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"Negra Li é uma autoafirmação, uma ressignificação da palavra negra"

Atriz, cantora e compositora, a artista se consagra pela sua representatividade conquistada como mulher preta em 22 anos de carreira

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Por Denise Neves – Colaboradora exclusiva B+ RJ

Edição Flávia Viana

Mais do que uma ressignificação da palavra, Negra Li é a representatividade da força da mulher negra. 

Cantora, compositora e atriz, ela é uma das maiores vozes do nosso país. 

Nascida na Vila Brasilândia, periferia de São Paulo (SP), a artista se consagra pelo seu talento que conquistou respeito e admiração em espaços cercados pela figura masculina e de pele branca, como na música e na televisão.

 

Aos 16 anos de idade, a artista descobriu o seu amor pela música fazendo parte de um grupo entre amigos que realizavam apresentações juntos. 

Em uma dessas apresentações, a cantora conheceu o grupo de rap RZO do qual foi integrante oficial e conquistou ainda mais notoriedade no cenário do rap nacional. 

Foi graças a esse feito que a música brasileira foi contemplada com o sucesso de “Não É Sério”, parceria da cantora com o lendário e saudoso Charlie Brown Jr.

Já em carreira solo, Negra Li foi a primeira rapper brasileira a assinar com uma gravadora multinacional, na época a Universal Music. 

“Quando eu comecei a cantar rap, que eu comecei nos shows com o RZO, eu já via muitas mulheres fazendo rap. 

Não eram poucas, mas com pouquíssima visibilidade... Mas eu lembro de ver grupos, de ver grafiteiras, de ver grupos de dança break, de ver DJs, de ver garotas solo. 

Então hoje eu vejo muitas com visibilidade e isso é muito legal”, relembra a artista.

Durante toda a sua carreira na música, a cantora se reinventa, seja no rap, hip hop, soul, R&B, ou até mesmo no pagode, como no seu último lançamento “Eu Preciso Ir”, em parceria com Ferrugem. 

A música fala sobre uma nova fase na vida de Negra Li, que acontece após o término de seu casamento.

Segundo a cantora, o single conta sobre um processo seu de transformação e renascimento, que terá a sua história continuada em uma próxima canção com lançamento previsto para este ano. 

“A próxima música volta para o início, falando de mim, de quem eu sou, apresentando a Liliane”, conta.

Não só na música, mas também na TV, Negra Li constrói o seu legado sobre a representatividade. 

A inesquecível Preta, uma das personagens protagonistas da série “Antônia” que o diga. De lá para cá, a artista atuou em diversos trabalhos na televisão e no cinema. 

A atriz tem novos projetos previstos para esse ano, além do lançamento do seu novo álbum — o seu último disco “Raízes” foi lançado em 2008.

Dona de si e de uma carreira de sucesso, Negra Li é mãe de dois filhos, Sofia de 11 anos e Noah de 3. 

Nas horas de lazer, a cantora gosta de dançar, praticar exercícios físicos, viajar, além de assistir filmes e séries. No trabalho, Negra Li canta, atua, compõe e se entrega em todas as outras coisas que se propõe a fazer.

Esses e outros detalhes foram contados com exclusividade pela própria artista ao Caderno B+ dessa semana. 

Durante a entrevista, Negra Li relembrou fases marcantes da sua carreira, contou sobre a sua vida pessoal e falou sobre a sua representatividade na cultura e na arte, sobretudo para as mulheres pretas.

Leia a entrevista completa na íntegra:

CE: Como é a sua rotina?

NG: “É sem rotina (risos). Na verdade, o que não tem no meu trabalho é rotina. Cada hora é um tipo de trabalho, é um tipo de lugar, é um tipo de horário que eu costumo acordar, porque eu tenho que às vezes estar no estúdio certo horário, em um programa de televisão, numa viagem. Então já me adaptei, são 24 anos de carreira e muitos anos de uma vida completamente sem rotina. Mas já estou super adaptada a isso, inclusive os meus filhos também.”

CE: Quando a Liliane se descobriu “Negra Li”?

