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Nizo Neto - Ao B+, o ator fala com exclusividade sobre sua carreira, família e comparações com o pai

"Ser filho desse cara (Chico Anysio) foi a coisa mais incrível que aconteceu na minha vida"

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Francisco Anysio de Oliveira Paula Neto, o Nizo Neto, 58 anos, todos já sabem que é um verdadeiro artista, e claro, cumpre com todo o seu talento o legado de seu pai, o saudoso Chico Anysio, que assim como Nizo tinha um talento nato para fazer as pessoas rirem através da interpretação de personagens que fizeram história na TV brasileira.

Ator-comediante ou comediante-ator, Nizo Neto também é dublador, escritor, redator, ilusionista e radialista. O artista fez a sua primeira aparição na TV aos 8 anos de idade, mas foi só depois de muito tempo depois, por volta da década de 80, que o eterno Ptolomeu da “Escolinha do Professor Raimundo” surgiu na televisão, revelando para si o seu dom para o humor.

“Depois da ‘Escolinha’, eu fui começando a ver que as pessoas riam muito das coisas que eu falava e realmente resolvi sair do armário como comediante. Talvez eu tenha relutado um pouco, porque a pressão é grande, né, fazer humor sendo filho do Chico Anysio, não é fácil... Mas não me arrependo de forma nenhuma e sigo aí hoje com uma ótima carreira como ator e comediante”, relembra Nizo.

O artista, irmão dos também humoristas Bruno Mazzeo e Lug de Paula, foi o filho que mais acompanhou a carreira de Chico Anysio de perto e parece carregar consigo o que viveu com o seu pai adiante: no teatro, ele viveu a experiência de contracenar com a filha, Sofia.

Nizo Neto é a Capa do Correio B+ desta semana - Foto: Mike Bomfim - Diagramação Denis Felipe

“Ver ela se entregar e atuar, assim, diante da plateia, é um ato de muita coragem. E eu fiquei muito, muito feliz com essa experiência”, conta. A menina, de 11 anos, interpretou a Talia Total na peça “Escolinhazinha do Professor Raimundo”, vivida pela atriz Claudia Rodrigues na TV.

Fora das telinhas, Nizo Neto se dedica a viver uma vida tranquila ao lado de quem mais ama: a sua família. “Gosto de ficar com as minhas filhas e a minha mulher. A gente se diverte e rimos bastante junto. (...) Tento, na medida do possível, ser um bom pai e um bom marido”, disse o ator, em entrevista exclusiva ao Correio B+.

Além das filhas, Nizo Neto também é pai de Rian, falecido em 2016. Nesta sexta-feira (3), se completam 7 anos desde a morte do seu filho. “Sem dúvida nenhuma, é o que eu tenho mais saudade na vida”, conta.

O ator Nizo Neto conversou com o B+ desta semana e aproveitou para destacar momentos marcantes da sua trajetória dentro e fora da TV. No bate-papo, ele falou abertamente sobre a carreira, família e sobre o legado do pai, Chico Anysio.

Veja como foi a entrevista exclusiva de Nizo Neto para o Correio B+:

CE: Qual foi o momento da sua vida que você se reconheceu como um artista e um humorista?
NN:
“Eu comecei na TV muito cedo, com o meu pai, eu tinha 8 anos de idade. A TV era em preto e branco ainda. Eu demorei um pouquinho, não levava muito a sério aqui, ainda era muito criança, não sabia direito o que eu ia fazer, mas posso dizer que me reconheci mesmo como artista em 1980, quando eu fiz a minha primeira peça profissional. Como humorista, ainda demorou mais, porque eu queria ser galã de novela, não me achava engraçado. Depois da ‘Escolinha’, eu fui começando a ver que as pessoas riam muito das coisas que eu falava e realmente resolvi sair do armário como comediante. Talvez eu tenha relutado um pouco, porque a pressão é grande, né, fazer humor sendo filho do Chico Anysio, não é fácil... Mas não me arrependo de forma nenhuma e sigo aí hoje com uma ótima carreira como ator e comediante.”

