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CINEMA

Consciência Negra: diretor de MS faz história com filme pioneiro

Primeira ficção em longa-metragem de um realizador negro de Mato Grosso do Sul será oficialmente lançada nesta domingo, no YouTube, às 17h30

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Um adolescente do interior está louco para ver o show de seu ídolo do rap em Campo Grande. Mas o pai, sem grana, tenta dissuadi-lo da ideia. Até que a possibilidade de ajuda de um tio, que é professor na capital, surge como alternativa.

Ele abre as portas da esperança para o sobrinho e para a irmã desse, que é mais velha e também seguirá para CG, por ordem do pai, para cuidar do mano caçula. Uma vez em CG, a coisa muda de figura. Mesmo prometendo ingresso e uber, e oferecendo guloseimas, o tio condiciona o presente.

Ele quer que os sobrinhos resolvam por conta própria enigmas - daí o título do filme - de raciocínio lógico, ecoando entre os familiares o trabalho que desenvolve como docente.

Pensa que dando um sentido prático a problemas matemáticos e equações cabeludas, por meio de jogos e outros brinquedos, ou por meio de alguns perrengues do rolê do dia-a-dia, os jovens criarão autoconfiança e estarão mais aptos para os desafios da vida. Mas o próprio Andread, nome do tio, anda com a rotina meio descompensada, à beira de um burn-out.

É por aí que segue a trama de “Enigmas no Rolê”, primeiro longa-metragem de Ulísver Silva. O cineasta de 41 anos formado em rádio e TV na UCDB se “especializou” na área audiovisual “indo a São Paulo fazer diversos cursos que eu podia pagar” - roteiro, direção, produção, captação de recursos, distribuição etc. A leitura de livros e outras formas autodidatas também fizeram parte de sua formação, além da atuação profissional, que inclui o trabalho em televisão, publicidade e produtoras.

“Depois de ‘As Invenções de Akins’ (média-metragem infantil de 2018), senti que estava maduro para enfrentar o desafio de fazer o primeiro longa-metragem. Entrei num processo de brainstorm e análise sobre qual seria a temática. Sabia que seria alguma coisa a ver com o universo infanto-juvenil, que é um universo que gosto e com o qual já havia trabalhado”, conta”, diz Ulísver. Antes do média ficcional de 2018, ele tinha dirigido dois documentários - “Sanda – O Boxe Chinês” (2013) e “Encontro de Crespas e Cacheadas” (2016).

Ele segue contando que a inspiração para o longa veio do tempo em que teve contato, como aluno, com o método Supera. O sistema de ensino usa jogos de desafios lógicos para reforçar o raciocínio.

“Eu havia gostado muito da experiência de ter aulas nessa escola. E eu ficava pensando ‘puxa vida, se esse método fosse aplicado em todas as escolas públicas, várias crianças e adolescentes de origem humilde poderiam estar com suas mentes, seu raciocínio, mais preparado para enfrentar esse mundo competitivo em que a gente vive’”, afirma.

“E mais preparado para resolver problemas, não só problemas nos estudos, no mundo do trabalho, mas também na vida”, reflete Ulísver. “Fui acrescentando outras coisas nessa história que brotou. Minha experiência pessoal, a de amigos de baixa renda que foram os primeiros da família a ter acesso à faculdade e como isso impactou a relação deles com as famílias, as diferenças de criação entre garotos e meninas, a questão da importância de a gente se preparar para enfrentar um mundo competitivo do trabalho na vida adulta”, diz ele.

“E também um pouco da cultura urbana do rap e do hip-hop. Misturei todas essas influências nesse caldo e transformei no roteiro”, prossegue o realizador, que, com “Enigmas no Rolê”, torna-se o primeiro cineasta negro a ter escrito, dirigido e produzido um longa-metragem de ficção em Mato Grosso do Sul, quase seis décadas após a primeira narrativa ficcional de longa duração feita no estado, “Paralelos Trágicos” (1966), de Abboud Lahdo, tido, por sua vez, como pioneiro entre as experiências da comunidade árabe brasileira no cinema.

Para além do esforço de realização, de ter finalizado um longa com menos de R$ 800 mil (advindos de editais públicos com recursos federais - Lei Paulo Gustavo - e do Governo do Estado), o mérito de Ulísver chama a atenção pelo feito artístico em si. O diretor não queria um enredo permeado de enigmas com “aventuras mais arriscadas, muita ação, assassinos”, como identifica em tramas da linha de “O Código Da Vinci”, Indiana Jones ou Sherlock Holmes. A intenção era ser leve, divertir mas com densidade para fazer pensar.

E isso o seu filme consegue. Ainda que, aqui e ali, exista algo a ser aparado na manufatura de “Enigmas”, sua capacidade de envolvimento e a cor local de MS que o filme consegue lançar na tela, ficam desde já como qualidades reconhecíveis. Boa parte dessa beleza está no carisma do elenco, encabeçada por Guilherme Godoy (Andread, o tio), Maria Rita Franco (Eduarda, a sobrinha) e Raul Henzo (Edinho, o sobrinho).

