Correio B

Literatura

Com pandemia, clubes de leitura precisaram se adaptar e até incluíram séries nas discussões

Devido às medidas de biossegurança, os grupos foram para o ambiente on-line e viram surgir novos integrantes

Continue lendo...

Ao contrário do que se podia imaginar no início da pandemia, a leitura ganhou mais espaço no cotidiano dos brasileiros com o passar do tempo, até mesmo entre aqueles que já tinham uma relação estreita com a literatura.

A jornalista Evelise Couto, coordenadora regional do projeto Leia Mulheres CG, explica que o grupo se reuniu presencialmente apenas duas vezes em 2020, mas que isso não foi motivo para diminuir o índice de leituras do ano. “A adaptação foi melhor do que imaginei. Este ano, fizemos apenas duas reuniões presenciais [fevereiro e março]. Todas as outras foram on-line e deram muito certo. Inclusive foram e ainda são um alívio para quem estava e ainda está fazendo o isolamento social certinho. Além do mais, ter uma meta de leitura ajudou bastante no período”, explica.  

O projeto, que vem de uma inspiração nacional, tem como meta ler obras apenas de escritoras, como uma forma de valorizar e reconhecer o talento feminino. Criado em julho de 2018, o grupo conseguiu manter o número de participantes e até agregou leitoras do interior do Estado, o que antes, com os encontros presenciais, não era possível. “Entraram novos membros, mas alguns membros antigos não se adaptaram ao modo on-line, então empatamos. A parte interessante é que temos participantes do interior do Estado, como Naviraí e Corumbá. A modalidade on-line abriu a possibilidade de pessoas de qualquer canto participarem das reuniões”, ressalta Evelise.

Além dos participantes, os encontros on-line acabaram se tornando um alívio em meio a toda a tensão que existe no ano de 2020. “Os encontros on-line, às vezes, estendem-se por horas, são mais longos que os presenciais. Tem sido uma espécie de compromisso social, então, além de falar da leitura, claro que acabamos também colocando a conversa em dia. O grupo fez nascer muitas amizades e afinidades”, conta a jornalista.  

Entre os desafios, está principalmente a adaptação com os aparatos tecnológicos, que nem sempre colaboram com as reuniões. “Ainda vejo alguns participantes com dificuldades técnicas e também outros que dizem que, como passam muito tempo no computador durante a semana, não conseguem participar do grupo. Mas, de maneira geral, a adaptação foi boa”, frisa.

Apesar dos pontos positivos, Evelise ainda sonha com um reencontro presencial. “Não podemos dizer que migramos para o on-line porque, assim que for possível, vamos voltar para os encontros presenciais. Sentimos muita falta, e é uma parte imprescindível do projeto”, pontua.  

Cinema e literatura

Outro grupo de leitura que sentiu os impactos do coronavírus, mas não se abalou, foi o Vórtice Literário. Criado em 2018, a partir de outra iniciativa, o Vórtice Fantástico, o grupo reúne em média de 15 a 20 pessoas, que debatem abertamente sobre as leituras que realizaram ao longo do mês. “Nós nos reunimos desde 2014, quando era o Vórtice Fantástico. Nessa época, era um projeto nacional que tinha grupos em várias capitais, os participantes escolhiam um livro de literatura fantástica para ler, fosse terror, fantasia ou ficção científica. Esse grupo nacional se desfez em 2016, e nós seguimos nos reunindo até decidir seguir a proposta de abrir as leituras e todos participarem. Em 2018, criamos o novo grupo, mas mantivemos o número de reuniões, porque é o mesmo grupo que se encontra, só mudamos o formato”, explica Daniel Rockenbach.  

Nos moldes da leitura livre, cada participante pode escolher o livro que quiser. “A ideia de leitura livre veio quando percebemos que as reuniões juntavam cada vez menos participantes. Demos uma pausa e voltamos com essa proposta de cada um falar sobre o que leu no período, assim, todos trazem suas leituras e participam das reuniões”, ressalta.

No início da pandemia, a maior dificuldade que Daniel notou nos participantes foi manter o ritmo. “Nas primeiras reuniões, entre março e junho, muitos contavam começar uma leitura, mas, pela fadiga, ficavam sem concluir. Nesse sentido, até criamos o encontro Vórtice Cinematográfico, já que muitos estavam mais assistindo filmes e séries do que lendo. Passamos a alternar a cada duas semanas reuniões sobre literatura e cinema”, ressalta.

Por volta do mês de julho, os leitores começaram a voltar à velha forma. “O pessoal voltou a ler mais e comentar romances longos, em vez de ficar nos contos e nos quadrinhos mais curtos”, frisa.  

No formato on-line, o lado positivo é o aumento de participantes nas reuniões. “As reuniões começam com poucos participantes e terminam cheias, as pessoas entram ao longo da reunião por ser on-line. Começamos às 16h e vamos até as 21h em alguns encontros”, indica.

De acordo com Daniel, um dos pontos positivos das reuniões on-line foi o aumento no número de participantes. “Aumentou a presença dos participantes, o pessoal que costumava ir em uma ou outra reunião passou a ir sempre. Dos fixos, é raro alguém faltar, e entraram alguns novos membros”, conta.  

E-books

Outra tendência observada na pandemia é o aumento de adesão aos livros digitais. Mato Grosso do Sul está, por exemplo, entre os cinco estados do País com maior média de leitura digital, especialmente entre os estudantes.

Na faixa etária entre 14 e 17 anos, 11% preferem ler com auxílio das novas tecnologias, enquanto 10% ainda tem preferência pelo livro de papel. Na plataforma Árvore, utilizada por escolas públicas e privadas, a média geral de livros lidos é de 4,7 por aluno no ano, quase o dobro da média nacional, que é de 2,6 livros por ano, segundo a pesquisa Retratos da Leitura no Brasil.

Evelise e Daniel são adeptos do livro digital há algum tempo. “Eu já sou adepta do livro digital antes da pandemia, por uma questão de praticidade”, frisa Evelise. Já Daniel aproveita para treinar o inglês e o espanhol. “Leio e-book e físico, mas na maioria das vezes físico. E-book leio quando estou na rua ou antes de dormir, uso mais o Kindle para comprar livros que não saíram por aqui. Tenho mais livros em inglês e espanhol que em português”, pontua. 

Correio B+

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

Continue Lendo...

Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

Continue Lendo...

Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

Assine o Correio do Estado

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).