CE: Qual é o sentimento em fazer parte de um legado tão importante deixado por seu pai?
NN:
“Olha, a única herança que o meu pai deixou foi o legado. E, realmente, ser filho desse cara foi a coisa mais incrível que aconteceu na minha vida. Ele era um dos grandes, senão um dos maiores nomes da nossa cultura popular. O que ele fez como comediante, eu falo isso, sem modéstia e sem banca, o que ele fez, no mundo, ninguém fez. Eu estudo o humor, acompanho e ninguém fez o que ele fez. É motivo de muito orgulho, ser filho do Chico Anysio.”

                                  Nizo se inspirou em seu pai - Divulgação

CE: Se inspirou e se inspira nele?
NN:
“Com toda a certeza. Ele foi a minha grande referência, né. A minha grande inspiração, não há dúvida. Tudo o que uma pessoa pode passar para a outra, foi ele que me ensinou, e realmente, foi uma referência enorme, muito grande. Eu acompanhei de perto a carreira dele. Posso dizer que fui o filho que mais acompanhou ele de perto. E, com certeza, ele foi uma grande inspiração.”

CE: É muita expectativa e comparação por ser filho dele?
NN:
“Olha, eu já sofri mais com isso, mas eu já desencanei disso porque ser comparado com o Chico Anysio é uma coisa tão absurda, tão de uma certa forma covarde, que, se fosse eu filho dele ou não, realmente, não dá, entende? Não dá para as pessoas compararem, porque ele é um cara muito fora do comum. E há uma frase clássica, até: ‘Ah, para aparecer outro Chico Anysio, é daqui 100 anos só’. E se aparecer, porque ele realmente era um cara de uma capacidade, de uma genialidade muito fora do comum.”

CE: Sobre interpretar o Ptolomeu, o que mais marcou você nessa época?
NN:
“Poder trabalhar com aquele pessoal, que para um cara da minha geração é um privilégio absurdo, a lista de comediantes que participou ali da ‘Escolinha’ é uma coisa muito impressionante... Então, isso aí foi uma coisa que marcou muito. E outra coisa foi que a ‘Escolinha’ me fez famoso. Então, tem uma linha aí de história da minha carreira, e até hoje as pessoas comentam muito sobre a ‘Escolinha’”.

                                         Na época da Escolinha do professor Raimundo - Divulgação

CE: Do que mais sente falta da época da “Escolinha do Professor Raimundo”?
NN:
“Não tem jeito, o ser humano é muito saudosista. A gente sempre sente muita falta do passado, e passa muito rápido… É uma coisa, assim, que parece que foi ontem. Eu estou sentindo aqui o cheiro do estúdio que a gente gravava a ‘Escolinha’, e sinto muita falta do meu pai vivo, tantos outros colegas também vivos… E na época eu era mais jovem também, não que eu não seja feliz hoje não, muito pelo contrário, mas, é saudade, a famosa saudade do passado.”

CE: Como foi contracenar com a sua filha Sofia no teatro?
NN:
“Foi uma experiência fantástica. Ela tem um talento inacreditável. Tem muita coisa ainda para ela trabalhar, para ela aprender, mas ela já tem o talento que ajuda muito. Não é o suficiente, mas ajuda demais. Foi muito gratificante eu poder fazer o Professor, e ela fazer a Talia Total, personagem da Claudinha Rodrigues. Ver ela se entregar e atuar, assim, diante da plateia, é um ato de muita coragem. E eu fiquei muito, muito feliz com essa experiência.”

CE: Consegue descrever um momento marcante na sua carreira?
NN:
“Vou destacar dois. Em 1974, por exemplo, o ‘Chico City’ foi o primeiro grande sucesso do meu pai.. Eu fazia o Negritim, que era o companheiro do Véio Zuza, personagem muito famoso dele, e, como já falei, teve ainda em preto e branco. Foi um momento muito marcante. A própria ‘Escolinha’ também, é claro. A primeira novela que eu fiz, ‘Sinhá Moça’, na versão de 1986, me marcou por ser a minha primeira novela. E eu acho que eu posso dizer também que o filme que eu dublei junto com o meu pai, o ‘Up Em Altas Aventuras’. Um belíssimo filme da Pixar, foi também uma coisa bastante marcante.”

