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Precisão e força na superação do massagista que se destaca na Capital

Aos 52 anos e cego, Jorge aprendeu a fazer massagem no Japão e hoje tem fila de espera para atendimento

NAIANE MESQUITA

22/08/2019 - 09h42
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Jorge Diodi Nakashita não está de brincadeira quando afirma que, para aliviar os pontos de tensão do pescoço e das costas, é preciso um pouco de força. Dez minutos de massagem e o brasileiro, que aprendeu a técnica no Japão, mostra que é possível diminuir os níveis de estresse no corpo com terapias alternativas.

"Quer carinho? Vai pedir em casa’. Sempre falo para os meus pacientes – em tom de brincadeira, claro. Para diminuir a dor é preciso massagear, só ficar alisando não vai resolver”, afirma o massagista, de 52 anos.

Bem-humorado, Jorge aprendeu todas as técnicas de massagem, tanto do corpo quanto do pé, enquanto morava no Japão. Começou a trabalhar no país dos seus antepassados quando tinha apenas 21 anos, mas, em razão de uma doença que o deixou cego, precisou trocar a fábrica pela vida dentro dos spas.

“Eu comecei a trabalhar com a massagem aos 35 anos no Japão. Fiz um curso após descobrir que tinha um problema, uma doença rara chamada retinose pigmentar, que causa a cegueira”, explica.

Jorge nasceu em Mato Grosso do Sul, na Nascente do Segredo, mas os pais são da cidade de Yamaguchi Kenm, no Japão direto para a colônia de Várzea Alegre, na região de Terenos.

Da tradição japonesa, Jorge tem o carinho pelo judô, no qual é faixa preta. “Em 1985, fui o primeiro atleta de judô a ser convidado pela federal brasileira para treinar nacionalmente. Eu cheguei a ir para São Paulo, onde vários atletas participaram, mas devido a desorganização da época, eu desisti e voltei para Campo Grande”, relembra.

Na época, Jorge não sentia nenhum sintoma da retinose pigmentar e, sem pensar duas vezes, decidiu fazer o caminho de volta dos pais.

“Em 1989, eu fui para o Japão; tinha 21 anos. Pensei que fosse fazer meu péde-meia e voltar em dois anos. Fiquei 20. No começo, é difícil a fase de adaptação; depois você acostuma. Na época eu ganhava bem, não tinha inflação e violência”, relembra.

No país, conheceu a esposa e começou a perceber os primeiros sintomas da retinose. “Ela achou que a lente que eu usava não estava surtindo efeito e me indicou um médico particular, em um hospital pequeno. Eu fiz o exame completo e na época eu tinha 26 anos. Foi quando ele disse que eu tinha uma doença que não tem cura. Pensei que fosse um tumor, câncer, fiquei assustado, mas então ele me disse sobre a retinose pigmentar. Repeti os exames algumas vezes, tentei uma cirurgia em Cuba, mas nada reverteu o quadro”, conta.

Em 2011, após o terremoto e o tsunami que atingiram o país, Jorge – então com duas filhas –, decidiu reunir a família e voltar para o Brasil. “A natureza expulsou; viemos embora”, frisa.

A MASSAGEM E A PERDA DA VISÃO

Aos 37 anos, Jorge perdeu completamente a visão. “O processo foi gradativo, mas me lembro que tudo piorou durante um período que eu trabalhei muito; mais de 12 horas por dia, sem dormir, com muito cansaço, estresse, desgaste físico. De agosto a dezembro, meu corpo não reagiu. Eu ia trabalhar na marra, mas, com duas filhass, não tinha jeito. No fim do mês, precisava pagar as despesas. Foi quando a doença progrediu muito e eu perdi a visão”, relembra.

Com ou sem visão, Jorge esbanja independência. Em casa e no espaço para massagem, sabe a localização de todos os móveis. Enquanto o paciente relaxa, é possível ouvir o canto dos passarinhos que ele cuida todos os dias pela manhã.

“Quando eu comecei a fazer a massagem foi tudo muito difícil. A minha trajetória teve muitos obstáculos, inclusive no Japão. Me falavam que eu não seria um bom massagista por ser brasileiro e não falar tão bem japonês. O que eu aprendi com o judô me ajudou muito a ter dedicação, empenho e força de vontade, a não enfraquecer. Por isso, me dediquei muito, mostrei que eu era realmente brasileiro e tinha valor”, acredita.