NG: “Me descobri Negra Li em meados de 1996/97, quando eu fazia parte do RZO. E a escolha do nome foi ali, com um dos integrantes que deu a ideia, porque vem de Liliane. Quando ele falou, soou muito agradável para mim. Na mesma hora me tornei a Negra Li. Negra Li é uma autoafirmação, uma ressignificação da palavra negra. E fui fazendo shows, vendo o rosto das pessoas, meninas chorando ao me ver depois do show, me pedindo autógrafo, me abraçando. Foi ali que eu percebi que eu já era uma referência, que já era uma pessoa querida e tida como uma referência dentre as mulheres pretas da periferia.”

 

CE: As mulheres têm conquistado cada vez mais espaço no rap nacional... Como você avalia esse momento?

NG: “Eu acho que as mulheres têm conquistado cada vez mais visibilidade. Hoje eu vejo que as rappers de hoje são independentes, elas entenderam que ninguém as daria espaço e elas teriam que tomar. Elas teriam que fazer seus próprios trabalhos, serem suas próprias empresárias, suas próprias produtoras, aprender a produzir, aprender a mexer no computador... O avanço da tecnologia também facilitou bastante para que as pessoas pudessem fazer o seu próprio trabalho e colocar na internet para ter mais visibilidade. Então eu acho incrível a forma com que elas lidam com a liberdade, da forma de se vestir, ou de falar, o que falar, como se expressar. Isso evoluiu bastante. É gostoso de ver e de ter feito parte de um momento que era diferente e acompanhar isso e evoluir junto também.”

 

CE: O ano era 2005 quando você foi a primeira rapper brasileira a assinar com uma gravadora multinacional. Hoje, 17 anos depois, como você enxerga o tamanho dessa sua representatividade?

NG: “Eu enxergo de uma forma natural, como uma evolução esperada. Eu sabia que aquele espaço onde eu me sentia sozinha, onde eu não via outras mulheres, um dia seria preenchido. Não fazia ideia de como seria, e me surpreendi ao ver tantas mulheres dessa forma, tão donas de si, tão independentes, donas e proprietárias do seu próprio negócio e da sua própria imagem. Isso é muito legal, e eu acho muito bacana ter sido precursora de algo. A única coisa que eu penso na minha cabeça em relação a isso é nunca parar. É sempre fazer parte do que está acontecendo no momento. Sempre me atualizar, sempre andar conforme o jogo, dançar conforme a música. Isso que é desafiador para mim. Não quero ficar em 2005, eu quero avançar. Eu quero andar junto com quem está chegando agora. Então esse é meu maior desafio, e eu acho que eu venho cumprindo-o muito bem. Me sinto orgulhosa e aliviada por estar diferente hoje.”

 

CE: Quais são os próximos passos da sua carreira na música?

NG: “Alguns lançamentos durante o ano e no final do ano, por volta de setembro e outubro, lançarei um disco novo. Lancei meu último em 2018, então acho que está na hora de lançar mais um trabalho. No ano passado tiveram dois lançamentos que foram ótimos, as músicas ‘Comando’ e ‘Eu Preciso Ir’. Agora estou preparando um show maravilhoso, uma turnê incrível, e espero poder cantar muito ainda esse disco, as músicas novas que eu lancei, e todas as outras que fizeram parte dessa minha carreira.”

 

CE: Há algum projeto em vista para a Negra Li na televisão?

NG: “Sim, mas no momento não posso falar.”

 

CE: O seu último álbum foi lançado em 2018... De lá para cá, você fez alguns trabalhos na música, mas nenhum que fosse um CD de fato com diversas músicas suas. A que se deve essa “pausa” na sua carreira?

