-lo mais uma vez semana que vem, depois espero ter férias dele por um tempo.
O fato de que não há melhor filme no SAG, mas Melhor Elenco, mostra que se a nomenclatura fosse trocada os atores teriam eleito O Conclave como o melhor do ano, e não Anora. Tortuosamente, isso dá uma esperança para Ainda Estou Aqui, ainda mais depois do discurso acalorado de Jane Fonda, a homenageada da noite, alimentando os medos de repressão muito fortes em Hollywood.
O filme de Waltinho e Fernanda é o pesadelo que os liberais americanos temem virar realidade nos Estados Unidos e com isso tem ganhado votos e elogios. Eu fiquei animada.
E sobre Melhor Ator e Melhor Atriz. Demi Moore certamente tem muita força, uma bem significativa, mas Mikey Madison tem dividido os votos.
Se Karla Sofía não tivesse tirado o lugar de Fernanda Torres no SAG teríamos tido a verdadeira prévia do Oscar, com as três favoritas postas lado a lado, mas agora pode ser qualquer resultado. E Fernanda continua a favorita.
A surpresa da única derrota de Adrien Brody, por O Brutalista é digna de comentário. Ninguém, nem mesmo o próprio, esperava que Timothée Chalamet, por Completo Desconhecido, fosse o vencedor. Mas não é injusto! E o discurso do ator foi perfeito. Aqui sim pode ser que tenha sido a cola para o resultado do Oscar. Fiquem atentos!
Na parte de TV, eram esperadas as vitórias de Bebê Rena e Shogun, que foram lançados em janeiro de 2024 e com isso ainda eram os donos da noite em suas categorias. Isso atrapalhou a noite do Pinguim, que reconheceu Colin Farrell, mas deixou Cristin Millioti torcendo para que chegue logo setembro.
E a vitória de Only Murders in The Building foi uma das melhores coisas da noite. Sou fã apaixonada da série e adorei o primeiro reconhecimento de Martin Short, aos 74 anos.
Ele agora é o favorito para o Emmy e dar a OMITB o título de Melhor Comédia acaba com a estratégia de The Bear e de Hacks como comédias dramáticas tirarem o lugar do riso. Perfeito! Claro que Jean Smart como Melhor Atriz Comédia é justo, mas Hacks não é superior a Only Murders in the Building, mesmo que a briga não esteja definida para o Emmy.
Mas setembro está longe, o que está gerando ansiedade é o Oscar. Prontos para emoções fortes?
My Secret Santa Netflix - Divulgação