De volta ao Brasil, mais desafios: “Nos dois primeiros anos, foi difícil, mas hoje já tenho minha clientela e até lista de espera”, celebra. Sobre a massagem, ele é categórico: “Eu não uso óleo, a não ser na massagem dos pés. E também não precisa tirar a roupa. Eu faço a massagem nos pontos que são necessários”, ressalta. Mais informações sobre a massagem do Jorge pelo telefone (67) 99109-7555. 

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Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Sugestões da nossa colunista de cinema para o fim de ano que equilibram conforto, repetição afetiva e algumas boas surpresas do streaming

20/12/2025 14h30

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternos Foto: Divulgação Prime Vídeo

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Há anos encerro o ano com dicas de filmes e séries para atravessar o fim de dezembro — e quem acompanha minhas colunas já sabe: Natal, para mim, é revisitar o que já amo. É ritual, repetição afetiva, memória acionada pela trilha sonora certa ou por uma história que já conhecemos de cor. Por isso, a lista tende a mudar pouco. Não é preguiça. É escolha.

Existe um mercado fonográfico e audiovisual inteiro dedicado ao Natal, que entrega, ano após ano, produtos descartáveis, previsíveis e — ainda assim — confortantes. Eles existem para preencher o silêncio entre uma refeição e outra, para acompanhar casas cheias, para oferecer finais felizes sem exigir atenção plena. Em 2025, esse mercado deixa algo ainda mais claro: o Natal virou um ativo estratégico — e estrelas ajudam a sustentá-lo.

De blockbusters de ação a comédias familiares e retratos mais irônicos do cansaço emocional, as produções do ano revelam diferentes formas de explorar a mesma data. E, como toda boa tradição de fim de ano, a lista também abre espaço para um clássico que, mesmo não sendo natalino, atravessa gerações como parte indissociável desse período

Operação Natal Amazon Prime Video
Aqui, o Natal é tratado como evento global, literalmente. Operação Natal aposta em ação, fantasia e ritmo de blockbuster para transformar o dia 25 de dezembro em cenário de missão impossível. Tudo é grande, barulhento e deliberadamente exagerado.

É o exemplo mais claro do Natal-espetáculo. O filme existe como veículo de estrela para Dwayne Johnson, que transforma a data em entretenimento de alta octanagem, longe de qualquer delicadeza afetiva.

Um Natal Surreal Amazon Prime Video
Neste filme, o Natal deixa de ser acolhimento para virar ponto de ruptura. Michelle Pfeiffer interpreta uma mulher que decide simplesmente desaparecer da própria celebração depois de anos sendo invisível dentro da dinâmica familiar. O gesto desencadeia situações absurdas, desconfortáveis e reveladoras.

A presença de Pfeiffer requalifica o projeto. Não é um Natal infantilizado, mas um retrato irônico do cansaço emocional, da maternidade esvaziada e da pressão simbólica que a data carrega.

A Batalha de Natal Amazon Prime Video
O Natal volta ao território da comédia familiar clássica. Eddie Murphy vive um pai obcecado por vencer uma disputa natalina em seu bairro e transforma a celebração em um caos crescente de exageros, erros e humor físico. Murphy opera no registro que domina há décadas. É o Natal como bagunça coletiva, desenhado para virar tradição doméstica e ser revisto ano após ano.

My Secret Santa Netflix
Uma mãe solteira em dificuldades aceita trabalhar disfarçada de Papai Noel em um resort de luxo durante o Natal. O plano se complica quando sentimentos reais entram em cena. O filme cumpre com precisão a cartilha da comédia romântica natalina, com química funcional e uma premissa simpática o bastante para sustentar o conforto esperado do gênero.

Cinema B+: 10 filmes para assistir no Natal de 2025: entre novidades e clássicos eternosMy Secret Santa Netflix - Divulgação

Man vs Baby Netflix
É para os fãs de Mr. Bean, apesar de não ser “ele”. Rowan Atkinson volta como Mr. Bingley, um adulto despreparado precisa sobreviver a um bebê imprevisível em plena temporada de festas. O que poderia ser um Natal tranquilo vira uma sucessão de pequenos desastres.
Funciona quando assume o humor físico e o exagero, ideal como filme de fundo para casas cheias.

All I Need for Christmas Netflix
Uma musicista em crise profissional encontra, durante o Natal, a chance de reconexão pessoal e afetiva ao cruzar o caminho de alguém que parecia seu oposto. Produção que aposta no tom acolhedor e na ideia de recomeço como motores emocionais simples, mas eficazes.