NG: “Eu não chamo bem de ‘pausa’, porque eu tive alguns lançamentos. Desde que eu lancei o disco em 2018, o ‘Raízes’, que infelizmente tive pouquíssimas oportunidades de levar para a rua. Eu estava pensando em lançar um disco ano passado, mas com a pandemia, tivemos que adiar. É muito frustrante fazer uma música e não conseguir levar ela para o público. Eu sei que existem as plataformas de streaming, mas é muito mais gostoso estar no palco. Porém, acredito que a mudança do lançamento do ano passado para esse ano acabou sendo melhor, pois assim pudemos buscar ainda mais canções para contar a minha história da forma mais bonita e especial para os meus fãs que tanto aguardam. Eu estou super ansiosa e muito feliz.”

 

CE: Se você pudesse escolher algum artista para fazer uma colaboração na música, quem seria?

NG: “Tem tanta gente que eu admiro como a Vanessa da Mata, a própria Pitty que eu já cantei, a Marina Sena, o Xamã, o Vitão, a Elza Soares maravilhosa, a Marisa Monte que eu amo, o Seu Jorge com quem já cantei junto, mas faria outras parcerias novamente. Enfim, são muitos artistas. Nossa música e nossos artistas são maravilhosos. Adoro uma colaboração. Adoro ser convidada e também estou amando chamar as pessoas para o meu novo álbum. Posso dar um spoiler? Tem MC Dricka e Bivolt em uma faixa desse novo disco.”

 

CE: Como surgiu a ideia de lançar “Eu Preciso Ir”?

NG: “A ideia de lançar ‘Eu Preciso Ir’ foi devido ao nosso ajuntamento em um camping, quando decidimos que eu precisaria fazer um novo álbum e então pensamos em ir lançando singles para saber como o público receberia. A faixa ‘Comando’ já veio empoderada, mostrando o lugar que eu me enxergava no futuro. Então a próxima música tinha que ser algo que falasse sobre mim, sobre uma virada de página na minha vida, que foi a minha separação. Logo, não tinha como não começar com ela. Antes que eu começasse a contar minha história, eu precisava falar desse meu renascimento, dessa minha transformação em uma nova mulher e em uma nova pessoa. Assim surgiu a ideia de lançar ‘Eu preciso ir’. Inclusive, um spoiler: a próxima música volta para o início, falando de mim, de quem eu sou, apresentando a Liliane. Chega! Não posso falar mais. (risos)”

 

CE: O BBB começou nesta semana e no Brasil não se fala em outra coisa, principalmente sobre os famosos que entraram no reality... Você participaria do BBB?

NG: “Eu não participaria do BBB por muitos motivos. Mas o maior deles é o tempo longe dos meus filhos.”

 

CE: O que a arte representa na sua vida?

NG: “A arte representa tudo na minha vida porque eu vivo dela. Ela traz o meu sustento, mas mesmo se eu não vivesse de arte, a arte representa para mim uma forma de me comunicar comigo mesma e com as pessoas. É uma forma de expressar minhas emoções, de botar para fora, de me curar, curar as pessoas. Quando ouço uma música, ela me faz ir para lugares diferentes. Quando eu vejo um quadro, uma pintura, ela me leva para outras dimensões, e me leva para um outro lugar. A arte tem uma capacidade enorme de transformar. Eu adoro essa coisa, principalmente eu que sou multifacetada, adoro atuar, adoro dançar, adoro ler e adoro escrever. Então eu acho que tudo isso é uma forma de a gente se expressar, de botar para fora, de se curar, de amar, de olhar para dentro, olhar para fora. É tudo, a arte é tudo.”

 

CE: O que a Negra Li de hoje diria para a Negra Li de 10 anos atrás?

NG: “Eu diria: ‘Vai dar tudo certo. Não vai ser tão fácil, mas você vai aprender muito com as dificuldades, com os desafios... E você vai se tornar uma artista respeitada. Você vai transformar a vida das pessoas. Você vai errar, mas você vai aprender com seus erros, você vai ter resiliência. Você vai ser uma artista foda!”

 

CE: A série "Antônia" foi um marco na televisão brasileira, sendo até mesmo indicada ao Emmy na categoria de Melhor Filme para TV ou Minissérie. Como foi a experiência de interpretar a Preta, uma das protagonistas do seriado?

