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Estrelada pelo ator Jesuíta Barbosa, cinebiografia de Ney Matogrosso começa a ser filmada

Estrelada pelo ator Jesuíta Barbosa, cinebiografia de Ney Matogrosso começa a ser filmada em São Paulo e no Rio de Janeiro; proposta do longa é acompanhar a transformação do tímido Ney Pereira em um dos mais performáticos artistas da música brasileira

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Doze anos após “Olho Nu” (2012), longa documental de Joel Pizzini que se propõe “a desnudar o homem por trás da fama” a partir de imagens de arquivo acumuladas por décadas pelo próprio artista, Ney Matogrosso volta a ter sua história contada no cinema. Protagonizado por Jesuíta Barbosa, do remake da novela “Pantanal” e de filmes como “Tatuagem” e “Praia do Futuro”, “Homem com H” começou a ser rodado no início desta semana e segue, com locações em São Paulo e no Rio de Janeiro, até o fim de março.

Ao todo, serão seis semanas de filmagens. Com direção e roteiro de Esmir Filho, o filme é uma produção da Paris Entretenimento e conta com a distribuição da Paris Filmes. “Homem com H” acompanha a trajetória de Ney Pereira da Silva e sua transformação em Ney Matogrosso. De forma sensível, o roteiro mostra a relação de Ney, sempre transgressor, com os principais fatos de sua vida e revela como cada fase contribuiu para a construção de sua potente persona artística.

TRAJETÓRIA E ELENCO

Na infância e na adolescência, Ney morava com os pais e irmãos na pequena cidade de Bela Vista (MS) e tinha questões desafiadoras com o pai. “Toda a repressão que ele sofreu do pai fez aflorar esse ser livre. Ele diz que tudo o que fez foi para confrontar o pai. O Ney veio para mostrar que a gente não precisa ficar preso a uma coreografia de gênero”, diz o diretor e roteirista Esmir Filho.

“Homem com H” retrata suas descobertas, o sucesso meteórico dos Secos e Molhados em plena ditadura militar (quando ele adota o nome artístico Ney Matogrosso, acolhendo o sobrenome do pai), o encontro com Cazuza (Jullio Reis), um de seus grandes amores, e a coragem de partir para a carreira solo, com performances e atitude ainda mais provocantes.

Também integram o elenco, entre outros nomes, Bruno Montaleone (Marco de Maria), Romulo Braga (Antonio, pai de Ney), Hermila Guedes (Beita, mãe de Ney), Mauro Soares (João Ricardo), Jeff Lyrio (Gerson), Carol Abras (Lara) e Lara Tremoroux (Regina). 

A trajetória de Ney confunde-se com a história de um Brasil cercado pela opressão, mas que aspira à liberdade. Com sua alma livre, atitude desafiadora e comportamento que chocava os conservadores, Ney Matogrosso firmou-se não só como um dos maiores artistas brasileiros, mas como uma personalidade que inspira libertação, independência e afeto.

“LUGAR INIMAGINÁVEL”

Emocionado com a missão de viver o cantor, que considera um de seus ídolos, e focado no papel, Jesuíta Barbosa vinha se preparando para interpretar Ney desde o mês de outubro. 

Apesar de contar com o apoio e a torcida do próprio cantor sul-mato-grossense no desafio, Barbosa, o Jove da “Pantanal” de 2022, não esconde que tem suado a camisa para encarar não somente a câmera, mas também o microfone.

“Dividimos o canto em voz falada e voz cantada, é muito difícil achar aquele lugar da voz dele, é um lugar quase inimaginável. Eu quero cantar, quero poder chegar o mais próximo possível daquela estrutura vocal. Claro que uma coisa é diferente da outra, estamos fazendo um filme, é ficção, mas estamos preparando corpo, voz, e está sendo muito bom”, afirma o ator pernambucano de 32 anos.

DE VENTO EM POMPA

Já o personagem retratado, após a pausa de fim de ano e a agenda de curtição e apresentações durante o Carnaval, segue de vento em pompa com os shows da turnê “Bloco na Rua”, que Ney Matogrosso retoma nas próximas semanas. A primeira apresentação da temporada 2024 será no dia 1º de março, em Londrina (PR). Aos 82 anos, o cantor segue impressionando fãs, e o público em geral, com a sua forma física invejada por muitos, mesmo os observadores de bem menos idade.

“Faço ginástica diariamente, como muito pouco, não gosto de açúcar, não gosto de refrigerante, de enlatado. Gosto de pegar peso, mas não é para ficar forte, é para manter o tônus muscular. Tenho uns pesos que prendem na minha perna, tenho uma máquina em que faço braços, peito... Gosto de trabalhar com peso”, revelou Ney em uma de suas entrevistas mais recentes, em um programa da TV aberta, no mês de outubro.

“Faço muito agachamento, faço tudo, pulo. As pessoas não acreditam. Então, continuo tendo essa flexibilidade por isso. Acho que qualquer pessoa pode fazer. Tem muita gente com muito mais idade muito bem, hoje em dia. Eu vejo gente de 70 anos maravilhosa”, afirmou o ex-integrante do grupo Secos & Molhados.

“Existe um fator genético, sim. Minha mãe está fazendo 101, então, é uma família que tem uma genética de longevidade, mas fora isso eu me cuido também. Não adianta ter uma probabilidade de ter uma vida longa e você ter uma vida longa sem saúde. Eu faço minha parte”, disse Ney na ocasião.

O DIRETOR

Graduado em Cinema, Esmir Filho é roteirista, diretor e produtor. Seu primeiro longa, “Os Famosos e os Duendes Da Morte” (2009), venceu o Festival do Rio e esteve na competição oficial do Festival de Locarno e Berlim, conquistando prêmios de Melhor Filme, Direção e Crítica em Havana, Valdívia e Guadalajara.

Seu curta “Alguma Coisa Assim” (2006) ganhou Melhor Roteiro no Festival de Cannes, enquanto “Saliva” (2007) foi o curta representante do Brasil na corrida para o Oscar. Na TV, foi criador e diretor-geral dos programas “Viva Voz”, “Na Trilha da Canção” e “Calada Noite”, com Sarah Oliveira no canal GNT, que atingiram mais de 12 milhões de telespectadores.

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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