Comandante de grande reputação, bravura e atividade. É assim que Alfredo de Taunay, o visconde, autor de “Retirada da Laguna”, se refere ao capitão Pedro José Rufino, o comandante do Corpo de Caçadores. Um dos poucos sobreviventes de um dos eventos centrais da Guerra do Paraguai, Rufino se instalou posteriormente em Nioaque. Passados 200 anos de seu nascimento, o capitão é relembrado por seus trinetos e será homenageado em Campo Grande, Bela Vista e Nioaque.
“É uma história que a gente escuta desde a infância. Os feitos de um dos nossos antepassados mais ilustres”, enfatiza o empresário Ricardo Figueiró. Ele tem pesquisado a vida do trisavô há algum tempo e produziu material com o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso do Sul e o Comando Militar do Oeste. “Sem esses registros, a trajetória de Rufino se perderia. Por isso, faço esse trabalho, acompanhado de meus primos”, explica, referindo-se aos primos, o padre Tiago Figueiró e o ex-senador Ruben Figueiró.
Vindo da Bahia, de Freguesia do Monte, Rufino chegou à região do Pantanal mato-grossense por volta de 1850. Quando a guerra eclodiu, o militar rumou para Laguna, chegando ao local em 1867. A invasão paraguaia da região sul de Mato Grosso havia se iniciado anos antes. Junto a outros heróis de guerra, Rufino participou do episódio que definiu os rumos do conflito. Ele foi um dos primeiros a atravessar o Tio Miranda, durante a retirada, estimulando sua tropa a chegar aos limites da região.
“Ao atravessar o rio, Rufino se deparou com um grande laranjal, que ofereceu alimento aos homens alquebrados. Muitos morreram, em decorrência da cólera, mas o capitão esteve entre os sobreviventes”, comenta. Rufino, no livro de Taunay, é um personagem importante, que em diversos momentos guia os soldados e é considerado um dos grandes responsáveis pela chegada dos sobreviventes a Coxim.
Depois da guerra, Pedro José Rufino se casa com Anna Joaquina do Rosário, com quem tem nove filhos. Primeiro reside em Miranda e depois se muda para Nioaque, quando o País passa do Império para a República. “Ele serviu à nação como militar por 40 anos. Mato Grosso do Sul deve muito a existência à ação desse homem”, pontua Ricardo.
Em artigo publicado no Correio do Estado, escrito por Ruben Figueiró, em 13 de maio do ano passado, o ex-senador destaca que “o Exército Brasileiro aureolou o coronel Pedro José Rufino como um dos seus heróis exponenciais, com homenagens póstumas, sobretudo, na área do Comando Militar do Oeste”. Entre outras condecorações, Rufino recebeu, em 1863, o diploma de Cavaleiro da Ordem de São Bento de Avis e, posteriormente, o Hábito da Ordem de Cristo, em 1866, todos concedidos pelo governo imperial.
O bicentenário de Pedro José Rufino se dá em 26 de abril, mas as comemorações acontecem na semana que vem. Primeiramente, em Bela Vista, onde está sepultado o corpo de Rufino – no Cemitério dos heróis da Guerra da Tríplice Aliança –, o Comando Militar do Oeste promove festividades na terça-feira. No dia seguinte, as comemorações acontecem em Nioaque. “É um momento muito importante, estamos revisitando a memória de um dos nossos mais valentes guerreiros”, comenta Ricardo.