NG: “Foi uma experiência incrível poder dar vida a uma personagem preta. Era praticamente uma biografia minha ali, filmando na Vila Brasilândia, minha mãe que era evangélica, o pai músico... O mais incrível foi a representatividade da Antônia. Até hoje eu recebo mensagens de pessoas dizendo o quanto foi importante o ‘Antônia’, principalmente por serem quatro mulheres pretas protagonizando uma série na TV Globo, e também pela mensagem de superação, e que as personagens viviam, passavam e também o fato de ser na periferia de São Paulo que era uma coisa nova na época. A gente via muitos morros do Rio de Janeiro, mas se via pouco da periferia de São Paulo. E principalmente por levar o rap, mulheres cantando mostrando a dificuldade etc.”

 

CE: No ano passado, você deu a sua voz à música "Não Joga Fora No Lixo", ação publicitária que fala sobre a importância da sustentabilidade e o consumo consciente. Qual a sua relação com as pautas socioambientais? Você apoia algum projeto?

NG: “Minha relação é sempre de me preocupar mesmo. Eu separo o lixo na minha casa, tento fazer bom uso da água e da energia e me tornei vegetariana há algum tempo. Minha filha é vegetariana, já vai fazer quase um ano. Inclusive, no filme Antônia a minha personagem era vegetariana. Tem uma cena que elas param no carrinho de hot dog e ela pede o dela sem salsicha. Eu que sugeri para a diretora que a personagem fosse vegetariana, porque eu tinha essa vontade de não comer carne há um bom tempo. Então sim, eu adoro todas as causas, sigo tudo quanto perfis veganos, perfis que delatam exploração animal, e estou sempre de olho sempre em busca de ajudar da melhor forma.”

 

CE: Você tem o lançamento de um novo single previsto para o início desse ano. Pode contar um pouco sobre? Será um pagode como "Eu Preciso Ir" ou terá um outro viés musical? Contará com a parceria de um outro artista?

NG: “Não será um pagode. Será diferente dos meus dois lançamentos do ano passado. Também não terá participação especial. Isso é o que eu posso adiantar no momento, não vou dar spoiler (risos). Mas aguardem que será incrível. Vocês não perdem por esperar.”

 

CE: Tem algum projeto profissional que você nunca fez, mas gostaria de experimentar?

NG: “Interessante essa pergunta... Quem sabe apresentar um programa de televisão? Seria incrível!”

 

Diálogo

Tremenda de uma "cascata" a informação apregoada pelo governo de Lula que... Leia na coluna de hoje

Leia a coluna desta terça-feira (23)

23/12/2025 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Cecília Meireles - escritora brasileira

Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”

Felpuda

Tremenda de uma “cascata” a informação apregoada pelo governo de Lula que ele ressarciu os aposentados, vítimas da roubalheira de esquema que envolve pessoas ligadas ao INSS, empresas privadas, ONGs, laranjas e políticos. Na realidade, essa conta sobrou para o cidadão, inclusive os próprios aposentados que pagam Imposto de Renda. Nenhum dos bandidos até agora restituiu aos cofres públicos o dinheiro que roubou. Aliás, a maioria está sendo blindada de forma vergonhosa. Há quem diga até que buscam “freio” para que a CPMI do INSS comece a patinar e não avance. Lamentável!

Pra cabeça

Quem entrará em 2026 com problemas no Conselho de Ética da Câmara é a deputada federal Camila Jara, do PT. O Partido Novo protocolou representação contra ela.

Mais

A acusação é de violação do decoro, ao se envolver na confusão originada quando da retirada à força de Glauber Braga, do Psol, e de ofensa ao secretário-geral da Mesa Diretora.