Nizo Neto - Divulgação

CE: Há algum sonho profissional que ainda gostaria de realizar?
NN:
“Uma coisa fascinante desse trabalho é que a gente não para. São muitos desafios, muitas coisas diferentes, muita diversidade… Bom, eu gostaria de fazer um vilão, assim, bem mal, tipo um serial killer, bem sanguinário, bem psicopata (risos). Um grande musical também, é uma coisa que eu gostaria muito de fazer. Ah, muita coisa, muita coisa a se fazer nesse ramo!”

CE: O que o Nizo Neto mais gosta de fazer no tempo livre?
NN:
“Eu sou um cara muito caseiro, levo uma vida, assim, posso dizer, ‘pacata’. Gosto de ficar com as minhas filhas e a minha mulher. A gente se diverte e rir bastante junto. Nós somos bem-humorados. E eu acompanho corrida de cavalo também, que é um esporte, assim, estranho… Eu nunca me liguei em futebol, mas assisto corrida de cavalo e não aposto nem um tustão. Gosto mesmo para ver, pelo hobbie. E gosto muito de dançar também, então sempre que a gente pode, eu vou com a Tati para festas. De uma forma geral, eu levo uma vida muito simples.”

CE: O que mais sente saudade?
NN:
“Sem dúvida, o que eu sinto mais saudade é do Rian, o meu filho, que se foi. Vai fazer 7 anos agora. E de forma muito repentina, né... É uma dor muito grande com certeza, e, sem dúvida nenhuma, é o que eu tenho mais saudade na vida.”

                                    Nizo e a esposa Tatiana Presser - Divulgação

CE: Como é o Nizo em família?
NN:
“A gente é bem próximo, e eu tento, na medida do possível, ser um bom pai e um bom marido. A gente sabe que a perfeição é impossível, mas acho que a nossa obrigação é pelo menos tentar chegar perto dela. E a gente é muito feliz. E como a minha família é muito grande, um bando de maluco (risos) e só tem artista na família, nós nos damos muito bem, todos. Embora até a gente possa ficar alguns meses sem se falar mas, não por nada, sei lá, é o jeito da gente mesmo. Somos todos muito próximos e quando a gente se encontra é sempre muito, muito divertido.”

CE: Há algum projeto profissional novo a caminho? Se sim, pode adiantar algo para a gente?
NN:
“Eu tenho duas coisas aí tramitando para o audiovisual, mas, infelizmente eu não posso falar ainda. Mas o que eu posso falar, é sobre projetos recentes agora que que acabaram de ser lançados, como por exemplo, que eu estou viajando com uma peça chamada ‘Nunca Desista dos Seus Sonhos’, adaptada do livro do Augusto Cury. Em maio, a gente vai fazer uma temporada no Teatro Itália Bandeirantes, em São Paulo (SP. Na televisão, eu acabei de fazer o ‘Rota 66’, um personagem maravilhoso nessa série, baseada do livro do Caco Barcellos, que está na Globoplay. E fiz também o ‘Rei da TV’, que é a biografia do Silvio Santos, que está no Star+”.

Com as filhas Isabela e Sofia e a esposa Tatiana - Foto - Fabrizia Granatieri

Diálogo

Tremenda de uma "cascata" a informação apregoada pelo governo de Lula que... Leia na coluna de hoje

Leia a coluna desta terça-feira (23)

23/12/2025 00h01

Diálogo

Diálogo Foto: Arquivo / Correio do Estado

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Cecília Meireles - escritora brasileira

Liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”

Felpuda

Tremenda de uma “cascata” a informação apregoada pelo governo de Lula que ele ressarciu os aposentados, vítimas da roubalheira de esquema que envolve pessoas ligadas ao INSS, empresas privadas, ONGs, laranjas e políticos. Na realidade, essa conta sobrou para o cidadão, inclusive os próprios aposentados que pagam Imposto de Renda. Nenhum dos bandidos até agora restituiu aos cofres públicos o dinheiro que roubou. Aliás, a maioria está sendo blindada de forma vergonhosa. Há quem diga até que buscam “freio” para que a CPMI do INSS comece a patinar e não avance. Lamentável!

Pra cabeça

Quem entrará em 2026 com problemas no Conselho de Ética da Câmara é a deputada federal Camila Jara, do PT. O Partido Novo protocolou representação contra ela.

