A indústria pornográfica é cercada de tabus e preconceitos. Pouco abordada dentro da televisão brasileira, a temática ganha os holofotes na série “Hard”, que estreou domingo, dia 17, na HBO e no aplicativo HBO GO. O cenário é uma fictícia produtora pornô e a produção explora uma discussão inteligente e bem-humorada sobre o assunto, levantando questões cada vez mais atuais sobre o setor. “O objetivo da série é entreter com inteligência e qualidade. Essas temáticas não estão inseridas no nosso dia a dia. Por isso, atraem tanto. Sexo e violência vendem, mas não fomos nós que inventamos isso. Nas obras de Shakespeare, por exemplo, já se encontravam esses elementos. Queremos usar esses temas com sensibilidade”, defende Roberto Rios, que divide a produção da série com William Benshimol, Eduardo Zaca e Rafaella Giannini, da HBO Latin America Originals, e Fabiano e Caio Gullane, da Produtora Gullane.
Com seis episódios, a série conta a história de Sofia, interpretada por Natália Lage, uma dedicada dona de casa que acaba de ficar viúva. Elegante e discreta, ela renunciou à carreira como advogada para cuidar da família. Após a morte repentina do marido, Sofia vê sua vida perfeita desmoronar ao descobrir que ele mentiu a vida toda sobre a profissão e que sua herança vem na forma de uma produtora de filmes pornô. Agora, ela deve se adaptar à sua nova vida. “A humanidade é, no geral, muito conservadora. A indústria pornô provoca uma curiosidade e, ao mesmo tempo, uma repulsa em grande parte das pessoas. A Sofia vai conseguir ver que nesse universo existem seres humanos. Ela vai transformar o olhar dela durante esse processo”, explica Natália, que se aprofundou na indústria pornô para construir a protagonista. “Não é um universo que eu conhecia profundamente, principalmente os bastidores. Foi importante conversar com pessoas que trabalham com isso, poder olhar além dos estereótipos. Espero que as pessoas também possam olhar com graça e mais afeto para esse universo”, completa.
A trama de “Hard” é uma adaptação de uma série francesa homônima, que foi exibida entre os anos de 2008 e 2015. Ao conhecer o projeto, o produtor Fabiano Gullane buscou aproximar a história da cultura e do universo brasileiro. “A série tinha uma sexualidade e erotismo aflorados. Trouxemos esses elementos para o contexto brasileiro. Não foi uma adaptação simples ou apenas uma tradução. Tivemos um trabalho para encaixar essa história nos relacionamentos brasileiros”, aponta. Lidando com uma temática pornô, o diretor geral Rodrigo Meirelles não fugiu das cenas eróticas. Porém, ele garante as sequências caminham lado a lado com a história. “Não usamos o sexo de maneira gratuita. O sexo é o assunto e o pano de fundo para criar o arco dramático da protagonista. A estrutura da Sofia desaba e ela precisa quebrar preconceitos e paradigmas para sair da redoma que esteve inserida durante toda a vida”, explica Meirelles.
Além de Natália, o elenco da série também conta com as participações de Denise Del Vecchio, Martha Nowill, Júlio Machado e Fernando Alves Pinto. Recém-saído da última temporada de “Malhação”, Júlio interpreta Marcello Mastro Duro, a grande estrela da produtora pornô comandada por Sofia. “Era um universo completamente distante de mim. Para compor esse papel, fui encontrando as respostas através do outro. Tivemos um grande cuidado para que tudo fosse o mais respeitoso possível. Os atores que participavam das cenas realmente trabalhavam na indústria pornô e eles tiveram uma disponibilidade muito grande com todo o elenco”, ressalta.

Felipa Araujo Coimbra e Edson d’Alcantara Rodrigues Coimbra, que comemoram 57 anos de casamento neste domingo