Diálogo

O vorí-vorí, tradicional prato paraguaio, foi eleito o melhor do mundo na lista anual do Taste Atlas, plataforma internacional que reúne avaliações gastronômicas de todas as partes do planeta. A iguaria recebeu nota 4,64 de 5, com base em votos de usuários reais que experimentaram o prato. Conhecido também como borí-borí, o vorí-vorí é descrito pelo portal como “a icônica sopa de galinha paraguaia com bolinhos de fubá recheados com queijo”. Rico em sabor, textura e história, o prato ocupa um lugar especial na mesa das famílias paraguaias e agora também no cenário global da gastronomia. Nos últimos anos, o vorí-vorí já havia figurado entre as melhores sopas do mundo em rankings do mesmo portal, reforçando sua reputação. A lista do Taste Atlas se tornou referência global por utilizar um sistema que identifica e descarta avaliações nacionalistas ou feitas por robôs, garantindo legitimidade às escolhas.

DiálogoChayene Marques Georges Amaral e Luiz Renê Gonçalves Amaral

 

DiálogoCamila Fremder

Prova de fogo

O atual time que forma o entorno do governador Eduardo Riedel terá, no próximo ano, prova de fogo, porque a missão deverá ser reeleger o “chefe” para o segundo mandato. Será o momento de a tchurminha provar quem é quem na estrutura. Quando foi eleito em 2022, Riedel nunca havia disputado uma eleição, porém, tinha um grupo político forte que sabia “o caminho das pedras”, o que foi fundamental para sua vitória. Em 2026, ele não poderá contar com esse pessoal.

Nem tanto

O PT em Mato Grosso do Sul já não estaria demonstrando, digamos, tanto amor pela candidatura de Simone Tebet (MDB) ao Senado pelo Estado, achando ser melhor por São Paulo. Lideranças petistas cá dessas bandas dizem que a ministra poderá ser um dos nomes para suceder a Lula. Ela figura entre algumas opções para ocupar o trono petista. A lista tem Alckmin, do PSB, e Haddad, o único do PT. Tudo indica que não se faz mais petista raiz como antigamente...

Entrave

Nos bastidores, o que se fala é que a ministra Simone Tebet, até então considerada excelente opção para disputar o Senado por MS, seria fonte de problemas. Algumas das alas do PT teriam torcido o nariz com a possibilidade de ela disputar pelo partido, até porque esse time lembra de que, quando candidata à Presidência, ela desferiu ataques a Lula. Além disso, há dúvidas se no Estado teria potencial eleitoral para o embate com outros candidatos, em sua maioria da direita, tendo em vista que o governo do qual faz parte, dizem, “está caindo pelas tabelas”