O público tem a chance de conferir com os próprios olhos neste domingo (10) pelo canal do filme no YouTube, às 17h30 (horário de Mato Grosso do Sul). O lançamento foi escolhido para este mês, porque marca as reflexões sobre o Dia da Consciência Negra

O acesso à transmissão - pelo link youtube.com/@EnigmasnoRole - é gratuito e haverá o sorteio de videogame PlayStation.

“O meu desejo é que o filme consiga alcançar o máximo possível de público, em especial os jovens de comunidades periféricas. E que seja selecionado em festivais importantes e que a repercussão dele possa trazer oportunidades para todos os envolvidos. E se conseguirmos gerar esse interesse, quem sabe algum streaming nos possibilite fazer uma sequência ou transformar em uma série. Quem sabe?”, diz o diretor.

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Cultura

Expressão de Rua, o festival mais alternativo de MS, está programado para este fim de semana

Com diversidade musical, dança, oficinas (graffiti, etc), rodas de conversa, feirinhas alternativas e cultura cigana, Festival Expressão de Rua comemora sua primeira década com dois dias de programação gratuita na Plataforma Cultural

07/04/2025 11h00

Falange da Rima

Falange da Rima Divulgação

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“Nas ruas é que me sinto bem/Nas ruas é que me sinto bem/Ponho meu capote e está tudo bem/E está tudo bem”. Os versos iniciais da canção “Nas Ruas”, composta pelo guitarrista Edgard Scandurra e apresentada há quase 40 anos no repertório do segundo álbum do Ira!, “Vivendo e Não Aprendendo” (1986), caem feito uma luva no conceito do próximo festival a ocupar a Plataforma Cultural (Esplanada Ferroviária) neste fim de semana.

Anunciado como “o festival mais alternativo de Mato Grosso do Sul”, o Expressão de Rua completa 10 anos de trajetória em 2025 e a edição comemorativa da primeira e frutífera década do evento será realizada neste sábado e domingo, das 14h às 23h, com uma programação extensa, variada e marcada por muito engajamento e descontração. Todas as atividades terão acesso gratuito.

MÚSICA

Entre as atrações musicais estão previstas as presenças dos sul-mato-grossenses Falange da Rima, Engenheiro Edson, A Insana Corte, MC Cachorrão, Patrick Sandim, Samba do Caramelo, Projeto To’kaya e Dupla Permanência. O grupo musical convidado de fora do estado é o Nazireu Rupestre, banda de rasta-punks da zona leste de São Paulo (SP), que pela primeira vez vai se apresentar em Campo Grande.

TGB E FNK

Haverá ainda oficina de graffiti, roda de conversa, performances artísticas e oficinas culturais com Coletivo Enegrecer e DJ TGB, além da Feira São Chico, a Feira Rota Cigana e a Tenda da Comunidade Cigana, com apresentações do Instituto Brasileiro de Arte e Cultura Cigana (Ibacc). O grupo de dança Espaço FNK também marcará presença no line-up de atrações.

TIA EVA E SANTA SARA

O Expressão de Rua terá duas homenageadas nesta edição: Tia Eva e Santa Sara Kali. Haverá uma roda de conversa sobre a Tia Eva, a primeira liderança feminina afrodescendente de Campo Grande. Em novembro de 2026, completam-se 100 anos de seu falecimento. O festival também vai homenagear Santa Sara Kali, a santa preta venerada como padroeira da comunidade cigana.

Realizado pelo Movimento Quem Luta Vence e Instituto Ìmolé, o Expressão de Rua tem o apoio do Ministério da Cultura e governo federal, da Secretaria Executiva de Cultura (Secult), da Prefeitura de Campo Grande e do deputado federal Vander Loubet.

NAZIREU RUPESTRE

Banda da região leste de São Paulo, conhecida como os rasta-punks, deixa sua marca com uma presença de palco única e músicas autênticas. Formada em 2004, tiveram a primeira oportunidade de se apresentarem em 2007, no quilombo da Praia de Camburi das Pedras, em Ubatuba (SP), onde moraram por oito anos.

Desde então foram muitos réveillons nesse lugar. Daí em diante, começaram a se apresentar por todo estado de São Paulo, com passagens por estados como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Santa Catarina, Amazonas e Paraná.

Depois de três álbuns, os rastas lançaram como quarto trabalho o álbum “Os Tempos São Cruéis” (2014), que conta com três videoclipes e músicas veiculadas em emissoras de rádio FM de São Paulo e nas maiorias das web rádios de todo o País, com boas visualizações nas plataformas digitais e milhares de cópias de CDs vendidas de forma independente.

PETER TOSH

O grupo assina um projeto paralelo chamado Tosh Attack, apresentado a partir de 2016. Trata-se de um tributo a Peter Tosh, com quatro vídeos no YouTube e apresentações ao vivo com figurino da época e músicos convidados. E a mais recente obra, o álbum “Rasta Punk”, é considerado pelos integrantes um divisor de águas na trajetória da banda.