A Merry Little Ex-Christmas Netflix
Alicia Silverstone e Oliver Hudson sustentam uma trama previsível, mas ainda assim, bem natalina. Ex-relacionamentos, ressentimentos antigos e um Natal que força reencontros. A tentativa de manter a civilidade rapidamente desmorona. Um filme que reconhece que o passado nunca está totalmente resolvido, especialmente em datas simbólicas.

Champagne Problems Netflix
Filme que anda liderando o Top 10 desde novembro, traz uma executiva americana viaja à França para fechar um grande negócio antes do Natal e se vê envolvida em dilemas profissionais e afetivos. Menos açucarado, aposta em melancolia leve e conflitos adultos, usando o Natal mais como pano de fundo do que como solução.

Jingle Bell Heist Netflix
Dois trabalhadores frustrados planejam um assalto na véspera de Natal, quando ninguém parece prestar atenção. Cheio de reviravoltas e troca o romance pelo formato de filme de golpe, oferecendo uma variação divertida dentro do gênero natalino.

A Noviça Rebelde Disney+
Não é um filme natalino, mas poucas obras ocupam um lugar tão fixo no imaginário do fim de ano. Em 2025, o musical completa 60 anos e segue atravessando gerações como ritual afetivo de dezembro. Música, família, infância e acolhimento fazem dele uma tradição que resiste ao tempo e às modas.

No fim, a lógica permanece: filmes de Natal não precisam ser memoráveis para serem importantes. Precisam estar ali — como trilha de fundo, como pausa emocional, como promessa silenciosa de que, por algumas horas, tudo vai acabar bem. Em 2025, isso já é mais do que suficiente. Feliz Natal!

"REI DO BOLERO"

Voz de 'Você é doida demais', Lindomar Castilho morre aos 85 anos

História de sucesso mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País, quando em 30 de março de 81 matou sua mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros

20/12/2025 13h30

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais.

Lili De Grammont e seu pai, Lindomar, em foto compartilhada nas redes sociais. Reprodução/Redes Sociais

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Conhecido como "Rei do Bolero", Lindomar Castilho morreu neste sábado, 20, aos 85 anos. A nota de falecimento foi postada pela filha do artista, a coreógrafa Lili De Grammont, em suas redes sociais.

A causa da morte não foi informada e o velório está marcado para esta tarde no Cemitério Santana, em Goiânia.

"Me despeço com a certeza de que essa vida é uma passagem e o tempo é curto para não sermos verdadeiramente felizes, e ser feliz é olhar pra dentro e aceitar nossa finitude e fazer de cada dia um pequeno milagre. Pai, descanse e que Deus te receba, com amor… E que a gente tenha a sorte de uma segunda chance", escreveu Lili.

Nascido em Rio Verde, Goiás, Lindomar foi um dos artistas mais populares dos anos 1970. Brega, romântico, exagerado. Um dos recordistas de vendas de discos no Brasil. Um de seus maiores sucessos, "Você é doida demais", foi tema de abertura do seriado Os Normais nos anos 2000.

Seu disco "Eu vou rifar meu coração", de 1973, lançado pela RCA, bateu 500 mil cópias vendidas.

Crime e castigo

A história de sucesso, porém, mudou após um dos feminicídios de maior repercussão no País. Em 30 de março de 1981, Lindomar matou a mulher, a também cantora Eliane de Grammont, com cinco tiros. Ela tinha 26 anos.

Os dois foram casados por dois anos, período em que a cantora se afastou temporariamente da carreira para cuidar da filha Lili. Depois de sustentar o relacionamento abusivo, Eliane pediu o divórcio.

Eliane foi morta pelo ex-marido no palco, durante uma apresentação na boate Belle Époque, em São Paulo. Ela cantava "João e Maria", de Chico Buarque, no momento em que foi alvejada

Lindomar foi preso em flagrante e condenado a 12 anos de prisão. Ele foi liberado da pena por ser réu primário e aguardou o julgamento em liberdade. O cantor cumpriu quase sete anos da pena em regime fechado e o restante em regime semi-aberto. Em 1996, já era um cidadão livre.

O caso tornou-se um marco na luta contra a violência doméstica no Brasil, impulsionando o movimento feminista com o slogan "Quem ama não mata".

 

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