ANIVERSARIANTES

Beatriz Rahe Pereira, 
Dr. Gevair Ferreira Lima Júnior,
Julianne Stranieri Metello, 
Stephan Duailibi Younes, 
Maria Fatima Bueno,
Adhemar Mombrum de Carvalho Neto,
Augusto Costa Canhete,
Rosangela Neves,
Edgar Basmage,
Gileno Almeida Costa Nonato,
Sérgio Aguni,
Rinaldo da Silva Cruz,
Edna Maria Potsch Magalhães,
Dr. Márcio Molinari,
Ivo Batista Benites,
Ronaldo Fernandes Donizeti de Jesus,
Fabiano Borges da Silva,
Maria Aparecida Menezes,
Rafael Medina Araujo,
Rosilene Gois Paes,
Antonio Angelo Garcia dos Santos,
Maria Elisa Hindo Dittmar,  
Beatriz de Almeida,
Dr. Amaury Bittencourt Gonçalves, 
Izabella de Matos Lopes,
Cláudia Regina Di Felice,
Neide machado da Silva Gimenes,
Domingos Puckes,
Silvio Luiz de Moura Leite,
Helder Kohagura,
Maria Clementina Aparício Fernandes,  
Aurino Rodrigues Brasil,
Tânia Ignez Pinheiro,
Marilda Flores Haidar,
Samara Carvalho Gomes Binn,
Josselen Resstel Escórcio,
Valdo Maciel Monteiro,
Luiz Eduardo Yukio Egami,
Rafael Ferreira Ribeiro Lima,
Leila Maria de Albuquerque,
Maria Aparecida de Moura Leite, 
Datis Alves de Souza,
Aurea Leite de Camargo,
Maria de Fátima Vendas Muzzi, 
Thiago Ferraz de Oliveira,
Ruth Lopes Abreu,
Sandra Rodrigues Pereira,
Paulo da Costa Oliveira,  
Paulo César Reis Mendonça,
Fernanda Marques Ferreira,
Terezinha Alves Araújo,
Lucilaine Aparecida Tenorio de Medeiros,
Maria Helena Alves Lima,
Rosana Paes de Matos,
Laura Holsback Alvarenga,
Renato de Freitas Martins,
Miriam Fontoura Prata,
Nelson Maia de Melo,
Cleonice Gomes de Oliveira,
Rodolfo de Morais Dias,
Jussara Leite Barbosa,
Hugo Sabatel Neto,
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Solange Xavier Vargas,
Augusto Coelho Freire,
Soraia Kesrouani,  
Rubens Mendes Pereira,
Lilian Gabriela Heideriche Garcia,
Ana Maria Coimbra Santos,
Nelly Vasconcelos Coelho,
Valmir de Andrade Ferreira,
Eliana Miyuki Aratani Kaiya, 
Flávia Ribeiro Ramirez,
Laurinda Paiva Peixoto,
Patrícia de Souza Queiroz,
José Antônio Braga,
Elaine Viana Nunes,
Washington Justino Gonzaga,
Maria Stella Maia Pepino,
Vânia de Toledo Neder,
Osvaldo de Moraes Barros Neto,
Raquel Barbosa Franco,
Suely Ferreira Leal,
João Rafael Sanches Florindo,
Antonio Fernando Cavalcante,
Lúcia Torres Marchine,
Marcos Henrique Boza,
Adriana de Oliveira Rocha,
Suely Luiza Comerlato,  
Benedito Celso Dias,
Alirio Leitun,
Débora Queiroz de Oliveira,
Edson Pulchério Alves,
João Borges da Silva Filho,
Mário Zan Moreira,
Marcelo Luiz Ferreira Correa,
Valdecir Jorge,
Sérgio Carlos Borges,
Dr. Ruy Alberto Bueno,  
Marta Maria Vicente,
Guilherme Nucci dos Reis,
Marcelo Flores Acosta,
Noêmia Ramos de Oliveira,
Luiz Carlos de Carvalho,
Cláudia Garcia de Souza Trefilo,
Leonardo Marques Mourão,
Maria Delfina Louveira Trindade,
Camyla Queiroz de Faria Gonzales. 

*Colaborou Tatyane Gameiro

CINEMA

Curta-metragem "Carne Amarela" transforma a Terra do Pé de Cedro em set de filmagens

Com produção de Marcus Teles e direção de Gleycielli Nonato Guató, curta-metragem "Carne Amarela" tem equipe local e conta história que entrelaça memórias da infância em meio aos pequizeiros e banhos de rio

22/12/2025 10h30

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab),

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), "Carne Amarela" mobiliza comunidade de Coxim a partir de um enredo que une nostalgia da infância a uma mensagem de pertencimento territorial e de defesa da natureza Divulgação: Marcus Teles

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Nostalgia e engajamento são os motores para evocar os sabores da infância que fizeram Coxim voltar a ser cenário de cinema. Conhecida como Terra do Pé de Cedro, a cidade localizada a 245 quilômetros de Campo Grande, no norte do Estado, é uma das protagonistas de “Carne Amarela”, curta-metragem de ficção dirigido por Gleycielli Nonato Guató e produzido por Marcus Teles.

Os dois nasceram na cidade, que também é conhecida como Portal do Pantanal, e são profundamente conectados ao Cerrado e ao Pantanal.

As filmagens se encerraram ontem e foram realizadas integralmente por lá, contando com elenco local, que envolveu moradores atuando pela primeira vez na frente de uma câmera e também uma equipe de produção majoritariamente formada por coxinenses. Ou seja, uma combinação de saberes tradicionais, talento regional e formação técnica.

