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O QUE DIZEM os arcanos

O que dizem os arcanos? Conheça mais o universo do tarô

O mistério e a magia das cartas do tarô mobilizam os criadores e o público na ficção literária, no cinema e na televisão

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De origem latina, o termo arcano designa aquilo que é misterioso, enigmático, secreto. 

Donas de um fascínio que atravessa séculos, as cartas do tarô são chamadas de arcanos, justamente, por representarem, com suas figuras arquetípicas, mensagens ocultas a serem interpretadas por um especialista, o tarólogo. 

Essa é uma das habilidades de Vó Noca, a personagem da atriz Marieta Severo na novela “Um Lugar ao Sol”, exibida diariamente pela Globo.

Por causa de uma revelação importante da trama, ainda estrategicamente inacessível à bondosa senhora, que marca a estreia dos cabelos brancos da atriz no horário nobre da TV aberta, Vó Noca anda com a confiança abalada em seus poderes adivinhatórios. 

Na vida real, porém, o tarô vai muito além de um artifício de vidência e pode servir de passaporte e bússola na jornada para dentro de si mesmo que muitos indivíduos buscam empreender como uma forma de terapia ou simplesmente para se conhecer melhor.

Das 78 cartas que compõem o jogo de tarô, 22 são os arcanos maiores, e as outras 56, os arcanos menores, conforme o grau de profundidade e relevância do significado de cada uma. 

O Louco, o Mago, a Papisa, os Enamorados, a Carruagem, o Eremita, a Força, a Morte, a Temperança, a Torre, o Sol, o Julgamento e o Mundo são alguns dos arcanos maiores. Os menores são as cartas de um baralho normal e se relacionam com questões mais imediatas e cotidianas.

Abordagem terapêutica

O tarô surgiu durante o período do Renascimento, entre os séculos 15 e 16, para uso recreativo da nobreza italiana. 

A partir do século 18, passa a ser utilizado para previsões e, no fim do século 19, insere-se na cultura do esoterismo, que envolve práticas como a cabala, a astrologia e a alquimia. 

O mais conhecido é o tarô de Marselha, mas existem diversos outros tipos, a exemplo dos tarôs egípcio, quântico e mitológico.

“Não é um jogo apenas para ‘adivinhar’ o futuro, mas importante como ferramenta, principalmente, de autoconhecimento”, afirma a taróloga Karla Gomes Wielevski. 

“A abordagem que uso nas minhas leituras é a terapêutica, em que o consulente, juntamente comigo e as lâminas, vai desvendando os caminhos já percorridos no passado, o que está acontecendo no presente e os caminhos que o tarô aponta para um futuro melhor e promissor”, explica.

A taróloga conta que, por meio da leitura dos jogos, é possível tirar dúvidas, fazer análises e, sim, previsões. 

“Na leitura do tarô podemos mostrar ao consulente que existem caminhos e que ele é capaz e forte para trilhar sua trajetória da melhor forma possível; isso encoraja o consulente a superar os obstáculos”, diz Karla, que descobriu as cartas místicas do tarô quando tinha 12 anos de idade. 

“Estudei na minha solidão de jovem aprendiz adolescente e fui fazendo pequenos jogos para minhas amigas, mãe e amigas de minha mãe. Todas ficavam impressionadas com a exatidão da leitura”, conta a profissional de 43 anos, que nasceu em Cubatão (SP).

Arte e estética

Formada em Artes Visuais pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), a taróloga também atua como arte-educadora na Rede Municipal de Ensino de Campo Grande (Reme). Possui ainda formação

Universitária como esteticista e dá aulas de dança do ventre. Um perfil bem distinto da cartomante viajada e algo escorregadia vivida por Fernanda Montenegro no filme “A Hora da Estrela” (1985).

De Suzana Amaral, baseado no romance de Clarice Lispector, da embusteira ardilosa do famoso conto de Machado de Assis ou da exasperada e delirante Tanya, que Marlene Dietrich faz em “A Marca da Maldade” (1958), outro clássico do cinema, dirigido por Orson Welles.

“Me achava diferente das outras pessoas, tinha uma percepção e uma sensibilidade aguçada e via a vida de forma diferente dos demais. Nessa época, meus gostos literários eram por mistérios da vida, magia, o poder da natureza, cristais e tudo o que se refere ao misticismo, e me vi interessada pelo tarô e seus mistérios". 

"Comprei meu primeiro deck do tarô de Marselha, que vinha com um livreto de explicações breves, e com ele iniciei minha jornada ainda tímida na leitura daquelas lâminas tão mágicas. Depois, já na vida adulta, mergulhei de fato nos mistérios do tarô, entrando em um grupo de estudos com outros amantes e estudiosos desta arte”, conta Karla, que já se dedicou também ao emblemático tarô egípcio.

Livre arbítrio

Ela costuma combinar as consultas, que podem ser presenciais ou remotas (on-line), a terapias holísticas, como Reiki, pedras quentes, bambuterapia, aromaterapia, cromoterapia e óleos essenciais. 

“Dura em torno de uma hora e, no fim da consulta, dou dicas de preparos de banhos de limpeza energética, chás de harmonização e pequenos rituais para o consulente”, afirma Karla, que, por meio remoto, faz atendimentos para outros estados e países.

O consulente deve estar ciente de que o tarô está ali para auxiliá-lo, pondera a taróloga, mas ele tem o livre arbítrio para seguir ou não os conselhos das cartas. 

“Isso pode mudar a sua realidade e os resultados da sua caminhada. Para quem joga, a cautela é não projetar as suas próprias experiências de vida ao dar os conselhos para o consulente”, adverte Karla, que, embora tenha crescido em uma família católica, considera-se espiritualista.

“Posso transitar por qualquer religião e doutrina e respeito todas. E acredito que o tarô pode transitar por qualquer crença”, aposta a taróloga, que alimenta suas redes sociais com relatos e dicas zen a partir de sua vivência profissional e mística.

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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