“Um som pesado, sincero e revelador. No começo [da trajetória da banda], violão e tambores. Hoje, guitarras distorcidas e linha de baixo e bateria se fundem às harmonias de teclados e mensagens marcantes”, anunciam os integrantes do Nazireu Rupestre nas redes sociais do grupo.

Serviço

FESTIVAL EXPRESSÃO DE RUA EDIÇÃO COMEMORATIVA DE 10 ANOS

SÁBADO (12/4)

14h – Feira São Chico, Exposição de Arte e Cultura Negra, Feira Rota Cigana e Tenda da Comunidade Cigana;
14h – Oficinas artísticas com TGB, Coletivo Energrecer e Instituto Brasileiro de Arte e Cultura Cigana;
16h – Espaço FNK;
18h – Abertura oficial;
18h20min – MC Cachorrão;
19h10min – Dupla Permanência;
19h30min – Instituto Brasileiro de Arte e Cultura Cigana;
19h50min – Projeto To’kaya;
20h30min – Instituto Brasileiro de Arte e Cultura Cigana;
20h50min – A Insana Corte;
21h30min – Instituto Brasileiro de Arte e Cultura Cigana;
21h50min – Falange da Rima.

DOMINGO (13/4)

14h – Feira São Chico, Exposição de Arte e Cultura Negra, Feira Rota Cigana e Tenda da Comunidade Cigana;
14h – Roda de conversa: 100 anos sem Tia Eva;
14h – Oficinas artísticas com TGB e Coletivo Energrecer;
17h – Samba do Caramelo;
19h – DJ TGB com participação de DN MC e Martins MC;
20h – Patrick Sandim;
21h – Engenheiro Edson;
22h – Nazireu Rupestre (SP).

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Correio B+

Como manter e ganhar massa muscular após os 50 anos

Com a combinação certa de treinamento, nutrição e acompanhamento médico, é possível preservar e fortalecer os músculos para um envelhecimento mais ativo e saudável.

07/04/2025 10h00

Saúde B+: Dia Mundial da Saúde: Como manter e ganhar massa muscular após os 50 anos

Saúde B+: Dia Mundial da Saúde: Como manter e ganhar massa muscular após os 50 anos Foto: Freepik

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Hoje, 7 de abril, celebramos o Dia Mundial da Saúde, um momento oportuno para refletir sobre a importância da saúde muscular, especialmente após os 50 anos.

O Dr. Adriano Leonardi, referência em Ortopedia do Joelho e Medicina do Esporte no Brasil, falou ao B+ sobre o alerta que a perda de massa muscular, conhecida como sarcopenia, pode comprometer significativamente a qualidade de vida e a longevidade, mas há estratégias eficazes para preveni-la e revertê-la.

A importância de um treinamento orientado

"A partir dos 40 anos, começamos a perder entre 0,5% e 1% da fibra muscular por ano e de 1% a 3% da força, o que leva à sarcopenia. Esse quadro se agrava na ausência de atividade física e na presença de doenças crônicas", explica o Dr. Leonardi. Fatores como o uso de corticoides, remédios para colesterol, sedentarismo e perda hormonal aceleram essa deterioração muscular.

De acordo com o especialista, a chave está em um treinamento bem estruturado. "O planejamento deve incluir treinos de força, aeróbicos, equilíbrio, flexibilidade e mobilidade articular ao longo da semana. Além disso, exames médicos regulares, como ergometria e ergospirometria, são fundamentais para acompanhar a performance e adaptar os exercícios", orienta.

Uma boa nutrição

Outro pilar essencial é a nutrição. "A alimentação precisa acompanhar o aumento do gasto energético, garantindo a reposição proteica adequada para maximizar os resultados", acrescenta o ortopedista.

A sarcopenia tem influência genética, mas o impacto pode ser minimizado com um estilo de vida ativo. "A perda muscular reduz o metabolismo e a produção de miocinas, hormônios que protegem contra doenças como Alzheimer, Parkinson, câncer, diabetes e problemas cardiovasculares", afirma o Dr. Leonardi. "Além disso, indivíduos com pouca reserva muscular tendem a ter menor resistência durante internações hospitalares, aumentando o risco de complicações e até óbito."

É fundamental que o treino de força seja adaptado conforme a idade, sexo e nível prévio de atividade física. Além disso, exames cardiológicos, como eletrocardiograma e ultrassonografia de carótidas, ajudam a garantir a segurança do treinamento.

A nutrição adequada complementa o treinamento de força. "A ingestão proteica deve variar entre 0,8 a 1,2 gramas por quilo de peso corporal. Além disso, a creatina, em doses de 3 a 5 gramas ao dia, e suplementos como Coenzima Q10 e Beta-alanina podem auxiliar na manutenção da força muscular", recomenda o Dr. Leonardi.

"Se alguém deseja investir para o futuro, além da aposentadoria financeira, deve investir em músculo. Quanto mais massa muscular, melhor a qualidade e a expectativa de vida", finaliza o ortopedista.

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