A produção nasce do desejo de fazer Coxim se ver na tela grande, “suas cores, sua luz, seus frutos, suas infâncias”, como afirma a diretora. E nasce, segundo Gleycielli, também da necessidade urgente de lembrar o que esses mesmos elementos significam para a identidade do município.

“Eu estou completamente em êxtase. Planejei muito trazer esse filme para cá. É emocionante gravar na cidade onde cresci, com o povo daqui, com artistas da terra. Noventa por cento do elenco é coxinense, a equipe tem muita gente da cidade, e isso me deixa profundamente feliz”, compartilha Gleycielli Nonato Guató, que, além de dirigir a produção, também assina o roteiro baseado em seus próprios textos literários.

DOIS TEXTOS

“Carne Amarela” nasce de dois textos de Gleycielli – o poema “Carne Amarela” e o conto “É Tempo de Ouro no Cerrado” – que guardam lembranças de uma Coxim que pulsava mata, rio e fruta. A diretora explica que o filme busca reencontrar essa paisagem quase perdida.

“Eu quero trazer a infância que vivi. A gente saía para caçar pequi, pegava ingá, comia goiaba no pé, trazia caju para fazer doce. Coxim era meu ‘Sítio do Picapau Amarelo’. Hoje, muitos lugares onde eu brincava viraram bairros. O filme é um lembrete do que ainda existe e do que não pode desaparecer”, afirma.

A obra convida as crianças e os adultos a olhar novamente para o Cerrado como pertencimento. O pequi, fruto central da narrativa, é apresentado como força, resistência e alimento da memória coxinense.

“O pequi já sustentou muitas famílias. Trouxe renda, trouxe mistura, trouxe nutrição. Ele resiste ao fogo, resiste ao tempo, mas não resiste ao machado. O filme quer acender esse sentimento de pertencimento e preservação, para que as próximas gerações vejam valor no que tantas vezes sustentou Coxim”, ressalta Gleycielli.

ZORAIDE

A protagonista adulta, Zoraide, teve como referências mulheres de alusão familiar e ancestral para Gleycielli: sua mãe, tias, avó e bisavó. A diretora revela que a personagem carrega traços de todas elas. E quem interpreta Zoraide é justamente Maria Agripina, mãe da diretora, pioneira do teatro coxinense.

“É muito emocionante ver minha mãe interpretando a Zoraide, que leva o nome da minha tia que faleceu na pandemia. Este filme é pioneiro em muitas coisas dentro de mim”, revela. Além disso, todos os cargos de direção são ocupados por mulheres, fortalecendo a presença feminina no audiovisual sul-mato-grossense.

“Trabalhar com essa equipe é um prazer imenso. Estamos construindo juntas. É uma energia muito poderosa”, afirma. A equipe ainda é formada majoritariamente por profissionais de Coxim, como Robertson Isan Vieira, artesão ceramista premiado, e José Carlos Soares, cabeleireiro e designer de imagem.

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), "Carne Amarela" mobiliza comunidade de Coxim a partir de um enredo que une nostalgia da infância a uma mensagem de pertencimento territorial e de defesa da naturezaEquipe do curta-metragem posa em um boteco da cidade com a diretora Gleycielli Nonato Guató (em pé, à esquerda, de blusa preta) - Foto: Divulgação/Marcus Teles

ENCONTRO

Para o produtor executivo e corroteirista Marcus Teles, filmar em Coxim não foi uma escolha estética, mas ética e afetiva. “Coxim faz parte da nossa formação pessoal e artística. Os textos que deram origem ao filme nasceram daqui.

A luz, a paisagem, o modo de vida, o jeito como o pequi aparece na cidade, tudo isso faz parte da essência da história. Filmar em Coxim é garantir autenticidade”, afirma Marcus.

O produtor explica que mapear as locações foi um processo guiado pela afetividade. “Coxim é uma cidade onde o urbano e o rural se encontram o tempo todo. Não procuramos cenários: reconhecemos neles o que a história já trazia em essência”.

Marcus destaca ainda que oito moradores da cidade trabalharam pela primeira vez no audiovisual, acompanhados de profissionais experientes. “Queremos abrir portas. Que jovens de Coxim encontrem no set um caminho possível, uma nova profissão, um futuro”, destaca o produtor.