Mais

A acusação é de violação do decoro, ao se envolver na confusão originada quando da retirada à força de Glauber Braga, do Psol, e de ofensa ao secretário-geral da Mesa Diretora.

Diálogo

O vorí-vorí, tradicional prato paraguaio, foi eleito o melhor do mundo na lista anual do Taste Atlas, plataforma internacional que reúne avaliações gastronômicas de todas as partes do planeta. A iguaria recebeu nota 4,64 de 5, com base em votos de usuários reais que experimentaram o prato. Conhecido também como borí-borí, o vorí-vorí é descrito pelo portal como “a icônica sopa de galinha paraguaia com bolinhos de fubá recheados com queijo”. Rico em sabor, textura e história, o prato ocupa um lugar especial na mesa das famílias paraguaias e agora também no cenário global da gastronomia. Nos últimos anos, o vorí-vorí já havia figurado entre as melhores sopas do mundo em rankings do mesmo portal, reforçando sua reputação. A lista do Taste Atlas se tornou referência global por utilizar um sistema que identifica e descarta avaliações nacionalistas ou feitas por robôs, garantindo legitimidade às escolhas.

DiálogoChayene Marques Georges Amaral e Luiz Renê Gonçalves Amaral

 

DiálogoCamila Fremder

Prova de fogo

O atual time que forma o entorno do governador Eduardo Riedel terá, no próximo ano, prova de fogo, porque a missão deverá ser reeleger o “chefe” para o segundo mandato. Será o momento de a tchurminha provar quem é quem na estrutura. Quando foi eleito em 2022, Riedel nunca havia disputado uma eleição, porém, tinha um grupo político forte que sabia “o caminho das pedras”, o que foi fundamental para sua vitória. Em 2026, ele não poderá contar com esse pessoal.

Nem tanto

O PT em Mato Grosso do Sul já não estaria demonstrando, digamos, tanto amor pela candidatura de Simone Tebet (MDB) ao Senado pelo Estado, achando ser melhor por São Paulo. Lideranças petistas cá dessas bandas dizem que a ministra poderá ser um dos nomes para suceder a Lula. Ela figura entre algumas opções para ocupar o trono petista. A lista tem Alckmin, do PSB, e Haddad, o único do PT. Tudo indica que não se faz mais petista raiz como antigamente...

Entrave

Nos bastidores, o que se fala é que a ministra Simone Tebet, até então considerada excelente opção para disputar o Senado por MS, seria fonte de problemas. Algumas das alas do PT teriam torcido o nariz com a possibilidade de ela disputar pelo partido, até porque esse time lembra de que, quando candidata à Presidência, ela desferiu ataques a Lula. Além disso, há dúvidas se no Estado teria potencial eleitoral para o embate com outros candidatos, em sua maioria da direita, tendo em vista que o governo do qual faz parte, dizem, “está caindo pelas tabelas”

