Entre os 459 jovens que passaram pela Fundação Barbosa Rodrigues (FBR), muitos consideram o aprendizado um divisor de águas em suas vidas. As aulas de música ministradas no Projeto Orquestra Jovem expandiram as oportunidades pessoas e profissionais de muitos adolescentes, além de aumentar o conhecimento cultural de cada participante.
Criado em 2005, a primeira geração a participar do projeto agora adentra universidades e locais de trabalho com a certeza de que o contato com a música e com a disciplina necessária para participar de uma orquestra foram fundamentais. Entre os que decidiram continuar na música, grandes feitos foram alcançados.
Atualmente, há jovens estudando em universidades de ponta como a Unicamp ou tocando junto a grandes orquestras como a Sinfônica Jovem de São Paulo. Este é o caso de Brenner Rozales de Araújo, de 21 anos. Ele se mudou para a capital paulistana no ano passado e tem vivido uma rotina de ensaios e apresentações ao lado de grandes músicos nacionais e internacionais.
“A Fundação Barbosa Rodrigues foi minha maior base para a decisão de seguir uma carreira musical. Foi lá que peguei gosto pela música”, conta Brenner. Ele tocava violino desde os seis anos, mas foi depois de entrar para a Orquestra Jovem que ele passou a conhecer uma rotina mais profissional ligada à música. São seis anos de dedicação ao instrumento. Ele lembra que foi na época da gravação do DVD da Orquestra Jovem, em 2011, que percebeu que era o que queria para a vida. “Eu gostava de estar ali, ensaiando, tocando, fazendo apresentações”, pontua.
Matheus Coelho é outro jovem campo-grandense que deixou a cidade por causa da música. Atualmente, ele mora em Campinas, onde estuda regência na Unicamp. “Na carência de orquestras de formação em Campo Grande e de conservatórios públicos, a Orquestra Jovem da Fundação Barbosa Rodrigues surgiu como uma grande escola de música para mim”, afirma o jovem. Segundo ele, o contato com outras orquestras só confirmou o trabalho de alta qualidade que vem sendo feito pela fundação na Orquestra Jovem.
Gleison Ferreira, 21 anos, é outro jovem que mergulhou no universo da música graças ao projeto. Ele ingressou na Orquestra Jovem em 2009 e permaneceu até 2013. Após este período, o jovem foi aprovado para fazer parte da Orquestra Sinfônica de Campo Grande. Além disso, passou a desenvolver uma ação social em Miranda. “É um trabalho de cunho social, focado na convivência e no fortalecimento de laços, com foco na música”, explica o violonista.
Além daqueles que continuaram no mundo da música, há também quem tenha participado da orquestra da Fundação Barbosa Rodrigues, mas optou por seguir outras áreas. É o caso de Pâmella Rodrigues. Ela entrou na Orquestra Jovem aos nove anos. “Eu descobri a música. Foi, literalmente, a melhor coisa que poderia ter me acontecido”, comenta.
Pâmella, Geison, Matheus e Brenner iniciaram suas trajetórias na Orquestra Jovem e se profissionalizaram na músicaDepois de um problema de tendinite, Pâmella teve de deixar a música de lado por algum tempo. Nesse período, ela tentou estudar Publicidade e Propaganda, mas acabou percebendo que não era o que queria. Atualmente, é acadêmica de nutrição.
“A música me acompanha até hoje. Eu ainda tenho o sonho de fazer uma faculdade na área e seguir essa profissão”, explica. Antes da Orquestra Jovem, Pâmella conta que a música ainda não era nem um sonho em sua vida. “Tenho pessoas na família que são músicos profissionais, mas só depois de ter contato com o violino na fundação eu decidi que era aquilo mesmo que eu queria”, pontua.
Entre todos os jovens entrevistados, um nome surge como central em todo esse trabalho. O maestro Eduardo Martinelli foi o idealizador da Orquestra Jovem, em 2005. Segundo ele, o trabalho foi pioneiro ao oferecer a crianças e adolescentes de escolas públicas da Capital a oportunidade de aprender a tocar um instrumento musical.
“A partir dele, surgiram outros. Inclusive, músicos que foram formados pelo nosso trabalho deram continuidade com essas iniciativas”, pontua o maestro, citando o caso de Gleison como exemplo. Por se tratar de um projeto de longa duração – que completa 11 anos em 2016 –, a Orquestra Jovem ajudou a promover uma mudança significativa na área de música de concerto em Campo Grande.
Segundo Martinelli, muitos músicos que atuaram na Orquestra Jovem foram absorvidos no mercado de trabalho por outras orquestras, como a Sinfônica de Campo Grande, ou mesmo fora do Estado. “O projeto deu oportunidades e muitos souberam aproveitá-las”, comenta o maestro.
Em 2016, o projeto ainda não abriu vagas para novos integrantes. Segundo a coordenadora de projetos da Fundação Barbosa Rodrigues, Marta Barros dos Santos, isso se deu em razão do alto número de alunos que entraram no ano passado. “Estamos analisando a possibilidade de abrir mais vagas e estamos buscando parceiros para isso.”
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