101 FILMES

O elenco também conta com a participação especial do ator Breno Moroni, que marcou gerações como o Mascarado na novela “A Viagem” (Globo, 1994), além de ter participado de diversas outras produções no cinema e na televisão.

Com uma carreira extensa que inclui desde aberturas de telenovelas e mais de 100 filmes, Breno esteve em Coxim para integrar o elenco de “Carne Amarela” como seu 101º trabalho audiovisual.

“Trazer o Breno foi como aproximar duas forças que se completam. Ele chega com experiência, mas com humildade. Ele senta na varanda e deixa a conversa fluir. É uma presença que soma sem apagar a simplicidade regional, que é a alma do filme”, reconhece Marcus.

“Ele é fantástico. Consegue ir do drama à palhaçaria. Traz o duo que a personagem dele pede: o velho ranzinza e o homem capaz de se transformar”, completa Gleycielli.

O CERRADO

O filme aborda temas urgentes como queimadas, perda de territórios e desmatamento, mas com a delicadeza necessária para o público infantil, segmento prioritário na meta de audiência da produção.

“O tema duro vem com sutileza. As crianças vão entender o sentimento de perder e o de pertencer. E, quando algo pertence a você, você quer cuidar”, explica Gleycielli. Ao fim, o curta reforça que a preservação é um aprendizado coletivo e que cuidar da terra só é possível quando ela é reconhecida como parte de nós.

Na semana passada, a equipe teve uma atividade formativa com Alexandre Lopes, que é doutor em Ciências Sociais e professor de Sociologia do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), no campus de Coxim.

A interação rendeu contribuições fundamentais para reflexão sobre como pensar e construir um audiovisual mais inclusivo.

AUTOESTIMA

A expectativa da equipe é de que o filme leve Coxim para o Brasil e para o mundo por meio de festivais, mas, principalmente, que devolva à cidade a consciência de seu próprio valor.

“Esperamos que Coxim se veja com carinho. Que perceba que suas histórias merecem estar no cinema. ‘Carne Amarela’ é uma celebração da cidade, das suas raízes e da força do Cerrado”, diz Marcus.

Para Gleycielli, a gravação na cidade é também um gesto de retorno. “Eu sou uma Guató de Coxim. Este filme diz muito sobre de onde eu vim e quem sou eu”.

Como uma “semente que rompe a casca”, reforça a diretora, “Carne Amarela” nasce para devolver à cidade o brilho do seu fruto mais resistente.

Aquele que atravessa gerações, que muda o PIB, que alimenta famílias, que resiste ao fogo e que ensina a permanecer. E Coxim, agora, se prepara para ver sua história ganhar corpo, cor, movimento e tela.

O projeto conta com investimento da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), do governo federal, por meio do Ministério da Cultura, operacionalizado pelo governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

"Carne Amarela"

> Direção e roteiro: Gleycielli Nonato Guató;
Direção de produção: Gabriela Lima Ferlin;
> Direção de arte: Maíra Espíndola;
Direção de fotografia: Dafne Alana;
Som direto e edição de mixagem: Laura Cristina;
Produção executiva, assistência de direção e roteiro: Marcus Teles;
Operador de câmera: Gabriel Ribeiro;
Produção de set: Jefley M. Cano;
Elenco: Breno Moroni, Maria Agripina, João da Mata, Elena Vendroscolo, Maria Sonea Domingos;
Trilha sonora original: Gian Markes;
> Edição de imagem e cor: Rafael Viriato;
Microfonista: 4real.wav;
Assistente de produção executiva: Lucas Moura e Guinha Serrou;
Assistente de produção e captação: Robertson Vieira;
Assistente de produção: Carlos Soares;
Assistente de arte: Angela Gabrieli;
2º assistente de direção: Eduardo Henrique;
2ª assistente de fotografia: Lavinia Ribeiro;
Assessoria de imprensa: Lucas Arruda e Aline Lira.

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