ANIVERSARIANTES

Beatriz Rahe Pereira, 
Dr. Gevair Ferreira Lima Júnior,
Julianne Stranieri Metello, 
Stephan Duailibi Younes, 
Maria Fatima Bueno,
Adhemar Mombrum de Carvalho Neto,
Augusto Costa Canhete,
Rosangela Neves,
Edgar Basmage,
Gileno Almeida Costa Nonato,
Sérgio Aguni,
Rinaldo da Silva Cruz,
Edna Maria Potsch Magalhães,
Dr. Márcio Molinari,
Ivo Batista Benites,
Ronaldo Fernandes Donizeti de Jesus,
Fabiano Borges da Silva,
Maria Aparecida Menezes,
Rafael Medina Araujo,
Rosilene Gois Paes,
Antonio Angelo Garcia dos Santos,
Maria Elisa Hindo Dittmar,  
Beatriz de Almeida,
Dr. Amaury Bittencourt Gonçalves, 
Izabella de Matos Lopes,
Cláudia Regina Di Felice,
Neide machado da Silva Gimenes,
Domingos Puckes,
Silvio Luiz de Moura Leite,
Helder Kohagura,
Maria Clementina Aparício Fernandes,  
Aurino Rodrigues Brasil,
Tânia Ignez Pinheiro,
Marilda Flores Haidar,
Samara Carvalho Gomes Binn,
Josselen Resstel Escórcio,
Valdo Maciel Monteiro,
Luiz Eduardo Yukio Egami,
Rafael Ferreira Ribeiro Lima,
Leila Maria de Albuquerque,
Maria Aparecida de Moura Leite, 
Datis Alves de Souza,
Aurea Leite de Camargo,
Maria de Fátima Vendas Muzzi, 
Thiago Ferraz de Oliveira,
Ruth Lopes Abreu,
Sandra Rodrigues Pereira,
Paulo da Costa Oliveira,  
Paulo César Reis Mendonça,
Fernanda Marques Ferreira,
Terezinha Alves Araújo,
Lucilaine Aparecida Tenorio de Medeiros,
Maria Helena Alves Lima,
Rosana Paes de Matos,
Laura Holsback Alvarenga,
Renato de Freitas Martins,
Miriam Fontoura Prata,
Nelson Maia de Melo,
Cleonice Gomes de Oliveira,
Rodolfo de Morais Dias,
Jussara Leite Barbosa,
Hugo Sabatel Neto,
Carolina Saves,
Solange Xavier Vargas,
Augusto Coelho Freire,
Soraia Kesrouani,  
Rubens Mendes Pereira,
Lilian Gabriela Heideriche Garcia,
Ana Maria Coimbra Santos,
Nelly Vasconcelos Coelho,
Valmir de Andrade Ferreira,
Eliana Miyuki Aratani Kaiya, 
Flávia Ribeiro Ramirez,
Laurinda Paiva Peixoto,
Patrícia de Souza Queiroz,
José Antônio Braga,
Elaine Viana Nunes,
Washington Justino Gonzaga,
Maria Stella Maia Pepino,
Vânia de Toledo Neder,
Osvaldo de Moraes Barros Neto,
Raquel Barbosa Franco,
Suely Ferreira Leal,
João Rafael Sanches Florindo,
Antonio Fernando Cavalcante,
Lúcia Torres Marchine,
Marcos Henrique Boza,
Adriana de Oliveira Rocha,
Suely Luiza Comerlato,  
Benedito Celso Dias,
Alirio Leitun,
Débora Queiroz de Oliveira,
Edson Pulchério Alves,
João Borges da Silva Filho,
Mário Zan Moreira,
Marcelo Luiz Ferreira Correa,
Valdecir Jorge,
Sérgio Carlos Borges,
Dr. Ruy Alberto Bueno,  
Marta Maria Vicente,
Guilherme Nucci dos Reis,
Marcelo Flores Acosta,
Noêmia Ramos de Oliveira,
Luiz Carlos de Carvalho,
Cláudia Garcia de Souza Trefilo,
Leonardo Marques Mourão,
Maria Delfina Louveira Trindade,
Camyla Queiroz de Faria Gonzales. 

*Colaborou Tatyane Gameiro

CINEMA

Curta-metragem "Carne Amarela" transforma a Terra do Pé de Cedro em set de filmagens

Com produção de Marcus Teles e direção de Gleycielli Nonato Guató, curta-metragem "Carne Amarela" tem equipe local e conta história que entrelaça memórias da infância em meio aos pequizeiros e banhos de rio

22/12/2025 10h30

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab),

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), "Carne Amarela" mobiliza comunidade de Coxim a partir de um enredo que une nostalgia da infância a uma mensagem de pertencimento territorial e de defesa da natureza Divulgação: Marcus Teles

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Nostalgia e engajamento são os motores para evocar os sabores da infância que fizeram Coxim voltar a ser cenário de cinema. Conhecida como Terra do Pé de Cedro, a cidade localizada a 245 quilômetros de Campo Grande, no norte do Estado, é uma das protagonistas de “Carne Amarela”, curta-metragem de ficção dirigido por Gleycielli Nonato Guató e produzido por Marcus Teles.

Os dois nasceram na cidade, que também é conhecida como Portal do Pantanal, e são profundamente conectados ao Cerrado e ao Pantanal.

As filmagens se encerraram ontem e foram realizadas integralmente por lá, contando com elenco local, que envolveu moradores atuando pela primeira vez na frente de uma câmera e também uma equipe de produção majoritariamente formada por coxinenses. Ou seja, uma combinação de saberes tradicionais, talento regional e formação técnica.

A produção nasce do desejo de fazer Coxim se ver na tela grande, “suas cores, sua luz, seus frutos, suas infâncias”, como afirma a diretora. E nasce, segundo Gleycielli, também da necessidade urgente de lembrar o que esses mesmos elementos significam para a identidade do município.

“Eu estou completamente em êxtase. Planejei muito trazer esse filme para cá. É emocionante gravar na cidade onde cresci, com o povo daqui, com artistas da terra. Noventa por cento do elenco é coxinense, a equipe tem muita gente da cidade, e isso me deixa profundamente feliz”, compartilha Gleycielli Nonato Guató, que, além de dirigir a produção, também assina o roteiro baseado em seus próprios textos literários.

DOIS TEXTOS

“Carne Amarela” nasce de dois textos de Gleycielli – o poema “Carne Amarela” e o conto “É Tempo de Ouro no Cerrado” – que guardam lembranças de uma Coxim que pulsava mata, rio e fruta. A diretora explica que o filme busca reencontrar essa paisagem quase perdida.

“Eu quero trazer a infância que vivi. A gente saía para caçar pequi, pegava ingá, comia goiaba no pé, trazia caju para fazer doce. Coxim era meu ‘Sítio do Picapau Amarelo’. Hoje, muitos lugares onde eu brincava viraram bairros. O filme é um lembrete do que ainda existe e do que não pode desaparecer”, afirma.

A obra convida as crianças e os adultos a olhar novamente para o Cerrado como pertencimento. O pequi, fruto central da narrativa, é apresentado como força, resistência e alimento da memória coxinense.

“O pequi já sustentou muitas famílias. Trouxe renda, trouxe mistura, trouxe nutrição. Ele resiste ao fogo, resiste ao tempo, mas não resiste ao machado. O filme quer acender esse sentimento de pertencimento e preservação, para que as próximas gerações vejam valor no que tantas vezes sustentou Coxim”, ressalta Gleycielli.

ZORAIDE

A protagonista adulta, Zoraide, teve como referências mulheres de alusão familiar e ancestral para Gleycielli: sua mãe, tias, avó e bisavó. A diretora revela que a personagem carrega traços de todas elas. E quem interpreta Zoraide é justamente Maria Agripina, mãe da diretora, pioneira do teatro coxinense.

“É muito emocionante ver minha mãe interpretando a Zoraide, que leva o nome da minha tia que faleceu na pandemia. Este filme é pioneiro em muitas coisas dentro de mim”, revela. Além disso, todos os cargos de direção são ocupados por mulheres, fortalecendo a presença feminina no audiovisual sul-mato-grossense.

“Trabalhar com essa equipe é um prazer imenso. Estamos construindo juntas. É uma energia muito poderosa”, afirma. A equipe ainda é formada majoritariamente por profissionais de Coxim, como Robertson Isan Vieira, artesão ceramista premiado, e José Carlos Soares, cabeleireiro e designer de imagem.

Com recursos da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), "Carne Amarela" mobiliza comunidade de Coxim a partir de um enredo que une nostalgia da infância a uma mensagem de pertencimento territorial e de defesa da naturezaEquipe do curta-metragem posa em um boteco da cidade com a diretora Gleycielli Nonato Guató (em pé, à esquerda, de blusa preta) - Foto: Divulgação/Marcus Teles

ENCONTRO

Para o produtor executivo e corroteirista Marcus Teles, filmar em Coxim não foi uma escolha estética, mas ética e afetiva. “Coxim faz parte da nossa formação pessoal e artística. Os textos que deram origem ao filme nasceram daqui.

A luz, a paisagem, o modo de vida, o jeito como o pequi aparece na cidade, tudo isso faz parte da essência da história. Filmar em Coxim é garantir autenticidade”, afirma Marcus.

O produtor explica que mapear as locações foi um processo guiado pela afetividade. “Coxim é uma cidade onde o urbano e o rural se encontram o tempo todo. Não procuramos cenários: reconhecemos neles o que a história já trazia em essência”.

Marcus destaca ainda que oito moradores da cidade trabalharam pela primeira vez no audiovisual, acompanhados de profissionais experientes. “Queremos abrir portas. Que jovens de Coxim encontrem no set um caminho possível, uma nova profissão, um futuro”, destaca o produtor.

101 FILMES

O elenco também conta com a participação especial do ator Breno Moroni, que marcou gerações como o Mascarado na novela “A Viagem” (Globo, 1994), além de ter participado de diversas outras produções no cinema e na televisão.

Com uma carreira extensa que inclui desde aberturas de telenovelas e mais de 100 filmes, Breno esteve em Coxim para integrar o elenco de “Carne Amarela” como seu 101º trabalho audiovisual.

“Trazer o Breno foi como aproximar duas forças que se completam. Ele chega com experiência, mas com humildade. Ele senta na varanda e deixa a conversa fluir. É uma presença que soma sem apagar a simplicidade regional, que é a alma do filme”, reconhece Marcus.

“Ele é fantástico. Consegue ir do drama à palhaçaria. Traz o duo que a personagem dele pede: o velho ranzinza e o homem capaz de se transformar”, completa Gleycielli.

O CERRADO

O filme aborda temas urgentes como queimadas, perda de territórios e desmatamento, mas com a delicadeza necessária para o público infantil, segmento prioritário na meta de audiência da produção.

“O tema duro vem com sutileza. As crianças vão entender o sentimento de perder e o de pertencer. E, quando algo pertence a você, você quer cuidar”, explica Gleycielli. Ao fim, o curta reforça que a preservação é um aprendizado coletivo e que cuidar da terra só é possível quando ela é reconhecida como parte de nós.

Na semana passada, a equipe teve uma atividade formativa com Alexandre Lopes, que é doutor em Ciências Sociais e professor de Sociologia do Instituto Federal de Mato Grosso do Sul (IFMS), no campus de Coxim.

A interação rendeu contribuições fundamentais para reflexão sobre como pensar e construir um audiovisual mais inclusivo.

AUTOESTIMA

A expectativa da equipe é de que o filme leve Coxim para o Brasil e para o mundo por meio de festivais, mas, principalmente, que devolva à cidade a consciência de seu próprio valor.

“Esperamos que Coxim se veja com carinho. Que perceba que suas histórias merecem estar no cinema. ‘Carne Amarela’ é uma celebração da cidade, das suas raízes e da força do Cerrado”, diz Marcus.

Para Gleycielli, a gravação na cidade é também um gesto de retorno. “Eu sou uma Guató de Coxim. Este filme diz muito sobre de onde eu vim e quem sou eu”.

Como uma “semente que rompe a casca”, reforça a diretora, “Carne Amarela” nasce para devolver à cidade o brilho do seu fruto mais resistente.

Aquele que atravessa gerações, que muda o PIB, que alimenta famílias, que resiste ao fogo e que ensina a permanecer. E Coxim, agora, se prepara para ver sua história ganhar corpo, cor, movimento e tela.

O projeto conta com investimento da Política Nacional Aldir Blanc (Pnab), do governo federal, por meio do Ministério da Cultura, operacionalizado pelo governo do Estado, por meio da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS).

"Carne Amarela"

> Direção e roteiro: Gleycielli Nonato Guató;
Direção de produção: Gabriela Lima Ferlin;
> Direção de arte: Maíra Espíndola;
Direção de fotografia: Dafne Alana;
Som direto e edição de mixagem: Laura Cristina;
Produção executiva, assistência de direção e roteiro: Marcus Teles;
Operador de câmera: Gabriel Ribeiro;
Produção de set: Jefley M. Cano;
Elenco: Breno Moroni, Maria Agripina, João da Mata, Elena Vendroscolo, Maria Sonea Domingos;
Trilha sonora original: Gian Markes;
> Edição de imagem e cor: Rafael Viriato;
Microfonista: 4real.wav;
Assistente de produção executiva: Lucas Moura e Guinha Serrou;
Assistente de produção e captação: Robertson Vieira;
Assistente de produção: Carlos Soares;
Assistente de arte: Angela Gabrieli;
2º assistente de direção: Eduardo Henrique;
2ª assistente de fotografia: Lavinia Ribeiro;
Assessoria de imprensa: Lucas Arruda e Aline Lira.

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